sexta-feira, 30 de maio de 2008

DO PAIS ONDE MORO:carta para Mariazinha X


Te escrevo hoje na divida da semana passada que não te escrevi. Mariazinha, me consolo ao lembrar que e sabes e bem, que nunca o faço por falta de vontade ou falta de noticias. Vontade há demais, lembras que escrever-te tem sido um meio importante para " let the steam out". Isso mesmo! A minha locomotiva de estudante trabalhador, chega a Sexta feira cheia de vapor acumulado e escrevendo, faço um Uffffff... Noticias também há demais.
Mariazinha a crueldade com que os Sul africanos decidiram tratar os estrangeiros com destaque para os Moçambicanos continua sendo a grande noticia. Dezenas de milhares de Moçambicanos tiveram que voltar a Moçambique e em alguns casos famílias tiveram que se separar. Andam por aqui diferentes teorias em torno das causas. Uns dizem que os Sul Africano se sentem injustiçados pelo factos dos estrangeiros estarem a lhes roubar empregos e outras "boas coisas sociais". Outros falam de que tudo tem a ver com o Zimbabwe já que existem la ou melhor existiam cerca de 3 milhões de Zimbabweanos. Ate eu já criei minha própria teoria. Da uma vista de olho e me diga oque achas.
Mariazinha imagine cerca de trinta mil pessoas voltando para Moçambique duma hora para outra sem emprego e sem sitio para morar. Imagine como fica Maputo, como fica Moçambique. Vozes dizem que o governo moçambicano esta preparado mas eu tenho minhas duvidas. Se para as cheias que segundo a historia de certas regiões(vale do Zambeze por exemplo), se sabe quase com certeza que existirão neste ou naquele mês, o governo nunca esta preparado, como estaria ele preparado para uma catástrofe tão surpreendente como esta? Fico pensando como vai ser daqui em diante. Como essas pessoas vão se arranjar? Algumas vão entrar para o mundo do crime? Algumas para a prostituição como fazem as Zimbabweanas cá na Beira onde moro? Nao sei não Mariazinha mas tenho certeza que teremos problemas. Me irrita para já a letargia do governo moçambicano. Como sempre diz que " esta a trabalhar" mas de trabalho vejo pouco se vejo algo. Serão os sul africanos responsabilizados? Haverão compensações? Ou ficara tudo no "somos irmãos". Irmãos uma ova!!! Nem inimigo que me tratasse daquele jeito eu queria, " let alone irmão". Vamos ver como serao os próximos dias.
Mariazinha, entrei para a fase final do semestre la na academia. As aulas terminam já no dia 6 de Junho e o resto fica para preparação de exames. Esses dias são "tenebrosos" as vezes fico desejando que o dia tivesse muito mais que 24 horas mas me lembro logo que tudo tem mais a ver com gestão do que o "amount" que temos.
Me deixa ficar por aqui. Um abraço forte da terra Moçambique

quinta-feira, 29 de maio de 2008

XENOFOBIA É OBRA DE JACOB ZUMA: minha teoria de conspiração


A teorias de conspiração são de "fácil digestão" porque não passam disso, teorias. Eu gosto de teorias de conspiração por causa da astucia que as envolve. Tenho estado, como muitos, a pensar no caso da violência xenófoba na África do Sul e negando as "teorias 4x4" como alguém chamou a abordagem simplista ao caso que vê na pobreza dos negros sul africanos como única razão para a brutalidade com que tratam os estrangeiros. Tenho estado a pensar e foi nesse doloroso pensar que que dei asas ao pensamento e acabei com a teoria que põe Jacob Zuma como o "dono" da Xenofobia.
Segundo a minha teoria, oque se vive na vizinha Africa do Sul é obra de Jacob Zuma e toda ala zulo do ANC e visa desacreditar o governo de Thabo Mbeki(txoza). Cheguei a pensar que para alem de querer precipitar a saída de Mbeki do poder e sua consequente substituição, Zuma poderá ate estar a "servir o prato frio da vingança" pela marginalização de que foi vitima por parte de Mbeki que na altura queria se livrar do potencial adversário que Zuma era. me perguntei no entanto, quase deitando por terra a minha teoria, porque Zuma faria uma coisa dessa depois de ter garantido sua sucessão a Mbeki agora que preside o ANC. Lembrei-me então que os políticos pelo menos os africanos, são incoerente. Vai alguém tentar entender a cabeça de Mugabe por exemplo?
Para mim, Thabo Mbeki chegou ao poder mais pela recomendação de Mandela do que por si próprio, pelo apoio das massas. Por se ter interessado pouco pelas massas nem que fosse de forma disfarçada como vejo entre os nossos, Mbeki revelou-se um péssimo politico. e uma vez "na rua" me parece que Zuma levou vantagens enormes. Vestiu-se de vitima e foi conquistando o coração das massas que votaram esmagadoramente nele para a presidência do ANC e certamente votarão nele para presidência da África do Sul.
Seja como for essa é minha teoria. Teoria e nada mais do que isso.

Ultimas do caso Isabella Nardoni V


Madrasta de Isabela diz que foi pressionada por delegada a denunciar Alexandre Nardoni

Publicada em 28/05/2008 às 19h11m

Wagner Gomes, O Globo Online

SÃO PAULO - Anna Carolina Jatobá, 24 anos, madrasta da menina Isabella Nardoni, disse em depoimento ao juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, que foi pressionada pela delegada Renata Pontes, do 9 º Distrito Policial, do Carandiru, a denunciar o marido pela morte da filha. Em troca, ficaria livre da prisão temporária. Ela chorou várias vezes e voltou a negar ter matado a enteada com o marido. Anna Carolina falou à Justiça por três horas e quarenta minutos (das 13h52 às 17h30) e Alexandre começou a depor às 17h55. Ela foi impedida pelo juiz de acompanhar o interrogatório dele e voltou para a carceragem. Diante do juiz, a madrasta de Isabella disse que as acusações contra ela são 'totalmente falsas' e contou a mesma versão apresentada aos policiais na fase de investigação: de que uma terceira pessoa teria entrado no apartamento e matado a menina.

Alexandre Nardoni é levado ao Fórum de Santana, Reprodução de imagem TV Globo

- Recebi pressão para denunciar Alexandre. A delegada Renata Pontes disse que me colocaria na prisão temporária e perguntou se eu tinha noção do que era cair numa prisão, já que não tenho curso superior - disse ela, segundo os assessores do Tribunal de Justiça, que acompanham ao depoimento.

Segundo o depoimento de Anna Carolina Jatobá, a delegada teria afirmado que ela estava acobertando Alexandre por amor. Nesse momento do depoimento, o promotor Francisco Cembranelli que acompanhou o interrogatório fez uma intervenção e disse que no segundo depoimento prestado por Anna Carolina, durante a fase de investigação, em nenhum momento ela havia falado sobre essa pressão.

Anna Carolina não esperou por perguntas do juiz para começar a falar. Passou a primeira hora do depoimento contando os fatos por conta própria. Chorou em vários momentos e falou muito rápido, a ponto de o juiz pedir que ela fosse mais devagar no relato.

O pai e a madrasta de Isabella são réus no processo que apura a morte da menina e respondem por homicídio doloso triplamente qualificado, além de fraude processual.

A madrasta contou que ligou para a mãe de Isabella na quinta para combinar de pegar a menina na sexta. Disse que Isabella estava feliz durante todo o tempo e brincou com os irmãos, Pietro e Cauã. Na sexta-feira, teria tomado banho com Isabella, que teria demonstrado o amor por ela desenhando um coração no box do banheiro.

Em seu depoimento, procurou reforçar informações que poderiam indicar a presença de uma terceira pessoa no apartamento. Desde o crime, o casal sustenta que alguém entrou e jogou Isabella pela janela. Disse que perdeu as chaves do apartamento ao levar as crianças à escola e que houve uma discussão com dois pedreiros que fizeram obras no apartamento recém-adquirido pelo casal. Segundo ela, uma funcionária do prédio sabia que ela tinha perdido a chave.

Sobre os pedreiros, ela disse que acredita no envolvimento de um dos pedreiros com algum tipo de crime. A madrasta contou que, no dia do crime, soube de corretores de imóveis que entraram com três clientes no prédio. Essas visitas não teriam sido registradas, segundo ela, porque o prédio não apresenta segurança.

- A câmera na frente do edifício está lá como enfeite, não grava nada - afirmou.

