quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

PORQUE???




Fique a saber lendo aqui que um encontro "cara-a-cara" entre Mugabe e Tsvangirai para se encontrar soluções para a crise no Zimbabwe, foi "impedido" pelos Governos de Angola e Moçambique. Iniciativa do presidente Sul africano Thabo Mbeki, o encontro estava previsto para sexta feira em Addis Abeba, Etiópia, aproveitando a cimeira da União Africana. A notícia dá conta que os restantes chefes de estados da SADC haviam aprovado a iniciativa de Mbeki, mas José Eduardo dos Santos e Armando Emílio Gebuza vetaram.

Queria mesmo era saber porque Moçambique(Guebuza) e Angola(dos Santos) tomaram essa posição? Quem se beneficia com isso? E quem se prejudica? Oque essa posição significa relativamente aos esforços "reais" para resolver "Zimbabwe". Oque é que o Ocidente( muitas vezes o culpado) tem a ver com isso? Podia encher essa página de perguntas mas a mais importante continua sento PORQUÊ????

A escolha ficou facilitada...a decisão dificultada


John Edwards abandona corrida pela Casa Branca

As verdadeiras razões por detrás da decisão de John Edwards, continuam, quanto a mim, menos clara. À maneira natural dos políticos, Edwards não respondeu em "preto e branco" como eu gostaria às perguntas que em "preto e branco" lhe foram feitas. "It was right thing to do" é oque ele deixou claro mas não deixou claro o "Why it was right" e muito meno "why now". Uns alegam o facto de comparativamente aos outros candidatos, não ter tido a cobertura suficiente da imprensa para veicular a sua mensagem(basicamente social) e ganhar a simpatia dos delegados, outros falam do insucesso que vinha tendo nas primárias que já aconteceram(não ganhou nenhuma) apesar de alguns acreditarem numa possível viragem, outros aventam problemas financeiros e há os que consideraram que a decisão de Edwards tivesse partido do estado de saúde da esposa acometida por câncer. Deve-se lembrar que é a segunda vez que Edwards John concorre e com a infelicidade de ter dentro do partido adversários celebridades bem populares e com campanhas bem financiadas. Agora resta mesmo é saber qual será a opção dos apoiantes de Edwards. Para onde irão os seus votos, Obama ou Clinton?
Para quem vem acompanhando de perto ou longe essas eleições certamente percebeu a "hostilidade" com que Hilary Clinton e Barack Obama vem se encarando. Sem Edwards que desempenhava o papel de "pacificador" nos debates, aquele que na hora de emoções forte trazia de volta a voz da razão, é claro que "hostilidade" Obama Clinton entra na sua fase mais rubra. Os eleitores tem agora menos uma opção por isso a escolha está faciltada mas a decisão essa ficou dificultada.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A "guerra" ficou mais Renhida?



John Edwards abandona corrida pela Casa Branca

Washington, 30 jan (EFE).- John Edwards, o ex-senador da Carolina do Norte, anunciará hoje que se retira da campanha eleitoral, confirmou a rede de televisão "CNN".

O candidato fará o anúncio oficial em Nova Orleans.

Após a retirada de Edwards, a campanha eleitoral democrata ficará polarizada entre os senadores Hillary Clinton e Barack Obama.

Edwards não deve expressar publicamente seu apoio a nenhum dos dois pré-candidatos democratas.

Edwards tinha acumulado até agora 26 delegados dos estados nos quais a repartição de representação era proporcional ao número de votos obtido, já que não chegou a ganhar nenhuma das primárias realizadas até agora.

Obama lidera a campanha democrata quanto a número de delegados, com 63, seguido por Hillary, com 48, que, no entanto, está em primeiro em número de estados.

É a segunda vez que Edwards se candidata à Presidência, após sua fracassada tentativa de 2004. Na ocasião, o senador John Kerry elegeu Edwards como seu candidato à Vice-Presidência.

O ex-senador da Carolina do Norte, procedente de uma família de classe operária, é um advogado que se tornou milionário com ações contra grandes empresas.

Baseou sua campanha em que é possível alcançar o sonho americano e em denunciar a desigualdade no país.

Edwards deve anunciar o fm de sua campanha junto a sua mulher, Elizabeth, que sofre de câncer, e seus três filhos.

Foi em Nova Orleans que ele anunciou sua intenção de competir pela Casa Branca. Para ele, a cidade é um símbolo de que Washington não presta atenção aos pobres do país. EFE.

Veja Aqui o anúncio da decisão de Edwards

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ainda sobre os "escritos" de Paul Fauvet


O que faz correr Paul Fauvet?


Por: João Chamusse

Maputo (Canal de Moçambique) – Acabo de ler um interessante artigo da lavra de Paul Fauvet, da AIM (Agência de Informação de Moçambique) no «AllAfrica» no qual ele tenta a todo custo fazer crer à opinião pública, quiçá internacional, já que a versão é em inglês, que o jornal Zambeze tem tudo feito para desacreditar o actual Procurador Geral da República (PGR), Dr. Augusto Paulino, no caso em que foi citado como arguido no processo especial (12/2007) levantado no Tribunal Supremo sobre o seu envolvimento no caso de uso suspeito de 300 milhões de meticais antigos quando era juiz-presidente no Tribunal Judicial da Província de Maputo, na Matola, e em que a denuncianete é Adelaide Muchanga, uma funcionária que chefiava o departamento financeiro daquele organismo judicial.
Na sua prosa, Fauvet fora de tanta coisa que afirma que não importa para este artigo, não só chama o ZAMBEZE de jornal da direita, mas, sobretudo, refere que finalmente o semanário admite que o caso Paulino está encerrado. É neste último aspecto que me quero deter.
É que de facto, tanto quanto sei o debate ou a questão que o ZAMBEZE levanta nada tem a ver com o encerramento do caso (Processo-crime Especial 12/2007) ou não. O que o ZAMBEZE levanta, primeiro, é que, aquando, na data em que Paulino é nomeado PGR, ele de facto era arguido. E quem confirmou o facto e que o ZAMBEZE fez questão de publicar foi a instrutora do aludido processo crime, a Dra. Isabel Rupia. Segundo ela, e foi clara nisso, enquanto era Procuradora Geral Adjunta nunca produziu nenhum despacho de abstenção no processo em que acusava Augusto Paulino. Portanto, a ter havido a tal despacho de abstenção tudo aconteceu depois da Dra. Isabel Rupia já ter sido exonerada do cargo. E tal facto ocorreu quando o Dr. Augusto Paulino já era PGR, tendo sido praticado pelo Dr. Erasmo Nhavoto, Procurador Geral Adjunto – o único de uma leva de seis que o Presidente da República exonerou já depois do Dr. Augusto Paulino ter sido nomeado. E por sinal, o Dr. Nhavoto, até terá sido nomeado pelo próprio arguido no caso atendendo a que a PGR é um órgão de hierarquia vertical. Por outras palavras: o arguido nomeou para ir aos autos fazer o despacho de abstenção.
Portanto a ter havido esse despacho de abstenção que Fauvet atribuiu há dias a Nhavoto, sendo o PGR o mesmo que era arguido no aludido processo crime, ora arquivado é lícito que se acredite que o próprio PGR Paulino tenha influenciado tal decisão. Não é por acaso que no ordenamento jurídico existe a figura de «incompatibilidade». Eventualmente nada levantasse suspeitas se a tal abstenção fosse produzida numa Procuradoria Geral da República com um outro PGR diferente do Dr. Augusto Paulino “arguido” nos autos do Processo-Crime Especial 12/2007. Em suma o que impede que se acredite, com tantos antecedentes que alimentaram a presente novela que o próprio Augusto Paulino é de facto o mentor (grosso modo) da sua própria absolvição?
O que está em causa não é Augusto Paulino entanto que pessoa mas sim os episódios em que estava metido aquando da sua nomeação. Esse é que é o ponto. Um arguido não pode ser PGR sob risco de colocar todo o sistema de justiça num descrédito total. Esse é que é o problema de fundo meu caro colega Fauvet. Não se trata de convicções ou de alinhamentos como tenta fazer crer ao acontonar o ZAMBEZE na “direita”. E se de facto for isso qual é o problema? Quem lhe garantiu que a esquerda é que presta? Não percamos a lucidez. «À César o que é de César!»

