sábado, 28 de março de 2009

O Santo padre e os “condoms”



O papa disse não aos perservativos, ou assim o entendemos?

quinta-feira, 26 de março de 2009

COMPARAÇÕES



Eu gosto de comparações. É que elas nos facilitam e complicam as vida, não simultaneamente é claro. Algumas comparações tem tudo de ridículo. É que não tem nada a ver. Dhlakama vs Obama. Alguém se lembra? MDM vs PDD/Deviz Simango vs Raúl Domingo. Essas são recentes.

“POBRE é igual LOMBRIGA. Quando sai da MERDA morre”.

Esta imagem caiu no meu Inbox com o título “ FRASE PROFUNDA E REALISTA”.
Se eu perguntasse oque é que de profundo essa frase tem, não estaria a negar que ela seja profunda. Estaria apenas a não querer precipitadamente assumir que entendo completamente a profundidade que o remetente viu nela. O mesmo exercício serve para o seu carácter REALISTA.
Sublinhei POBRE, LOMBRIGA e MERDA que me parecem ser as chaves para entender a comparação.

terça-feira, 24 de março de 2009

Para Mariazinha: Memórias de Tete(2)


Olha Mariazinha, essa coisa de memórias da infância é meio complicado sabias? Quando a gente “mexe o baú” custa muito parar, especialmente se tivermos bons amigos como a Micas que nos “espevitam” com suas próprias memórias e ou Bayano que nos pede para clarificarmos algo que ficou bem lá no tempo. Da Micas percebemos encorajados que a nossa infância não foi a única “temperada” de trapaças infantis. E isso “pacifica” a nossa adulta que vezes sem conta se ressente dos pecados dos tempos de criança.
Essa coisa de fazer amigos, muitos e bons amigos, doi na hora de deixá-los, especialmente se por algumas razão, temos quase certeza que cedo não os voltaremos a ver.
Mariazinha uma das coisas que me lembrei foi a festa de aniversário do Fifi. A messe estava bem em frente da residência do governador e o fifi estava na mesma turma com o meu Manuel. Os putos eram simpáticos e no aniversário nos convidaram para o lanchinho. Bem lanchinho é oque eu pensava que seria mas oh foi uma festança alegre de não esquecer. Foi naquele dia que conheci o “tio Muthemba” agora ministro das pescas, bem de perto.
Deixei Tete em janeiro de 1987 numa coluna militar com destino à Beira. Para trás ficavam amigos, muitos amigos. Se fosse hoje trocariamos números de celular, endereços de email, skypes e a comunicação continuaria como se não tivesse surgido distância alguma entre nós.
Antes de mim saiu o Ivo, assim que o pai, Sr. Mangue foi transferido. Coisa que criou tristeza na rapaziada do futebol. É com ele que iamos assistir em video as partidas do mundial de 86 com Diego Maradona a fazer das suas. Depois saiu o Dário, o Jojó, Abel, Gerson. Naqueles tempos, fazia-se a nona classe e seguia-se para outros cantos a continuar com os estudos. Hoje isso não é necessário Mariazinha, temos universidades em cada esquina do bairro.
A Fauzia fez contabilidade no Mártires de Wiriamo e foi trabalhar para no Hotel Kasuende. A Sandrinha sonhava ser professora. Não sei se conseguiu realizar o seu sonho.
O destino foi bom comigo. Voltei a me encontrar com o Nelson Jantar já na 25 de Setembro. Nelson formou-se na U.P e lecionou na 25 de Setembro onde tinha passado como aluno. Foi triste que ele tenha trabalhado um ano apenas. Uma crise respiratória levou-lhe do nosso mundo dos vivos. Rogo que a sua alma tenha achado o merecido descanso.
A bela Ângela, como fiquei a saber, fez direito e deve estar a julgar em algum distrito de Tete.
Mariazinha e o outro pessoal? Que será que é feito deles? Devem ser hoje uns senhores que nem nós. Dono de seus próprios narizes como se costuma dizer. Alguns devem ter se tornado grandes doutores. A vida é assim mesmo nem Mariazinha. Já imaginaste se podessemos hoje voltar a nos encontrar por baixo duma estreita amendoiera e discutirmos como trepá-la? Ou em volta duma maçaniqueira para sacudi-la? Já imaginaste Mariazinha?
Antes que me esqueça do pedido do Bayano, deixa voltar a falar um pouco do Mulamba. Primeiro dizer que em Nhúngue, Mulamba significa algo como “aquele/aquilo que nega”. Oque vim a saber é que muito tratamentos tradicionais em Tete envolvem proibição ao consumo de Mulamba. Queria ter ido mais ao fundo ter entendido melhor essa história de proibição mas tu sabes Mariazinha que naquela idade a gente não pergunta tudo não. Por exemplo quando me contaram que as mulheres grávidas não podiam assistir o Nhau porque ele tirava os fetos do ventre das mães, me deu vontade de perguntar oque o Nhau fazia com os fetos. Quando me disseram que a batata da Angónia não era saborosa porque lá eram fantasmas que cultivavam, e ou que o peixe do Chingale apodrecia com facilidade porque era pescado por gente morta, queria ter entendido melhor fazendo um monte de perguntas.
Mariazinha deixe-me ficar por aqui. Amanhã cedinho vou a cidade da Beira e espero trazer-te notícias.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Para Mariazinha: Memorias de Tete(1)