Anna Carolina contou que no sábado, dia do crime, Alexandre saiu para instalar o GPS no carro e ela ficou com as três crianças. Chorou ao dizer que Isabella pediu pão com requeijão e suco de morango no café da manhã. Disse ao juiz que, depois disso, desceu para a piscina com as crianças.

Neste momento, ressaltou, encontrou o zelador do prédio, que teria perguntado a ela se a menina era filha de Alexandre. Voltou a falar dos pedreiros, dizendo que neste momento teria visto um deles 'de passagem'.

Segundo a madrasta, a família deixou o prédio reunida, pouco depois das 17h, para passar no Sam's Club, em Guarulhos. Disse que Isabella não gostava de shopping e, por isso, teriam ido a um McDonalds na cidade. Em seguida, teriam ido até a casa de seus pais e, depois, retornaram para casa. Nesse momento, ela chorou novamente e um assistente do juiz chegou a dar um lenço de papel a ela.

Anna Carolina negou que tenha ocorrido discussão no prédio da mãe ou no carro durante o trajecto. Ela disse ainda que nunca escostou um dedo em Isabella porque essa tarefa só pode pertencer ao pai e à mãe de uma criança. Em seus dois filhos, Pietro e Cauã, ela disse que apenas deu umas palmadinhas. Deu detalhes de onde cada um estava sentado no automóvel e voltou a dizer, como disse à polícia, que o celular vibrou e ela constatou que eram 23h29m.

A madrasta repetiu a mesma versão que tem sido dada desde a noite do crime: que Alexandre subiu com a menina, deixou-a no apartamento e depois voltou para a garagem para buscar o restante da família. Anna Carolina frisou que ninguém a viu sozinha na garagem esperando por Alexandre.

Anna Carolina negou que tivesse sangue no carro da família e afirmou que o único vestígio de sangue que encontrou foi no lençol do quarto dos meninos, após o crime.

Segundo ela, Alexandre estava com Pietro no colo e ela com Cauã, quando chegaram ao apartamento. Assim que avistaram a tela cortada do quarto, Alexandre foi correndo, subiu na cama com o menino no colo, pôs a cabeça para fora da janela e avistou a filha caída no jardim. Ela disse que o único acesso à janela era pela cama. No entanto, afirmou também ter visto Isabella caída no chão em uma aproximação da janela.

A madrasta de Isabella disse em vários momentos de seu depoimento que desceu com Alexandre no elevador assim que perceberam que a menina havia caído. Ele a teria esperado no hall enquanto Anna Carolina telefonava para o pai dele, Antonio nardoni, para contar o ocorrido.

Ela revelou também ter voltado ao apartamento depois do enterro de Isabella.Até então, sabia-se que apenas o avô de Isabella, Antonio Nardoni, e a tia da menina, Cristiane Nardoni, tinham retornado ao imóvel após o crime.

O juiz fez apenas duas ou três perguntas, entre elas, se Anna Carolina lembrava de ver Alexandre tirando a chave do bolso do hall de entrada, no momento em que ela e os dois filhos entraram com ele no apartamento. O juiz pediu ainda para que ela desenhasse a disposição dos móveis no quarto dos meninos. Em seguida foi a vez do promotor Francisco Cembranelli e da assistente de acusação Cristina Christo Leite. Os últimos a perguntarem foram os advogados de defesa. A advogada Cristina Christo Leite, foi contratada pela mãe de Isabella, e será assistente na acusação. Também estão na sala funcionários encarregados de transcrever os depoimentos.

O pai dela, Alexandre Jatobá, e o advogado Antonio Nardoni, pai de Alexandre, não foram autorizados a acompanhar o depoimento do casal.

O juiz Maurício Fossen, o mesmo que decretou a prisão preventiva do casal e aceitou a denúncia contra o casal, já marcou para os dias 17 e 18 de junho o depoimento das testemunhas de acusação, indicadas pelo Ministério Público. Marco Polo Levorin, advogado do casal, informou que até segunda-feira apresentará os nomes das testemunhas de defesa, mas não informou o número de pessoas.

Casal ficou em celas separadas antes do interrogatório

Alexandre e Anna Carolina deixaram os presídios que ocupam em Tremembé, no Vale do Paraíba, por volta de 21h de terça. A madrasta de Isabella passou a noite na penitenciária do Carandiru, na zona norte, e foi levada ao Fórum por volta de 10h15m. Alexandre dormiu no Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Guarulhos e foi levado ao Fórum num carro fechado da Secretaria de Administração Penitenciária, sem janelas, apenas ventilação na parte superior. Ele chegou ao fórum às 11h, quase uma hora depois da mulher.

Os dois permaneceram em celas separadas no Fórum de Santana até o início dos depoimentos, em celas com 3 metros por 2,5 metros. As celas ficavam de frente uma para outra, mas a visão era prejudicada por conta de duas grades e uma tela de metal. Dentro, apenas um vaso sanitário e nenhuma cadeira ou banco para sentar. Mesmo assim, segundo um policial os dois se falaram e Alexandre procurou tranquilizar a mulher. A distância entre uma cela e outra é de 4 metros. Anna Carolina aceitou o almoço oferecido. Alexandre disse que comeria um lanche mais tarde.

Para a polícia, Anna Carolina Jatobá esganou Isabella, causando asfixia mecânica. Alexandre, o pai da menina, a jogou pela janela do sexto andar. Ele teria entrado no apartamento com Isabella no colo e atirado a criança perto do sofá, provocando fratura na bacia, no pulso e machucado a área da vagina.

O pai e a madrasta de Isabella estão presos desde 7 de maio e negam a autoria do crime, ocorrido no dia 29 de Março. Nesta terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou por unanimidade o pedido de habeas corpus para que o casal aguardasse o julgamento em liberdade. Outro habeas corpus será julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em junho.

A defesa do casal contratou o legista alagoano George Sanguinetti para buscar falhas nos laudos feitos pela perícia paulista. Com base nelas, os advogados querem pedir anulação do processo contra o casal e reforçar o pedido de liberdade. Sanguinetti disse nesta terça-feira que os laudos feitos pela perícia paulista abrem a possibilidade de a menina Isabella ter sofrido 'atos libidinosos' antes de ser assassinada. O legista também contesta que a menina tenha sido esganada, antes de ser atirada do sexto andar do prédio, pela janela de um dos quartos do apartamento do casal.

A perícia policial tem outra explicação para as lesões na vagina: Alexandre atirou Isabella com força no chão da sala, machucando a área e causando fratura no osso da bacia e no pulso direito.

A Associação dos Peritos do Estado de São Paulo disse que Sanguinetti quer tumultuar a investigação e vai entrar na Justiça contra o legista .

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terça-feira, 27 de maio de 2008

FRASE QUE DETESTO: o governo esta trabalhar


Li essa manha as declarações do PR segundo as quais o governo esta trabalhar com as autoridades sul-Africanas para travar a onda de violência xenófoba que abala a Africa do Sul. Guebuza falava aos jornalistas após a visita ao centro provisório criado em Beluluane.
Detesto essa frase que me parece muito vaga.
Quando usada nunca se detalha oque de concreto esta se fazendo nesse "trabalhar".
Frase predilecta da mama da Luz Guebuza. Usa-a nessas deslocações que faz, nos balanços que faz das mesmas enfim. Estamos sempre a trabalhar. Sempre a trabalhar.
Resultado, esses não aparecem com o mesma "speed" com que parecemos estar a trabalhar. Detesto essa frase porque faz parte do vocabulário politico.
Faz parte do discurso com que se tenta fazer o "boi dormir".
Detesto essa frase porque os que a usam sabem que não estão fazendo oque querem fazer acreditar que estejam fazendo. Sabem oque devia fazer e por alguma razão não fazem.
Detesto essa frase porque me lembra o proverbio: " vale mais um coração sem palavras do que palavras sem coração".
Eu só deixo de detestar essa frase, quando se trabalhar de verdade, trabalhar tanto que seja desnecessário dizer-se "estamos a trabalhar". Trabalhar tanto, que o trabalho bem feito se encarregue ele próprio, de mostrar para seja la que for, que se esta realmente a trabalhar.

Imagem retirada Daqui

XENOFOBIA NA AFRICA DE SUL: quem leva a culpa para casa?