De que lado está a mentira (verdade)?

O ministro da Saúde Paulo Ivo Garido, veio ontem dizer que a história dos 7 centros de saúde que se encontram encerrados em Napula por falta de equipamento "está mal contada". A "história" foi veiculada pelo jornal Notícias citando Paulo Rapaz do Departamento de Planificação na Direcção Provincial da Saúde em Nampula. Para sustentar a sua posição, Garido questionou os nomes dos referidos centros e os distritos em que se encontravam. Quanto aos distritos, observei que o ministro não deve ter lido a "história" na sua versão original(Jornal Notícias) pois lá se fala dos distritos de Memba, Ribáuè, Malema, Moma, Ilha de Moçambique, Laláua, Eráti, Muecate, Meconta, Nacaroa, Nacala-a-Velha e a própria cidade de Nampula.
Ivo Garido afirmou ter falado ou telefone com o funcionário da DPS de Nampula(fonte do Notícia) que lhe garantiu não ter falado nada à imprensa. Prometeu ainda que ia à Nampula hoje, averiguar pessoalmente o assunto.
Diante disso tudo, urge perguntar:

-De que lado está a verdade ou melhor a mentira?
-Quem contou mal a história dos 7 centros?
-O funcionário da DPS, o Notícias, o Ministro ou a fonte do Ministro(pode ser outra)?
-E porque a história foi mal contada?

Cá por mim a história pode sim ter sido bem contada. Podem sim haver centros de saúde encerrados. E em plenas "visitas relampagos", constatando oque vem costantando, o ministro não devia duvidar que houvessem nesse vasto país centros encerrados.
Cá por mim qualquer um dos quatro(o funcionário da DPS, o Notícias, o Ministro ou a fonte do Ministro) podiam por diversas razões ter "contado mal" a história. Esperemos agora que dada a importância do assunto, o ministro compartilhe connosco os seus resultados "sherlockholmianos".
Vamos esperar então?


SMS e GANHA ...a burla detrás dum jogo "inocente"

Participando através de SMS num jogo televisivo aparentemente inocente, cidadãos podem estar a ser burlados grandes somas de dinheiro. O prestigiado canal de televisão moçambicano STV, de alguns dias para cá, tem estado a "divertir" os seus telespectadores com jogos aparentemente mal ensaiados, perpetrados por estrangeiros brasileiros, onde o cidadão menos atento é induzido a participar, com recurso à sms que deve ser enviada para o nº 3870.
Essência do jogo: Na tela é colocado um desafio/exercício em forma de quebra-cabeças que obriga o telespectador concorrente a pensar na resposta; Descobrir a resposta não é suficiente para entrar em contacto com o apresentador para apresentá-la, pois não é exibido qualquer nº telefónico para o efeito; Deve-se, sim, depois de se descobrir a provável resposta, iniciar o envio de uma séria de sms com a letra G (G de ganhador) para o nº 3870, tantas mensagens quantas forem possíveis, de tal modo que, em função do nº de sms enviadas, o aplicativo associado ao jogo, de "forma automática", ligue para o seu nº para apresentares a resposta. Caso esta estiver errada, então tudo volta para o ponto zero, ou seja, as mensagens anteriormente enviadas não contam para esta fase do jogo. Caso tenha acertado na resposta, ganha o prémio e habilita-se ao bónus, que passa por um sorteio de nºs sequenciados de 01 a 16. É informado em letras muito discretas na parte inferior da tela, que cada sms custa 20,00MT com iva incluso; Em jogo está um valor monetário e um suposto bónus que variam de 1000,00MT a 5.000,00MT ou 10.000,00MT a 40.000,00MT respectivamente; Estes valores, consoante a reacção dos grupos- alvo, são incrementados aleatoriamente como forma de atrair mais gente a jogar e quebrar a monotonia do jogo. Cheira a burla, se não vejamos as Matemáticas do jogo: O grupo-alvo deste jogo distribui-se em cerca de seis províncias onde o canal em alusão tem cobertura; Em Moçambique, na situação actual, estimase que, só nas cidades, em cada cinco cidadãos socialmente activos, pelo menos quatro possuem telemóvel, destes, três assistem ao canal televisivo dada a sua audiência e, por hipótese, dois aderem ao jogo;Imaginemos que na área coberta pelo canal, 10.000 telespectadores participam no jogo. Como para activar o sistema de chamada automática o concorrente deve mandar maior nº de sms, significa que deve ser pelo menos mais do queuma mensagem, tomemos como exemplo por defeito dois sms mínimo. Sendo que cada sms custa 20,00MT, estamos a dizer que os 10.000 concorrentes gastamo equivalente a 10.000x 20,00MT= 200.000MT em sms, só na 1ª fase do jogo, onde a busca automática ocorre passados pelo menos cinco minutos. E se oconcorrente apurado falhar a resposta, entra-se para um novo ciclo que não tem nada a ver com o ciclo anterior, em termos de maior nº de sms, faz-se nova contagem. Recapitulando: Em 5 m o jogo rende 200.000,00MT numa fase. Considerando que o jogo dura, no mínimo, um hora (60m), significa que, dentro deste espaço de tempo, são possíveis 12 fases do jogo (60m:5m =12),o que equivale a dizer que 12 pessoas podem ser notificadas para responderem à pergunta e, como regra, quanto mais respostas erradas melhor é, pois passa-se rapidamente de uma fase para outra (este facto leva a forçar respostas erradas); Assim, em uma hora, os 10.000 concorrentes gastam por sms 12 x 200.000,00MT = 2.400.000,00MT;Como o programa/jogo é, no mínimo, duas vezes por semana, então estamos a falar de 2. 2.400.000,00MT= 4.800.000,00MT nesse período. Engana-se quem pensa que o jogo termina com o fim do programa. O jogo em si não termina com o fim do programa televisivo, pois o sistema entra para uma nova fase, que consiste em "sortear" supostamente os nºs que participaram no programa, de modo a encontrar-se o vencedor do dia. É assim que os participantes, quando pensavam que o programa terminou, e muitos desligam o televisor e vão dormir, começam a ser "bombardeados" por uma séria de sms, de segundo em segundo, já do nº 3870 estimulando a continuidade destes no envio da sms, pois estão quase a atingir o 1º lugar. Vejamos o que aconteceu com um certo participante do jogo numa certa data. Quando pensava que o jogo terminou, desligou o televisor e foi dormir, quando, inesperadamente foi acordada com as seguintes mensagens:


À 00:36:43 »» Cada vez mais perto! A sua SMS foi a 6ª seguida. Envie "G" para 3870 mais uma vez. É hora de agarrar o ouro! Entra no Jogo e ganhe(De: 3870, Centro de Mensagens: 258822000900).

À 00:37:16 »» Boa sorte! A sua SMS foi a 7ª seguida. Pense no prémio, o 1º lugar vencedor está pertíssimo agora! Envie imediatamente "G" 3870! (De:3870, Centro de Mensagens: 258822000900).

À 00:40:46 »» A sua SMS foi a 1ª seguida. Uma a menos seria o 10º! Talvez só tenha de tentar mais uma vez. Envie "G" para o nº 3870 mais umavez e este pode ser o seu dia de sorte!

À 00:41:15 »», Parabéns, você é o 10º seguido. Alcançou a lista de possíveis vencedores! Ligaremos para si se for escolhido.


À 00:41:46 »» Boa Sorte! A sua SMS foi a 7ª seguida. Pense no prémio, o 10º lugar vencedor está pertíssimo agora! Envie imediatamente "G" para 3870!À 00:42:17 »» Uau, a sua SMS foi a 8ª seguida. O 10º lugar vencedor, só está a 2 passos! Envie imediatamente "G" para 3870 mais uma vez para ganhar!

