segunda-feira, 30 de junho de 2008

Carta para Dede(1)


Caro Dede!
Espero que esteja tudo bem contigo, ou quase tudo, me lembrei que nunca tudo esta bem. Vamos la ser realistas! Ca comigo vai-se indo "de pé sem cair e deitado sem dormir" como diz um grande amigo meu. A Beira vai relativamente calma, já percebeste que os linchamentos deram uma pausa pelas bandas de cá? O sururu de Manuel Pereira/Deviz Simango também abrandou esses dias.
Dede, a vontade de te escrever ou melhor de responder vinha se acumulando ao longo dos dias e hoje felizmente me desembaraço da "divida" acumulada.
Dede Mugabe foi reeleito como muitos ja esperavam. Dizem mas eu não acredito que as eleicoes correram normalmente. Dizem mas eu não acredito, que houve um grande fluxo as urnas.Dizem mas eu não acredito que obteve mais de 80 %. Bem, facto Dede é que em tempo recorde os votos foram contados, resultados anunciados, Mugabe tomou posse e rumou para Cairo como presidente legitimo do Zimbabwe e com direito a representar o pais. Eu e muitos outros queremos ver oque acontece a seguir. Fiquei a saber que Mugabe vai desafiar a que pensa que tem as mãos mais limpas que as dele. Penso Dede que seja por isso que houve o silencio que por aqui vimos em volta do Zimbabwe.
Cheguei a pensar que pelo menos nos livramos da possibilidade eminente duma guerra na região mas não Dede se não estou sendo optimista demais. Devia eu aprender com as surpresas que já vivi. "eu sei...tudo pode acontecer".
Melhor que se pode fazer é esperar para ver oque acontece. Ver como o mundo vai gerir essa situação. Qual será a acção das tantas vozes que ouvimos se levantando contra Mugabe e seu regime. Ver oque o MDC/Tsvangirai farão. Acho muito interessante que tudo isso tenha acontecido na véspera da reunião da U.A, uma boa oportunidade para se discutir Zimbabwe.

Dede se eu fosse Mugabe deixava o poder para alguém durante os próximos 5 anos e partia para uma aposentadoria menos conturbada mas e ele só Deus pode remover por isso se eu fosse Deus(felizmente não sou) o removia o mais cedo possível.
Deixa-me ficar por aqui. A semana promete.
Por falar da semana que promete vem ai a sentença do caso Albano Silva. Sentença que a semelhanca dos resultados da segunda volta das eleicoes Zimbabweanas, muita surpresa não espero trazer.Esperemos então enquanto felicitamos os espanhóis que se sagraram campeões europeus depois de décadas de jejum.
Abraços fortes do Chiveve.

O Porque da Diplomacia Silenciosa(mãos sujas):apenas uma possibilidade


Li aqui oque o jornalista Lázaro Manhica de Harare escreveu acerca das ultimas do Zimbabwe(resultados eleitorais, investidura de Mugabe, partida para Cairo) . Minha atenção ficou presa a seguinte passagem:

"Mugabe disse que estava preparado para desafiar aqueles líderes africanos que pensam que têm mãos mais limpas do que as dele"

-Mugabe reconhece que tem as mãos sujas.
-Mugabe sabe e bem que não é o único líder africano com mãos sujas.
-Mugabe defende que o facto de os outros lideres terem igualmente mãos sujas lhes tira o direito de olhar e apontar para a sujidade nas mãos de Mugabe.
-Mugabe esta pronto a "desafiar", mostrar a sujidades nas mãos de quem quiser apontar a sujidade das suas mãos.

Fico a pensar se não será por toda essa historia de "mãos sujas" que os lideres da SADC em particular a da Africa no geral, se mantiveram calados em relação a crise do Zimbabwe? Uns chegaram a ponto de afirmar que não havia crise nenhuma. Afinal ninguém quer ver a sua "sujidade" exposta? Sujidade custa quantificar. Quem tem as mãos limpas atire a primeira pedra contra Mugabe.

Roberto Mugabe: O meu presidente


Se eu fosse Zimbabweano(a) e não estivesse em algum pais vizinho procurando sobreviver seja la vendendo ou "sendo vendido", certamente que estaria no Zimbabwe. Se estando no Zimbabwe, eu não tivesse a coragem de ficar em casa no passado dia 27 de Junho certamente que iria a algum posto de votação para votar em alguma coisa. Se eu não confiasse no secretismo do voto, o medo me fizesse acreditar que minha escolha seria descoberta e eu pagaria as consequências, certamente que eu votaria em Roberto Mugabe e meu voto contribuiria para os mais de 80% com os quais Mugabe foi reeleito. Sendo assim eu estaria me derretendo de alegria gritando: Mugabe o meu presidente.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Uma Carta Para Mim(2)


Encontrei aqui mas uma carta para mim que decidi trazer ao meu mundo para o vosso "consumo".

Espero que a tua vida vá bem lá para as bandas do Chiveve. Vou indo menos mal, apenas testemunhando a passagem de mais um aniversário da nossa independência política, arrancada à Portugal, depois dos 10 anos de luta armada e, também, inspirada pela Revolução do Cravos, já lá vão 33 anos.

Nelson dizia que foi uma independência política, porque passados esses 33 anos, pouco se pode dizer no plano de independência da nossa economia. Vivemos, nós a maioria, no limiar de uma pobreza se paralelos e sem saber, afinal, qual é a alternativa a seguir, enquanto um grupo vive a abastança e ostentação.

Não queria desencantar as causas deste sofrimento dos moçambicanos que continua. Não cabe neste carta. Nem vou agora culpar a guerra que intermeiou estes anos todos, porque isso não nos ajuda em nada. Os camaradas mataram, os outros podem ter feito também. Foram todas mortes. Na morte por acção humana nunca ha' quem mata bem quem mata mal, todos matam. Lembro-me ouvir uma gíria popular naqueles dias da guerra: “guerra é guerra”. Foi o que aconteceu. Mas rezemos a Deus que esses machados de guerra não sejam desenterrados outra vez.

O que me aborrece, Nelson, é saber que mesmo aqueles que propriamente lutaram pela nossa independência; ou seja, os antigos combatentes, estão esquecidos e relegados ao esquecimento. Há um ministério sim, mas o que faz? Nada. Aliás, bem disse o general Hama Thay que, de facto, se os jovens de então não consentissem esforços, a independência não seria ganha.

Os jovens, chamados, de agora, não têm o direito aos lugares cimeiros do poder, para a ironia do seu destino. Não sei se Hama estaria a referir-se 'a OJM ou aos jovens no geral. Fiquei ‘burro’, Nelson, pois Hama disse coisas que os jovens de hoje não vão gostar. Entre as palavras que ele vociferou constam a ‘bebedeira’, ‘alhearem-se em coisas secundárias’ e por aí fora entre os jovens. Nem todos os jovens fazem isso que ele disse! E mais grave do que isso, ele sustenta que os jovens de agora podem até vender este país. Nelson, juro que fiquei boquiaberto!

Afinal, quem vende ou vendeu este país? Faço minhas as tuas legitimas perguntas na Oficina algures. Não sei se a tocar-se nessa ferida a Frelimo está procura da cura para os seus problemas. Condenar os jovens por aquilo que não fizeram é, a meu ver, lisonjeiro da parte do General e da própria Frelimo! Aos camaradas pesa o fardo do mais ignóbil crime de delapidação dos recursos deste país, com braços exteriores.

Podia me alongar mais Nelson, mas quero te deixar na festa que ainda continua. A festa do pensar nos nossos futuros. Quem sabe se, desta maneira, não estaremos a reflectir de como contradizer a ingrime decida rumo ao ostracismo, e ver 33 anos depois Moçambique de lés-a-lés desenvolvido, de democracia plena e belo.

Saúdo-te.

Dedé

terça-feira, 24 de junho de 2008

ONU declara que é «impossível» a realização de eleições livres e justas: A ONU "diz" e o Zimbabwe "desdiz"










Nova Iorque - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou na segunda-feira que devido aos actos de violência contra a oposição, não será possível realizar eleições livres e justas no Zimbabué.
«O Conselho de Segurança (CS) lamenta que a campanha de violência e de restrições à oposição tornaram impossível uma eleição livre e justa a ser realizada no dia 27 de Junho», afirma a entidade num comunicado formal que teve também o apoio da África do Sul, da China e da Rússia, nações que antes haviam sido contrárias a permitir que o CS se manifestasse sobre a crise no Zimbabué.

O Conselho condena ainda «o comportamento do governo de negar aos opositores políticos o direito de fazer sua campanha livremente». «Essas violências e restrições tornam impossível a realização de uma eleição livre e equitativa em 27 de Junho», destaca o texto, lido pelo embaixador americano na ONU, Zalmay Khalilzad, que preside o Conselho no mês de Junho.

O representante do Zimbabué na ONU disse que a segunda volta das eleições acontecerá, apesar do comunicado da entidade. «Pelo que sabemos as eleições serão realizadas na sexta-feira», disse Boniface Chidyausiku aos repórteres.

Estamos Juntos(?)...nada mal(?)... tudo bom(?)...


Recebi essa manha no meu email, o texto que se segue e decidi trazer aqui para o meu mundo. O titulo é meu o original dizia: "A pública mCel está a entregar o coelho ao bandido?...aqui se não há... cheira gato!"

