domingo, 30 de agosto de 2009

Carta Para Dede(9)


Amigo Dede!
Já nem sequer me lembro quando foi a última vez que nos escrevemos.
Foi a uma eternidade que lá se foi e que simplesmente não lembro. O tempo passou e a vida vai passando.
Olha amigo o galo cantou! Não só o do MDM, mas também oque que nos anuncia a chegada do novo dia(seja lá oque for que isso signifique). Está na hora de começarmos a pensar em quem votar nessas eleições que vão chegando cada vez mais perto de nós e ou nós mais perto delas.
Tenho dito que com as exclusões dos restantes candidatos o trabalho ficou facilitado. É mais fácil escolher um dentre três do que dentre nove. Será bem mais fácil agora decidir em quem confiar o nosso preciosíssimo voto.
Olha fiquei a saber que no sorteio que se fez, o candidato do MDM(novato nessas coisas de eleições) ficará em primeiro lugar no boletim do voto seguido do candidato da Frelimo e Renamo respectivamente. Tens algo a me dizer acerca dessa ordem que no fundo(dizem) conta muito pouco?
Amigo tenho estado a pensar seriamente em que votar.
O amigo Mutisse me fez um favor. Me mandou o extenso manifesto eleitoral do seu candidato e partido para me ajudar a “escolher bem”. Queria ter um amigo na Renamo que igualmente me enviasse o manifesto do seu candidato e partido. Do MDM já tenho(generosidade dos amigos de lá). Como vês, estou me munindo amigo para fazer uma escolha informada.
A dias conversei demoradamente com a dona Matilde que já tem a “cabeça feita”. Já sabe e bem em quem votar e oiça-lhe o argumento.
“Meu filho , não voto na Frelimo porque depois vão querer se enriquecer a torto e a direito por nos terem trazido a independência. É oque Chipande disse. Não voto na Renamo porque vão querer se enriquecer a torto e direito porque nos trouxeram a democracia. É oque Dhlakama diria. Fico mesmo é com o MDM que nada nos trouxe”.
A dona Matilde me intriga pela forma simples de pensar. Ela diz que é pela primeira vez na história da democracia moçambicana que vai deixar os seus afazeres, aturar as longas filas e depositar o seu voto.
Estou preocupado amigo é com a onda de acusações que tenho ouvido por ai. A dias li que um grupo de jovens ostentando símbolos da Frelimo tentaram “atrapalhar” a trabalho político de Deviz Simango. Isso é mau não achas amigo? É tão mau que nem interessa quem atrapalhou quem porque é mau de qualquer jeito. Se torna muito mau ainda quando essas questões são tratadas de “ânimo leve” como vi Edson Macuacua tratar. Mais do que simplesmente refutar os factos, deviam os visados “investigar” oque liga essas banalidades ao seu “bom nome” e criar condições para que no futuro ninguém se “aproveite” de seus meios e símbolos para actos vergonhosos como os que ouvimos e vimos provados atraves de nítidas imagens.
Li também amigo as declarações do líder da Renamo “vaticinando” as percentagens que os seus adversário terão. Isso também é mau amigo pois cabe a nós(eu, a dona Matilde e o amigo Dede e todos outros eleitores) decidirmos com o nosso voto. Deviam os candidatos era se preoucuparem em nos dizer e claramente porque acham que os devemos votar.
Amigo, tem um assunto que não poderia deixar de falar, apesar da vergonha que me causa. É acerca do Animalzinho sim! Esse que recentemente voltou ao país. Voltou para muito cedo ou tarde voltar a se pôr a fresco como das outras vezes. Há quem diz que ele voltou nessa época(eleitoral) para ser usado como sinal de “serviço” por parte dos nosso gendarmes. Quem acreditaria nisso?
Há quem diz que voltou nessa época para trazer de volta o debate em torno d insegurança do nosso sistema prisional. Quem acreditaria nisso?
Há gente que finge não perceber que Anibalzinho é escudado por gente grande desse país, gente ligada ao poder, ao partido Frelimo( pode ser psicose minha). Há gente que finge ser estúpida e acredita que Anibalzinho tem estado a “escapar” da cadeia por esforço próprio. Eu nego entrar nessa estupidez. Não tenho certeza se sei oque se ganha com essa história mas sei oque se perde. Perde-se o prestígio de um estado com o qual podiamos nos orgulhar. A tão propalada auto-estima.
Se houvesse(há quem estupidamente ainda acredita que haja), interesse em descobrir que está por detrás dessa palhaçada, certamente que se descobriria a verdade. Tenho dito que no fundo a verdade é bem conhecida. Infelizmente é uma “verdade inconveniente” que vale a pena esconder do que revelar.
Bem, vou ficar por aqui deixando-te aquele abraço temperado de votos de continuação dum bom final de semana e um boa semana de trabalho.