À 00:43:17 »»A sua SMS foi a 4ª segunda. Falhaste desta vez ...mas por pouco. Envie agora "G" para o nº 3870 mais uma vez, e consiga a posiçãovencedora! ();

À 00:45:23 »»A sua SMS foi a 8ª seguida. Boa tentativa, está com meio caminho andado para o 10º lugar vencedor. Envie imediatamente "G" para3870 mais uma vez. ( 00:45:23 );

À 00:45:53Uau, a sua SMS foi a 8ª seguida. O 10º lugar vencedor só está a 2 passos! Envie imediatamente "G" para 3870 mais uma vez paraganhar!Mensagens de insistência como estas foram enviadas até às 2:00h de madrugada.

O tipo de mensagens mostra por si que o jogo não é sério, tem uma componente suja que nem os responsáveis do Canal descobriram, acho. Pelo que se chama atenção à entidade que tutela os Jogos no país, para averiguar o que é que realmente existe por detrás deste jogo, e aos responsáveis do canal que considero de maior prestígio no país, que igualmente se informem sobre os factos aqui narrados, sob pena de despertar demasiado tarde, depois de magoar os seus telespectadores. Daí que, com estas sms pós-programa, o valor anteriormente apurado até pode triplicar para 3x 4.800.000,00MT=14.400.000,00MT em dois dias. É tanto dinheiro amealhado a partir de um simples sms para o nº 3870!!!. Onde está a Inspecção Geral de Jogos?

Onde está a ADECOM? A nossa fragilidade! É verdade que o espaço de antena é longo e como tal tem que se preencher, mas há que se avaliar o impacto dos programas antes de os mesmos irem ao ar. Bons programas em televisão precisam-se, mas não como estes.
Em nenhum canal brasileiro passam programas como estes.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Exemplo da RSA: ninguém está acima da lei!

Voo Rasante, Por Edwin Hounnou

Na África do Sul, mesmo o vice-presidente da República, Jacob Zuma, não escapou à justiça. Recentemente, o ministro da Defesa foi surpreendido, pela polícia, a conduzir o seu automóvel, a uma velocidade superior a 120km/h. Foi detido e levado à esquadra de onde saiu mediante pagamento de uma caução. Presente ao tribunal, foi julgado e condenado como qualquer cidadão a 12 meses de prisão ou a pagar 5 mil randes.
Ouvimos dos governantes moçambicanos que ninguém está acima da lei. Piscando o olho, anunciam que todos os cidadãos são iguais perante a lei. É verdade que é o que está escrito na Constituição da República, todavia, não é o que acontece, no terreno. Na prática, alguns detentores de cargos públicos não só estão acima da lei, mas, também, por cima dela.
Certas elites quando chamadas a responder em auto de perguntas, dizem que é vergonhoso, indigno para o seu estatuto social. Mas, não se comportam de acordo com o estatuto que reivindicam. Obrigam o procurador a arquivar os processos que correm contra si. Anotam as matrículas das viaturas de magistrados e fotografam-nas, para os intimidar. Perseguem movimentos de magistrados, mandam reconhecer a localização dos seus locais de trabalho. Invadem-lhes os gabinetes e ameaçam- os com quedas- surpresa dos seus cargos. Nenhum polícia se atreve a lhes pôr a mão em cima, por se considerarem cidadãos especiais. Ilibam-se, mutuamente, numa escandalosa promiscuidade.
Quando acossadas pela Imprensa, processam os atrevidos, exigindo ser inundados de taco, para os silenciar.
Como tiveram o cuidado de escrever que o crime de imprensa é prioridade das prioridades, em tempo recorde, jornalistas e editores sentam-se, lado a lado, para confessar os seus “pecados”, a indivíduos vestidos de corvo.
Mesmo como arguidos, com arrogância pouco comum, ordenam aos jornais irreverentes para não continuarem a publicar os pinos e piruetas de que são exímios especialistas, tal como se faz numa república das bananas, onde reina a lei do mais forte.
Mandam no Governo, Tribunais, Legislativo e órgãos públicos de comunicação social - não hesitam em impor bloqueio aos jornais que não dobram a espinha dorsal, para não passarem na revista de imprensa da Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique. Qualquer cidadão atento apercebe-se disso.

Tanto a TVM quanto a RM são órgãos públicos, que funcionam com base nos impostos dos cidadãos moçambicanos. Não são, de modo algum, pertenças dessas elites predadoras que utilizam tais órgãos, em várias ocasiões, contra a liberdade do povo à informação isenta e não viciada. Em Moçambique, as coisas passam de modo contrário. O peso da lei só se faz sentir sobre os pobres. Quando algumas instituições pautam pela lei, as elites dizem que estão sendo perseguidas ou falam em inspecções pedagógicas, como adubos de Gondola. Para entreter o público, interpõem recurso ao Tribunal Administrativo, como foi o caso da empresa de segurança
privada, Wackenhut.

O PAÍS DOS TACHOS

Por: Eduardo White

Temos muito sangue jovem por detrás das grades da nossa história, muitos corpos enterrados e outros tantos espalhados. É necessário que sem os desonrar saibamos amanhecer longínquos dessa treva, possamos ciciar outras páginas para ela. Nós iremos por esse caminho, tenho em mim o vaticínio, porque, como me diria um amigo, “eu habituei-me a morrer com uma esferográfica cravada no coração” e é este facto a transparência do meu sonho, a dentição madura do que ambiciono.

Há muitas bocas brancas pelas ruas, brancas de fome e muitas indiscretas riquezas em algumas algibeiras, há muitos gatos pardos nos gabinetes cheios de muitos projectos e sem visão nenhuma, há muitos loucos deambulando nus, muitos hospitais tristes pela língua das suas serpentes e vidros de sossego nas clínicas privadas, há muitos nadas por debaixo das árvores com os olhares vislumbrado um cadernozito, um livro escolar, uma caneta bic, uma caixa despertada para as cores dos seus lápis, uma carteira em que se sente um corpito inocente de uma criança, uma alvenaria impressa na palavra escola, há muitos corações que sonham ainda e muitas vésperas de alegria.

Se o meu País é um País de tachos, eu não quero ter nenhum, já o disse tantas vezes e, também, dispenso como o meu amigo “ de frequentar os salões doirados com presidentes e poetas, oradores, chefes de câmara” porque eu prefiro a felicidade das ruas, de viver à custa dos amigos que apreciam o que escrevo e o que faço, ao contrário da canalha que insiste em chamar-me bêbedo e depravado e descontentes e frustrados com a vida faustosa mas miserável que levam, essa canalha toda que nunca fará, nem teve e nem terá história nenhuma a não ser a que levam enterrada nas braguilhas, na singular memória dos seus testículos, uns, e dos seus úteros, outras, essa gente que dá socos no ar, presas ao papel dos seus livros, dos seus livros de cheques como é claro, cujas dívidas melancólicas ainda os oferecem carros, praias e mulheres ocas e abstractas ou raparigas que adolescem quando mostram a pele jovem das suas roliças pernas.

Esses meteoros da intriga que não compram literatura nenhuma e têm reacções flatulentas defronte das novelas que vêem, dos filmes sem solução, essa gentalha minúscula que não sabe que não me assusta a minha pobreza e que tantas vezes me convidam a sentar-se às suas mesas e me enchem de conselhos fúteis e pobres e me batem nas costas para me chamarem poeta. Filhos da puta.

Não sou um poeta feliz, reconheço-o, também não conheço nenhum que o seja, tirando, é óbvio, os que escrevem com as duas mãos e são muito bem arrumadinhos, muitíssimamente exemplares pais de família e que têm projectos agrícolas em carteira e que vão às compras com as mulheres para atestarem as perfumarias, as lojas de lingerie das amantes dos e das amigas, que têm um cão parvo com nome de gente e com quem falam e lhes recolhem as caganitas com os suspeitos e secretos restos dos seus banquetes, esses senhores tão difíceis de se lhes tocar ou mover que mandam cartões de fim de ano e têm uma máquina de filmar para as férias.