"A pública mCel está a entregar o coelho ao bandido?...aqui se não há cheira gato!
Coisas estranhas...e parece que está tudo bom.
Um dia fiquei a saber que o PCA da mCel, empresa pública de telefonia móvel havia sido exonerado e substituido. Fiquei de boca aberta porque conheço a máxima que diz em equipa ganhadora não se mexe. De facto todo mundo sabe que a empresa pública moçambicana de telefonia móvel vinha dando um "baile" a sua rival privada de origem sul africana. E isso era bom porque significava que o Estado ao invez de estar sempre a olhar para os nossos salários para nos descontar e se financiar ja tinha outras fontes públicas bem rentáveis onde podia "pegar o coelho". Recentemente reparei também que de noite para dia a agência publicitária que trabalhava com a mCel, a Golo, havia trocado de lado passando a fazer os "spots tudo-bom da vodacom" e a DDB que era a agência da Vodacom passou a trabalhar com a mCel e transpareceu que esta tudo bom. Eu me pergunto: alguém quer tramar mCel? Quem? Porque?
Como é que se tira um PCA que mostrou serviço e colocou a mCel como uma empresa altamente competitiva e lucrativa? Que motivo plausível pode justificar a troca duma agencia que mostrou serviço e ajudou a mcel a ter os milhões de clientes por outra que não conseguiu ajudar a sua rival a deixar de ver estrelas? Não sei nada do que está por detrás do que se esta a passar... eu estou apenas a me questionar com base em factos estranhos visíveis que só não vê quem teima em ser cego.
Um dia vi e ouvi um responsável da mcel na Stv a dizer que a mCel irria apagar seus spots nos murros e pinta-los como estavam originalmente como forma de contribuir para devolução da beleza das urbes no cumprimento do seu papel social. Estranha mas boa decisão e boa ideia...também achei que era demais e que a urbe estava a virar um panflecto da mcel. Porém, um dia vinha conduzindo e vi uma cena caricata na zona do hospital José Macamo...os muros que antes estavam pintados de amarelo e com escrita "estamos juntos" de repente estavam a mudar de cor para azul, e com a escrita "está tudo bom". Quer dizer ao invés de se retirar os amarelos berrantes e se devolver a pintura original aos murros, parece que a mcel está a ceder voluntariamente as paredes para a sua rival pinta-las de azul...isto não parece estar tudo bom.
Semana passada...eu ia a passar pela portagem e reparei que havia uma equipa a remover as placas publicitárias da mCel...eu disse para mim. A mcel quer reagir a crescente robustez da companhia azul. Pensei que fossem colocar ali outro painel, maior e mais sofisticado para mostrar quem é patrão. Enganei-me. Dois dias depois os painéis publicitários da mCel na portagem haviam sido removidos e substituídos pelos painéis azuis da Vodacom...o que é isso? O que esta acontecer com a empresa pública de telefonia móvel? Quem quer tramar a mcel? A mcel também parece não se importar aliás, até parece que está a colaborar e "esta tudo bom". Outro dia recebo uma chamada de um amigo que trabalha no sector público e de repente verifiquei que seu numero embora mantivesse a extensão havia trocado de prefixo. Perguntei se havia visto alguma vantagem em trocar de prefixo e respondeu...é cell do serviço...mandaram-nos trocar...é tudo.
Eu não tenho nada contra o aumento da agressividade e robustez da empresa privada de telefonia móvel nem questiono seus métodos... É uma empresa e o mercado é uma selva em que cada um pega o seu coelho da forma que melhor lhe convier. O que me incomoda é essa sensação de a empresa publica parece ter decidido colaborar ou deixar a outra andar cedendo seus espaços de imagem e coelhos para a rival...mas faria isso a favor de que e de quem? Cavalheirismo empresarial?
O que me preocupa é que a mCel como empresa publica é também minha empresa porque sou contribuinte neste país. Mensalmente, querendo como não, o estado tira parte de meu suor (salário em forma de IRPS e INSS) para engrossar o seu orçamento. Se as empresas publicas forem muito lucrativas o estado poderá reduzir ,ou pelo menos manter, a pressão sobre o meu salário. Mas se as empresas públicas forem ineficientes que vai pagar depois a factura somos nós os contribuintes que poderemos sofrer cargas fiscais para financiar o Estado. Não é assim que pagamos a factura da TVM, RM etc?
Alias num jornal domingo de umas semanas atrás em primeira pagina denunciava esquemas de drenagem de biliões na mCel...o nosso dinheiro esá a ser roubado e a nossa empresa esta a ser sabotada.
Para o caso da mCel...pela forma como as coisas estranhas estão a acontecer até parece que ela mesma esta a colaborara para que "tudo fique bom". Parece que a mCel está interessada em reduzir sua visibilidade, protagonismo e ceder os espaço de imagem a concorrentes. Porque? Para que? Tomara que eu esteja enganado...mas com tantas "coincidências em série" até um ignorante não precisa fazer esforço para começar a ver gatos em vez de coelhos. Aliás ja é tema de muita papo na rua e no chapa....

segunda-feira, 23 de junho de 2008

TVM: "quem te conhece não te esquece jamais"


Li aqui um extenso relato do que recentemente se passou com o musico Azagaia tudo relacionado ao programa televisivo Moçambique em Concerto. Me lembrei que depois de Doppaz ter dito numa das edições do programa, que não tirava chapéu para Azagaia e alguem ter "exigido" ao apresentador para dar uma oportunidade de Azagaia estar no programa, Gabriel Júnior prometera convidar Azagaia para o seu programa, penso que foi por isso que o fez.
Azagaia diz que
Gabriel Júnior, dirigiu-se a ele "muito amavelmente " , diz que se espantou pelo convite e apresenta as razoes: "eu e o Estado Moçambicano não morremos de amores um pelo outro (a nossa novela já vai a muitos capítulos) e a TVM é um canal controlado pelo estado". Se se tratava duma mera insinuação, uma especulação, ficou claramente provado nesse recente incidente que a TVM e Azagaia não "cabem no mesmo prato".
Azagaia achou interessante que Gabriel não tivesse procurado "fazer-lhe a cabeça" . Segundo Júnior a imagem de Azagaia iria dividir as opiniões dos telespectadores e ele chama isso de "risco" que ele corria em levar Azagaia ao programa, mas estava "tranquilo" porque "já tinha autorização da directora de programas e que estavam todas as condições criadas".
Quando parece que realmente "estavam todas as condições criadas", eis que alguém se "lembra" que Azagaia nao deve ir ao programa por razoes óbvias. Mas um outro bom(?) tem de ser apresentado, "um dos vários administradores da TVM que devia dar a permissão para tua ida ao programa, depois de já ter passado duas vezes o spot publicitário a anunciar-te, exigiu que se cancelasse a publicidade e a tua ida, porque diz que não foi consultado". Só porque não foi consultado? Ou porque o musico em causa era Azagaia. S
empre se consulta a esse administrador quando um musico vai ao programa? Se sim porque não se consultou desta vez em relação ao Azagaia? Logo Azagaia que tem suas musicas banidas da "nossa televisão". Se não porque se devia consultar em relação ao Azagaia? Tem de se fazer "uma carta especialmente para ele"?. Quem manda em quem por la na "nossa televisão". A "talzinha" da directora de programa deve ser com o tal do PCA do INSS que mandava em tudo e em coisa nenhuma e sabia coisa nenhuma sobre a instituição em que mandava.
Gabriel, provavelmente movido de "remorso" promete fazer tudo para que Azagaia vá na edição seguinte, mas parece que não passam de promessas, ou pretendia Gabriel mostrar que culpa não tem ao não levar Azagaia ao programa?
Azagaia partiu para cidade de Porto onde vai participar num grande festival, antes que as promessas de Gabriel Júnior fossem cumpridas. Vamos ver oque acontece assim que ele regressar. Mas eu no lugar dele "mandava passear" e para sempre a TVM e "tudo que ela representa" afinal nem precisou de ter os seus trabalhos na "nossa televisão" para ter chegado onde chegou.
Ao terminar Azagaia deixa ficar umas questões: "
porquê não fui convidado para o programa da edição seguinte conforme o prometido? Será este programa é realmente merecedor do selo “Made in Mozambique”? Serei eu estrangeiro do meu próprio país? Será isto censura? Não basta não passarem os meu video clipes?
Eu(Nelson) me preocupei com tudo isso por ter acontecido com a TVM, a dita "nossa televisão", televisão dos 18 milhões de Moçambicanos, televisão estatal, a que vive dos impostos de Azagaia e de outros tantos "indesejáveis" que andam por este vasto Moçambique. Pode ter sido surpresa para muitos, para os que não conhecem la muito bem a "nossa televisão" mas para mim nem tanto pois:
TVM, QUEM TE CONHECE NÃO TE ESQUECE JAMAIS.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