Me chegou por email e por varias vezes o texto que se segue que achei bom deixa-lo aqui para o consumo dos leitores do meu mundo:

Escrito por um negro africano em agonia

"Posso não ser Sul Africano mas
Sou negro – a minha pele é da cor da sua
Meus genes são Africanos, apenas Africanos

Quando seus governantes eram violentados pelo Apartheid
Eu os abriguei
Fui paciente com eles
Ofereci-lhes comida
ofereci-lhes protecção
E ainda fui atacado e bombardeado pelo regime branco do Apartheid

Posso ser Sul Africano mas
Não falo isiZulu porque sou Vhenda
Não falo isiZulu porque sou Changana
Não sei falar a sua língua
Tal como você também não sabe falar a minha

Desde quando isuZulu é a única língua da África do Sul?
É verdade que não sou de Gauteng
Não fui nascido aqui, mas sou Sul Africano
Aonde queres que eu vá agora que me violentas?
Eu não bato e nem mato seu pai, mãe, irmão e nem irmã que residem na
minha cidade
Não chamo a eles "makwerekwere" embora não saibam falar a minha língua

É verdade que sou de raça negra
É verdade que aparento ser estrangeiro
É verdade que a minha mulher é estrangeira
Mas eu sou Sul Africano
E agora temo andar pela única terra que chamo casa
Receio andar pelas ruas sem a minha identificação
Receio cumprimentar alguém na rua se não for em isuZulu

Os brancos do Apartheid fizeram-me o mesmo à anos
Agora é você meu irmão negro me discriminando
Porquê?
Porquê você se julga melhor do que eu?
Porquê você pensa que eu sou responsável pelo seu desemprego e sua pobreza?
Porquê você pensa que eu também não passo dificuldades?

Se eu Vhenda tenho que regressar a Limpopo
Que todos os Swati's retornem à Swazilândia
Que todos os Tswana's regresem à Botswana
Que todos os Sotho's retornem à Lesotho
Que todos os Ndebele's regressem à Kwandebele
Que todos os Xhosa's retornem à Eastern Cape
Sim, que você Zulu também regresse à Kwazulu Natal

Não será ignorância culpar a mim pelo seu desemprego e sofrimento?
Porquê você não usa a sua força para fazer algo útil a todos nós?
Porquê você se recusa a ir a escola deixar a educação lhe transformar?
Porquê você age sem humanismo?

Antes de 1994 você acusava os brancos
Agora é a mim que você acusa
A quem você irá acusar depois de mandar-me embora daqui?
A quem você irá acusar depois de matar-me?

Desculpa-me por não ter nascido aqui
Desculpa-me por não falar isuZulu
Desculpa-me por ser tão escuro para viver na sua cidade
Desculpa-me por limpar as latrinas que você usa mas não que limpar
Desculpa-me por cuidar do seu jardim
Desculpa-me por remendar os seus sapatos
Desculpa-me por ter acolhido seus governantes quando estiveram no exílio
Sim... É isso mesmo: o que você chama exílio é o meu país
Mas acima de tudo
Desculpa-me por contribuir na construção das infra-estruturas do seu país
Desculpa-me por contribuir para o crescimento da economia do seu país

Mas irmão
Porquê você não deixa que haja Paz e amor em África?"

Texto original assinado por:
Tuhafeni Nandesifeni
B.Eng Mining engineering
Tel:+27 722 303 135
University of Pretoria

Tradução livre de Inglês para Português feita por:
Pedro H. Massinga Jr.
Institute of Applied Materials
University of Pretoria

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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dr. AMORIM BILA EM PONTOS DE VISTA: a necessidade de não alterar o discurso oficial

Assisti na noite de ontem(Domingo), mais uma edição do programa televisivo PONTOS DE VISTA. Minha atenção ficou involuntariamente focalizada nas abordagens do doutor Amorim Bila que para mim, claramente se mostrou pro-governamental. O tema do debate era a questão da Xenofobia na Africa Sul e o Dr Amorim fez todo esforço para não se desassociar do discurso oficial. Impaciente, um outro membro do painel fez questar de criticar oque chamou de "obsessão", essa necessidade de falar a "mesma linguagem". Falou do "black empowerment" lançado pelo governo do ANC. Usando a famosa frase "há um trabalho que está sendo feito", defendeu isso com garras e dentes quando o Dr. Venâncio mostrou com números que o tal de "black empowerment" não passpou dum discurso político como tem sido a nossa "luta contra pobreza absoluta". Defendeu que o governo estava preparado para reintegrar os milhares de moçambicano que estão voltando usando como argumento o simples facto de ter se acionanado o organismo que é responsável pelo "desgraças". Chegou ao cúmulo de falar dos 7 milhões dos distritos como saida certa para resolver o "problema" que esses regressados serão ou causarão no ponto de vista sócio económico. Em resposta á asse afirmação o Dr. Namburete e Venancio disseram em coro que falar dos 7 milhões como solução era uma "miragem".

As abordagens do Dr. Morim no programa de ontem me lembraram de como a necessidade de defender o meu "team", pode me "cegar" a ponto de me "obrigar" a dizer barbaridades. Me lembrou ainda dum texto lá no "masturbatório de ideias" do meu camarada Lázaro Bamo que passou para o blog dum dos nossos grandes sociologos e debateu-se bastante.

Ainda acerca dos 7 milhões, li essa manhã no Diário de Moçambique oque o PR disse no balanço da sua última presidência aberta. Gebuza disse que a "grande prova" de que os 7 milhões estão a "funcionar" é o crescente número de moageiras nas zonas rurais. Senhor presidente, se me dizesses que é o aumento da produção de milho e outros cereais eu estaria do seu lado mas me falar de moageiras "faxavor". Quanto tempo de vida dás à essas moageira senhor presidente? Com toda problemática de manutenção que se pode prever. Oque elas farão agora a essa crise alimentar está entrando e se estalando?

Senhor presidente "faxavor". Vamos lá "dar o nome aos bois", dizer as verdades e com todas letras.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

OS SUL AFRICANOS ESTAO NO DIREITO DE EXPULSAR ESTRANGEIROS


Revirando a blogosfera como tem sido meu habito me dei aqui
com um artigo de opinião assinado por Jarred Cinman com titulo TEMPO PARA MENOS COMPAIXÃO (tradução minha). O artigo procura mostrar como os sul africanos estão no pleno direito de expulsar os estrangeiros. Vale a pena ler. Se não for para entender o outro lado da historia, o pensamento por detrás dessa onda de violência, vai pelo menos ser par se irritar um pouco mais com a insensibilidade dos sul africanos. O facto do autor ser um sul africano branco tem a sua importância no entendimento que se deve ter dessa historia de violência.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Últimas do Caso Isabela Nardoni IV

Isabella: chance de liberdade é maior no STF, diz defesa

Um dos advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Rogério Neres de Sousa, acredita que um pedido de habeas-corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) aumentaria as chances de conseguir a liberdade do casal. Isso porque, segundo Neres de Sousa, há decisões do STF recusando o clamor público como justificativa para prisão preventiva. O argumento foi usado pelo juiz Maurício Fossen ao determinar a detenção de Alexandre e Anna Carolina. "No STF, aumentariam ainda mais as nossas chances de obter a liberdade do casal", afirma o defensor. "A orientação de que clamor não fundamenta prisão vem de cima."

Os advogados decidem hoje à tarde se pedirão ao STF a liberdade do casal, acusado pelo assassinato de Isabella Nardoni em 29 de março. O pedido de liminar em habeas-corpus já foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na última sexta-feira. O mérito da solicitação ainda precisa ser analisado pelos dois tribunais.

A defesa decidirá se aguarda os julgamentos de mérito ou se recorre ao STF tendo como principal critério o tempo até o julgamento. No TJ, entra na pauta somente em 10 de junho, no STJ, não há prazo previsto. Para o defensor Rogério Neres de Sousa, a avaliação no Superior Tribunal não deve acontecer antes de um ou dois meses, o que justificaria o encaminhamento do pedido ao STF.

O Supremo julga casos em que a obediência à Constituição é questionada. Para Neres de Sousa, há desrespeito à Constituição no caso da prisão preventiva de Alexandre e Anna Carolina. "A Constituição diz que a prisão precisa ser fundamentada na legislação", afirma. "Como a prisão ofende a lei processual, ofende também os princípios constitucionais. A prisão precisa ser a exceção, não a regra."

Em eventual pedido de habeas-corpus ao STF, a defesa vai usar os mesmos argumentos dos dois documentos entregues às outras instâncias da Justiça. "Apenas acrescentaremos cópias das decisões anteriores, para podermos atacá-las tecnicamente", diz o advogado. "Continuamos a questionar a falta de requisitos autorizadores para a prisão e o clamor popular como justificativa para a detenção."