Abraços do Chiveve

sábado, 29 de agosto de 2009

DO CHITENGO ONDE MORO: carta para Mariazinha XIX


Mariazinha minha amiga!
Anibalzinho voltou à Moçambique. Recapturado pela polícia Sul Africana como oficialmente se diz, ou voluntariamente entregue como ele diz não interessa. A verdade é que mais uma vez está preso em alguma cadeia de “mínima” segurança onde como doutras vezes poderá a qualquer altura se pôr à fresco.
Tens que te lembrar Mariazinha que por três vezes esse homem desafiou o nosso sistema de segurança prisional e se viu livre dele uma das vezes tendo sido recapturado em Canadá. Assim que fiquei a saber da recaptura me perguntei para quando estava marcada a próxima fuga. É que a coisa ficou tão habitual que nem sei se vale a pena mantê-lo em alguma cela e com alguma segurança. Penso que ficou provado que independentemente do nível de segurança, sempre que ele quiser sairá e para onde bem lhe apetecer.
O estranho Mariazinha é o esforço que se faz em relacionar a captura ao período eleitoral que se avisinha, tentar associar Anibalzinho ao crime organizado, às elites governamentias, às corrupções dentro do polícia. Isso é quanto a mim procurar tirar o mérito à Anibalzinho. Achá-lo incapaz de empreender essas fugas por conta própria. Isso é procurar politizar/partidarizar um criminoso. E isso é maldade mesmo se se usar como argumento o facto de ser a Frelimo a frente do sistema de justiça.
Mariazinha Anibalzinho chegou e disse oque disse, vamos lá ver oque acontece daqui em diante.
Mudando de assunto, o “pai da democracia” passou por Sofala e no comício de encerramento de sua visita no populoso bairro da Munhava, “preferiu” priorizar ataques à Deviz Simango. Primeiro tratou de vaticinar que o MDM não conseguiria mais de 3% nas próximas eleições e para asseguir embarcar em insultos puros. Traidor, intriguista, mentiroso, confuso, ladrão, cobarde, demente são alguns dos adjectivos feios que Dhlakama atribuiu à Daviz Simango. Essa atitude para com um adversário político me mostra que de democracia Dhlakama não tem nadinha.
As acusações e contra acusações típicas do ano eleitoral começaram. Esse ano a coisa vai ser quente já dá para ver.
Tenha Mariazinha um bom final de semana

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

QUEM SE BENEFICIA COM A EXCLUSÃO DE CANDIDATOS?