DO PAIS ONDE MORO: carta para Mariazinha XII


Mariazinha hoje te escrevo cedo, te escrevo pela manha e é porque não me aguento mais calado. Ha-de que vais te queixar como sempre por te mandar noticias chatas mas é oque eu tenho fazer oque?
Mariazinha vão esquartejar a nossa Beira e ninguém nos perguntou se queremos isso ou não e dizem que estão fazendo tudo para o nosso bem. Como pode ser isso? Já reparaste que aqui no meu pais nunca se pergunta oque o povo quer, oque o povo pensa ou sente? fazem tudo por nossa conta e ainda dizem que fazem para o nosso bem. O governo central acha que as autoridades Municipais não estão dando conta do recado e precisam de um administrador para ajudar. Vão então "cortar" um pouquinho da Beira e tornar esse pedacinho em distrito para esse tal administrador. Mariazinha a historia de turco virou moda. Outros casos horríveis de abusos sexual a menores estão sendo reportados, como a Amélia diz, "quantos outros andam por ai desconhecidos"?
Esta também em polvorosa por aqui o caso do roubo. Uns acusando e outros negando. Vamos ver onde isso vai parar.
Mariazinha o Dede me escreveu a dias e falou de coisas do vizinho. Enquanto se aproxima o 27 de Junho data marcada para a segunda volta das eleições, tem muita coisa acontecendo. Sabes por exemplo que nesse curto espaço de tempo o líder oposicionista ja foi detido pelo menos umas 4 vezes, um dos seus membro tem um processo onde lhe acusam de traição e pode pegar uma pena capital entre tanto ainda ha vozes que dizem que esta "tudo bom" por la. A dias esteve ca em casa uma delegação da ZANU PF que garantiu que Mugabe vai ganhar esmagadoramente. Me perguntei donde vinha a certeza. Depois que o mediador esteve la, transpira agora a noticia de que Thabo Mbeki finalmente acha que nao existem condições para se realizarem eleições. Sugere cancelamento da segunda volta das eleições, e formação dum Governo de Unidade Nacional. Alguém por ai ja me perguntou quem vai a frente desse governo. Mugabe ou Tsvangirai? E porque sera que Mugabe aceitaria essa proposta se segundo os seus enviados a Moçambique ele tem certeza de ganhar esmagadoramente? Porque será que nas eleições passadas nao se pensou também em GUN? Será que esta-se fazendo tudo para manter Mugabe no poder?
Admiro também a atitude do Ex. Depois de ter se ajuntado aos outros "grandes" como Desmond Tutu, Kofi Anan... assinando a carta de protesto contra o regime de Mugabe, Chissano deu uma meia volta e "atirou pedras" ao ocidente. Jogou culpa para os países que impuseram sanções ao Zimbabwe e prometem intensificar as sanções caso ele se mantenha no poder.
Mariazinha esta-se muito mal pelo que vejo.
Outra noticia que faz um verdadeiro terramoto tem a ver com a mudança de currículo de Medicina na Universidade Eduardo Mondlane. Fala-se por ai que os Médicos passaram a ser formado em tempo bem mais curto que os actuais 7 anos. Essa decisão se torna grave especialmente por se diz também que foi uma imposição. Quem impôs a quem?
Mas também tenho noticias boas Mariazinha, e trago-as de Inhaminga. A maior surpresa dessa vez foi ter constatado que bem antes de Dezembro como estava previsto, Inhaminga já esta ligada a corrente vinda de Cahora Bassa. Acabaram-se os pesadelos gerados pela falta de energia, acabaram-se as dores de cabeça com os geradores. Com certeza que Inhaminga vai "crescer".
Acho que parar por aqui Mariazinha. Tenha um bom final de semana e nos vemos pela semana.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Vão "esquartejar" a minha Beira e ninguem me disse nada...


Por cá se o assunto não for Zimbabwe logicamente que será sobre esse novo distrito que se vai criar "esquartejando" a cidade da Beira nos limites que já lhe conhecemos. O ministro da Administração estatal já veio dizer que essa medida não tem fins eleitoralista como os "outros" andam por ai a dizer. A mim preocupa o facto de em nenhuma das fases o povo ter sido consultado. Me preocupa porque anda se dizendo por ai que a medida tem em vista prestar melhor serviço ao povo. Ora alguém me explique por favor. Quem melhor do eu sabe o que seria bom para mim? Tudo bem que diversos factores podem obstruir minha "visão" e dai que eu precise duma mãozinha, mas seria sempre bom que a tal mãozinha fizesse tudo em coordenação comigo afinal eu sou o beneficiário. Fico pensado que não passa dum "papo" furado que se faz e desfaz em nome do povo. Nunca vi nesse meu pais o povo a ser consultado de forma seria. Agora vão "esquartejar" a minha Beira e ninguém me disse nada. Não consigo não colocar o Zimbabwe na historia. Olhem que Mugabe decidiu ignorar a vontade do povo. Há-de me dizer que será para o bem do povo que ele se vai manter no poder?

SIDA no Uganda: o moralismo funciona


Fábio Zanini Fábio Zanini, 32, é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), com mestrado em relações internacionais pela School of Oriental and African Studies (Soas), da Universidade de Londres. Fábio esta de visita ao Uganda e vale a pena fazer-lhe companhia acompanhando postagens interesante que vai deixando ficar no seu Pé na África.Asseguir uma delas acerca do SIDA.



KAMPALA (UGANDA) – Falei quase nada sobre SIDA até agora, o que é uma falha, visto que a doença virou uma marca registrada desse continente.

Então é bastante apropriado que eu toque no assunto aqui, em Uganda. SIDA é uma obsessão nesse país, quase uma mania nacional. Por onde você anda, vê centros clínicos, ONGs, igrejas, escolas, com aconselhamento de prevenção ou tratamento para HIV/ SIDA etc. etc. E placas, cartazes, faixas, tudo que se refere à doença.

De vez em quando é bom ver uma história de sucesso nesse continente, só para variar, e o combate à SIDA em Uganda é um sucesso inquestionável. Há 15 anos, cerca de 30% da população tinham o vírus; hoje, são 6,5%.

Enquanto outros países perdiam tempo fingindo que nada acontecia, e até negando que HIV cause SIDA (como na África do Sul, onde a taxa é de mais de 20%), os ugandeses agiam para conter a doença. Falar sobre o assunto, assumir o problema e discutir candidamente foi o primeiro passo. Mas teve mais.

Uganda trata a SIDA de uma maneira como nós nunca faríamos no Brasil. Uma maneira inusitada, para dizer o mínimo. E assumidamente moralista.

Um exemplo do que acontece por aqui: imagine que você é um oficial do governo e precise traçar uma estratégia para reduzir a incidência de SIDA junto a caminhoneiros. Em vários países, esse é um grupo delicado: estão sempre longe de casa, cruzam fronteiras, são cercados por prostitutas o tempo todo. São potencialmente um factor de disseminação da doença. E muitos chegam em casa e podem contaminar suas esposas.

A meu ver, a lógica mandaria que se propagandeasse o uso de camisinhas entre caminhoneiros. Mas veja como é o cartaz do governo de Uganda que vi na sede de uma ONG:

Diz o poster: “um motorista responsável se importa com sua família; ele é fiel a sua mulher”. O foco não é tentar fazê-lo se proteger quando dormir com prostitutas. Mas tentar convencê-lo, antes de tudo, a não ter a relação sexual. Parece ingénuo, mas o governo acha que funciona. E talvez funcione mesmo.

No Brasil, a ênfase das campanhas contra SIDA é no sexo seguro: use camisinha, em outras palavras. Em Uganda, a promoção dos preservativos é apenas a perna mais fraca de um tripé que conta também com a promoção de abstinência e a fidelidade.

O slogan do governo é ABC: A é a inicial de abstinência, B é de “be faithful”, ou seja fiel, e C é para condom, ou camisinha.

Uganda é um país com forte influência das igrejas católica e evangélicas. O presidente, Yoweri Museveni, é, a exemplo de George Bush, um “born again christian”, ou seja, um cristão renascido, que descobriu sua fé no meio da vida. A primeira-dama, Janeth, é ainda mais religiosa.

Não surpreende, então, que o governo coloque tanta ênfase nas letras A e B. Abstinência é direccionada aos jovens, principalmente de menos de 25 anos, idade média em que eles se casam, incentivando-os a se manter virgens até o altar.

O B é dedicado aos casais, pedindo que sejam fiéis. Só em último caso, se a pessoa não conseguir se abster ou for um pulador de cerca contumaz, vem o C: pelo menos use camisinha.

Percebeu a diferença? O enfoque tradicional em vários países, inclusive no Brasil, é centrar fogo na camisinha. Em Uganda, camisinha é um último caso, quase o recurso dos pecadores.

Hoje conversei com representantes de duas ONGs, esperando ouvir algumas críticas à política do ABC. Nada. Aprovam 100%. Há um consenso nacional em torno do tema. Sobra para organizações estrangeiras descerem o pau, dizendo que é irreal esperar que um jovem de 20 anos se mantenha virgem.

Mas os números estão aí, desafiando o que diz a lógica e a convicção de muitos (como eu). São um tapa na cara dos cépticos.

Escrito por Fábio Zanini às 09h47

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Uma Carta Para Mim


Achei e li no Miradouronline a carta que se segue e que me é dirigida.
Quanta honra!
Meu muito obrigado ao Dede Moquivalaka.
Dada ao teor achei por bem traze-la para cá(Meu Mundo) para que mais leitores a consumam.



"Caro amigo Nelson,

Faço votos que a presente missiva te concontre em plena gozo de uma boa saúde junto dos seus. Cá por mim, vou indo aos poucos, não fora estas constantes situações, quer ao nível de Moçambique, quer no nosso vizinho Zimbabwe que nos apoquentam. Aliás tu tens sido solícito na radiografia deste último país.

Li o teu blogue hoje, e foi recorrente notar que o assunto do Zimbabwe amiudemente vai à ribalta, pese embora, se registe além fronteira, pode dealbar; o que quer dizer já visionas as repercursões da actual crise sobre esta Pérola do Índico. Compreendi a tua linha de análise!

Realmente, um Zimbabwe triste, será motivo para nossa insatisfação, quer queiramos quer não queiramos, pelo simples facto de se ancorarem sobre nós os elos que nos ligam, desde o nosso relacionamento geo-estratégico dos dois países, aos laços de caráter pessoal e familiar.

Constatei também que escreves com cepticismo, a vinda a Maputo de uma delegação de natureza militar encabeçada por Emerson Munanguagua, veteranos e um dos homens mais conservadores do regime do Robert Mugabe. Ora bem, quero te assegurar que também ando contrariado e mesmo atribulado com este encoste do nosso regime do dia ao lado errado no país vizinho. Isto lhe é lisonjeiro e frustante para quem já ouviu dela dizer que amava a paz!

No entanto, Nelson, incumbe-se-nos uma tarefa difícil de gerir ou de ter conta dos desígnios do regime de Maputo em face ao seu envolvimento conivente ao baril de pólvora que se quer deflagar no vizinho Zimbabué. As linhas com que se cozem a diplomacia moçambicana não clara. Nelson não foi por acaso que Guebuza a última hora substituiu Lucinda de Abreu, mas mesmo assim não foi bastante para testemunharmos a exponente obra de diplimacia de pelos corredores do poder da oposiçao.

Dizer que o regime Frelimo, como disse acima, anda é perdulário e se perspicácia, por assim dizer, preferindo acomodar-se no lado errado da história. Ora isto chega mesmo a ser irritante, ninguém quer ver outra sorte a sorrir ao povo irmão zimbabuenano, senão a sorte da paz.