Oi Mariazinha! A semana passada terminou com as bodas de ouro da cidade de Tete, e eu não consegui não me lembrar dos dois anos(87, 88) que passei por lá. Memórias duma infância intensa.
Me lembrei dos meus tempos na escola secundária da Tete, das minhas rivalidades académicas com o Dário. Isso mesmo Mariazinha, o Dário Monteiro, esse grande futebolista. Ele tinha o monopólio da língua portuguesa e eu da matemática e nos irritavamos quando por um deslize alguém se dava melhor no campo do outro. Nossas brigas foram até ao fim do ano e só tivemos paz quando ambos fomos dispensados dos exames com expressivos 17 valores. Naqueles tempos Mariazinha a gente excluia, chumbava nso exames, não havia esse negócio de passagem automática não. Dário era amigaço no campo. Jogavamos ambos na equipa do bairro(Francisco Manyanga) e o puto era bom mesmo. Tinha muita fama por ter ido a Pyongyang naqueles negócios da OCRM(Organização Continuadores da Revolução de Moçambique) e treinar Tae kon Do. Saudades daqueles tempos!
Me lembrei da “Sandrinha Bonitona”, aquela minha vizinha de pele, tom escuro, ébano puro, bonita como sabor da maçanica. Filha duma D.F(Destacamento femenino) muito respeitada na Messe Militar. Sandrinha gostava que gostassem dela e eu não me importava com isso. Como eu gostava quando iamos juntos à escola Mariazinha! É que fingíamos que eramos um do outro sabe? Iamos brincando de namorados e a malta da escola pensava que eu era o dono da Sandrinha. Ai se eu fosse! Tal como ficou propalado na Messe, Sandrinha me achava muito inteligente e por uma razão muito simples. Sabia toda Messe Militar que o Major Frank vinha transferido do Maputo e assumiram que ele e toda sua prole eram naturais de Maputo, falavam changana e nada mais. Quatro dias depois da nossa chegada a Tete, fui “supreendido” a negociar o preço de massimbe(carvão) com uma velha vendendora, usando para comunicação um “sena” disfarçado em “nhungué”. Só um machangana inteligente, muito inteligente mesmo, podia em quatro dias aprender o complicado nhungué. Quando mais tarde se soube que de Maputo só tinhamos uma curta passagem(um ano) já todo mundo me chamava de inteligente. As vezes penso Mariazinha que bem por outras razões eu era mesmo inteligente.
Lembrei-me das tardes de Sábado e Domingos quando pulavamos o muro do campo de Desportivo para assistir às partidas do campeonato provincial. Eu torcia pelo Estrela Vermelha do Nicolas mas admirava a dupla Zé Maria & Nazaré do Chingale, naquele bonito azul amarelo doado pela Danida. Para além do Chingale, Desportivo, Estrela Vermelha, Matchedje que eram da cidade de Tete, ainda vinham o Feroviário e a Carbomoc de Moatize, e a HCB do Songo. Do futebol íamos directo ao Kudeca. Quem queria perder os K.K(Kucha Kanema)? Quando não tivéssemos dinheiro, nem nos importavamos de empoleirar-se em seja lá oque fosse para vermos as sessões. É nisso que o Cine Esplanada KUDEKA(ser bonito) era nice. No 333 era dinheiro ou estar fora, não havia alternativa.
Me lembrei dos dias que iamos pescar no Zambeze. É que as vezes o calor apertava e não pensavamos duas vezes para dar um mergulho bem dado nas fresquinhas aguas do Zambeze. E quem disse que nos lembrávamos das várias histórias dos famosos “Nhankokos” do Zambeze ?
Me lembrei das caçadas de passarinhos. Quantas vezes sem perceber passamos pelo Nhartanda todo e fomos parar ao Mpadué? As vezes nos mandavam ao Chimadzi para comprar peixe fresco do Zembeze. Foi por lá que passei por um dos momentos mais embaraçosos da vida. Saudades do mucage(peixe mune-mune) de Quelimane me fizeram comprar o “mulamba” que é Tete é um peixe que não goza de muitas simpatias. Para chegar a casa fresquinho como saira do rio tratei de leva-lo fora de qualquer sexto ou coisa semelhante. Quando um grupo de crianças foi me seguindo “a takula Mulamba”, “a takula Mulamba”(está levar Mulamba), percebi que algo estava errado com o peixe. Depois que me explicaram que em Tete os jovens não comem Mulamba fiquei num embaraço terrível.
Mariazinha me lembrei do Nhau(a dança) e das histórias assustadoras a volta dele.
Mariazinha, me lebrei da maçanica, malambe a granel. Me lembrei do calor sufocante. Me lembrei de interessantes dois anos que embora distantes fazem parte desse meu eu de hoje.
Parabens Tete pelos teus 50 anos. Parabens tetenses pelos 50 anos da vossa amável cidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