A liminar do pedido de habeas-corpus de Alexandre e Anna Carolina foi negado cinco horas depois de entregue ao STJ, em Brasília, na sexta-feira. O ministro Napoleão Nunes Maia Filho endossou a decisão do desembargador Caio Canguçu de Almeida, do TJ-SP, por "não vislumbrar qualquer mácula na decisão judicial atacada".

A decisão do ministro do STJ foi enviada hoje ao Ministério Público Federal (MPF), onde será analisada por um subprocurador da República. Ele emitirá um parecer, expressando sua opinião sobre o julgamento. Quando o documento voltar ao STJ, Maia Filho produzirá o seu voto e o levará à apreciação de outros quatro ministros. Eles decidirão sobre o mérito do habeas-corpus em reunião da 5ª Turma Julgadora.

Xenofobia na Africa do Sul

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Veja aqui galeria de imagens(algumas chocantes), e comentários(em inglês) da recente onda de violência xenofóbica que se vive na Africa do Sul

terça-feira, 20 de maio de 2008

O novo apartheid da África do Sul


Ahmed diante da loja destruida de um amigo
Ahmed fugiu depois de ser atacado por cerca de mil sul-africanos
"O novo apartheid" - é assim como muita gente classifica o aumento da violência na África do Sul especificamente contra imigrantes de raça negra.

Em finais de Abril, duas pessoas foram mortas e cerca 40 ficaram feridas no distrito de Alexandra, a norte de Johanesburgo.

Multidões de sul-africanos atacaram imigrantes de Moçambique, do Malawi e do Zimbabwe e exigiram que se fossem embora.

As minhas coisas foram roubadas, o meu dinheiro também. As pessoas aqui do bairro roubaram-me tudo. Cerca de mil sul-africanos vieram atacar-me
Ahmed Dakane, imigrante somali

Os acontecimentos no distrito de Alexandra foram os últimos de uma série de ataques que causaram a morte a pelo menos 6 imigrantes e deixaram centenas sem abrigo.

A crescente violência levou o Presidente Thabo Mbeki e o líder do ANC, Jacob Zuma, a condenarem a xenofobia.

Ahmed Dakane tem 31 anos e é um refugiado da Somália.

Ele vive no bairro de Zwelethemba, nos arredores da cidade de Worcester, a cerca de 100 quilómetros da Cidade do Cabo.

Zwelethemba tem milhares de cabanas construídas com chapas de zinco e com caixas de papelão e está rodeada por montanhas.

Há quase 4 anos que Ahmed Dakane vive aqui. Ele tinha um negócio bem sucedido de venda de pequenos produtos.

Mas, em meados de Março as coisas mudaram.

"As minhas coisas foram roubadas, o meu dinheiro também. As pessoas aqui do bairro roubaram-me tudo. Cerca de mil sul-africanos vieram atacar-me. Chamei a polícia. Quando chegaram disseram que me podiam salvar a vida mas que não podiam salvar-me a loja. Perdi tudo. Até as minhas roupas."

A população local diz que o ataque foi provocado por um outro comerciante somali que matara um ladrão.

Crianças sul-africanas em Zwelethemba
Pobreza e desemprego são grandes desafios para a África do Sul

Mas quando a multidão de sul-africanos foi fazer vingança, não atacou apenas um comerciante mas todos os estrangeiros que viviam no bairro.

O mecânico Norman Kajeni é do Zimbabwe. Ele também foi afectado pela violência recente.

"Eles roubaram as minhas coisas, os meus equipamentos, partiram carros e destruiram a minha casa. Fui agredido e tive de ser hospitalizado. Levei 16 pontos na cabeça. Não sei porque razão não gostam de estrangeiros aqui. Viemos para cá apenas para trabalhar e para ganhar a vida."

O ataque em Zwelethemba não foi um acontecimento isolado.

Não precisamos de estrangeiros aqui. Eles têm muitos negócios mas não fazem nada para dar emprego aos jovens aqui do bairro. Não os queremos aqui
Residente de Zwelethemba

Desde o fim do apartheid em 1994, pessoas de todas as partes do continente africano começaram a ir para a África do Sul, atraídas pela sua forte economia e aparente riqueza.

Mas quando chegam, muitos têm dificuldades para ganhar um sustento. Sempre houve tensões com a população negra sul-africana, mas nos últimos meses registou-se um incremento dos ataques.

Em Zwelethemba, o trabalhador comunitário Sylvanus Dixon - que imigrou da Serra Leoa - vê Ahmed Dakane a começar a reconstruir a sua pequena loja.

Sylvanus diz que os altos índices de desemprego, as débeis infra-estruturas e as fracas perspectivas para a maioria da população negra na África do Sul estão a provocar ressentimentos.

Sylvanus Dixon
Sylvanus Dixon diz que os estrangeiros são bodes expiatórios

"O problema é que as pessoas não querem aceitar a presença de refugiados e de estrangeiros. Eles não sabem quem culpar pelos próprios problemas da África do Sul. Eles vêem todos estes estrangeiros - particularmente estrangeiros negros - a chegar e ficam confusos.

"Hoje muitos estrangeiros aqui na África do Sul têm negócios e a população local não sabe como conseguiram dinheiro para criar esses negócios. Alguns acham que o dinheiro foi atribuido pelo governo. Há um grande ressentimento. Esses receios estão a transformar-se em xenofobia."

As pessoas não querem aceitar a presença de refugiados e de estrangeiros. Os seus receios estão a transformar-se em xenofobia
Sylvanus Dixon, imigrante e trabalhador comunitário

Várias pessoas juntam-se para ver Ahmed Dakane a reconstruir a sua loja. Ele tem muitos amigos no bairro e estes estão dispostos a ajudá-lo.

Mas a situação em Zwelethemba continua muito tensa. Há alguma fúria no ar.

"Não precisamos de estrangeiros aqui. Eles têm muitos negócios mas não fazem nada para dar emprego aos jovens aqui do bairro. Não os queremos aqui," disse um jovem.

"Os estrangeiros vêm vender os seus produtos aqui. Se lhes dizemos que não temos dinheiro para pagar, tornam-se mal educados. Eles têm que se ir embora. Não queremos mais estrangeiros aqui. Eles vêem para aqui para ficar com os empregos," conclui uma mulher.

Nas últimas semanas trabalhadores comunitários organizaram reuniões entre a população de Zwelethemba e os imigrantes para acalmar a situação.

Mas Ahmed Dakane e os outros estrangeiros que vivem no bairro acreditam que, até que se resolvam as importantes questões da pobreza e do desemprego da maioria negra na África do Sul, será apenas uma questão de tempo até que voltem a ser atacados.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Coisas lá da Terra

Saudades de casa, das coisas de casa, das gentes de casa fazem das suas na alma da gente. Eu não sou excepção. Tudo que tenha a ver com Quelimane Zambézia, pode ter um efeito mágico em mim.
Da lúbrica Opinião do Notícias retirei a crónica que se segue que tem tudo a ver com a terra que levo dentro de mim.

“Papá Martelo” procura crónica para Muária

Opinião

Só o que aconteceu: “Papá Martelo” procura crónica para Muária

PAPÁ Martelo é um daqueles homens que num passado recente seria certamente desnecessário e até “deselegante” apresentá-lo dada a sua popularidade de homem com feitos militares extraordinários. Ficou zambezianamente famoso como um anti-bala e homem que não recuava em colunas militares. Dizia-se que Papá Martelo sulcava estradas bloqueadas. Ele deu provas de si como um militar valente. A sua bravura foi até testemunhada por muitos civis que andavam pendurados em camiões a desenrascar a vida para a suas famílias. Gente com as suas vidas soltas por um fio prestes a rebentar...Maputo, Segunda-Feira, 19 de Maio de 2008:: Notícias
Contudo, hoje mudaram-se os tempos e também as vontades. Martelo já não é nada. Recolheu-se à insignificância e anonimato.

E sobre esta lenda viva que deambula na cidade de Quelimane, à procura de “ganho-ganho” (biscato), dediquei-lhe uma crónica neste espaço, publicada a 14 de Dezembro do ano passado.