Esses que, certamente, têm um sítio para escrever muito limpinho e usam as calças rigorosamente engomadas e gatinham e ladram por alguma cadeira de cabedal e de chefia. Na verdade não passa a sua escrita toda de um animal embrulhado e armadilhado no gemido da tão sôfrega podridão desses senhores. Desses Popeys espinafrados, desses Tarzans do nacional graxismo, desses Mandrakes da democracia. Enfim, desses lambões.

Quanto a mim, olhem, sou uma frase censurada e conformada com tal facto. Já me quis desfazer desta vocação que ninguém percebe, nem lê, nem crê, mas sem resultado. Por vezes até me passou pela cabeça tornar-me naqueles betinhos de que há bocado vos falei. E, no entanto, continuo o festival de fracassos que nem betinho consegue ser. De

maneira que lá vou levando a vida que levo. A cabeça engalanada de uns tantos tísicos poemas, uns poucos tostões que vou tendo no bolso e advindos:

. da generosidade de uma identidade empregadora,

.dos avaros forretas dos meus editores,

. do facto da minha poesia não vender absolutamente nada,

. de um prémios magritos da que não me posso dar ao luxo de recusar

. e dos trocadilhos que vou fazendo nos simpósios em que participo.

Sou realmente um paradoxo por criticar-me e não fazer nada para mudar isto. Gostava de escrever melhor em situação bem melhor.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

LINCHAMENTOS...entrando por dentro

"É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente."

(Voltaire)

Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vítima de linchamento, sul dos Estados Unidos, 1889
Vítima de linchamento, sul dos Estados Unidos, 1889


Linchagem, linchamento ou lei de Lynch é o assassinato de um indivíduo, geralmente por uma multidão, sem procedimento judiciário legal e em detrimento dos direitos básicos de todo cidadão.

Muitos autores atribuem a origem da palavra ao coronel Charles Lynch, que praticava o ato por volta de 1782, durante a guerra de independência dos Estados Unidos da América, ao tratar dos pró-britânicos. Entretanto, é mais seguidamente atribuída ao capitão William Lynch (1742-1820), do condado de Pittsylvania, Virgínia, que manteve um comitê para manutenção da ordem durante a revolução, por volta de 1780.

A « lei de Lynch » deu origem à palavra linchamento, em 1837, designando o desencadeamento do ódio racial contra os índios, principalmente na Nova Inglaterra, apesar das leis que os protegiam, bem como contra os negros perseguidos pelos "comitês de vigilância" que darão origem ao Ku Klux Klan. No sul, é a desconfiança da lei e a reivindicação de anarquia que favoreceram seu desenvolvimento.

Nos Estados Unidos, antes da Guerra Civil, o linchamento era usado principalmente contra defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. No entanto, por volta de 1880, seu uso se expandiu para grupos de status social supostamente mais baixo, como negros, judeus, índios e imigrantes asiáticos.

A prática do linchamento ficou particularmente associada ao assassinato de negros no sul dos Estados Unidos no período anterior às reformas dos direitos civis da década de 1960. Menos de 1% dos participantes de linchamentos nos EUA foram presos. Mais de 85% dos estimados 5000 linchamentos do período posterior à guerra civil ocorreram nos estados do sul, mas o problema era nacional, com um ápice em 1892, quando 161 negros foram linchados.

http://nelsonlevenaspalavras.blogspot.com/2008/01/eu-tambm-amo.html

Eu também amo...

(Des)partidarizando o Conselho Constitucional

O facto de todas as inconstitucionalidades declaradas pelo C.C no ano passado terem sido levantadas pela bancada parlamentar da Renamo-UE, deve ter deixado em muitos, a sensação que o "team" de Rui Baltazar está mais do lado de lá e não de cá.
Ao que venho notando, em relação ao C.C e às inconstitucionalidades, primeiro foi o CIP a "pedir" que o C.C fosse mais "generoso". Depois veio a ministra da Justiça a se queixar da "politização de tudo" agora é o camarada Paunde a afirmar de boca cheia que “o Conselho Constitucional é criação da Frelimo”.
Deve ser com a intenção de "tranquilizar" quem por ventura aventasse a "renamização" do C.C. A afirmação de Paúnde vem desmentir oque não foi dito. Pretende assim (des)partidarizar o C.C ou melhor dito, tirar do lado de lá para o lado de cá.
O facto de todas as inconstitucionalidades terem sido levantadas pela Renamo tem a ver com o facto dos muitos "camaradas juristas" da bancada da Frelimo, fingindo ignorância, terem feito "vista grossa" aos atropelos que choviam do presidente da República.

Se infelizmente o C.C fosse realmente criação da Frelimo teria provavelmente agido como vimos agir os parlamentares da Frelimo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Quando o Povo sai a ganhar. o Multipartidarismo ganhou...(minha coerência)

Segundo Notícia os membros da Frelimo contribuiram para ajudar crianças desfavorecidas na cidade da Beira. Um gesto que vai infelizmente ser avaliado a luz das recentes controvérsias políticas geradas pelo gesto do CMCB(oferta de uma ambulância à um centro de saúde).
Seja quais forem as "verdadeiras" motivações desse gesto da Frelimo, há factos que não se podem negar. Havia crianças necessitadas e que nesse momento tem material escolar para o ano lectivo que se avizinha. Pode até ser uma "solução aspirina" como estamos habituados a ver. pode ser para "contrabalançar" o gesto da Renamo. Pode ser para ganhar visibilidade num meio que parece cada vez mais sufocante. Pode ser... Mas nada desses "pode ser" tiram mérito ao que se fez. Meu receio é no entanto que na hora de balanço lá para o final do ano não venha alguém dizer que o CMCB não tem dinheiro de oferecer um punhado de kits escolares à crianças desfavorecidas".

domingo, 20 de janeiro de 2008

Crítica social e História


Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, 11 de Outubro de 2001


Toda crítica social tem por fundamento uma ideia do melhor. É só em comparação com essa ideia que a sociedade existente pode parecer boa, sofrível, má ou insuportável. Mas a ideia do melhor não surge do nada: é pensada por homens concretos, membros da mesma sociedade que criticam. Se considerarmos que a mentalidade desses homens é inteiramente um "produto" da sociedade, então, das duas uma: ou eles próprios incorrem nos males que denunciam, ou a sociedade, tendo dado a esses homens a ideia do melhor, não pode ser tão má quanto eles dizem.

Logo, toda crítica social que pretenda ter algum fundamento só pode ser baseada na premissa de que haja na consciência do homem uma dimensão que transcende de algum modo a sociedade presente e na qual ele possa instalar-se em pensamento para julgar essa sociedade desde fora ou desde cima.

É evidente, no entanto, que o simples apelo verbal à instância legitimadora não basta para dar validade à crítica. É preciso que esta não somente alegue, mas prove sua filiação lógica à autoridade superior.

As críticas sociais, portanto, podem ser hierarquizadas numa escala de validade estritamente objectiva, conforme (a) a legitimidade intrínseca da autoridade convocada a legitimá-las; (b) a maior ou menor consistência lógica do nexo entre a autoridade legitimadora e o conteúdo da crítica. Dito de outro modo: (a) A autoridade da instância superior convocada a legitimar a crítica pode ser falsa ou deficiente em si, como no caso do crítico que condena a sociedade com base num puro modelo utópico de sua própria invenção. (b) Se a autoridade alegada é válida em si, há ainda o risco de que a dedução que dela extrai o crítico para validar a crítica determinada de uma sociedade determinada não seja uma dedução válida logicamente.

Uma história das críticas sociais desde a Antiguidade até nossos dias demonstraria facilmente que, ao longo dos tempos, as críticas sociais formuladas no mundo ocidental vieram progressivamente perdendo validade ao mesmo tempo que cresciam em virulência e em número de seguidores. Dito de outro modo: à medida que passam os tempos, os críticos sociais perdem em autoridade intrínseca o que ganham em pretensão e audiência.