OS PECADOS DO MDM : Génese Patológica


O MDM (Movimento Democrático de Moçambique) ou "Moçambique Deve Mudar" como lhe tenho chamado “caiu na boca do povo” e como caiu ! Imediatamente depois da sua constituição fui de “cruzando” com uma verdadeira “chuva” de reações naturalmente pró e contra. Quando pensei que assim que a semana findasse, desvaneceria a “fumaça” toda, eis que uma nova “vaga” de comentários igualmente pró e contra se levanta, desta vez relacionados especificamente ao périplo de Simango às Europas.
Quando “ouvi” de Edson Macuacua que o MDM tinha uma “génese patológica” tratei de entender oque isso significa. Acredito que pode se atribuir vários significados ao que Macuacua disse mas para a minha característica simplissidade significa apenas “ começo doentio”.
Entre os elementos que me parecem “ajudar” Edson Macuacua a “diagnosticar a patologia” do MDM está o facto de grande parte dos seus membros terem saido da Renamo. Aqui parece que não importa analisar as circunstâncias em que esses homens e mulheres se filiaram à Renamo. Não importa igualmente olhar para o seu desempenho político durante i tempo que estiveram na Renamo, o seu papel dentro da Assembleia da República. Não interessa olhar pelas razões que ditaram a sua saida(expulsão em alguns casos) da Renamo. Me parece que basta terem sido membros da Renamo e terem passado para MDM para estar garantido o fracasso do MDM. Outro aspecto que Macuacua aponta e que custa “engolir” é essa coisa de dizer que o MDM vem “temperado” de espirito vingativo. Se nos lembrarmos das circunstâncias que ditaram a expulsão de Deviz Simango da Renamo e tivermos em conta a forma estrondosa como derrotou a Renamo e a Frelimo, o bom senso nos obrigaria e nos perguntarmos de quem se vingaria Deviz Simango(Frelimo, Renamo)? E porque? Eu pessoalmente não vejo porque um victorioso como Deviz Simango se vingaria da Renamo especialmente numa altura em que a Renamo por conta própria vai “caindo aos pedaços”.
Bem, indo a procura dos “pecados” do MDM, o principal seria esse de, incluindo o líder, ser constituido por desidentes da Renamo. O segundo e não menos importante estará o facto de Simango ter ido à Europa, antes de divulgar o MDM no Moçambique real, “onde se ganham os votos”. Como me tenho referido comentando em alguns blog, não tenho muita certeza que o MDM não estaja já a ser divulgado no Moçambique real. Tive a opurtunidade de assistir à Assembleia constitutiva do MDM e vive compatriotas do distante distrito de Namoroi e do isolado distrito de Chinde da minha Zambézia. Mesmo que esses todos sejam igualmente desidentes da Renamo, não sei como foram “contactados” e trazidos à Beira por Deviz Simango e não sei oque estão fazendo agora que voltaram aos seus distritos.
Bem vou ficar por aqui mas antes dizer que visitei o site do MDM (http://mdmwiki.wetpaint.com), ainda em contrução gostei da ideia. Se é que eu estava a “colecionar” algumas diferenças entre o MDM e os partidos já existentes, a ideia desse site é uma das diferenças. Me pareceu bem aberto. Tenho certeza que lá estará exposto não só oque é agradável ao ouvido, mas um pouco de tudo, até os discursos “azedos” dos adversários. Vale a pena dar uma visitinha e enriquecê-lo.

