quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ADEUS MESTRE MEQUE!

O Dia 27 de Setembro, dia do turismo e coincidentemente do aniversário natalício de minha esposa, podia ter sido simplesmente dia de alegria igual aos outros anos se não fosse a notícia triste da morte de Alexandre Meque Vicente.
Alexandre Meque era deputado da Assembleia da República, bancada parlamentar da Frelimo pelo círculo eleitoral da Zambézia, relator do Gabinete Parlamentar de Prevenção e Combate ao HIV/Sida, mas bem antes disso, no longíquo ano de 1995 tinha sido director da Escola Pré- Universitária 25 de Setembro em Quelimane e meu professor de matemática. Foi lá que me marcou pela sua simplissidade, humildade e um alto grau de honestidade.
Mais do que simplesmente nos ensinar a matemática, disciplina tida por muitos como chata, Alexandre Meque como carinhosamente o chamávamos, ensinou-nos a gostar da matemática, a ver o seu lado prático e enfim, a viver matemáticamente. Foi com ele que as regras de derivação e integração de funções, as famosas e complicadas leis de L´hospital usadas para levantar indeterminações nos limites, passaram a ser algo simples e divertido, graças à forma sempre criativa como ele as costumava expôr.
Pela direcção da 25 de Setembro, passaram grandes homens. Lino Hama, José do Rosário(já falecido), Leopoldo Alfredo, Alexandre Meque, só para mencionar alguns.
Em 1994 a escola foi sacudida por um escandalo de vendas de notas, de proporções incríveis com casos de alunos com nota administrativa de 7 no primeiro semestre a serem dispensados dos examens. Meque foi o homem certo, escolhido para resgatar a imagem e credibilidade da 25 de Setembro. Fazendo-se valer da sua simplissidade e sua abordagem sempre prática(matemática), em pouco tempo conquistou a confiança da comunidade escolar.
Dentre as suas tantas qualidades boas, a que mais me marcou foi a sua sensibilidade e preocupação com comunicação. Ele se esforçava em ser bem entendido a ponto de assumir parte de culpa quando não era bem entendido.
Depois da 25 de Setembro passou pela inspecção da DPE, foi primeiro secretário do Comité Provincial do partido Frelimo e finalmente deputado da Assembleia da República. Foi aqui quedeixamos de nos cruzar pelas ruas de Quelimane
A última vez que nos encontramos foi em Agosto de 2009 nas margens do Zambeze por ocasião da inauguração da ponte Armando Emílo Guebuza. Apesar de terem passado quase 10 anos, soltamos umas boas gargalhadas provocadas pelas memórias agradáveis do nosso tempo aluno-professor.
A notícia de sua morte me apanhou completamente desprevenido. Não tenho dúvidas que o mestre Meque tinha ainda muito para dar. Comigo fica a imagem dum homem que acreditava a demostrava que na essência, os homens são iguais.
À família enlutada( a parte mais lesada) vão as minhas mais sinceiras condolências por essa perda irreparável.
Adeus Mestre

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SESSÃO DO GOVERNO ALARGADA À FULANO E BELTRANO

Terminologia bonita, dá gosto ouvir.
A mais recente aconteceu no principio desta semana e alguns, movidos provavelmente pelo “pulso real” da nação, errada e preciptadamente acharam a propolaram que seria alargada à representantes de partidos da oposição e forças vivas da sociedade civil. Afinal ela não foi nada diferente das outras pelo menos no que diz respeito à lista dos “alargados”.
Numa altura em que (i) o custo de vida continua a apertar ao cidadão, (ii) como resultado ou não das manifestações de 1 e 2 de Setembro, o governo lançou um pacote de medidas cuja sustantabilidade está sendo séria e profundamente questionada pelos entendidos na matéria (leia-se economistas), (iii) questiona-se o carácter oneroso das presidências abertas e a excessiva relevânvia atribuida à interação que nelas acontece entre o Presidente da República e as populações, (iv) sugere-se o aperfeiçoamento do diálogo entre governantes e governados com abertura de novas linhas de diálogo, eu penso que se perdeu uma bela opurtunidade para passar à revista esses e outros assuntos, quanto a mim, candentes.
Talvés avaliar, posetivamente diga-se de passagem, as presidências abertas fosse para o governo mais importante e urgente do que por exemplo, de forma “destrinchada”, passar para os governadores provinciais de modo que esses passem posteriormente aos administradores distritais e dai por diante até às populações, donde o governo trará o dinheiro para sustentar, sabe-se por quanto tempo, os subsídios que anunciou. Já que aparentemente se “respira o ar” de contenções de custos, discutir opções menos onerosas para as presidências abertas que sinceramente são dolorosa e desnecessariamente caras chegando a pôr em causa sua importância. Caras especialmente se confrontadas com a situação económica real do país. Até parece que passa muito tempo que vivemos em constante “tensão alta”, enquanto os parceiros de cooperação “demoravam” desembolsar os dinheiro que de forma crónica e habitual precisamos para sustentar o nosso orçamento.
Enfim, o governo tem a sua forma de ver o país que não tem que necessariamente coincidir com a nossa(eu e os que pensam como eu). Tem as suas prioridades que podem ser diametralmente opostas às nossas.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