Sei que esta observação é lamentável e que alguns, sem ter jamais estudado o assunto ou sequer conscientizado minimamente a sua existência antes de ler este artigo, a recusarão "in limine" e buscarão abrigo contra ela em toda sorte de subterfúgios. Só o que tenho a dizer a esses é que não me amolem e vão estudar. Aos demais, isto é, àqueles nos quais o enunciado de uma hipótese suscite curiosidade em vez de indignação ou lágrimas, sugiro que comparem, por exemplo, a crítica socrática à marxista. Esta última tem muito mais adeptos e é muito mais feroz que a primeira, mas, ao declarar que a consciência dos homens é "produto" da História, já não pode alegar outra instância legitimadora senão a História mesma; mas, como a História não traz modelos para o seu próprio julgamento e sim apenas o relato dos fatos consumados, não resta alternativa ao crítico marxista senão deduzir da História transcorrida uma hipótese de desenvolvimento futuro e tomá-la desde já como instância legitimadora da crítica do presente. Nada prova que o desenvolvimento previsto seja necessário nem que o estado de coisas dele resultante tenha de ser melhor do que o presente estado de coisas; tudo isso é apenas hipótese e não tem portanto autoridade legitimadora senão hipotética. Já a crítica de Sócrates, que não angariou adeptos senão num círculo muito limitado, tinha um fundamento muito mais sólido, pois as instâncias legitimadoras a que apelava eram a certeza da morte e a autoridade intrínseca da razão, que nenhum homem pode rejeitar.

Em desvantagem maior ainda fica o marxismo quando comparado à crítica social dos profetas hebraicos, que extraíam sua autoridade do cumprimento das profecias. A crítica de Moisés ao estado de coisas no Egito fundava-se no seu preconhecimento dos meios concretos de levar o povo judeu a uma situação melhor; e o sucesso do empreendimento deu plena comprovação às suas pretensões. Esse é um argumento que nenhum marxista pode alegar em apoio de suas críticas ao capitalismo. Bem ao contrário, as realizações históricas do modelo socialista na URSS e na China foram de tal modo decepcionantes, que os marxistas, após tê-las proclamado e defendido como as mais puras e típicas expressões da superação marxista do capitalismo, hoje se empenham "ex post facto" em explicá-las como desvios acidentais e em limpar o marxismo de qualquer comprometimento com fracassos tão óbvios.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Olha a Floresta sendo "Desflorestada"

MOÇAMBIQUE SAI DO CHÃO

Moçambique sai do chão
E vai no porão
Caiu a sombra, tombou no chão
Fica um buraco no pé da nação

Lá vai a tábua de um caixão
O morto é a floresta de uma nação
Toda a riqueza para exportação
Não fica nada para nós, não, não
Não fica nada para nós, não, não
Já está mais que na hora, põe a mão na cabeça
E vê agora como a terra chora
A moto-serra, serra, serra
Rouba o verde, numa outra guerra

Lá vai a umbila
Lá foi o jambirre
Caiu a chanfuta
Caiu pau-preto
E voa a mssassa
Voou a mbaúa
Quem canta agora
É a moto-serra

Quem canta agora é a moto-serra
Parando a árvore, despindo a terra
Roubando o verde, numa outra guerra
Quem toca agora é a moto-serra

A música que agora toca no mato
Não é xigubo, makwaela, nem campo adubado
Não é enxada, não, não, não
Não é nem fumo de xitimela, my brother

Oh Papá, oh Titio
Corta aqui, mas depois planta ali, Oh!
Oh Papá, oh Vovô
Corta aqui, mas depois planta ali, Oh!

A música, agora, não é a canção
É o simples ronco do camião
Lá vai o tronco, lá vai a madeira
Lá vai a riqueza sem algibeira

Mia Couto

Como Vejo o Mundo...

O bom exemplo do Mau Exemplo...

MINISTRO DE DEFESA SUL AFRICANO PRESO JULGADO E CONDENADO POR EXCESSO DE VELOCIDADE

MAU EXEMPLO:
-Não Respeitar a Lei (limite de velocidade)

BOM EXEMPLO:
-Ter cooperado com agentes da policia de trânsito
-Não ter exigido tratamento especial.
-Reconhecer admitir e confessar publicamente a culpa.
-Demonstrar arrependimento poupando tempo ao tribunal
-Cumprir integralmente a lei.


Talk Radio 702
Defence minister Mosioua Lekota has apologised for setting a bad example by speeding on the N1 highway in southern Johannesburg.
Lekota was arrested last Sunday near the Grasmere toll plaza for driving at 189km/h.
He appeared in the Johannesburg Magistrates Court today.
He's better known as terror, a nickname he earned because of his usually forthright and no nonsense nature.
After pleading guilty, his lawyer read out a statement in which Lekota admitted he was wrong to have broken the speed limit.
He says he's learnt his lesson but excitable members of the South African National Defence Union wouldn't hear of it.
Singing the song Lekota has often criticised, umshini wam, the unionists only added to his humiliation.
The minister made a point of telling the court he's been exposed to unpleasant publicity emphasizing that when he was arrested he never once asked for special treatment.
Picture courtesy of SAPA: A member of the SANDU displays a placard during a demonstration against Defence Minister Mosiuoa Lekota at the Johannesburg Magistrate's Court.

Os Linchadores do Futuro...


Mais um caso de linchamento na cidade onde moro! Um cidadão de identidade desconhecida foi linchado na madrugada de ontem no bairro de Macuti, cidade da Beira. Queria poder me "habituar" a essas notícias, deixar de me supreender quando mais um caso se ouve, sei porém que nunca vou me habituar à horrores como esses. Li sobre o assunto no Diário de Moçambique e Diário de Um Sociologo. As declarações de José António prestadas à reportagem do DM me chamaram atenção. Ele questiona " Onde é que está a moral? Será que a nossa Polícia não está em condições de travar isto? Veja que são crianças de tenra idade que estão ali a contemplar um morto?"
A inquietação do senhor José se centra no facto de crianças de "tenra idade" cuja responsabilidade primária,sublinho primária,
recai(acho eu) sobre pais e não sobre a polícia, estarem a contemplar um morto e a policia não "travar isso". Questiona "onde está a moral" Questiona se "a policia não está em condições de travar isso". "Isso" linchamento ou crinças contemplando? Embora com uma dose de ironia, me questiono onde está o problema em "crianças de tenra idade" testemunharem e aplaudir o resultado do "feito heróico" de seus pais? Tendo os pais consumado mais um "acto de justiça", natural seria mostrar o "troféu" para a família(mulheres e crianças de "tenra idade)".
Onde está a moral? Perguntamos todos os dias mas muitas vezes os culpados pela falta de moral são mal apontados. No presente caso parece que se joga a culpa toda para a policia que "permite" que crianças de " tenra idade" contemplem um morto. Em que parte da história entram os pais dessas crianças? Se em nome da "justiça" acho "normal" matar a pedrada ou atear fogo num ser humano, que inconveniente acharia em meu filho depois contemplar esse ser humano já morto? Como eu justificaria ao meu filho uma selvajaria como essa? De volta a casa com o vitorioso ar de herói por ter eliminado mais um malfeitor, que mensagem estaria eu a passar para os meus filhos? Uma vez crescido que dificuldade teriam em seguir o meu exemplo? Estamos, sem querer ou sem perceber, a produzir a futura geração de linchadores. Temos que lembrar também que os linchados(supostos ladrões) são igualmente produto da nossa sociedade. Produzimos então o “problema(ladrões)” e a “solução(linchadores”.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Equlíbrio Precisa-se !


Proteger o ambiente ou desenvolver?

17/01/2008

Olívia Massango

Leu o título, agora siga a viagem. Mas atenção! Não olha a paisagem apenas de uma única janela. Preparados? Então vamos.