sábado, 14 de março de 2009

Mais Uma Carta para Mariazinha: O Tempo Voltou


Olá Mariazinha!
Esta semana, por dois motivos, o tempo voltou para trás, desconta e redudância Mariazinha ok? Para frente é que o tempo não voltaria, hehehehe!
Nessa mania de querer estar informado, bem informado, leio tudo de jornal que anda por ai. Leio até o escandaloso O Público que apesar de eu já ter chamado atenção ao director, continua a fazer das suas, chegando ao ponto de fazer oque se pode considerar, “burla ao leitor”. Na edição do O País, cruzei-me com o Adelson Rafael(académico), na sua brilhante análise “custos-eficácia” em torno do HIV-SIDA. Adelson, Sony ou simplesmente Xuxa é um velho camarada dos tempo da escola. Quando corria o ano 91 formamos um grupo de seis ou simplesmente “the six” composto por Gabriel(Djilo), Azol, Calvarinho(Vavá), Livingston(eu), Adelson(Xuxa), Isabel(Inha). Era um grupo selado por uma grande amizade. Composto pelos “cérebros” da turma em diferentes disciplinas, mentes criativas e as vezes, como bem se pode imaginar, responsáveis por grandes bagunças próprias da idade. Crescemos, e o destinho se encarregou de nos separar os caminhos. Foi bom me reecontrar com o Adelson. Do O País fomos a internet e dai passamos para a Mcel. Trocamos contactos e recebi do Adelson a autorização para publicar no “nosso mundo” as suas análises.
Outro motivo que fez voltar no tempo foi o 11 de Março. Data em que cinco anos atrás partiu para sempre o meu pequeno Manuel. Um ano mais novo que eu de irmãos restava-nos muito pouco, é que a nossa irmandade era totalmente ofuscada pela profunda relacção de amizade que tinha sido edifacada ao longo dos tempo. Depois que Manuel partiu nunca consegui ter alguém com quem me podesse “despir” como podia com ele. Havia entre nós uma confiança tal que podiamos falar de tudo de forma mais crua possível. Isso me mata de saudade. Muita saudade desse miúdo, que de mais novo só tinha a idade no B.I. De mim Manuel admirava a capacidade de lidar com as pessoas nas suas mais diferentes diferenças(ooops, que repetição!) e eu admirava a sua capacidade de organização. Manuel era incrivelmente organizado. Para lhe “provocar” eu costumava dizer que “Manuel vivia adiantado”. Que saudade!
Bem o tempo não só voltou atrás. Essa semana foi também de muitas reacções em torno do MDM. Mariazinha tem gente que quer que esse partido traga mudanças em Moçambique. Tem gente que quer que ele morra antes mesmo de nascer e há muita emoção na hora de analisar as coisas. Questionei algures por exemplo se “Pondo de lado oque o MDM pode ser olhando pelas circunstancias a sua volta, alguem podia me dizer com "franqueza masculina". Oque gostariamos que o MDM fosse?