Retomando o assunto sobre a vinda de Muanaguagua e altos comandos e agentes da segurança do regime de Mugabe, posso calcular que, não é mais nem menos, do que um consequência prática dos pronuncimentos preludiantes recentes de Mugabe, sobre se perder as eleições… záz, conta com o apoio multiforme, sem dúvidas, da extrema esquerda no poder em Moçambique.

Nelson, enfim, esta é a situação potencialmente explosiva, que pode ser engendrada a qualquer momento por Mugabe sob lábia dos regimes [incluindo o nosso] da região que primam pelo ‘camaradismo’, clientelismo e protecção mutua, mesmo que para isso morram milhares entre os populares. Vai daí e daí vi, se calhar o Nelson também, no “Os Bosses”, um comentário não preciso as linhas, mas qualquer coisa como isto: que os partidos da esquerda não estão habituados ao tipo de democracia que pretende instituir na região da SADC, daí que farão tudo e às estopinhas, esgrimindo e vomitando os seus slogans anti-Oeste num frenesim estonteante para abocanhar e reter o poder que teimosamente se lhes esvai das mãos. Disso, Nelson, podes crer, tal a acontecer, não vai ser sem espiral de banho de sangue, jorrando!

Vou terminar, dizendo que, é preciso levantar-se e empunhando a arma que mais sabemos disparar, para levar ao retraimento e, eventual desaparecimento, das forças do mal. Nelson, tal arma é tua pluma. Ame-a, lubrifique-a, use-a sempre em missões dificeis como esta, para a paz no Zimbabué.

Saudo-te.

Dedé"

O País do Chiconhoca


Recebi na minha caixa de email a mensagem a seguir que pela reflexão interessante achei bom traze-la para cá (meu mundo)

"Subject: Pertenço a um País, o País do Chiconhoca

A crença geral anterior era de que Samora não servia, bem como
Chissano.Agora, dizemos que Guebuza não serve. E o que vier depois de
Guebuza também não servirá para nada.
Por isso, começo a suspeitar que o problema não está no DEIXA ANDAR de
Chissano ou na farsa que é o NÃO DEIXA FAZER de Guebuza.
O problema está em nós! Nós como povo! Nós como matéria-prima de um
País!
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre
valorizada, tanto ou mais do que o Dólar.

Um País onde ficar rico da noite para o dia é uma "virtude mais
apreciada" do que formar uma família baseada em valores e respeito aos
demais. Pertenço a um País onde, lamentavelmente, os Jornais jamais
poderão ser vendidos como em outros Países, isto é, pondo umas caixas
nos passeios onde se paga por um só Jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL,
DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao País onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras
particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,
como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo
o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para
eles mesmos...

Pertenço a um País onde as pessoas se sentem espertas porque
conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo ou da DSTV,
onde se frauda a declaração de IRPS e IRS para não pagar ou pagar
menos impostos.

Pertenço a um País onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os
Directores das Empresas não valorizam o capital humano que tem antes
pelo contrário os exploram. Onde há pouco interesse pela ecologia,
onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do Governo por
não limpar os esgotos. Onde as pessoas se queixam que a luz e a água
são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os
nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há
consciência nem memória política, histórica nem económica.
Onde os nossos Políticos trabalham dois mizeros dias por semana para
aprovar Projectos e Leis que só servem para caçar mais os pobres,
arreliar a classe média e beneficiar a alguns que jÌ sabemos quem são.

Pertenço a um País onde as cartas de condução e as declarações e
atestados Médicos podem ser "comprados", sem se fazer qualquer exame.

Um País onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma
criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no machimbombo,
enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o
lugar.

Um País no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o
peão. Um País onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a
criticar os nossos Governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Chissano e de Guebuza, melhor me
sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de
trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Samora é culpado, melhor sou eu como
Moçambicano, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um Cliente
que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não! Não! Não! Já basta!

Como "matéria-prima" de um País, temos muitas coisas boas, mas falta
muito para sermos os homens e as mulheres que nosso País precisa!
Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE MOÇAMBICANA'"congénita, essa
desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até
converter-se em casos escandalosos na Política, essa falta de
qualidade humana, mais do que Samora, Chissano ou Guebuza, é que é
real e honestamente ruim, porque todos eles são Moçambicanos como nós,
ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...

Fico triste! Porque, ainda que Guebuza fosse embora hoje mesmo, o
próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma
matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não
poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa
fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a
erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem
serviu Samora, nem serviu Chissano e nem serve Guebuza, nem servirá o
que vier. Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a
força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa! E enquanto
essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima
para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos
igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!

É muito bom ser Moçambicano. Mas quando essa Moçambicanidade autóctone
começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos
os Santos , a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar!! Um
novo governante com os mesmos Moçambicanos nada poderá fazer! Está
muito claro... Somos nós que temos que mudar! Sim, creio que isto
encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a
mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente
tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez!

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o
responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim,
exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco,
de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO
LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

Texto original de EDUARDO PRADO COELHO"

MAPA DA VIOLÊNCIA PÓS ELEITORAL NO ZIMBABWE

No altura em que se aproxima o 27 de Junho data da segunda volta das eleições no Zimbabwe, torna-se necessário analisar o "estado do terreno". Encontrei um site interessante com muita informação sobre Zimbabwe. O site pertence a uma organizacao chamada SOKWANELE.
Sokwanele Que em Ndebele significa "basta" é um grupo cívico de acção que visa usar acções não violentas para trazer democracia, justiça e liberdade para os Zimbabweanos.
Entre as informações, me prendeu atenção um mapa que nos da uma ideia clara da situação de violência pós eleitoral. Traduzi o trecho de introdução que se segue. Se quiser ler em português as informações no site pode usar esse tradutor aqui


"Em 29 de Marco de 2008 Zimbabweanos foram as urnas e mudara a historia. Pela primeira vez desde a independência em 1980, o partido ZANU-PF perdeu a maioria parlamentar e Robert Mugabe perdeu o voto presidencial. O regime da Zanu PF embarcou imediatamente numa campanha de violência e ataques repressivos contra uma população desarmada e pacifica. Imagens de pessoas brutalizadas acompanhadas de testemunhos das vitimas foram vistas pelo mundo fora causando horror nos que as viram.

Sokwanele mapeou uma amostra dos casos baseado no registo de em primeira mão das vitimas, e o mapa interactivo testemunha mais de 1000 experiencias confirmadas. O Mapa pode ser visto no site da Sokwanele: http://www.sokwanele.com/map/electionviolence.

Zimbabwe é dos Zimbabweanos...


Em Jeito da solidariedade para com os Zimbabweanos, lamentamos, choramos, esperneamos assinamos cartas de protesto, mas em ultima instância cabe aos Zimbabweanos decidirem através do voto oque desejam. Acabar e para sempre com a "era Mugabe". Não foi Mugabe que reivindica "vitalicidade" que libertou Zimbabwe das mãos do colonialismo, foram os Zimbabweanos. Não foram os generais que hoje apoiam incondicionalmente(?) Mugabe, que libertaram Zimbabwe das mãos do colonialismo, foram os Zimbabweanos. Zimbabweanos podem sim acabar com a desgraça a que Mugabe lhes votou. podem acabar com a vergonha com suas mulheres vivem nos países vizinhos. Podem e devem!
Contar com a SADC, UA, os lideres Africanos, contar com gente como Thabo Mbeki, Tomas Salomão para os quais não nada de errado no Zimbabwe, já mostrou que não vai ajudar em nada. Falta mesmo o povo apoderar-se da ultima chance que lhe resta, o voto do dia 27 de Junho, para tirar e para longe Mugabe e os seus. Vamos fazer isso povo Zimbabweanos! Vamos Expulsar esse mal que se chama Mugabe!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Ultimas do Caso Isabella Nardoni VII


Na sala de audiência, casal Nardoni está lado a lado e algemado

Segundo Tribunal de Justiça, eles assistem depoimentos na Zona Norte de SP.
Serão ouvidas nesta terça-feira (17) oito testemunhas.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella, acompanham as oitivas das testemunhas de acusação, na tarde desta terça-feira (17), lado a lado e algemados.

Caso Isabella: cobertura completa

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), eles estão posicionados na cabeceira de uma mesa localizada diante do juiz Maurício Fossen, do 2o Tribunal do Júri da capital.

Caso alguma testemunha fique incomodada com a presença deles, pode pedir ao juiz que os dois sejam retirados da sala.

De um lado da mesa, estão posicionados os três advogados do casal: Marco Polo Levorin, Rogério Neres e Ricardo Martins. Do outro lado, estão a assistente de acusação, Cristina Christo, o promotor Francisco Cembranelli e um estenotipista. Os depoimentos ocorrem no Fórum de Santana, na Zona Norte da capital paulista.

O casal que chegou ao Fórum de Santana entre 10h e 10h30 e permaneceu na carceragem à espera da audiência. Eles ficaram em celas localizadas uma de frente à outra, separadas por um corredor. De acordo com assessores do Tribunal de Justiça, o pai e a madrasta conseguíram se ver, apesar de a visão ser dificultada por telas, mas não conversaram.

Depoimentos

O juiz Maurício Fossen começou a ouvir, às 14h, a primeira testemunha de acusação do processo que apura a morte da menina Isabella Nardoni. A primeira a ser ouvida é a perita do Instituto de Criminalística (IC) Rosângela Monteiro, convocada pela Promotoria.

Também falarão ao juiz nesta terça a delegada responsável pela investigação do crime, Renata Pontes, do 9º Distrito Policial (Carandiru), dois peritos do Instituto de Criminalística (IC) e um funcionário do Instituto Médico-Legal (IML).