Nada vem do nada. Já diziam alguns filósofos e esta afirmação eu não contesto. Sendo assim, pulando a origem do mundo e dos seres vivos cuja a explicação remeto à religião e à ciência, tudo o que o homem construiu desde os primórdios da sua existência colheu na natureza, numa relação que prefiro chamar de não pacífica.

Na actualidade, fala-se muito em protecção do meio ambiente num contexto de protesto às acções de desenvolvimento. como se fosse possível a evolução do homem sem roubar à natureza a sua natureza. Em Moçambique, basta recordar que em 2007 a Justiça Ambiental esteve empenhada em alertar o Governo sobre vários casos que considera constituirem uma ameaça ao ambiente, caso do projecto Mphanda Nkuwa, alegando exposição a riscos ecológicos, sísmicos, sociais e económicos.

Mas não nos esqueçamos de que tudo o que fazemos implica desnaturalizar a natureza. Aos ambientalistas, sem querer refutar os seus argumentos nem entrar para o mesmo tipo de discussão a que se propõem, desafio apenas a pensarem no ambiente de forma mais pormenorizada, isto é, a questionarem-se o quanto custou à natureza cada coisa que desfrutam em seu redor e se existe algo que de facto a poderia compensar por isso.

Primeiro, a casa onde vivemos é feita de quê? Se for de cimento, já é sabido que as fábricas de cimento poluem o ambiente. A arreia, a pedra, o ferro, e todo o resto, incluindo a madeira para os aros, tecto ou mobília, significa uma mexida na natureza. Segundo, questiono sobre o vestuário. Na sua maioria pode ser de algodão, que é uma cultura renovável – menos mal. Mas o calçado, a bolsa, o cinto, o casaco, etc., podem ser de proveniência de animais cujas espécies já estão em vias de extinção, quando toda a espécie é necessária para o equilíbrio do ecossistema, e não só.

Não vou mais além com estes exemplos, porque de facto tudo quanto usamos vem da natureza. Agora, o certo é que, ainda que queiramos, não é possível restituir tudo o que dela tiramos. Quando construímos estradas e erguemos edifícios tiramos o habitat há várias plantas e animais que, assim como os seres humanos, contribuem para o equilíbrio do ecossistema. E assim, a evolução do homem na sociedade faz-se numa afronta arrojada à natureza.

Os países hoje desenvolvidos, na sua maioria, fizeram vista grossa à preservação do ambiente e hoje já se justifica o alarido na matéria. E os países em vias de desenvolvimento, será que se justifica fazerem coro à importância da protecção ambiental? Não há dúvidas que sim, pela importância da própria natureza para a vida humana, mas não tenho certeza se poderemos desenvolver ou até mesmo sobreviver (com os hábitos que criámos) sem a agredir.

Desenvolvimento sustentável é o mais novo termo para tentar incutir nos governantes a ideia de um progresso que tenha em conta a protecção ambiental. Mas o certo é que este conceito, quando despido da sua beleza artificial, o que se vê é o homem num caminhar irreversível de agressão à natureza. Assim se fez o homem e assim vive.

O desenvolvimento pressupõe o alargamento do poder e a consequente conquista de mais espaços hoje verdejantes para os transformar em infra-estruturas... e, nesse sentido, enquanto quisermos energia eléctrica, água potável, infra-estruturas sofisticadas, etc., o desenvolvimento nunca será sustentável.

Então, que opção seguir? A resposta responsável está em cada um de nós e depois é só aceitar a reacção da natureza.

Cheias no Zambeze V


Ah Mariana!
Eu te disse que era assim em todas as luas
O Zambeze segue a promiscuidade dos deuses
E se deixa encantar

O espírito do rio deixa o corpo
E segue viagens
Eu te disse Mariana
Que encantamento algum lhe segura

Os ventos que sopram
Nada trazem de novo
Levantam-nos sim as vestes
Deixando a descoberto partes proibidas
Nossas vergonhas seculares
E você sabia Mariana

Faraó nenhum deixou o Nilo Mariana
Por isso te pedi
Roguei que esperasses que os mêses se acertassem
Não sei se também são nove
Que o Zambeze parisse
Te pedi para seres a parteira

Fica Mariana!
Os crocodilos vão precisar de consolo
E a terra molhada
Estrume para as próximas colheitas
Fica Mariana!
Fica!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008





Footprints...


Uma noite eu tive um sonho...
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor
e através do Céu, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados
dois pares de pegadas na areia;
Um era meu e o outro do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou
Diante de nós, olhei para trás, para as pegadas
Na areia e notei que muitas vezes, no caminho da
Minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também, que isso aconteceu nos momentos
Mais difíceis e angustiantes do meu viver.
Isso entristeceu-me deveras, e perguntei
Então ao Senhor.
"- Senhor, Tu me disseste que, uma vez
que eu resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre
comigo, todo o caminho. Contudo, notei que
durante as maiores atribulações do meu viver
havia na areia dos caminhos da vida,
apenas um par de pegadas. Não compreendo
porque nas horas em que mais necessitava de Ti,
Tu me deixaste sozinho."
O Senhor me respondeu:
"- Meu querido filho. Eu te amo e
jamais te deixaria nas horas de provação
e sofrimento.
Quando viste na areia, apenas um par
de pegadas, foi exactamente aí que nos braços te carreguei."

Já se Morre nas Cheias


AS autoridades de gestão das calamidades anunciaram ontem o registo do primeiro caso de óbito, em consequência das cheias na região centro do país. Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), trata-se de um corpo visto a flutuar nas águas do rio Zambeze e que devido às condições no terreno não foi possível o seu resgate. Entretanto, aquelas autoridades e o Programa Mundial da Alimentação (PMA) estão a equacionar a realização de ponte aérea para a canalização de víveres para as zonas de difícil acesso no Vale do Zambeze. O processo de distribuição de alimentos teve início ontem, acompanhado pela criação de outras condições logísticas como a alocação de tanques de água, lonas, fornecimento de cloro e assistência sanitária nos centros de acomodação das vítimas das cheias.
Maputo, Quinta-Feira, 17 de Janeiro de 2008:: Notícias
A canalização de víveres acontece depois de um aturado trabalho de triagem, tendo-se confirmado que, efectivamente, algumas vítimas não constavam da lista das pessoas flageladas pelas cheias do ano passado.

No centro de reassentamento de Zona Verde, no distrito de Mopeia, onde a nossa Reportagem esteve ontem, as vítimas informaram ao governador da Zambézia, Carvalho Muária, que passaram fome durante duas semanas, em virtude de terem sido evacuadas sem mantimentos.

Relativamente às zonas de difícil acesso, o PMA acaba de alocar dois helicópteros de carga com capacidade de duas toneladas cada, que deverão entrar em operações a qualquer momento.

Os mesmos meios poderão vir a ser igualmente utilizados para o resgate de pessoas, caso a situação assim o justifique, segundo reafirmou João Ribeiro, director-geral adjunto do INGC.

Ainda ontem foram reforçados os meios de resgate, com a chegada de mais embarcações na delegação do CENOE, em Caia. Até à passada terça-feira, 59275 pessoas tinham sido retiradas pela UNAPROC e pelos comités locais de gestão de risco nas zonas consideradas susceptíveis a inundações para áreas seguras ao longo do Vale do Zambeze.

De acordo com informações da Direcção Nacional de Águas, o país continuou a registar precipitação fraca e dispersa em todo o território nacional, situação idêntica ocorrida nos países vizinhos.

As bacias hidrográficas da região centro, nomeadamente o Licungo, Zambeze, Púnguè, Búzi e Save continuam em situação de alerta e a registar oscilações de níveis, com tendência estacionária, não obstante registar-se cenário contrário no Baixo Zambeze.

Com efeito, em Mutarara e Marromeu o nível da água atingiu o mesmo valor registado nas cheias passadas, e em Caia já ultrapassou o pico em mais de 80 centímetros.

Contrariamente a esta situação, em Tete, a montante, os níveis hidrométricos registados este ano ainda são inferiores aos das cheias de 2006/2007.