A crónica começava assim, “... Papá Martelo foi provavelmente o militar popular de Mocuba nos finais da década oitenta e início de noventa. Estava-se em plena época de guerra. Era um militar sem patente. Portanto, um soldado raso. Todavia, ficou conhecido pela população mais que o brigadeiro José Ajape, o coronel Txukussa, o tenente-coronel Joaquim Maquival, os majores Hambone e Oliva, o capitão Djangua, entre outros, todos eles meus vizinhos, ali próximo da messe militar. Do alto dos seus quase dois metros de altura, Papá Martelo era um homem forte e firme. Tinha uma postura de prontidão invejáveis. Contudo, o que mais despertava nele era o seu rosto. Bem entendido, Papá Martelo não era também fotogénico. Tinha uma cara de dureza. Cara de alguém temperado em combates. Era rude e indomável. Tinha cara de revolta com a guerra. Tinha um olhar de aço: penetrante e fulminante. E ao que tudo indicava não se importava com essa questão de nascença, porque segundo defendia, para um homem o importante são as suas virtudes e personalidade e não a beleza. E sustentava a sua tese repetidamente, “eu sou como o meu comandante Mabote, sou feio na cidade, mas bonito no mato”. E acrescentava este slogan: “sou Papá Martelo, o homem que não recua”!

Na mesma semana um leitor assíduo deste espaço, Lelo Fijamo, do Bairro Sinacura em Quelimane escrevia para o meu E-mail: “No sábado fui à casa de um amigo e, durante a minha caminhada cruzei-me com Papá Martelo - O homem que não recua!!! (trajava um fato verde militar, umas botas, uma chapéu a “cow-boy” e empunhava uns brincos de longas argolas – era o Papa Martelo em carne e osso!). Fiz-lhe um sinal pedindo-lhe que estacionasse a sua “djinga”, mas o homem não me ligou! Não insisti!”.

Ora, a crónica de hoje, vem à propósito de uma visita que o Papá Martelo efectuou quinta-feira última à Redacção do “Notícias”- Delegação de Quelimane. O homem queria falar comigo e procurava um exemplar da crónica “Papá Martelo: homem que não recua”.

O colega de Quelimane que o atendeu explicou-lhe que eu trabalhava em Maputo, no “Notícias”-sede. Foi-lhe ainda dito que não tinham o jornal que pretendia adquirir.

Mesmo assim, Papá Martelo não se deixou derrotar. De seguida, pediu ao meu colega que lhe pusessem em contacto comigo, já que ele não dispunha de moedas para falar a partir de um “onecell”. Alegou que tinha um assunto importantíssimo para comunicar-me pessoalmente (coitado, ele não sabe que eu também sou um “Zé ninguém”...). Os colegas abriram uma excepção e atenderam o seu pedido. E estabeleceu-se a ligação:

- É o papá jornalista? Aqui fala Ernesto Manuel Martelo, mais conhecido por Papá Martelo. Peço a sua ajuda: quero que me arranje um exemplar daquela crónica que fala sobre mim. Pretendo levar ao papá governador Carvalho Muária essa crónica e anexar com alguns documentos da minha pensão de reforma de ex-combatente. O papá Muária como é o nosso “grande-grande” gostaria que ele me ajudasse a resolver o meu problema.

Papá Martelo explica que o que o leva a falar com o governador da Zambézia é que este governante é aos seus olhos, neste momento, a sua única tábua de salvação. É que ele não recebe a sua pensão de reforma desde que passou à disponibilidade militar em 1992, depois de ter servido 13 anos o Exército das FPLM. Fora incorporado no serviço militar a 7.3.1979. Dir-se-ía, sem exagero que a vida de Papá Martelo se confunde com a história da guerra dos 16 anos na Zambézia, onde ele chegou ao posto de comandante. Conta que grandes chefes militares como “o pápá Bonifácio Gruveta, o papá Lagos Lidimo e o papá António Hama Tai, conhecem-me muito bem. Mesmo Samora, o meu Merechal, conhecia-me!”

Na óptica dele, o seu processo de desmobilização foi mal conduzido em 1992. Papá Martelo explica que terá sido tratado como “aqueles “mwana-mwanas” que cumpriram a tropa em apenas dois ou quatro anos”. Observa que foi tratado como “farinha do mesmo saco”, sem qualquer diferenciação. Foi deixado em situação ingrata. E esse facto, é para ele uma injustiça que acredita que com a ajuda do governador pode ser corrigido, se houver boa vontade por parte da Direcção provincial dos Antigos Combatentes da Zambézia, onde ele frequenta há anos em processos burocráticos sem fim...

Apesar do tempo, Papá Martelo, diz que o problema continua em pé: “milando é como o piri-piri, mesmo que passe muito tempo continua com o seu efeito picante”.

Neste momento quer enfrentar o “papá” governador Carvalho Muária para lhe explicar “tim-tim” por “tim-tim” sobre esse processo que já tem barbas brancas, e se possível vai expressar-se em lómwe, sua língua materna, para que Muária lhe perceba, já que Papá Martelo não sabe ler nem escrever. Neste momento, ele desconfia que o seu dinheiro esteja a ser “comido por alguém”. E vai mais longe, “presumo que haja beneficiários que nunca apertaram gatilho, de uma arma, uma única vez”.

Ao Muária, o ex-militar vai ainda explicar a burocracia de que é vítima para conseguir o dinheiro de reforma que se diz ter direito por legitimidade. Chora que anda com a documentação exigida, de “guichet” em “guichet” e de repartição em repartição. Os seus papéis andam de mão em mão...

O mais estranho, conta Martelo, é que nunca sabe se os seus requerimentos são, nalgum momento, diferidos ou indeferidos... a única resposta que tem e que lhe fica aos ouvidos é a frase, “volta amanhã”, “o chefe ainda não despachou”. É, definitivamente, uma burocracia desencorajante.

E apesar de isto tudo, Papá Martelo diz-se confiante que chegará o dia em que se “dará a César o que é de César”. E volta a parafrasear o dito popular, “um milando é como o piri-piri, nunca apodrece,”. Diz que não desistirá e gaba-se, “eu sou o Papá Martelo: o homem que não recua!”.

Com um sorriso, desligou a chamada prometendo: “papá jornalista, quando um dia, vir a Quelimane vou matar um galo para ti, comprado com dinheiro dessa reforma! Juro, eu sou o Papá Martelo: o homem que não recua!”.moisesalbino@yahoo.com.br


Albino Moisés

domingo, 18 de maio de 2008

PRAIA NOVA: uma referência no Chiveve.

Estou na cidade da Beira faz já algum tempo(completo dois anos em Julho) mas nunca tinha ido à Praia Nova mesmo ouvindo falar dela quase diariamente. Me pergunto até onde estava o meu lado de curioso. Quando a dias uma amiga a fazer o curso de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário na UP me pediu para ajudá-la a desenhar um questionário para um inquérito sobre Fecalismo ao Céu Aberto na Praia Nova, achei indispensável dar um pulo até lá para ver com meus próprios olhos e me aperceber do que esse famoso lugar poderia ter a ver com fecalismo a céu aberto e apartir dai, elaborar um questionário mais ligado à realidade do lugar. Cheguei, vi mas não venci. Voltei mais algumas vezes para observar melhor a vida na praia nova. Voltei para conversar com algumas pessoas que moram lá e que me poderiam dar um pouco da história da Praia Nova, voltei para assistir a luta pelo peixe, voltei para fazer umas fotos. E ainda voltarei para assistir o pôr do sol.
Nos próximos dias, se a vida agitada de trabalhador, estudante, bloguista o permitir, penso em iniciar aqui no Meu Mundo, uma série dedicada à Praia Nova que de nova só lhe restou o nome.

DO PAIS ONDE MORO: Carta para Mariazinha IX


Ola Mariazinha. De repente me vi refém da mesma tecnologia que me tem ajudado a se espalhar por ai. Ha dias que que o blogger anda dizendo que detectou um problema na minha conta e não me podia deixar postar coisas nos blogs. Bem, estou feliz porque tudo passou e posso estar de volta. Olha que a semana foi longa Mariazinha.Longa e cheia de coisinhas interessantes. Comemorou-se nesses dias uma data bem especial. O dia das mães. Em homenagem à minha deixei um poema. Pena ela(minha mãe) ter já partido e não poder ler pra ela como eu costumava fazer com a Bíblia que ela me pedia para ler. Lembro-me que dizia até que estava no direito dela ou melhor uma das minhas obrigações de filho incluía ler para ela.
Aqui no nosso Moçamique a vida continua. Agitada continua a vida politica do pais mas destaque continua sendo o julgamento do caso do marido da mana lulu. olha Mariazinha que essa semana vieram à luz umas revelações estrondosas que dão conta que tem gente bem grande envolvida nessa história.
Mariazinha outra novidade da semana foi com certeza a história do médico mecânico. Esse ginecologista feito pela fome à mistura de malandrice. Metido como médico por 3 anos num hospital fazendo e desfazendo. Olha só que perigo corremos.Queria que o ministério nos dissesse Mariazinha como foi possível que um mecânico se fizesse passar de médico durante três anos sem que ninguém o descobrisse; dissesse se o mecânico-médico recebia dos fundos do Estado ou não; explicasse se podemos continuar a confiar nos vários médicos que pululam pelos nossos hospitais. Coincidência ruim mariazinha esse impostor chama-se Nelson tal como eu e lá na academia não tive vida fácil. Os colegas procuravam relacionar o nome ao comportamento.