Bem Mariazinha, Deviz Simango foi à Europa “vender” o MDM e lhe “atiraram pedras”. Alguns acham que antes de ir à Europa, Simango devia ter percorrido o vasto Moçambique. Eu pelo contrário acho que pelo vasto Moçambique já estão percorrento os 60 membro do conselho nacional e os restantes delegados do MDM à Assembleia Constitutivamas enfim cada um pensa como quer não é mesmo?
Oh Mariazinha escrevo-te a escassos minuto da partida para a vila da Gorongosa. Arancou o torneio de abertura e hoje desafiaremos os rapazes da ONP depois de na semana passada termos derrotado e convencido os meninos do Estrela Vermelha por expressivas quatro bola a uma. Logo que eu poder te contarei como foi.
Abraços

quinta-feira, 12 de março de 2009


Adelson Rafael(na foto) é um velho camarada dos velhos tempos da 25 de Setembro em Quelimane. Ai que saudade da CAJEPU(Clube do Amigos da Escola Pré-Universitária), do AMIZA(Amigos da Zambézia) e o resto. O tempo se foi, o destino se encarregou de nos separar e recentemente nos cruzamos primeiro no diário O País, depois na internet e finalmentente na Mcel( Estamos Juntos). Adelson assina uns textos de análise que achei interessantes e com sua permissão trago os hoje para o Meu(nosso) Mundo. Vou aqui publicar os três que tenho “available” e quem sabe todos os outro que ele for escrevendo:

TEXTO I
ABUSO SEXUAL DA RAPARIGA NA EDUCAÇÃO: COMEÇO, MEIO E SEM FIM!
Adelson Rafael (Académico): adelson.rafael@gmail.com

São vários os factores que contribuem para a disparidade de género na escolarização em Moçambique, sendo factores com respeito a própria escola e outros de natureza sócio cultural. Há a destacar nos factores sócio culturais, o assédio e abuso sexual das raparigas protagonizados pelos professores e alunos contra as raparigas na escola.

A despeito da visibilidade que o abuso sexual da rapariga na educação tem alcançado nos meios de comunicação actualmente, a discussão sobre estratégias de combate parece tímida e não faz parte, consistentemente, das esferas do sector da educação em Moçambique. Há registro de programas amplo de combate ao abuso sexual da rapariga na educação. Nesse sentido, destaca-se a Campanha Nacional Contra o Abuso Sexual da Rapariga na Educação, que teve o lançamento no dia 19 de Agosto de 2009, através de eventos de carácter público em diversos pontos do país com objectivo de consolidar a rede de organizações que trabalham em prol da causa da Rapariga; Colocar o problema do abuso sexual na agenda pública; Aplicar a legislação existente (leis e regulamentos); e Reforçar a legislação existente em matéria do abuso sexual.