Os nomes das testemunhas foram confirmados pela assessoria de imprensa do tribunal às 13h30. Os técnicos da perícia que serão ouvidos são Rosângela Monteiro e José Antonio de Morais. Já Paulo Sérgio Tieppo Alves representará o IML.

O pai e a madrasta da menina, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, estão presos desde o dia 7 de maio acusados do assassinato de Isabella, que morreu no dia 29 de março ao ser jogada do apartamento do seu pai, no sexto andar de um prédio, na Zona Norte de São Paulo.

No total, serão ouvidas oito testemunhas nesta terça e não dez como o TJSP havia divulgado anteriormente. No entanto, de acordo com assessores do tribunal, uma testemunha que mora em Franca, a 400 km de São Paulo, pode ser ouvida ainda nesta terça, porque estaria na capital.

Identidade protegida

Também serão ouvidos nesta terça-feira, três vizinhos do casal Nardoni. O tribunal não esclareceu se são vizinhos do edifício London, onde ocorreu o crime, ou do antigo prédio onde o casal morava. Na lista de testemunhas convocadas pela promotoria, uma pessoa teve a identidade protegida pela Justiça. Essa pessoa pode ser um taxista que diz ter prestado serviço à madrasta de Isabella, Anna Jatobá. Entretanto, a assessoria de imprensa do TJSP não confirma a informação.

A imprensa não poderá entrar na sala onde serão ouvidas as testemunhas. As informações sobre os depoimentos serão passadas por assessores de imprensa do TJSP.

Na quarta-feira (18), serão ouvidas outras pessoas, entre elas, a mãe da menina, Ana Carolina Oliveira, e a avó materna, Rosa Maria Cunha de Oliveira, totalizando 18 testemunhas de acusação.

Os três advogados de defesa Marco Polo Levorin, Ricardo Martins e Rogério Neres já formularam uma lista de perguntas para fazer a algumas testemunhas, mas não quiseram adiantar nenhuma delas.

A pergunta é apresentada ao juiz que decide se a repassa ou não às testemunhas. O promotor Francisco Cembranelli e a assistente de acusação Cristina Christo também podem questionar os convocados. As testemunhas de acusação foram arroladas pelo promotor.

A assessoria de imprensa do TJ confirmou que, às 14h30, todas as oito testemunhas convocadas para esta terça-feira já chegaram ao fórum e aguardam ser chamadas.

Réus

Anna Carolina foi a primeira a chegar ao fórum, por volta das 10h15 desta manhã. Nardoni chegou ao local às 10h40. A segurança dentro do fórum e nos arredores foi reforçada para os depoimentos. Segundo a Polícia Militar, há 50 policiais trabalhando no local.

No dia 10 de junho, os três desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiram por unanimidade manter o casal preso. Eles analisaram o mérito do pedido de habeas corpus para que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá respondessem a processo em liberdade.

OQUE SIGNIFICA GUERRA NO ZIMBABWE?


Depois de ter ganho a primeira volta das eleições, existe toda uma probabilidade de Morgan Tsivangirai voltar a ganhar a segunda volta. A acontecer, segundo Mugabe, os veterano pegam em armas e zás!!! Guerra no Zimbabwe.
Parece uma grande brincadeira. Mas terá um preço elevado não só para o Zimbabwe. Fiquei pensando oque significaria uma guerra dessa natureza.
Morreria-se, e muito claro, essa seria a primeira consequência. E os vizinhos que sempre acharam que nada há no Zimbabwe que esta "tudo bom", não teriam dessa vez como fechar os olhos e os ouvidos para uma realidade que seria evidente demais. A insegurança se alastraria para a região toda e ninguém ia querer vir para o mundial de 2010 na África do Sul. Perdíamos a oportunidade de ter o mundial na África e sendo insegurança o motivo, a FIFA passaria a "pensar" duas vezes todas as outras vezes que futuramente a África se candidatar para organizar o mundial. Estaria em causa a tão propalada integração regional e sofreriam todas as economias da região. Os investimentos estrangeiros seriam feito com reticencias pondo em causa um monte de "sonhos" de desenvolvimento económico. A situação politica da região seria no seu todo afectada. As eleições a se realizarem na Angola, Moçambique e África do Sul, seriam de alguma maneira afectada. Perdia toda a credibilidade a SADC que apesar de todos avisos, pouco ou nada fez para conter a situação. Perderia credibilidade a UA que teve uma boa oportunidade para mostrar para que serve. Perderia credibilidade o presidente sul africano, Thabo Mbeki, o secretario geral da SADC Tomas Salomão que apesar de todas evidencias vieram e diversas vezes a firmar que estava tudo bem no Zimbabwe. Enfim, estaríamos diante duma situação que foi criada, alimentada, assistida na maior passividade e seria sem vergonha na cara que viríamos a lamentar. Vidas já se terão perdido, economias destruídas, decisões irreversível já se terão tomadas.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

MUGABE VAI A GUERRA SE PERDE...mesmo assim nada de crise!

Para alem do empate dos mambas frente a selecção do Madagáscar, empate segundo muitos "fabricado" pelo arbitro sul africano e segundo outros ainda, movido por sentimentos xenófobos, a grande noticia do final do semana tem a ver com declarações de Mugabe que promete guerra no caso de perder as eleições.
Pergunto para mim oque isso significa para o "crisomentro"(instrumento para medição de crise). Sera que Mbeki , Tomas Salomão e tantos outros ainda acham que esta "tudo bom" no Zimbabwe?. Ainda acha Guebuza que não se deve "intrometer" nos assuntos internos do Zimbabwe? Vai alguém se surpreender com sangue derramado?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

DO PAIS ONDE MORO:carta para Mariazinha XI


Mariazinha não me esqueci que te devo noticias da semana passada mas vamos deixar a semana que se foi. Foi bom saber que nao te zangaste como o Saiete achou.
Essa semana nosso Moçambique foi sacudido por mais uma surpresa Mariazinha. Por dois anos "interinhos " um grupo de crianças vinham sendo abusadas sexualmente. Crianças vindas/trazidas de outras províncias sob pretexto de estudos religiosos. Os violadores são cidadãos de nacionalidade turca que se faziam passar de professores do Islão ou coisa parecida.
Mariazinha me lembro de como me pedes para ter fé no futuro melhor e tenho que ti garantir que faço o meu melhor. Estou indignado por tudo isso. O vice ministro da acção social veio tentar se desculpar atribuindo as culpas ao pobre do secretario ou chefe do quarteirão por não ter desconfiado e averiguado oque se passava naquela casa, mas sabemos eu e você que o secretario tem pouco de culpa pois me pergunto:
Como esses turcos entraram em Moçambique para começar? Quem lhes concedeu o visto, visto para que tipo de actividade? Que tipo de visto era? Que duração tinha? Alguém se preocupou em inspeccionar/confirmar se estavam mesmo fazendo oque o visto dizia?
Essas escolas seja la de quem forem tem algum registo, no DAR( departamento de assuntos religiosos) do MINJUST(ministério da justiça) ou do MEC(ministério da educação)? Alguém lhes conhece os currículos? Alguma inspecção/supervisão? Tratando-se de lugares onde menores são "aglomerados", a Acção Social sabe como vivem as crianças? Alguém sabe das condições de saúde em que vivem? Passa por la alguém da saúde? E os pais entregam os filhos assim de qualquer maneira como quem procura se livrar deles? Procuram saber como vai a "educação" dos filhos? Alguma forma de contactar os tutores, alguma forma de monitora-los.
A desculpa do secretario é barata demais ou tudo aqui dentro é barato demais. Eu e voce sabemos Mariazinha que la nos outros canto a coisa nao se facilita tanto assim. Lembras-te quando em 2004(Set a Dez) tive aquele oportunidade de ir a Suíça para um treinamento suportado pela organização onde era voluntário? Entre os vários requisitos constava, (i)passagem aerea de ida e volta, (ii) atestado medico,(iii) seguro de saúde...
Uma vez la Mariazinha, ainda tive que me registar como estrangeiro. Regularmente procuravam saber como as coisas estavam indo comigo. Duas semanas antes do meu regresso, vieram saber como estava o meu processo de regresso ou se seria necessário uma renovação e em que me podiam ser útil. Não me senti incomodado ou expulso do pais mas percebi que havia uma preocupação elevada em garantir segurança tanto para mim assim como para eles. Ja aqui não é assim, eu entro como turista e acabo empresário, dono de lojas em menos de um mês. Entro como estudante e ao cabo de 2 semanas estou de docente numa dessas nossas universidades baratas . Mas espera ai seu Nelson!... se um mecânico pode estar de ginecologista por uns bons anos num hospital "sério" como é o caso do HCM, onde tem chefes e tantos, com autoridade e tanta "para saber quem é quem" como você acha que um turco não pode viver fazendo oque quer sem que ninguém lhe descubra? E mesmo descoberto tem como a Ximbi diz, umas verdinhas para que o deixem "vazar" é "tudo bom" mesmo nesse nosso Moçambique.
Mariazinha esse caso se torna muito sério porque olhando para os comentários levanta um monte de questões próprias de analises baseadas em emoções. Porque os violadores são estrangeiros tenta relacionar-se o acto com os "outros" mas sabemos eu e você que no lugar de Turcos podiam ser moçambicanos. Essa relação se torna perigosa agora que ainda estão frescas as feridas da xenofobia. Oura relação que se tenta fazer tem a ver com o Islão. Por se alegar que as crianças iam para estudos religiosos acaba se pensando que tem tudo a ver com o islamismo mas sabemos eu e você que podiam ser cristãos ou outra crença religiosa qualquer a frente desses macabros actos, alias não nos faltarão exemplos de padre católicos pelo mundo fora que se envolveram em acto de pedofilia.O ultimo caso de relação tem a ver com o homossexualismo. Já que estamos falando de mesmo sexo não foi possível criar distancias entre a pedofilia e o homossexualismo. Foi assim que a comunidade homossexual se sentiu atacada. Como podes perceber Mariazinha o assunto merece muito cuidado mas nesse nosso pais as coisas serias as vezes são levadas de animo tão leve que ficamos sem soluções. Como exemplo diz-se que um deles já se foi para África do Sul sob pretexto de estar com malária. Não me vou surpreender se souber que foi para bem mais longe onde não será mais encontrado... Ingenuidade nossa não achas??? Do padre católico que a dias foi acusado de raptar uma criança na Matola nunca mais ouvi falar. Agora vamos Mariazinha ter que esperar para ver oque acontece.
Outra noticia que continua a mexer com o pais tem a ver com os 8 milhões de dólares desviados do INSS (Instituto Nacional de Segurança Social). Muitos desconfiam que não se fará nada do que se devia fazer. Ninguém será julgado, ninguém será condenado. Gente céptica essa podes pensar mas tudo baseado em experiências do passado.
Deixa-me ficar por aqui Mariazinha, voltamos a nos ver pela semana, querendo Deus.
Olha vou dar um pulo a Inhaminga nesse final de semana. E porque estou de ferias na faculdade talvez fique la por mais tempo. Vou adorar passar o dia da criança Africana la e te trago sem falta noticias das minhas "amiguinhas inquiridoras"
P.S: Estava pensando se não esta na hora de me mandares alguns "recadinhos" dai? De repente gente curiosa como o Saiete vai querer saber como vai a Mariazinha( como se eu também não quisesse)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Porque apoiar Barak Obama?