Na região norte e sul os rios mantêm-se estáveis e abaixo do alerta, com excepção da bacia do Limpopo, que, apesar da tendência de baixar, continua acima do alerta.

Face ao abrandamento das chuvas, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa mantém as descargas na ordem de 5500 metros cúbicos por segundo, enquanto que as restantes continuam a registar incremento normal dos níveis de armazenamento.

Em praticamente todas as bacias hidrográficas prevalecem elevados volumes de escoamento, aconselhando-se a população a manter-se longe das zonas baixas e ribeirinhas.

Porque Pedrido foi linchado...


Olha, deve ficar claro que não era intenção de ninguém acabar com Pedrito(felizmente não morreu), queriamos era "dar-lhe uma lição" para deixar de roubar. Muitos vizinhos se queixavam que Pedrito era responsável pelo desaparecimento de "coisinhas". Quando o interpelamos queríamos averiguar tudo oque se falava acerca dele mas alguém gritou " ladrão vamos assar" e ai perdemos controle da situação. Bateram Pedrito com tudo e com nada. Mesmo os que nem se quer conheciam Pedrito, nem sabiam oque ele fizera, batiam-no como se tivessem sido vitimas directos dele e dos seus roubos. Quando a polícia chegou e nos dispersou, já ninguém sabia "porque Pedrito foi linchado"

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Não vestido...


Com o "calor" que se faz sentir no Chiveve me apetece mesmo ficar "não vestido". Calor na pele na alma e já agora na atmosfera política. Por um lado são as "Dádivas" do Edil do Chiveve que são exageradamente "politizadas" chegando a se desvalorizá-las. Já agora vem a Junta Nacional da Salvação da Renamo achando que Simango é o "Moisés" que vai tirar e Renamo para a "terra prometida". Aqui acho conveniente usar o ditado "You got the vision, you got the job". Tiveram a ideia de salvar a Renamo? Tenha o trabalho de salvá-la. Porque misturar Simango com isso? Me lembro de como no "partido grande" alguns camaradas chegaram a ministros e outros postos grandes só por terem feito bem alguns "servicinho" como caso de campanhas eleitorais. Será pelo bom desempenho de Simango como Edil do Chiveve que os "camaradas" da JNSR o propõe sucessosr de Dhlakama? Não é isso uma forma de minar o futuro político de Simango atirando-o já para uma "panela a ferver"? Como será ele visto pela "Renamo de Dhlakama"? Não haverá entre os "grandes pensadores" da JNSR alguém que se compadeça pela Renamo que queira realmente salvá-la a ponto de "liderar a rebelião"?
Isso está quente e promete aquecer muito mais nos próximos dias. Aqueceu ainda mais hoje por causa de mais um cápitulo da "novela". Mal ou bem contada essa novela perdeu graça. Penso que está na hora de alguém "adulto" vir me desligar o aparelho de televisão e me contar a verdadeira história. Que rivalidade feia essa entre o Zambeze e o Magazine? Que brincadeira de muito mau gosto. E com tudo isso como não vou querer ficar "não vestido"?

O Dilema de Deviz Simango...Fazer ou não fazer? Eis a questão...






Deviz Simango presidente do munincípio da Beira convive com uma "hostilidade política" passiva e activa, tal que certamente põe em causa, de alguma maneira, a sua liderança. O facto do munincípio estar a ser gerido(bem) por um partido na oposição(Renamo) parece ter levado ao limite, a "tolerância política" do partido no poder. Os discursos falam por si. Veio o secretário geral da Frelimo tentar tirar mérito das realizações de Simango. Nas suas palavras, o munincípio não tem dinheiro nem para pagar salários e vive do dinheiro do governo central(da Frelimo), mas nós sabemos que para além das receitas locais os munincípios contam com ajudas dos seus parceiros económicos, e mesmo quando o governo central(da Frelimo) disponibiliza fundos para o funcionamento dos munincípios, não o faz por generosidade nem por misericórdia temos ainda que lembra que esse tal dinheiro é do estado moçambicano, resultado dos impostos que nos são cobrados e da generosidade da comunidade internacional que contribui com mais de 60% no OGE.
Veio o ministro da administração estatal tentar "defender uma desordem" só porque Simango queria "limpar a casa" e essa "limpeza" incluía o lixo da Frelimo.
Agora é o generoso gesto do CMCB (oferta de uma ambulância) ao carenciado CSM que parece gerar "tempestades políticas". Indo ao "rigor da lei" diz-se que Simango "intrometeu-se" na área da saúde que não é da responsabilidade do munincípio. Querendo apoiar o sector da saúde teria que fazê-lo através do governo provincial(DPS). Nas palavras do Dr. Baptista, director provincial da saúde a ambulância devia ser entregue ao serviço de ambulâncias e não directamente ao CSM. Quem garantiria à Simango que a ambulância serviria ao verdadeiramente carenciado povo da Munhava? Como é que essa oferta ao governo provincial seria encarada? Uma provocação? Uma lição de governação(oque se deve fazer para o povo)?
O pior é quando o gesto de Simango é reduzido à uma simples propaganda política. Pensam uns que Simango exagerou-se ao usar recursos da autarquia para fazer política mas esquecem-se que esses recursos estão sendo usados pelos autarcas.
As boas acçõs do CMCB vão sempre ser interpretadas como campanha política oque até parece "pecado". Que mal há em ganhar simpatias políticas sem ferir o povo, sem ferir as leis? Que mal há?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Qualidade em Educação




O termo “qualidade” é largamento usado em Educação. Parece tão consensual que é profusamente usado tanto pelo discurso político como pelos próprios professores e investigadores. Mas existem vários olhares sobre a qualidade.
Antes de mais, há um olhar diacrónico. Ao longo da história da Educação, “qualidade” tem assumido diferentes conceitos e significados. O que se considerava qualidade há 30 anos atrás não é certamente o que se considera hoje.
Pode existir também um olhar sincrónico. A qualidade pode ter significados diferentes em função do locus geográfico de que se fala e sobretudo em função dos diferentes participantes no processo educativo. Será que quando se fala de qualidade o termo quer dizer a mesma coisa para pais, alunos, gestores, professores ou políticos? Algumas aproximações do conceito de “qualidade” aproximam a sua aferição do nível de “satisfação do cliente”. Mas, em Educação, quem é o cliente? Os pais? A sociedade? Os alunos? E se são tantos e vários, podem eles ser igualmente satisfeitos com o mesmo serviço? A diversidade dos contextos educativos é tão grande que parece difícil falar de qualidade em termos absolutos ou essenciais; teremos certamente que nos referir à qualidade enquanto valor relativo resultante da interacção do processo educativo com diferentes condições do meio.
A qualidade não é, pois, um termo que tenha um valor normativo absoluto, por muito que os discursos políticos e institucionais pareçam não ter dúvidas sobre isto. Os indicadores que se seleccionam (e os outros que se ignoram), as formas e os momentos em que se avalia a qualidade são decisões políticas e, portanto, socialmente construídas em função dos objectivos que se deseja alcançar num determinado contexto. A qualidade filia-se, assim, mais nas negociações e relações de poder do que num consenso inquestionável e “natural” (cf. Barroso, 1998).
Analisando os documentos produzidos por organizações internacionais (nomeadamente as Nações Unidas e a UNESCO) bem como o impacto que tiveram nas legislações nacionais de múltiplos países, a Inclusão deve ser considerada como um dos factores que actualmente se tem que valorizar em termos de aferição da qualidade de um sistema educativo. Sobre a relação entre Inclusão e qualidade, Nóvoa (2005) afirma que “ (…) é preciso manter a tensão entre a qualidade e a equidade principalmente num período em que a situação económica tende a valorizar a “qualidade total” em lugar da “qualidade para todos”.
Realçaríamos a expressão “Qualidade para todos”. O certo é que o termo qualidade tem sido mais associado a sistemas educacionais selectivos, competitivos e “meritocráticos” (para alguns) do que a sistemas mais universais e inclusivos (para todos). Há pouco tempo, em Portugal, a reinstalação de exames nacionais no final de cada ciclo da escolaridade básica foi saudada por vários partidos como uma importante medida em favor da qualidade da educação...