Deixa-me ficar por aqui, na verdade vim só dizer que estou de volta.
Abraço forte pra ti.

Nelson Livingston

domingo, 11 de maio de 2008

Para ti Mãe


Em tempos idos
Escrevi-te um poema mãe
Chegara duma viagem longa
E nem sabia ainda como te tocar
A grandeza do coração


Esforcei-me e sorri
Nossos olhares cruzaram
Nossos corações comunicaram
Meu amor de filho e teu de mãe
Se misturaram

Era meu primeiro dia no mundo
Meu primeiro amor
Primeiro sorriso
Era o meu primeiro poema


Vieram outros
Muitos outros
Poemas, dias, sorrisos, amores
Mas nada tira lugar ao primeiro

Agora que já não estás comigo mãe
Não posso mais nada
Senão usar a simplicidade das palavras
A infidelidade de dizerem oque verdadeiramente quero
De expressar o apreço que te tenho

Inventaram um dia para ti mãe
Para ti, e todas outras mães
E nesse dia
Juntei umas poucas lágrimas
Para sentir a tua ausência
A falta do teu calor.

Escrevi mais um poema mãe
E mesmo que não o possas ler
Fica aqui para ti
E para todas outras mães

Nelson Livingston

Publicado originalmente aqui


Foto retirada daqui

sábado, 10 de maio de 2008

Últimas do Caso Isabella Nardoni(III)


Crime

Defesa entra com pedido de liberdade para pai e madrasta de Isabella

Publicada em 09/05/2008 às 22h17m

Wagner Gomes e Leonardo Guandeline, O Globo Online

Cadeia de tremembé, onde está Anna Carolina Jatobá - Diário de S. Paulo

SÃO PAULO - O pedido de habeas corpus para que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sejam libertados foi protocolado pela defesa do casal às 18h55 desta sexta-feira no Tribunal de Justiça de São Paulo. A entrega do pedido aconteceu cinco minutos antes do fechamento do fórum. Além disso, o advogado Marco Polo Levorin diz que pediu também a anulação do despacho do juiz Maurício Fossen, que aceitou a denúncia do Ministério Público e decretou a prisão do casal. Segundo o advogado, a defesa entendeu que o juiz se aprofundou no mérito da questão. Ou seja, para a defesa o juiz Maurício Fossen pré-julgou o casal, quando deveria simplesmente acatar ou não a denúncia do promotor Francisco Cembranelli.

- Entendemos que houve julgamento de mérito, ou seja, o juiz se aprofundou na temática, o que prejudicou a defesa - diz Levorin.

Criminalistas ouvidos pelo Globo Online vêem brechas para que a Justiça dê liberdade ao casal.

Para o advogado, o despacho do magistrado deveria ser superficial, apenas com indícios de autoria e materialidade do crime.

- O juiz pré-julgou (o casal). Ele avançou no mérito e não se deteve apenas em julgar o pedido de prisão preventiva. Ele fez afirmações que se confundem com o mérito, adjetivações e lançou frases que não precisariam ser ditas neste despacho - disse Levorin.

Perguntado se essas afirmações se referiam ao fato do juiz Maurício Fossen ter qualificado Nardoni e Anna Carolina como "desprovidos de sentimento humano" em relação à Isabella, o advogado respondeu:

- Esse entre outros. Houve um oferecimento de denúncia baseado em um inquérito policial e nesse momento o juiz deveria apenas dar uma justa causa para a ação penal - afirmou Levorin.

Os advogados de defesa levaram dois dias para preparar o pedido de habeas corpus, que tem quase cem páginas. Ele será apreciado em regime de urgência pelo desembargador Caio Canguçu, o mesmo que libertou o casal durante a prisão temporária. A defesa argumenta que a prisão temporária é desnecessária.

Os advogados do casal alegam que o casal possui residência fixa, colaborou com a polícia e não atrapalhou as investigações. Por isso, acreditam, a prisão preventiva não se justifica.

Não há prazo para a decisão do desembargador Caio Canguçu. De acordo com o Tribunal de Justiça, se o desembargador não conceder liberdade e uma das partes (acusação ou defesa) pedir o julgamento do mérito, o pedido de liminar será julgado por outros dois dos seis desembargadores da 4ª Câmara Criminal. Mas a expectativa é que ele passe o fim de semana analisando a questão, redija seu parecer na segunda-feira e o entregue ao Tribunal de Justiça na terça.

Quando analisou o pedido de liberdade para a prisão temporária, Canguçu de Almeida argumentou que o casal era réu primário e não apresentava risco à sociedade ou ao andamento do processo. Ressaltou em seu despacho, porém, que se novos fatos surgissem a prisão preventiva poderia ser decretada.

O pai e a irmã visitam Alexandre Nardoni na prisão - Diário de S. Paulo - Os requisitos para prisão preventiva continuam ausentes, assim como estavam na temporária - afirmou o pai de Alexandre, Antonio Nardoni, que é também advogado.

- Faltam motivos e fundamentação na decisão do magistrado, que eu respeito. Toda e qualquer decisão precisa ser bem fundamentada - afirmou Rogério Neres.

Para a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, que nesta sexta-feira concedeu uma rápida entrevista à rádio Jovem Pan, a Justiça começou a ser feita

O casal está sendo hostilizado na cadeia. Anna Carolina Jatobá foi transferida para um presídio no interior do estado e Alexandre Nardoni também pode sair do 13º DP e ser levado para outra prisão por questões de segurança.

Depoimento marcado

O juiz Maurício Fossem marcou para o dia 28 de maio o primeiro depoimento à Justiça de Alexandre e Anna Carolina. Os dois tinham prestado depoimento apenas à polícia.

O juiz justificou a prisão preventiva diante do clamor social e da garantia de credibilidade da Justiça diante de um assassinato brutal. O promotor Francisco Cembranelli não acredita que o Tribunal de Justiça colocará o casal em liberdade novamente, mas já adiantou que vai recorrer caso seja dada liminar que liberte o casal. Os advogados de defesa vão entrar com pedido de habeas corpus nesta sexta-feira. O recurso deve ser analisado pelo desembargador Caio Canguçu, o mesmo que foi contrário à prisão temporária.

Cembranelli afirma que, agora, as condições são outras e laudos comprovam que Alexandre e Anna Carolina mataram Isabella.

- O cidadão de bem espera que a Justiça seja feita. A cadeia não é só reservada para os pobres e fracos - disse.

O promotor afirmou que a defesa vai tentar usar todos os recursos para protelar o julgamento de Alexandre e Anna Carolina e que seu papel é exatamente o contrário: fazer com que sejam julgados rapidamente pelo crime. Cembranelli pedirá que o casal seja levado a júri popular, para que a sociedade tenha oportunidade de se manifestar sobre o crime. O júri popular é formado por sete jurados, que são pessoas comuns chamadas a julgar.

" São pessoas desprovidas de sensibilidade moral e sem o mínimo de compaixão humana "

- O propósito da defesa é levar o processo adiante para que a sociedade esqueça um pouco a morte de Isabella. Meu trabalho é exatamente o contrário. Farei o possível e o impossível para que a sociedade não se esqueça de Isabella. Eu quero uma decisão rápida - disse Cembranelli.

Cembranelli quer que peritos e policiais que investigaram o caso participem do depoimento de Alexandre e Anna Carolina. O promotor indicou que sejam ouvidas 16 testemunhas no processo - oito pelo homicídio e outras oito para falar sobre a fraude processual. O juiz Maurício Fossen já aceitou o pedido do Ministério Público de incluir mais três testemunhas.

As novas testemunhas seriam uma moradora de Franca, que foi vizinha do casal (Alexandre e Anna Carolina) e relatou brigas constantes, o avô materno de Isabella Nardoni e o funcionário de um bar que diz ter ouvido de Cristiane Nardoni frases que comprometeriam seu irmão Alexandre. Cristina negou ter dito qualquer coisa que pudesse complicar a situação dele.