O abuso sexual não é apenas uma violação da integridade física e emocional da rapariga, mas também um obstáculo para o alcance do terceiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, que preconiza a eliminação das disparidades de género e empoderamento da Mulher, visto que o abuso sexual ou a ameaça de abuso sexual contribui para desencorajar a continuação dos estudos pela rapariga. Moçambique comprometeu-se a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Este compromisso encontra-se reflectido na sua estratégia de redução da pobreza, Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), bem como nas políticas e planos da educação e estratégia nacional sobre género.

A importância da implementação da campanha deriva da necessidade de inverter a situação do nosso país em função das evidencias constantes em diversos estudos realizados sob a temática de abuso sexual da rapariga. Muitas vezes, a compreensão do problema é metade da solução. Todavia, é evidente que são necessários melhores dados quantitativos e análises qualitativas mais aprofundadas para se obter uma imagem mais completa da natureza e gravidade do problema, pois a carência de estatísticas dificulta o estabelecimento de passos a seguir após a implementação de diversas iniciativas e esforços desenvolvidos em prol da equidade no acesso a educação.

Em 2003, o Ministério da Educação emitiu um decreto (Despacho 39/GM/2003) realçando a importância dos valores da educação e da moral na escola, reiterando consequentemente a proibição de os professores manterem relações sexuais com as alunas, mas é vedada a frequência para o curso diurno, nos níveis elementar, básico e médio do sistema nacional de educação, às alunas que se encontrem em estado de gravidez, bem como os respectivos autores, caso sejam alunas da mesma escola, o que a priori, sendo uma norma positiva, cria, ao mesmo tempo, um obstáculo a promoção da equidade de género na educação. Está claro o que é preciso fazer para acabar com o abuso sexual da rapariga na educação. Também está claro quem deve liderar o processo e assumir as tarefas. E acima de tudo, sob meu ponto de vista, o que esta mais que claro é a necessidade de unir esforços – no discurso e na pratica – para garantir o fim do abuso sexual da rapariga na educação.

Na ausência de maior coerência e harmonização, os esforços correm risco de não serem suficientes para acabar com o abuso sexual, pois são necessárias acções – distintas, porem, porem relacionadas – para o alinhamento dos programas, campanhas, das politicas, das estratégias visando a união em favor da equidade de género na escolarização em Moçambique. Há falta de “criatividade” no nosso seio para enfrentar com coragem esta questão, pois Moçambique necessita dum debate amplo, construtivo e informado de preferência em fóruns públicos onde a liderança governativa deve confrontar factos que poderá ajudar a minimizar os impactos adversos que o abuso sexual poderá impor ao País.
Qualquer esforço de acabar com o abuso sexual da rapariga na educação com base apenas nos valores culturais (crenças culturais, atitudes e práticas prejudiciais) não pode ter qualquer viabilidade dada a nossa natureza multi – cultural e multi - étnica. A capacidade e habilidade de um determinado Governo em reagir a um determinado problema que de certa maneira prejudica o desenvolvimento humano, pois os benefícios sociais da educação são reconhecidos universalmente, com intervenções mais criativas e adaptadas a uma realidade torna-se um imperativo, sendo a partir dessas intervenções, que se tem de algum modo, a avaliação ao nível do empenho político que o Governo coloca o problema na agenda nacional, tendo em linha de conta as pretensões em atingir a educação universal para raparigas e rapazes e a equidade de género ate 2015.
Uma protecção legal efectiva é parte integrante de um ambiente para encurtar a distância que devemos percorrer para a ocorrência das nossas pretensões da equidade de género. A ausência de um quadro legal adequado ao abuso sexual agrava a vulnerabilidade e aumenta a probabilidade de se ver negados vários direitos para alem dos estritamente associados a Mulher. Os direitos da Mulher constituem uma parte inalienável, integrante e indivisível dos Direitos Humanos. Recomenda-se ao Governo Moçambicano proceder à revisão de um plano de acção nacional para a prevenção da violência, abuso e exploração da mulher e da criança do sector da educação a fim de garantir que a equidade de género seja reflectido e garantir a fiscalização da implementação real do referido documento, pois o actual quadro legal demonstra ser insuficiente quanto as disposições legais requeridas, e é ao Estado que, como principal responsável pela garantia dos direitos ao abrigo da lei internacional, compete, estabelecer e reforçar instituições efectivas para o seu cumprimento.