Quando ainda soa e bem alto o “barulho” em torno da exclusão de alguns dos candidatos às presidencias de Outubro, me lembrei do editorial de Salomão Moyana no Magazine Independente se queixando da “impresidenciabilidade” de alguns dos canditados inscritos. Para Moyana, não fazia sentido que homens “desconhecidos”, que nunca deram mostras de vulto em alguma capacidade política administrativa ou já se deram foi uma bem desastrosa, viessem agora almejar em dirigir o país. Moyana chegou a “desconfiar” que alguns desses candidatos estão mesmo interessados é, em “abocanhar” o fundo que teriam direito para suas campanhas eleitorais.
Do acordão do conselho constitucional, fica demasiado claro que não é pelas razões que Moyana levantou, que alguns dos candidatos foram excluídos mas o facto da lista dos excluídos coincidir com a de Moyana, deve ser uma boa notícia.
Os argumentos que sustentam a exclusão, estão explanados no acordão e me deixam “sem ouvidos” para as “queixinhas” que os excluídos vão por ai naturalmente deixando.
Alguém me perguntou como coloquei no título desse post, a quem essas exclusões beneficiam e quando provavelmente esperava que eu dissesse, mesmo sem pensar, que as exclusões, benefiam à Frelimo e seu candidato, num jeito provocador, respondi que em primeiro plano beneficiam aos excluídos pois na próxima, exactamente daqui a cinco anos saberão com certeza se organizar atempadamente melhor. Aqui decidi “desculpar” os candidatos que entram nessa corrida pela primeira vez. A inexperiência pode ter contado e muito. Quem concorda comigo nessa posição vai ter que “estar comigo” quando eu for elogiar à Deviz Simango e sua equipa, que apesar de levarem a mesma “inexperiência” tiveram o cuidado de ir de acordo com as leis.
Se “desculpamos” os candidatos “inexperientes” que diremos dos candidatos com Yakub Sibindy e Raúl Domingos que já levam alguns “calos” nessa coisa de presidenciais? Não vão cá me dizer, que “as regras do jogo dessa vez mudaram pois, essa tal ligeira mudança das regras de jogo, não seria suficiente para justificar tanta falta de atenção e desorganização que acaba bem “punida” pelo Conselho Constitucional
Para mim(eleitor) a vantagem está no facto de me terem poupado a “chatice” de antes de decidir em quem votar, “ler” os sete candidatos, ir aos seus comícios eleitorais, escutar-lhes as “mentiras das verdades” e muito mais. A escolha me ficou facilitada. Tenho poucas opções. Na verdade penso que me restam apenas duas(Guebuza, Simango) pois, depois de CC eu fiz minha própria “exclusão”.
Se haverá alguém mais que se beneficie com essas exclusões?
Pensei no candidato Afonso Dhlakama. A partir das suas declarações para justificar a “capanguisse” feita á Deviz Siamngo em Nacalo Porto, fiquei a acreditar que se reduziram quase a zero, as posssibilidades de voltar a ser “humilhado”, pois será difícil que ele esteja na mesma cidade com o puto Deviz.
Se beneficiam todos os três candidatos que sobraram, pois, para si vão alguns dos votos que iriam para os canditatos excluidos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DO CHITENGO ONDE MORO: carta para Mariazinha XVIII


Mariazinha minha querida amiga, a quanto tempo!!!
Hoje te escrevo numa sexta feira a maneira antiga, lembras?
O tempo passa, eu dou um stop no escrever, mas a vida, como sabes, continua na sua máxima força.
A maior novidade desse Agosto é com certeza a ponte. Inaugurámos( Eu e Guebuza) a ponte sobre o rio Zambeze. Acabou e para sempre Mariazinha aquela chatisse que tinhamos sempre que quisessemos visitar os outros lados desse teu grande Moçambique. Agora posso por exemplo, fazer Beira Quelimane e vice versa sem me preocupar se o rio esta cheio ou não, se o batelão está operacional ou não. O país está ligado se é que estava desligado e ou está mais uma vez ligado se á que já estava ligado.
A ponte é “grande” e linda. É maior que Moçambique. Maior que o Zambeze. Maior que os moçambicanos que a utilizarão. Maior que Armando Emílio Guebuza, nome oficial com que a baptizaram. Só se compara na grandeza, com a história secular do grande rio. Os crocodilos se entristeceram, choraram “lágrimas de crocodilo” no seu sentido literal. As businesswomen das margens do rio também choraram. É que os negócios, das bancas e outros(somente nocturnos) que me excuso de chamar pelo próprio nome, já não se poderão fazer com a mesma rentabilidade de antes. Mariazinha me lembrei do nosso provérbio sena “Ntendere wa ngumba ndi kulira kwa ngiri-a alegria do porco é tristeza do javali”. A ponte não podia alegrar todos não achas?
A propósito da ponte, andou(ainda anda) um pouco por todo lado, uns debates acerca do nome da ponte. Eu, Mariazinha, que sou muito dono de mim mesmo e que considero a ponte muito minha independentemente do nome que lhe fosse atribuido, decidi não entrar nessa conversa, pois entendi que a conversa tinha mais a ver com muito mais do que com o nome da minha ponte.
Os mêses vão correndo Mariazinha e logo logo temos o grande Outubro. Outubro da paz, Outubro de Matsangaissa, Outubro de Samora e neste 2009, Outubro das eleições. Já me inscrevi(mudei de residência), já temos os candidatos inscritos e só falta mesmo decidir em quem confiar o meu precioso voto. Andam já por ai, como sempre, discursos bons e maus, enfim coisa de ano das eleições. O parlamento Juvenil fez algo bonito Mariazinha. Decidiu chamar e conversar com os presidenciáveis e tirar deles as ideias que tem acerca da juventude. Gostei!
Mariazinha não quero que oiça de outras fontes oque o camarada Chipande disse. Ele acha e disse que não existe mal nenhum em dirigentes da Frelimo acumularem riqueza, pois foram eles que nos trouxeram a independência. Ai Mariazinha me senti bem menos “independente” quando ouvi(li) Chipande. Ele foi bem mais longe e disse que se estivessem vivos, Mondlane e Samora também teriam entrando para essa corrida ao enrequecimento. Como pode ele falar assim dos mortos? Enfim coisas de ano de elições.
Aqui no acampamento a vida vai em cheio. Estamos naquela época que a casa anda quase todos dias cheia. A dias esteve cá o Vice do Turismo, Rosário Mualeia. Tenho que aproveitar dizer-te que lhe admirei a simplissidade.
Estivemos(eu e Guebuza) na semana finda em Chimoio. Ele inaugurando isso e aquilo e eu no meu trabalho. Passamos pelas mesmas ruas esburacadas e se ele tivesse ido ao mercado 38 onde eu fui, teria visto os mesmos montes de lixo ao lado do mercado. Chimoio está cada vez mais suja e não sei porque. Se fosse Beira diriamos que é por causa das constantes saidas do edil em serviço do MDM. No caso de Chimoio e de outros tantos municipios que estão numa auténtica lixeira temos que encontrar outros motivos pois tanto quanto sabemos os edis não fazem mais nada senão velar pela cidade
Bem me deixa parar por aqui.
Te desejo um bom final de semana.