Alexandre Nardoni é levado para a delegacia - Foto Ricardo Bakker, Diário de S.PauloAlexandre e Anna Carolina são acusados de homicídio triplamente qualificado, por motivo cruel, impossibilidade de defesa da vítima e por ter cometido um crime para acobertar. A pena mínima é de 12 anos de prisão, mas Alexandre Nardoni poderá ter a pena acrescida por ter assassinado uma descendente e pela menina ser menor de 14 anos. Segundo Cembranelli, o agravante chega normalmente a 1/6 da pena. No caso de uma pena mínima, de 12 anos, a pena passaria a 14 anos. Se chegar a uma pena máxima, o acréscimo pode ser de até cinco anos.

O promotor disse que não qualificou o crime por fútil e torpe para não tornar o pedido subjetivo. Ele preferiu argumentos objetivos como a asfixia mecânica, que significa motivo cruel, para qualificar o crime.

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sexta-feira, 9 de maio de 2008

GUEBUZA versus CHISSANO: comparações









Exonerações não eram o meu método de trabalho, afirma Joaquim Chissano


2008/05/09

Em crescente intervencionalismo político, o ex-presidente da república, Joaquim Chissano, disse no último fim de semana que a exoneração de ministros não era parte do seu estilo de governação.


Chissano, cauteloso como sempre, disse que não está em condições de fazer comentários com propriedade dado nunca ter conversado com o actual chefe do Estado sobre o que o move a agir como age.

Chissano afirmou que a sua estratégia governativa assenta no que chamou de "rotação de quadros", por ser sempre importante colocar `a pessoa certa no lugar certo´

"Exonerações não eram meu método de trabalho ", precisou , quando indagado sobre o que o levava a não exonerar os membros do seu Governo, mesmo nos casos em que a sua baixa produtividade ou mesmo improdutividade era um dado evidente e visível mesmo a olho nu.
"`Apostava na rotação de quadros por achar que isso era mais benéfico para os objectivos que eu pretendia atingir, que se cingiam no desenvolvimento sócio -económicodo país. Agora, talvez a dinâmica seja outra, daí novas estratégicas", ajuntou Chissano que preside a uma fundação ostentando o seu nome e ao Fórum dos Antigos Chefes de Estado de África.

"Mais, como disse, não posso comentar em torno das exonerações que o presidente Guebuza opera, pois ainda não conversei com ele sobre isso", frisou.

Chissano esteve no último sábado nas cerimónias do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, dando sinais de grande visibilidade pública, o que vem acontecendo desde Fevereiro.

Analistas políticos moçambicanos fazem notar que desde essa altura, Chissano fez questão em estar presente na abertura dos trabalhos da Assembleia da República, onde fez declarações à Imprensa, apareceu na televisão durante as celebrações da semana pascal (festa dos católicos), tendo garantido assinalada a visibilidade na recepção anual dos núcleos Apostólicos, na recepção do Presidente da república portuguesa, Cavaco Silva e mais recentemente a visita à Maputo de Morgan Tsvangirai, o vencedor das eleições Zimbabweanas.

Embora seja normal essa visibilidade para um antigo chefe de Estado em democracia, os seus detractores consideram que Chissano apoiado pelos antigos ministros Leonardo Simão, Almerindo Manhenje e Tomás Mandlate está a fazer um retorno às políticas activas.

Joaquim Chissano disse contudo que jamais aceitaria voltar a ser candidato a Presidente da República, mesmo que o seu partido volte a apostar nele.
Alás, refere que mesmo que tal fosse vontade de todo o povo moçambicano, ele não estaria em condições de voltar a ser PR.

Afirmou estar satisfeito com a governação de Guebuza, que é, segundo ele, continuação daquilo que são as `linhas orientadoras´ do partido Frelimo, de que ambos são membros seniores. `Olha que o Presidente Guebuza fez uma campanha nas bases, tendo como alicerce os projectos e programas que foram elaborados durante o meu tempo´, destacou.

Durante os 18 anos em que foi Presidente de Moçambique, Chissano não atingiu em termo de exonerações, o "recorde" que Guebuza atingiu em apenas três anos. A exoneração de Manuel António do cargo de Ministro do Interior, em Agosto de 1997, é a que mais se salienta da sua "era".

fonte: Savana






CONVIVÊNCIA PACÍFICA DAS CORES


A cidade da Beira, onde morro, já foi palco de grandes disputas de cores. Para além do "battlefield" político das guerras das bandeiras que tantos escritos produziu, tivemos as telefonias super-móveis com as sua próprias guerras. O amarelo verde do "estamos aqui" que procura "estar" não só aqui mas também ali já se degladiou com o azul do agora "nada mal ou melhor tudo bom". Mas como sugere a imagem que captei ainda essa manhã bem no centro da cidade, parece que os dias de guerra ficaram para a história pois as cores aprenderam que é possível compartilhar espaços sem se lesarem mutuamente. Vejo as publicidades na televisão e parece que lá também já se assinaram tratados de paz. Os patrões e os ladrões trocam constantemente de papeis de tal modo que se pergunta como diz Azagaia "afinal quem é polícia que é ladrão?".
Moçambique é grande, tem espaço para todos. Amarelo, branco, vermelho, verde...

DO PAÍS ONDE MORO:carta para Mariazinha VIII


Olá Mariazinha!
Essa semana foi light para mim. Passei o final de semana em Inhaminga na companhia do ar puro. Me empanturrei de nhemba, carne e mel de verdade. Voltei às pressas na segunda para enfrentar o buliço da cidade. Eu acho muito bom poder alternar a vida estressada e estressante da cidade com uns instante na calma do campo. Com Inhaminga é assim. Percorres uns duzentos e tantos quilómetros em terra batida numa estrada que te faz um "mexe mexe" nos ossos enferrujados pelo "sedentarismo" que essa vida da net nos habitua. Chegas à vila suficientemente cansado para precisares de repouso. Eu fujo essa regra. Tenho sempre que guardar algumas energias porque vou à Inhaminga e tenho muita gente para ver. Volto, ainda não estou na Beira e já tenho saudades de Inhaminga que acabo de deixar.
Olha Mariazinha, quero que saibas que a Mariazinha da Lusolândia está de malas aviadas prá cá, ela me escreveu e isso, e antes que penses que foi por ela ter estado a ler as nossas cartas que se interessou em cá vir, deixo bem claro que essa viagem existia bem antes de nós existirmos. E por falar de lusolândia anda cá uma história dando conta que a senhora doutora mana Luísa Diogo que chefia o governo do nosso país não é Moçambicana nos papéis mas sim portuguesa. De nascença não lhe podemos negar a nacionalidade pois bastaria voltarmos para os longínquos anos de 1958, "esgravatarmos" todo o distrito de Mágoe lá em Tete, para lhe acharmos o cordão umbilical que obedecendo à risca as tradições dos Nyungués, deve com certeza estar enterrado algures. A rapaziada do Zambeze Mariazinha, aqueles que estiveram revirando a vida do PGR Augusto Paulino estão agora em cima da mana Lulu. Já na última edição trouxeram o filho(Nelson) que também é português e disputa um imóvel num caso sobre o qual já muito se falou. É bom que saibas Mariazinha que à semelhança do Azagaia, esses rapazes do Zambeze já foram chamados pela PGR para prestar declarações. Gosto deles porque procuram sustentar muito bem oque dizem. Dessa vez por exemplo trazem provas incontestáveis. Esse "ciclone" todo não podia ter sido levantado numa altura melhor senão essa em que o caso de Albano Silva, marido da mana Lulu esta sendo julgado e parece que ele não está se dando lá tão bem. Bem são coisas cá da terra que precisas saber.
Bem cá no Chiveve onde estou, anda uma confusãozinha de nada dentro da Renamo. Deves estar lembradadas confusões senas-ndaus que se viveram cá nos tempos felizmentes já idos que nem interessa lembrar com exactidão. Parecem estarem a ser novamente levantados. A dias o deputado Manuel Pereira que por longos anos foi chefão da Renamo cá na Beira, decidiu contra tudo e todos, lançar sua candidatura à presidência do Munincípio da Beira que já é dirigido(muito bem diga-se de passagem) pela Renamo através de Deviz Simango. Uns acham que é tudo questão de etnias. Uns negam que seja. Outros acham que Pereira é um "pau mandado" uma espécie de Simba Makoni instrumento visando dividir a renamo para reinar. Pegas um chapa da Baixa ao Macuti/estoril e ouves se falando disso. Vais ao mercado de Maquinino e já se fala das próximas eleições, essas que já estão marcadas para Novembro.
Mariazinha mudando de assunto a Chigu, aquela minha amiga dos miólos frescos que faz doutoramento lá nos cangoroos, me escreveu da Australia. Está envolvida num projecto relacionado com a crise alimentar que o mundo vive. Será que já reparaste como essa coisa de crise alimentar esta a ganhar terreno? Será que não seria boa ideia voltar ao Mwanavina? Reabrir os campos de Nhakatiwa? Os arrozais de matilde, ilha Salia nos resolveriam o problema Mariazinha. Ups...deixa o Umbhalane esse conterâneo meu ouvir-me. Ha-de ser que esses nomes lhe provoquem umas saudades danadas. Vou querer ter seu comentário sobre a crise alimentar Mariazinha pois esse assunto é bem nosso e lançarmo-nos culpas mutuamente como tem sido nosso hábito não nos levará a lugar nenhum.
Olha as eleições aconteceram finalmente lá na academia. Hoje talvez se conheçam os resultados. Se fores ao Diário do Estudante poderás conhecer algumas das ideias dos candidatos(dois deles). Deixa-me ficar por aqui. Nos vemos lá pela próxima Sexta feira com certeza ou bem antes se for necessário.
Abraços

Nelson Livingston

Estou Aprendendo...

