O Dia 27 de Setembro, dia do turismo e coincidentemente do aniversário natalício de minha esposa, podia ter sido simplesmente dia de alegria igual aos outros anos se não fosse a notícia triste da morte de Alexandre Meque Vicente.
Alexandre Meque era deputado da Assembleia da República, bancada parlamentar da Frelimo pelo círculo eleitoral da Zambézia, relator do Gabinete Parlamentar de Prevenção e Combate ao HIV/Sida, mas bem antes disso, no longíquo ano de 1995 tinha sido director da Escola Pré- Universitária 25 de Setembro em Quelimane e meu professor de matemática. Foi lá que me marcou pela sua simplissidade, humildade e um alto grau de honestidade.
Mais do que simplesmente nos ensinar a matemática, disciplina tida por muitos como chata, Alexandre Meque como carinhosamente o chamávamos, ensinou-nos a gostar da matemática, a ver o seu lado prático e enfim, a viver matemáticamente. Foi com ele que as regras de derivação e integração de funções, as famosas e complicadas leis de L´hospital usadas para levantar indeterminações nos limites, passaram a ser algo simples e divertido, graças à forma sempre criativa como ele as costumava expôr.
Pela direcção da 25 de Setembro, passaram grandes homens. Lino Hama, José do Rosário(já falecido), Leopoldo Alfredo, Alexandre Meque, só para mencionar alguns.
Em 1994 a escola foi sacudida por um escandalo de vendas de notas, de proporções incríveis com casos de alunos com nota administrativa de 7 no primeiro semestre a serem dispensados dos examens. Meque foi o homem certo, escolhido para resgatar a imagem e credibilidade da 25 de Setembro. Fazendo-se valer da sua simplissidade e sua abordagem sempre prática(matemática), em pouco tempo conquistou a confiança da comunidade escolar.
Dentre as suas tantas qualidades boas, a que mais me marcou foi a sua sensibilidade e preocupação com comunicação. Ele se esforçava em ser bem entendido a ponto de assumir parte de culpa quando não era bem entendido.
Depois da 25 de Setembro passou pela inspecção da DPE, foi primeiro secretário do Comité Provincial do partido Frelimo e finalmente deputado da Assembleia da República. Foi aqui quedeixamos de nos cruzar pelas ruas de Quelimane
A última vez que nos encontramos foi em Agosto de 2009 nas margens do Zambeze por ocasião da inauguração da ponte Armando Emílo Guebuza. Apesar de terem passado quase 10 anos, soltamos umas boas gargalhadas provocadas pelas memórias agradáveis do nosso tempo aluno-professor.
A notícia de sua morte me apanhou completamente desprevenido. Não tenho dúvidas que o mestre Meque tinha ainda muito para dar. Comigo fica a imagem dum homem que acreditava a demostrava que na essência, os homens são iguais.
À família enlutada( a parte mais lesada) vão as minhas mais sinceiras condolências por essa perda irreparável.
Adeus Mestre
2 comentários:
Minhas sinceras condolencias a todos os entes queridos e a sua familia directa. Paz a sua alma. Fui colega do deputado Meque tanto na Comissao dos Assuntos Sociais, Genero e Ambientais como no Gabinete Parlamentar de Prevencao e Combate ao HIV/ SIDA. Embora fossemos de bancadas diferentes e por varias vezes divergiamos por razoes de trabalho, eramos no entanto,bons amigos e partilhavamos de muitas ideias em comum quando se tratasse de determinados assuntos de desenvolvimento e muito em particular da Educacao do nosso pais. E uma grande perda para a sua familia, para o Parlamento e para a educacao deste pais. ( Nelson, esta foi a mensagem que postei no jornal o Pais por ocasiao do desaparecimento fisico do colega Meque).
Obrigado ilustre por passar por aqui e solidarizar-se com os que sentem a perda.
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