Já começam a soprar ventos de racismos em volta da candidatura de Barack Obama . A seguir leiam por favor um artigo interessantíssimo assinado pelo punho do Ex-estadista português Mário Soares onde ele apresenta as base para o seu apoio a Obama.


Há sete anos, a América sofreu a grande comoção do 11 de Setembro de 2001. Foi um acontecimento que emocionou o mundo, que se solidarizou, em todas as latitudes, com a América.

Bush tinha começado o seu mandato e, desde esses dias fatídicos, geriu mal a crise que deles resultou. Hesitante e estupefacto, nos primeiros momentos. Arrogante, vingativo e unilateral, nos tempos que se seguíram. Convenceram-no de que tinha à sua frente a grande oportunidade para afirmar, sem contestação, a hegemonia unilateral da América, como hiperpotência dominante, no plano militar, político e económico e a ser o verdadeiro juiz e polícia do mundo. Tentou marginalizar as Nações Unidas, como se fosse uma organização internacional dispensável, submeter os seus tradicionais aliados - da Europa ao Japão, da América Latina aos países árabes - à vontade política e aos interesses dos Estados Unidos. Foi o seu grande erro. Um erro fatal! A par do seu estranho fanatismo religioso, do neoliberalismo extremo, que conduziu à "teologizarão do mercado" e ao desprezo absoluto pelas questões sociais, ambientais e pelas regras éticas. Ganhar dinheiro a todo o custo, sem regras, foi o objectivo fixado.

Seguíram-se duas guerras completamente insensatas e destrutivas: contra o Afeganistão, em que conseguiu envolver a NATO, que lhe deu o aval - outro erro sem remédio, que pode vir a ser fatal para a organização que o cobriu -; e contra o Iraque, um desastre histórico irreparável.

Não foram muitas as vozes responsáveis que se ergueram, para denunciar - no momento próprio - essas duas invasões e tudo o resto: Guantánamo, Abu Ghraib, as violências e os crimes. Nem na Europa nem na América. A vaga nacionalista, falsamente patriótica, e o exacerbado fanatismo religioso fizeram com que Bush ganhasse as eleições para o segundo mandato. Enorme decepção! E o silêncio - e subserviência - de tantos, na América e na Europa, tudo agravou, numa progressão do desastre inimaginável. Hoje, a grande maioria está pronta a reconhecer - americanos e não americanos, de todos os continentes - que George W. Bush terá sido o pior presidente de toda a história dos Estados Unidos... Fez muito para destruir o prestígio dos Estados Unidos no mundo e ficará na História como o grande responsável pelas crises múltiplas com que hoje todos estamos confrontados.

Houve, no entanto, uma voz contra que se levantou e se fez ouvir, na altura própria, ao denunciar o crime da "guerra preventiva" desencadeada contra o Iraque: o jovem senador do Ilinnois, afro-americano, Barack Hussein Obama. Uma voz singular sem arrogância, lúcida, convicta, convincente e corajosa: a do actual candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos. Por isso sou, desde o princípio, na minha modéstia e distância, completamente fã e solidário de Barack Obama. Porque a sua vitória diz respeito não só à América como ao mundo inteiro.

Ao princípio - todos se lembram - quase ninguém acreditou que Obama pudesse sequer vencer as primárias: "O quê? Um negro na Casa Branca? Impossível!", diziam. E, depois, acrescentavam: "Contra a experiência da senadora Hillary Clinton, rodada no establishment e nos mecanismos do poder? Segunda vez: impossível!" Ao que Obama, com simplicidade e convicção, respondeu: "Yes, we can!" Uma frase que galvanizou a América e o mundo. Vamos realizar a mudança, reafirmou. Retomar o "sonho americano". O idealismo das suas grandes referências: Lincoln, Roosevelt, John Kennedy, Martin Luther King... Os seus temas recorrentes são: a paz, os direitos humanos, o reforço das Nações Unidas, a solidariedade internacional, o diálogo intercultural, o pioneirismo, as grandes mudanças sociais (mais emprego, menos desigualdade, redução da pobreza, melhor saúde gratuita, melhor educação) e as grandes causas ambientais, em defesa do planeta ameaçado.

Obama, filho de um negro do Quénia e de uma americana branca, passou a sua infância no Hawai e na Indonésia. Doutorou-se em Harvard e tem hoje 46 anos, é um orador excepcional, com um carisma impressionante. Desencadeou uma vaga de entusiasmo e confiança à sua volta, de um dinamismo crescente e contagioso. E, assim, conseguiu uma organização de apoio à sua candidatura, que cobre a América e se propagou pelo planeta. Imparável! É o que os franceses chamam a Obamania, que teve o condão de fazer com que imensas pessoas de todos os continentes voltassem a amar e a ter confiança na América... Tem sido um fenómeno, reconhecido por toda a gente que tem seguído a campanha e, nomeadamente, agora, pela sua grande rival Hillary Clinton.

Com efeito, a senhora Clinton reconheceu a vitória de Obama como candidato à investidura dos democratas. Fê- -lo, segundo dizem os media americanos, no passado sábado, num dos discursos mais emotivos, vibrantes e generosos da sua carreira política. Ao desistir da candidatura - que foi levada quase até ao fim, com uma persistência invulgar -, disse - e é verdade - que "abriu caminho para uma futura candidatura feminina à Presidência dos Estados Unidos". E acrescentou, dirigindo-se aos seus partidários: "A melhor maneira de continuarmos a nossa luta é usarmos a nossa energia, a nossa paixão e a nossa força para ajudar a eleger Barack Obama como o próximo presidente." Uma viragem inesperada que põe McCain em grande dificuldade.

Temos assim dois candidatos frente a frente, para a eleição de 4 de Novembro: John McCain e Barack Obama. Do lado democrata as feridas estão saradas e o partido unido e mobilizado. O primeiro foi combatente, ferido e é hoje veterano do Vietname, republicano, apoiado por Bush e por toda a direita americana. Pretende que as forças armadas americanas fiquem no Iraque os largos anos que forem necessários. O segundo, Obama, conseguiu dinamizar em seu favor o melhor da juventude americana (até agora desinteressada da política), a inteligência, as universidades, as academias, o cinema, a ciência, o melhor e mais progressivo que tem a América, da Costa Leste à Oeste.

O verdadeiro debate das eleições vai começar agora. Entre a América conservadora e a América progressista. As políticas internas e externas vão ser modificadas em qualquer dos casos. Mas quem defende a mudança coerente - e que se possa impor - é Barack Obama.

Não duvido um momento de que Obama será o vencedor. Representa uma viragem de 180 graus, na América e em grande parte do mundo. Uma ideia-força em marcha, imbatível. A entrada de um negro na Casa Branca representa, em si mesma, uma revolução cultural e política. Por mais armadilhado que esteja o seu caminho e por maior que seja a crise múltipla que está a atingir os Estados Unidos. Um vento de esperança vai soprar - começa a soprar - com a sua vitória no mundo. Como com Roosevelt, em 1932, depois da crise de 1929 e perante a ascensão de Hitler. Tudo se modificará.

Tenhamos nós, europeus, confiança. E saibamos lutar pelas grandes causas que orientam Obama e que podem - esperemos - transformar o mundo para melhor. Muito melhor!

NADA DE ALARMES! A SITUACAO ESTA SOB CONTROL


"Apesar do roubo de 8 milhões de dólares, a situacao "esta sob controle" no INSS garantiu a primeira ministra Luísa Diogo na Segunda feira"

Pode se ler aqui em inglês que segundo o artigo da AIM, a "Prime minister" acha que:
- O INSS esta em crescimento institucional.
-Ninguém deve se alarmar com o sucedido.
-Não haverá crise no sistema de segurança social.
-O governo esta sério na sua abordagem do caso.
-Não acontecera oque aconteceu com o Banco Austral.
-O MITRAB não deve continuar a frente das investigações.
-...

Não consigo relacionar o roubo ao crescimento que a "prime minister" fala
Queria entender porque não se deve alarmar diante duma situação calamitosa como essa?
Queria acreditar na seriedade do governo.
Queria pelo menos acreditar que não acontecera como aconteceu com o Banco Austral, mas quem me garante? Lamento mas a palavra da "prime minister" não me basta.

LEIA: O AMOR LEMBRADO

Carta Para Um Desconfiado

Entre os blogues que frequento, o Carta e Verso se tornou um dos favoritos. Me delicio demais com os poemas e cartas que la estão. As cartas são dirigidas as mais diversos destinatários. Encontrei essa dirigida ao "desconfiado(a)" que pro me parecer universal decidi traze-la ao meu mundo. Deliciem-se:

Buenos Aires, 3 de Junho 2008.