Acabo de ler aqui o texto que se segue e achei-o interessante e trouxe-o aqui para o meu mundo. Enjoy!

"Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.

Aprendi que não importa o quanto certas coisas certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.

Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos.

Que posso usar meu charme por apenas 15 minutos... depois disso, preciso saber do que estou falando.

Eu aprendi... que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida.

Que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces...e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.

Aprendi... que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser... e devo ter paciência.

Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloque.

Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles.

Que os heróis são pessoas que fazem o que devem fazer “naquele” momento, independentemente do medo que sentem.

Aprendi que perdoar exige muita prática.

Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.

Aprendi... Que nos momentos mais difíceis, a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava iria tentar piorar as coisas.

Aprendi que posso ficar furioso, tenho direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel.

Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguísse convencê-la disso.

Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando... E que eu tenho que me acostumar com isso.

Que não é o bastante ser perdoado, pelos outros... eu preciso me perdoar primeiro.

Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.

Eu aprendi... Que as circunstâncias da minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.

Aprendi que numa briga, eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero me envolver.

Que quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiam, e quando duas pessoas não discutem, não significa que elas se amem.

Aprendi que, por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão-se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.

Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.

Aprendi também que que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.

Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério.

E que os amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.

Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.

Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.

Com essa folha de papel eu aprendi que ainda tenho muito a aprender. E você??

Uma óptima semana para você!!! E continue aprendendo..."

quinta-feira, 8 de maio de 2008

MANUEL PEREIRA: A versão Moçambicana de Simba Makoni


Pelas ruas do Chiveve, os ecos continuam. Numa conversa típica do chapa, alguém comparou essa tarde Manuel Pereira à Simba Makoni. Bem na véspera das eleições Simba Makoni se candidatara como independente na corrida presidencial. Muito viram nisso uma manobra da ZANU-PF que visava dispersar os votos dos adversários-MDC. A ideia foi estrategicamente boa mas parece não ter resultado lá tanto. Depois da controversa candidatura de Manuel Pereira para à presidência do Município, nasceram muitas teorias. A mais recente, pelo menos para mim é essa que admite a possibilidade de Pereira ser um instrumento nas mãos de "mãos invisíveis" visando distrair o eleitorado, favorecendo assim à Frelimo que na voz do seu SG já veio dizer que A Frelimo recuperaria os municípios governados actualmente pela Renamo. Seja lá qual for a agenda de Pereira, uma coisa ficou bem claro, ele não foi recomendado pelo partido muito menos pelas bases da renamo cá no Chiveve como tem vindo a dizer. Só pode ter sido por iniciativa própria, oque seria menos mal, ou então na pior das hipóteses, manipulado por uma "mão estranha" que tratando-se do que se trata deixa de ser assim tão estranha. Melhor a fazer é esperar. Seguindo o exemplo dos Zimbabweanos que esperaram pacientemente pelos resultados.

CRISE MUNDIAL DE ALIMENTOS


Entre os assuntos que parecem dominar a actualidade, destaque tem deve ser dado à crise alimentar que se vive um pouco pelo planeta todo. A questão passou a me interessar bastante. Gostaria sinceramente que reflectíssemos juntos sobre o assunto. Trago aqui algumas perguntas que me tem incomodado:

1. Qual é a verdadeira causa da crise?

2. A crise tem alguma relação com a questão da desenfreada produção dos biocombustíveis em detrimento da produção alimentar como se tem dito (e eu acredito) ou é apenas uma teoria de conspiração?

3. Quais são as possíveis opções para solução?

4. A quem pertence o papel principal para estancar a crise?

Gostaria mesmo de ouvir de vocês. Penso que ninguém devia estar alheio à essa situação pois no fim do dia ela mexerá com todos nós. Todos

REEDIÇÃO DO CONFLITO SENA-NDAU NO CHIVEVE


Parece estar de volta o conflito das etnias Sena-Ndau aqui no Chiveve. Tudo começa com a "candidatura" do deputado Manuel Pereira ao cargo de presidente do Conselho Municipal da Beira. Pereira disse que contava com o apoio das bases. Muitos menbros na Beira o tinham encorajado a se candidatar. Outros dizem que é tudo individual, ele não tem o aval do partido. Uns dizem que Pereira(Sena) é apoiado pelos “renamos senas” que se sentem “prejudicados” pela forma como Deviz Simango(Ndau) “tribalizou” o conselho munincipal. Uns dizem que Simango conta com o apoio incondicional de Dhlakama(Ndau).

Eu digo simplesmente que o conflito étnico pode estar de volta.

Seja lá qual for a verdade, parece que o vulcão que por algum tempo esteve adormecido estará agora em actividade. Se como penso, essa coisa de etnias conta mesmo e muito, os “renamos senas” poderiam chegar ao ponto de votar num “adversário” sena em detrimento de Simango ndau com que parecem desgostados. E as realizações de Deviz talvez nem contem tanto nessa hora.

Eu vou esperar para ver. Esperar como fizeram os zimbabweanos que por um mês andaram ansiosos pelos resultados das eleições presidenciais.

Ultimas do caso Isabella Nardoni (II)

SÃO PAULO - A Justiça de São Paulo decretou, nesta quarta-feira, a prisão de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Com isso, o casal passa a ser considerado réu no processo que apura o assassinato de Isabella Nardoni, de 5 anos, no dia 29 de Março. As informações são da GloboNews.

  • Defesa duvida de prisão preventiva de casal Nardoni
  • Pai e madrasta de Isabella alegam inocência na morte da menina
  • Arte: veja a versão da polícia e a versão do pai e da madrasta
  • Veja a cronologia do caso Isabella Nardoni

    Nesta terça-feira, o promotor do Ministério Público, Francisco Cembranelli, havia encaminhado ao desembargador Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri de São Paulo, o pedido de prisão de Alexandre e Anna.

    Isabella Nardoni em foto de arquivo
    O casal foi denunciado por homicídio triplamente qualificado: meio cruel (agressões e asfixia), assegurar a execução ou ocultação de outro crime (decidiram jogar a vítima para esconder as agressões) e impossibilidade de defesa. Eles podem pegar de 12 a 30 anos de prisão caso seja julgados e condenados pelo crime de homicídio.

    Pela alteração da cena do crime (a tentativa de apagar as manchas de sangue), a pena varia de seis a quatro anos de detenção. Se isso ocorrer Alexandre poderá, ainda, pegar uma condenação de seis meses a um ano, a mais que a mulher, por ser pai da vítima.

    O caso

    AE
    Isabella era filha do consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni e da bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira. A cada 15 dias, ela visitava o pai e a madrasta Anna Carolina Jatobá.

    No sábado, dia 29 de Março, a garota foi encontrada morta no jardim do prédio em que o pai mora. A polícia descartou desde o princípio a hipótese de acidente. O delegado titular do 9º Distrito Policial Carandiru, Calixto Calil Filho, declarou que Isabella foi jogada da janela do apartamento por alguém.

    O delegado destacou o fato de a tela de proteção da janela do quarto ter sido cortada e de ninguém ter dado queixa de desaparecimento de pertences no local.

    O pai teria alegado à polícia que um homem invadiu o seu apartamento. Ele e Anna Carolina afirmam ser inocentes e, por meio de cartas e em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, disseram esperar que "a justiça seja feita".

    MAIS NOTÍCIAS SOBRE O CASO:

    VÍDEOS DO CASO ISABELLA

    Laudos

    Depoimentos

    Prisão

    Reprodução

    Isabella em vídeo