As reformas do passado são criadoras de oportunidades para novas melhorias, as quais requerem mais reforma que sejam criadoras de mais oportunidades para outras melhorias, e assim sucessivamente. É, no entanto, claramente necessária uma maior consciência desta questão entre alunos, professores, directores de escola, conselhos de escola e comunidades.

Importar ressaltar que diversos documentos orientadores são claros na intenção do Governo Moçambicano no alcance da equidade de género, sendo necessário para tal, a materialização dessas intenções, com destaque para:

(a) Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II) 2006 – 2009:

Visão e Desafios do Sector da Educação e Cultura (Pagina 87):

“Os benefícios da Educação, sobretudo da rapariga, vão para alem do indivíduo e tem um enorme efeito multiplicador para toda a sociedade na esfera social, económica e de participação na vida politica da Comunidade. Cada nível de educação tem o seu valor para o desenvolvimento social e económico”

“Género: Assegurar a equidade no EP1 através da melhoria do acesso, a permanência e segurança dos rapazes e raparigas na escola através de acções concertadas com os diferentes actores para reduzir os índices de casos de abuso sexual nas escolas…”

(b) Agenda 2025, Visão Estratégica da Nação (Versão Condensada):

Na descrição do cenário desejável as aspirações sobre o futuro da nação no que se refere ao capital humano faz menção do seguinte (Pagina 27):

“A educação e a formação da Mulher é determinante neste contexto, como profissional e dado o carácter insubstituível do papel como Mãe, dirigente, e educadora das novas gerações. Para ela cumprir, cabalmente, o seu papel social e de cidadã, deve ser-lhe dada oportunidade permanente de aceder a conhecimentos e praticas de modo a manter-se actualizada e a estar preparada para apoiar aqueles que dela dependem”.

Entretanto, a simples enunciação formal das intenções de reduzir os índices de casos de abuso sexual nas escolas, não lhe confere automaticamente a sua efectivação. Isso depende de acções dos três poderes: do Legislativo, na adequação da legislação nacional; do Executivo, na elaboração de políticas públicas efectivas voltada para os direitos das mulheres; e, por fim, do Judiciário, na protecção dos direitos das mulheres, valendo-se, inclusive e muito especialmente, dos tratados, pactos e convenções internacionais de protecção aos direitos humanos, para fundamentar suas decisões5.

Se o caminho pelo qual seguimos no combate ao abuso sexual da rapariga na educação ate hoje não nos levou a local nenhum, mudemos de caminho. E, se for preciso mudar de novo, façamos. Não importe quantas vezes erremos, o que importa é o quanto estamos aprendendo com o nosso erro.
Os desafios que prevalecem no combate ao abuso sexual da rapariga na educação, para alem de um quadro legal efectivo, requerem uma abordagem holística e multidisciplinar, pesquisas e estatísticas, com coordenação e alinhamento entre todos os intervenientes para que seja mais eficaz e eficiente.