Prezado desconfiado,

Eu sei que a sua vida não deve ser fácil. É triste pensar que todos estão olhando para você, falando de você, e claro que mal, que as pessoas são todas traíras, prontas para te passar para trás.

Essa é uma carta que daria muitíssimo pano pra manga. Você sabe que os seus caminhos, senhor desconfiado, são infinitos. Você caminha pela rua e imagina que todos os olhos convergem para você, que aquelas pessoas que conversam na porta de um bar estão criticando a sua roupa, o seu cabelo, o seu jeito de caminhar. Você tem certeza de que as pessoas se aproximam de você apenas por interesse.

Você chega no trabalho e acha que seus colegas estão com uma faca escondida, prontos para cravá-la nas suas costas. Talvez seja por isso que você ande quase sempre encostado na parede. Você acha que todos os seus colegas querem o seu lugar na empresa. Você acredita que eles falam mal de você para o superior e que aquela promoção que seria sua será roubada pelo primeiro que puxar mais o saco do chefe.

Agora, quando o assunto são as questões do coração, aí, senhor desconfiado, você é campeão. Você sempre acha que a sua namorada tem outra, e se não tem, ainda vai ter. Acha que a espinha que está crescendo na sua cabeça, na verdade é um super chifre colocado naquele motel xexelento que você andou frequentando há um tempo, mas que agora prefere fingir que nunca viu.

Bem, para a sua mania de perseguição e seus medos no trabalho, não sei muito o que dizer. Mas para suas inseguranças no amor, acredito ter, se não A, ao menos UMA solução. Peça currículo. Isso mesmo, senhor desconfiado, peça currículo às suas candidatas à namorada. Como? Da mesma maneira que uma empresa faz.

Confira a experiência que ela tem, veja quanto tempo “trabalhou” em cada serviço, e se for possível se apresentar com uma carta de recomendação, com certeza, será bem melhor. Telefone para os antigos “patrões” e descubra se foi despedida, pediu demissão, se houve justa causa ou foi demitida por mau desempenho das suas funções.

E antes que me digam, senhor desconfiado, que essa é uma carta machista. Senhora desconfiada, tudo que eu escrevi no masculino pode ser passado para o feminino. Mas talvez eu devesse acrescentar a sua desconfiança de que todas as suas amigas falem das suas celulite ou das suas estrias bem naquela hora que você se levantou e saiu da sala para atender o celular.

Você também, senhora desconfiada, peça o currículo ao seu candidato a namorado, mas não desconfie se ele chegar em casa com uma marca de batom na cueca. Tenha certeza de que ele mijou fora do penico.

Com desconfiança,

I.R.

Nota: Que nunca fez o papel de desconfiado não precisa ler, se ja leu pode "desler".

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ultimas do Caso Isabella Nardoni VI


A 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo aprecia amanhã o mérito do habeas-corpus em favor do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella, em dia 29 de março. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de Paulo (TJ/SP), seja qual for o resultado, ainda caberá recurso.

Quatro desembargadores deverão julgar o mérito, entre eles o relator do caso, Caio Canguçu de Almeida. No último dia 13 de maio, ele negou solicitação para libertar Alexandre e Anna Carolina Jatobá. O habeas-corpus pede a libertação do casal, cuja prisão preventiva foi decretada pelo juiz Mauricio Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, na zona norte paulistana, no último dia 7 de maio.

De acordo com a polícia e o Ministério Público de São Paulo, a menina Isabella morreu depois de ter sido espancada e jogada do sexto andar do edifício em que seu pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina, moravam, também na área norte da capital paulista.

domingo, 8 de junho de 2008

QUEM NÃO VAI SE SUPREENDER?

Em relação aos acontecimentos que se vivem ultimamente tem sido mania dos governantes, talves em jeito de justificação, dizerem que foi uma surpresa, que não sabiam de nada, que não podiam prever. Dizendo isso se sentem ilibados. Fico a pensar na desonestidade que afirmações como essas representam.
Parei hoje para rapidamente "pensar" em algumas surpresas que nos esperam.
Quem não vai se surpreender se Mugabe ganhar a segunda volta das eleições? Quem nao vai se surpreender de Tsangirai ganhar? Quem não vai-se surpreender se mesmo perdendo Mugabe não querer deixar o poder? A esposa já avisou mas há quem vai se suprender. Quem não vai se surpreender se como forma de se manter no poder Mugabe "forcar" um GUN? Quem não vai se surpreender se Tsivangirai sofrer atentados? Se instalar-se uma crise pós eleitoral do tipo Quénia? Quem não vai se surpreender se Zimbabweanos em massas inundarem as cidades Moçambicanas(já temos tantos por cá)? Quem não vai se surpreender se os oficiais do exercito, leais a Mugabe, dificultarem a vida do MDC e Tsivangirai no poder?

Eu não me vou surpreender, pois existem sinais sobrando que mostram com relativa clareza que estas e ou outras situações podem fazer parte do futuro próximo do Zimbabwe e consequentemente da região. Eu não vou querer ouvir "desculpas esfarrapadas" sejam la de quem for. Depois de por muitas vezes o PR ter nos dito que "estamos a trabalhar"(frase que detesto) e ter dito também que "não podemos interferir nos assuntos internos" não vou aceitar que me venham dizer que foi surpresa.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

MUGABE É APENAS UM DOS BONS ALUNOS DA POLÍTICA OCIDENTAL: assim pensa Gustavo Mavie

MUGABE É APENAS UM DOS BONS ALUNOS DA POLÍTICA OCIDENTAL


Por: Gustavo Mavie

Se o desfecho que o governo de Robert Mugabe vier a dar ao enigma das eleições realizadas no seu país a 29 de Março último for, definitivamente, o de renegá-las mesmo que se venha provar que as perdeu, como tudo indica ser essa a sua intenção, não há duvida que será apenas mais um político que se irá impor contra a vontade da maioria, expressa na boca das urnas, com a diferença de que, desta vez, quem estará por detrás dessa rejeição, não desfruta da bênção e muito menos do apoio e da protecção das poderosas nações ocidentais.
Com efeito, e para o benefício dos que não sabem ou têm memória curta, já antes deste caso, houve outros povos que viram as suas vontades anuladas, como foi o caso da vitória da Frente Islâmica, na Argélia, que tinha sido a preferência do povo daquele pais numa das eleições realizadas na década passada naquele país, mas que o governo argelino dessa altura preferiu ir à guerra com aquele partido islamista, que defende o fundamentalismo. Há que recordar que para tomar essa decisão de anular e considerar nula e sem efeito essa vontade da maioria dos argelinos, o mesmo governo argelino teve a bênção e o apoio camuflado das mesmas nações ocidentais, que viram nisso como correcto, dado que para eles, todos os fundamentalistas são uma espécie de células ou agências activas dos terroristas de bin Laden.
Do rol de eleições anuladas ou melhor, asfixiadas, e cujos vencedores se viram hostilizados e combatidos por todo o tipo de armas pelas nações ocidentais, afigura-se, em ponto grande, a vitória do Hamas na Palestina como o caso mais gritante, e que a menos que a memória nos falhe, não há paralelismo na historia da humanidade.
Como nós todos nos recordamos, após a vitória do Hamas, os mesmos países ocidentais que tanto se arvoram de campeões da democracia, seus defensores e promotores acérrimos, como se pode ver agora no Iraque - onde os EUA e o punhado de seus aliados têm estado a matar impiedosamente todos os que se opõem à sua democracia - aplicaram sanções àquela formação política palestiniana para inviabilizar a sua governação. E inviabilizaram mesmo porque como dizia Mandela durante a primeira Cimeira Social realizada no ano de 1995 em Estocolmo, está mais do que provado que não se pode ser bom governante, ou ter-se uma democracia em bom estado de saúde, quando se tem um povo sem nada para comer e hospitais sem medicamentos. Como sabemos, os EUA aplicaram ao Hamas sanções selectivas, especialmente de raiz financeira mas que nem com isso deixaram de afectar o povo palestino, tal como o fazem agora à ZANU-FP e aos seus líderes, porque para eles, aquela formação política palestiniana é um bando de extremistas e terroristas que ameaça a civilização ocidental, não obstante tenha sido democraticamente eleita pelo seu povo. Com essas sanções, os EUA e os seus aliados quiseram dizer com elas que não estavam de acordo com a sua opção em termos do partido que deve dirigir os seus destinos.
Quer dizer, para eles, é legítimo e justificado a todas as luzes negar as opções políticas dos povos, proclamadas através da votação nas urnas, mas já negam esse direito aos outros, como está acontecendo agora com Mugabe.
Bem vista a coisa, deviam entender que tal como eles, os outros governos os seus próprios inimigos, que portanto não os pode reconhecer de forma alguma o direito de desfrutar do poder, ou de os substituir na liderança do seu país. Ora, se os EUA e todos os seus aliados não aceitaram que a Frente Islâmica ou, já agora, o Hamas, governasse, como era a vontade da maioria dos argelinos e palestinianos, porque é que Mugabe não pode negar dar o poder ao MDC e a Morgan Tchvangirai, em função da animosidade que nutre deles ou do que ele acha que são, que é que são uma criação dos inimigos do Zimbabwe, tanto mais que nunca escondeu. E não valerá de nada tentar questionar o método que um certo governo usa para definir os seus inimigos, porque, como Mandela disse uma vez, os inimigos de uns, podem ser amigos de outros e vice-versa, daí que ele tenha se recusado aceitar os apelos de certos países ocidentais que queriam que ele se abdicasse da sua amizade com certos líderes que neste caso o Ocidente não os quer ver mesmo que estejam pintados a ouro, como o Coronel Khadafy e Fidel Castro, como era a vontade de certos países ocidentais. É que esta coisa de se ser amigo ou inimigo deste ou daquele é complicado. Por exemplo, durante as lutas pelas independências aqui na África Austral, o Ocidente alinhou com os regimes colonialistas e racistas, indo ao ponto de os fornecer as armas com que combatiam os movimentos de libertação, porque os via como agentes do terrorismo e da expansão do comunismo internacional.
Ora, vai daí que, do mesmo modo que para o Ocidente foi um erro que argelinos e palestinianos tenham votado pela Frente Islâmica ou Hamas, também Mugabe pode estar a considerar que os seus compatriotas se enganaram e votaram no MDC. Tanto mais que nem sempre a maioria tem razão. É só ver como é que o povo da Guiné-Bissau elegeu um Kumba Yalá. Ou será que tais países ocidentais não dão validade à célebre frase da então Primeira-Ministra britânica, Margareth Thatcher, de que nem sempre o que tem o apoio da maioria é correcto? É preciso ver que uma das provas de que ela tinha e tem razão, é que mesmo Hitler que foi eleito democraticamente, ele desencadeou a pior guerra mundial de que já se registou na face da Terra. E porque é que tem que ser Mugabe a respeitar religiosamente a vontade da maioria do seu povo, se os EUA e todo o Ocidente não respeitaram a vontade dos palestinos.
Se os EUA não aprovaram a vontade dos palestinianos, porque entendem que o Hamas é uma organização terrorista, caso Mugabe venha a negar de vez entregar o poder ao MDC, ou partilhá-lo com este movimento, deviam aceitar essa sua opção, porque para ele também o MDC e o seu líder não são uma oposição legítima, mas sim, uma criação e prolongamento do imperialismo, como bem o vinca ele numa entrevista que deu ao NewAfrican, e que foi publicado na sua edição de Maio do ano passado.
Para ele, é esse imperialismo que tem imposto ao seu país sanções económicas veladas, que acabaram provocando o descontentamento da população, com a intenção de levá-la a votar na oposição como parece ser o caso agora. De resto, ele pode ter razão, já que todo o mundo sabe que regra geral, o propósito das sanções é provocar o descontentamento no seio das populações, para que durante as eleições vote contra o governo do dia, para que possa derrubar, sem que se recorra à força das armas.
Dito doutro modo, as sanções são a arma preferida do Ocidente para derrubar um regime que eles não gostam e que se sujeita a eleições periódicas, como é o caso do Mugabe. Onde não há eleições, este tipo armas não costuma ser bem sucedida, dai que se recorra à força das armas, como foi o caso do Iraque onde as sanções não surtiram o desfecho que se esperava, que era derrubar Saddam Hussein para se ter o petróleo que ele não deixava ser explorado ao preço da banana. Como se viu que as sanções não resultavam, forjou-se um facto e acusou-se lhe de ter armas de destruição massiva, e se lhe derrubou com a força das armas. Para não correrem o risco dele voltar um dia ao poder, executaram-no, mesmo depois de se provar que não tinha armas nenhumas e muito menos ligações com a Al Qaeda.