Apesar de tão polissémico, o conceito de qualidade mostra-se bem mais linear quando usado nos discursos políticos: é uma qualidade que é aferida sobretudo pelas (elevadas) competências académicas que os alunos adquirem e aferida por processos comparativos transnacionais. Assim, a inclusão na escola regular de alunos com alguns tipos de problemas pode ser encarada como um contratempo para atingir esta qualidade através da “excelência académica”.
Para muitos profissionais e mesmo para o senso comum, quanto mais heterogénea e mais diversa é uma classe ou uma escola mais problemas haverá com o aproveitamento dos alunos e consequentemente menor será a qualidade atingida. Os argumentos sobre esta posição são que se gasta demasiada energia em tentar articular a diversidade e que se perde tempo com alunos com dificuldades, tempo este, que podia ser usado para fazer progredir os alunos sem dificuldades. Assim classes mais homogéneas teriam mais possibilidades de alcançar uma boa qualidade.

David Rodrigues, Jornal de Letras, Artes e ideias nº965

sábado, 12 de janeiro de 2008

Soares Nhaca Vai Mudar a Agricultura Moçambicana



Na última edição do semanário o país, de acordo com Soares Nhaca, o recentemente nomeado ministro da agricultura, o sector que a menos de um mês dirige, vai mudar. Nos argumentos dessa mudança parece residir a razão da exoneração dos seus antecessores. Nhaca diz que a agricultura vai “se tornar um sector que produz renda e que contribua para o desenvolvimento económico e social do país” porque ele vai “cumprir rigorosamente as orientações do Governo e do partido no sentido da agricultura moçambicana”

Urge questionar. Será que os antecessores não cumpriram “rigorosamente” as orientações do Governo e do partido? Se não cumpriram, porque não? Será que existem e estão claras essas orientações do Governo e do partido no sentido da agricultura?

Que se lembre Nhaca que não basta querer mudar.

Que se lembre Nhaca que a euforia dos primeiros dias não é suficiente. Que se lembre Nhaca que está diante dum ministério e que todos os elementos devem estar sintonizados para que a mudança aconteça. Que lembre Nhaca que há “sabotadores” de mudanças que as vezes tem de ser exonerados em massa para “criar nova dinâmica”

Nhaca diz também que dentro de 6 meses Moçambique terá biocumbustível processado da jatrofa.

Que lembre Nhaca que essa fábrica será resultado do trabalho iniciado pelos seus antecessores e não apenas do seu eufórico desejo de mudar a agricultura, e que usando um pouco de humildade faça questão de mencionar isso.

Mudanças todos queremos mas habituados à discursos dissociado de acção, promessas não cumpridas, há espaço sim para esse cepticismo. Quando o presidente Armando Gebuza formou seu governo, nomeou os governadores vimos e ouvimos coisas, “fogo de palha”. Uma das mais forte foi a de Idelfonso Mwanantata que prometerá consultas médicas para emprestar os seus conhecimentos de médico ao hospital provincial de Tete. Por detrás dessa oferta/promessa, estava o desconhecimento das responsabilidades que lhe aguardavam como governador. Não será o caso de Soares Nhaca? Pode ter sido um bom sindicalista, um bom governador, um bom vice ministro de trabalho, mas ministro de agricultura é outra coisa. Que o digam seus antecessores. Ao Soares Nhaca peço que tenha calma. Que deixe as mudanças falarem por si próprias.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Cheias no Zambeze IV


Querida,

Tem gente me perguntando

Porque não te deixo

Se a cada ano me queixo

Dessas tuas manias de enchentes


Porque não saio dos teus braços

Me solto em busca de outros amores

Corações mais seguros


Mas eles não sabem querida

Que amor eterno nos une

Amor cimentado pelos mortos

Que sepultamos no teu ventre


Amor encomendado pelo sabor da batata

Alegria dos pepinos dos teus seios

As tuas ancas abobradas

Não sabem da gordura das nossas colheitas


Não sabem da eternidade da nossa história

Que em ti, só em ti

Existe minha existência

Sempre existiu

Mesmo com as tuas manias de enchentes


Mas mesmo sabendo disso

Essa gente pensa que amor sofrido como nosso

Amor regado de lágrimas e tristezas

Não tem graça

Só desgraça

E eu penso que eles estão certos querida


Mas essa gente também não sabe

Que se te deixo não tenho para onde ir

Outro coração que me ame como tu

Nunca me deram alternativa

Embora pensem que sim

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Cheias no Zambeze III


Da Preta do mozamigos.com, recebi uma breve rabiscada em jeito de comentário às cheias no Zambeze II. A tecnologia nos ludibriou e nós a ludibriamos. Eis o comentário:


"Faça desse poema uma canção. Quiça aqueles seres que ontem eram pequeninos e hoje já estão grandinhos, aprendam que, por aquelas bandas, o Zambeze é o único que tem o dom de ser pequenino e grandinho?

É deveras revoltante ver e ouvir que pessoas recusam-se a retirar-se das margens do Zambeze pondo em risco suas próprias vidas e a dos que os querem salvar!!!

Há coisas que de facto não se deviam voltar a fazer: resgatar populações vivendo nas margens do rio Zambeze, afinal a gente aprende com os erros e as experiências já vividas.

Lá onde meu cordão umbilical caiu, existe uma lagoa que tem as suas "marés". Quando é tempo da maré baixa, todos vão as margens para semear, pois é bom colher o fruto do seu suor. Mas, o celeiro e o principal abrigo, esse fica lá, bem no alto, distante. Na época da maré alta, se é que assim se pode dizer, nunca se resgata ninguém pois é do conhecimento geral o "temperamento da lagoa"! "

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Zimbabwe ás escura...

Harare - Mozambique’s Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) power utility has suspended supplies to Zimbabwe over unpaid debt, adding more woes to a country in deep recession and grappling with shortages of hard cash, food and every essential commodity. Sources at state-owned Zimbabwe Electricity Supply Authority Holdings (Zesa Holdings) told Zim Online that HCB switched off supplies to Zimbabwe at the beginning of this month after Zesa Holdings failed to clear an outstanding US$26 million debt that was due last December. "They (HCB) have not been supplying us with power since the 1st of January. They were expecting us to have settled the outstanding debt by December," said a senior Zesa Holdings official, who did not want to be named because he did not have permission from the power utility to speak to journalists. Zesa Holdings’ chief executive officer Ben Rafemoyo confirmed the termination of supplies but insisted his company was in negotiations with the Mozambican energy firm to resume supplies to Zimbabwe. "We are trying to catch up with the ballooning debt. They (HCB) are insisting that we clear what we owe them," Rafemoyo told Zim Online.

HCB’s decision to cut supplies to Zimbabwe is sure to worsen electricity shortages in a country that consumes about 2 200 megawatts per month but can only generate about 1 500 megawatts. The huge power deficit has previously been filled up with imports from South Africa, Zambia, Mozambique and Democratic Republic of the Congo (DRC). However, South Africa’s Eskom power firm has stopped exporting power to Zimbabwe as it battles to meet rising domestic demand, while Zambia and the DRC suspended supplies to Zesa Holdings over unpaid debt. The hard cash-strapped Zesa Holdings’ only response to a burgeoning energy crisis has been to implement a punishing power rationing regime to save on the little electricity available while ensuring key sectors of the economy are supplied. Under the rationing schedule, supplies to domestic consumers can be cut for up to 20 hours a day while power is supplied to industry and other productive sectors. However, the worsening energy crisis is only an addition on a long list of hardships bedevelling Zimbabwe in the grip of an economic meltdown critics blame on repression and wrong policies by President Robert Mugabe. Mugabe, in power since Zimbabwe’s 1980 independence from Britain and seeking another five-year term in elections in March, denies ruining Zimbabwe and instead blames his country’s problems on sabotage by Western governments he says are out to topple him.