DO CHITENGO ONDE MORO: carta para Mariazinha XXI


Olá Mariazinha.
A quanto tempo amiga!
Suspeitando que cedo o papi não podesse fazê-lo, o René tomou iniciativa de apresentar-se a si e aos outros bloggers e explicar a ausência do pai. Tem muita atitude esse menino! Penso que vocês vão se dar bem, e para mim vai ser um alívio porque algumas vezes(muitas) será ele o responsável pelas postagens do Meu Mundo que na verdade, apartir de finais de Julho passou a ser nosso. Vou lhe estimular a falar mais das coisas da Vila Gorongosa onde ele passará maior parte do seu tempo.
Pelo facto dele já ter te falado do acidente que sofri parece não sobrar muito por dizer. Apenas algo acerca do local onde aconteceu. Parece ironia do destino, mas fazia já algum tempo que eu vivia preocupado pela perigosidade do local.
Para quem conhece o município da Vila da Gorongosa, sabe que na EN1, mais ou menos apartir da zona do Hospital inicia-se uma descida que se torna bem acentuada na zona do mercado. Essa descida estimula os automobilistas e motociclistas a aumentarem a velocidade, passando pela super movimentada zona do mercado em velocidades incríveis, é que para além do movimento criado pelos utentes do mercado e dos passageiros partindo e chegando, existe o movimento da criançada das salas anexas duma escola que funciona por perto. Já algumas vezes tinha discutido com amigos, acerca da necessidade de se tomar alguma medida para desencorajar os automobilistas, oque não podiamos prever é que eu mesmo acabaria sendo vítima da situação. Agora existem motivos mais que suficientes para fazer chegar o assunto ao pessoal do Conselho Municipal da Vila da Gorongosa não apenas como uma possibilidade de ocorrência de acidentes mas com provas concretas de como aquele local é perigoso.
O acidente também me deu a possibilidade de ter conhecimento das dificuldades que se vivem no Hospital Central da Beira. Cheguei a conclusão muito pessoal que o mau atendimento e falta de profissionalismo por parte do pessoal da saúde, que tanto se fala, precisa ser bem contextualisado e analisado de forma profunda e cuidadosa sob risco de “engaiolarmos os pombos e libertarmos os corvos”.
Com a perna “pendurada”, sentado em casa, o tempo passaria muito devagar. Os dias se “arrastariam” aos meus olhos sem grandes novidades. Tinha que ser criativo, “inventar” actividades que me ajudassem a passar o tempo de forma mais divertida. Eu investi o meu tempo em leitura. O livro que li durante esse tempo, se chama “ New Issues Facing Christianity Today” da autoria do pensador cristão John Stott. Nele John discute os “polémicos” assuntos actuais que tendem a ser contornados pelos cristãos. Assuntos como aborto, eutanásia, homosexualismo, pobresa, guerras SIDA entre outros. Foi interessante, super interessante!
Mariazinha, perdi a festa dos 50 anos do Parque que aconteceu a 23 de Julho, mas penso que mesmo que eu não estivesse em casa por conta do acidente, pelo facto da ter acontecido um dia depois da vinda do René eu a perderia do mesmo jeito. Entre a festa dos 50 anos do Parque e a festa da vinda do René é claro que a do René me interessaria mais.
Mariazinha o país onde moramos(eu e René e a mãe) vai andando como pode. Recentemente tivemos a reedição do 5 de Fevereiro. Se não te lembras, 5 de Fevereiro “celebrizou-se” na história de Moçambique, quando em 2008 o povo foi à rua protestando contra subida do preço dos vulgos chapa 100 originada pela subida do preço de combustível. O 5 de Fevereiro e oque se seguiu fez correr muita tinta. Em resposta o governo decidiu subsidiar o combustível aos transportadores e na altura os entendido disseram que um precedente havia sido aberto.
Sabes Mariazinha que o preço dos combustíveis cá dentro, depende dos de lá fora, estranhamente, dizem os entendidos, apesar dos aumentos verificados lá fora durante o ano passado, cá dentro o preço se manteve. Já neste ano, provavelmente para “compensar” as subidas que foram “evitadas” no ano passado, os combustíveis foram subindo de forma sufocante e quando uma das subidas ia “coincidir” com a subida do pão, energia e da agua, o “balão” da paciência do maravilhoso povo moçambicano “estoirou” e foi-se mais uma vez à rua.
Morreu-se nas ruas de Maputo. E como naturalmente acontece nesses casos, há gente que se aproveita para criar uma desordem “extra” e roubar. Foi oque lamentavelmente aconteceu e “deitou-se fora o bebé junto a água suja do banho”. Os saques perpetrados opurtunistas foi usado por alguns para evitar “olhar de frente” a causa do povo ter ido à rua. São coisas desse nosso Moçambique.
Vou parar por aqui. Deixo o resto para logo que poder.
Abraços de Chitengo