NEGAR O DIREITO E OPÇÕES DOS POVOS É UMA VELHA PRÁTICA DO OCIDENTE


Na verdade, o terem negado reconhecer a opção pelo Hamas da maioria dos palestinianos ou da Frente Islâmica pelos argelinos foi uma continuação da sua velha prática do Ocidente de se opor a tudo o que não serve os seus interesses. Já antes, as nações ocidentais mostraram-se contra a luta que os então povos colonizados travavam contra os países que os colonizavam, como foi o caso de nós moçambicanos.
Por exemplo, quando o povo sul-africano lutava contra o apartheid, e o seu líder carismático Nelson Mandela minguava na cadeia, os países ocidentais forneciam armas àquele regime, alegando que o faziam porque estava lutando contra a expansão do comunismo internacional.
Aliás, o mesmo Mandela viria, após sair da cadeia, elogiar Cuba num discurso que pronunciou quando da visita de Fidel à Africa do Sul, castigando na altura todos os que insistiam que ele renegasse a amizade que mantinha com o líder cubano e o seu país da seguinte maneira: muitas pessoas, muitos países, incluindo muitos poderosos, têm nos instado a condenar a supressão dos direitos humanos em Cuba. A todos temos recordado que têm uma memória curta. Isto porque quando batalhávamos contra o apartheid, contra na opressão racista, os mesmos países apoiavam o regime do apartheid – um regime que apenas representava 14 por cento da população, enquanto a maioria do povo do país não tinha nenhum direito. Eles apoiaram o regime do apartheid. E nós acabamos combatendo com sucesso o regime com o apoio de Cuba e outras forças progressistas, disse Mandela em tom sereno e naquela sua voz vibrante, antes de vincar que agora eles querem que sejamos apenas seus amigos, indo ao ponto de se darem ao luxo de nos instar a renunciarmos aqueles povos que nos ajudaram a fazer da nossa vitória possível.
Tal como o dizia nesse discurso Mandela, é curioso notar que os mesmos países ocidentais que hoje fazem barulho para que Mugabe aceite a derrota tangencial neste caso que parece ter sofrido, não param também de lançar criticas aos restantes países da região, acusando-os de nada fazer para forçar o líder zimbabweano a ceder o poder.
O que eles querem, é que os líderes da região renunciem a amizade que têm com o Mugabe que com eles marcharam nas mesmas fileiras no tal tempo em que os povos da região era tratados como bestas para carga, e por isso mesmo lutavam pelas suas independências ou pela erradicação dos regimes racistas. Não aceitam que os outros tenham os seus amigos e aliados, tal como eles os têm e nunca os abandonam em momento algum, como sabem defendê-los a todo o custo, como o têm feito em relação a Israel, não obstante esteja a ocupar há mais de 60 anos as terras palestinas, e esteja a matar todos os que são contra essa ocupação, tal como os EUA têm estado a matar todos os iraquianos que são contra a ocupação do seu país.
Como bem o diz Mugabe, os ocidentais pecam por negar aos outros povos, o que eles mesmo fazem, como quando eles teimam em manter os arsenais nucleares, mas já não aceitem que outros países as tenham também.
Como já disse num dos artigos, esta atitude do Ocidente de negar aos outros o que eles fazem e praticam com a maior das naturalidades, leva-me a compará-los àqueles mulherengos que não toleram que as suas esposas tenham também amantes. Eles podem se opor à vitória do Hamas, como à eleição de um Allende que acabaram apoiando a sua morte trágica pelo regime de Pinochet em 1973, para não implantar o comunismo no Chile, mas já Mugabe não pode se opor a ascenção ao poder de um partido que, para ele, ´´não é mais do que uma criação de Tony Blair e do seu aliado George Bush´´, para que seja alternativa aos seu governo, de modo a que promova no Zimbabwe os interesses da Grã-Bretanha e dos EUA.

PARA MUGABE O SEU PAÍS ESTÁ EM PÉ DE GUERRA CONTRA O OCIDENTE

O que poderá levar Mugabe a fincar os pés, e a optar por não ceder o poder que ainda detém, é que ele entende que o seu país está sendo alvo de duas guerras que visam derrubá-lo a si e ao se governo – que é a guerra económica, que se traduz em sanções do tipo bloqueio como se tem imposto a Cuba, e que, como se sabe, provoca a carência de quase tudo, e a guerra psicológica, que visa moldar um pensamento anti-Mugabe na mente dos zimbabweanos, para que pensem em função da perspectiva que o Ocidente quer que pensem.
Lendo o que Mugabe tem dito, tudo indica que ele acredita que o momento em que o país vive não permite que todos os zimbabweanos pensem e analisem tudo o que se está passando de modo lógico e correcto, daí que ele poderá preferir anular o resultado eleitoral, uma vez que parece estar convencido que se está em presença da tal maioria que não está correcta.
Aliás, pouco antes das eleições de 29 Março último, Mugabe já havia deixado claro que nunca iria entregar o poder à oposição, porque, para ele, esta mesma oposição foi criada de fora para agir como Pôncios Pilatos.
Ora, se para Mugabe tudo se resume numa guerra económica e psicológica, o mundo deve estar preparado a vê-lo lutar até ao fim, porque como se diz, os homens se tornam mais obstinadas e teimosas à medida que a sua idade avança. E Mugabe conta agora com a respeitada idade de 84 anos, o que certamente lhe permitiu ver tanta coisa boa e, acima de tudo, ruim, porque, infelizmente, é o que mais abunda no mundo, incluindo o insólito ocorrido nos EUA, em que Bush teve menos voto popular, mas que se apoderou do poder na sua primeira eleição, quando a maioria dos americanos havia optado por Al Gore. São estas e outras coisas que deverão levar o velho Mugabe a dizer no seu apurado inglês frases como esta: if Mr Bush did assume the presidency withouth having been voted for by the majority of his people, why should I not do the same as well, o que, em português, significa que ´´se o senhor Bush assumiu a presidência sem ter sido votado pela maioria do seu povo, porque é que eu não posso fazer o mesmo!Esta é a questão que se deve tomar em consideração pelos que acham que Mugabe deve entregar o poder ou reconhecer a derrota. Não é coisa fácil para ninguém, incluindo para os que se arvoram de pais da democracia. Que o diga Kibak e Bush que tiveram de dar o pontapé ao voto popular… Para mim, Mugabe é apenas um bom aluno do Ocidente. Para tal, basta ver como ele assimilou a língua inglesa.
gustavomavie@gmail.com

Nota: Para mim Gustavo Mavie se tornou suspeito de falar de Zimbabwe apartir do inconsistente artigo que escreveu na altura da cimeira Euro Africana quando se discutia a ida ou não de Mugabe a Lisboa, a presença ou não do Gordon Brown. Baseando-se numa sondagem da BBC muito mal interpretada, Mavie disse que se o Mundo votasse, Mugabe derrotava esmagadoramente a Brown. Neste artigo Mavie usa um exemplo quanto a mim ridiculo quando fala de Hitler.