sábado, 8 de agosto de 2009

OQUE CHIPANDE DISSE E NÃO DISSE!


“se Mondlane e Machel fos¬sem vivos, seriam também acu¬sados de serem ladrões. Somos ladrões porque estamos vivos?”
Alberto Joaquim Chipande

A grande “vantagem” de se estar morto é que ninguém pode com certeza dizer oque seriamos se ainda estivéssemos vivos.
-Quem pode ter a certeza das mudanças que fariamos ou promoveriamos?
-Quem pode afirmar que não seria “moldados” pelos ventos de mudanças obrigatórias?
Nesse 2009(ano Eduardo Mondlane) muito se falou de Eduardo Mondlane e obrigatoriamente de Samora Machel e outros heróis.
No contexto do que estou pensando, meu destaque vai para oque Duarte de Jesus(Historiador Português) disse durante o Simpósio Internacional realizado em Maputo(Junho), que tinha por objectivo resgatar a história que caracterizou o percurso da construção da identidade e personalidade de Mondlane, transcrevo:
“É muito difícil prefigurar em Mondlane um dos futuros ditadores africanos, finalmente desajustados à realidade sociológica”.
-Como posso ou não posso acreditar no que Chipande disse?
-Oque me faz ter certeza que se vivos, Mondlane e Samora não se teriam tornado “empresários de sucesso” a custa de suas influências políticas governamentais?
-Oque me faz acreditar que se vivo Mondlane e Samora continuariam a “defender” prioritariamente o bem estar de “todos” moçambicanos e não se tornariam em capitalistas selvagens como os outros camaradas, abocalnhando tudo e todos?
Tem ou não razão Chipande ao afirmar que “se Mondlane e Machel fosssem vivos, seriam também acusados de serem ladrões”?
Seriam acusados ou seriam realmente ladrões e corruptos?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O RIO ZAMBEZE: oque eu vi

Tal como prometera, fiz tudo ao meu dispôr e estive presente em Caia, nas cerimónias da inauguração da minha ponte. A ponte sobre rio Zambeze, ou ainda ponte Armando Emílio Guebuza, seu nome oficial.
Eu vi lá um mar de gente. Muita gente. Gente vinda de muitos cantos de Moçambique.
Vi o batelão viajando pela última vez, vi uma multidão atravessando a ponte pela primeira vez.
Vi o presidente acompanhado da esposa e vários ministros.
Vi um sorriso no seu rosto.
Vi bandeiras de partidos políticos. Bandeiras de dois partidos políticos.
Vi muitas bandeiras da Frelimo e algumas bandeiras do MDM. Até cheguei a me perguntar porque outros partidos políticos não tinham as suas.
Vi gentefeliz pela ponte.
Vi gente triste pela ponte. Há sim gente triste pela ponte pois ela lhes vem tirar o seu ganha pão.
Vi Joaquim Chissano cujo nome alguns acham que devia ter sido atribuido à ponte pelo facto de a obra ter iniciado no seu tempo.
Para além de ver, eu fiz. Atravessei a ponte no seu comprimento total e lhe apreciei a grandeza.
O debate em torno do nome continua mas eu que já tinha um nome preparado para a minha ponte não vou entrar nele.