TEXTO II
PROGRAMAS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: TRAINDO AS MULHERES, NEGANDO A PROTECÇÃO!
Adelson Rafael (Académico): adelson.rafael@gmail.com

Num programa de saúde sexual e reprodutiva, a concepção de direitos reprodutivos vai além da assistência à saúde sexual e reprodutiva. Abrange diversos direitos humanos, individuais e sociais, que devem interagir para o pleno exercício da sexualidade e da reprodução. O debate envolve questões como: (a) Igualdade entre os géneros quanto às responsabilidades contraceptivas e reprodutivas; (b) Acesso a métodos contraceptivos e assistência ginecológica; (c) liberdade sexual e reprodutiva.
A urgência e a emergência que o combate ao HIV e SIDA suscita, atendendo que as iniquidades de género estão por detrás do índice de contaminação que se tem verificado, urge abordar proactivamente as causas ou raízes. Programas sobre saúde sexual e reprodutiva da Mulher, devem, a luz do confronto com o HIV e SIDA, abrir caminhos para iniciativas mais holísticas e abrangentes, bem como direitos sexuais. Para tal, deve-se consolidar a ideia de que uma boa intervenção requer necessariamente a promoção e adopção de praticas e valores de saúde sexual e reprodutiva mais consentâneas com a realidade social e científica.
Evidencias mostram que as mulheres são biologicamente mais vulneráveis ao HIV e SIDA que os homens, uma vez que elas tem uma maior superfície das membranas das mucosa expostas aos vírus durante a relação sexual.
Moçambique situa-se entre os oito países com maior taxa de prevalência estimada de HIV em adultos com idade produtiva. Dados de vigilância epidemiológica de 2007 mostram que a prevalência de HIV em Moçambique é de 16,2 %, duas vezes superior à da média subsahariana de 7,2 por cento. Prevê-se que as taxas de esperança de vida e mortalidade infantil, bem como as estruturas da população no país se deteriorem rapidamente devido ao HIV/SIDA, descendo a esperança de vida para 36 anos em 2010, em vez dos 50 anos projectados para uma situação sem HIV/SIDA, se medidas adequadas não forem tomadas para controlar a pandemia. Os óbitos causados por SIDA poderão, até esse ano, resultar em 626 mil órfãos maternos e/ou paternos de 0-17 anos de idade.

A propagação da infecção pelo HIV e programas de saúde sexual e reprodutiva precária são determinadas por muitas causas de raiz comum, incluindo a desigualdade de género, pobreza e marginalização social das populações e grupos mais vulneráveis. Fortes ligações entre programas e serviços de HIV e de saúde sexual e reprodutiva, com esforço especial para atingir os mais excluídos do acesso aos serviços de saúde e de outra natureza, resultarão em programas mais relevantes, mais rentáveis e de maior impacto.

Muito se tem aprendido em relação como controlar melhor a propagação da epidemia. A prevenção do HIV levou a redução da incidência da epidemia das infecções pelo HIV. Contudo, estas iniciativas não foram levadas a escala necessária para produzir um impacto significativo na incidência ao nível de Moçambique. A tarefa é remover montanhas. Mas, como ensina o provérbio chinês: Uma jornada de mil milhas começa com um único e simples passo. E ao nível de programas de saúde sexual e reprodutiva isso foi dado, em algum momento com a introdução de um programa para adolescentes e jovens, implementado com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População e a Pathfinder Internacional em parceria com os Ministérios de Saúde, Juventude e Desporto, Educação e Cultura desde 1999, que versa sobre três componentes a saber: (a) Componente clínica, conhecida como SAAJ (Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens); (b) Componente escolar; e (c) Componente Comunitária.

Vergonhosamente, no âmbito de todas as iniciativas de combate ao HIV, bem como em programas de saúde sexual e reprodutiva, tem-se lamentado da vulnerabilidade das mulheres à infecção por HIV, mas durante mais de quinze anos, os implementadores dessas iniciativas deixaram sem proveito uma tecnologia que pode ajudar as mulheres a proteger. O preservativo feminino é o único método iniciado pela mulher que proporciona a protecção contra a infecção por HIV; ele previne igualmente a gravidez não desejada. O preservativo feminino, apesar de ser a melhor alternativa para a mulher se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis, pouco é procurado por falhas de promoção. Face a isto, pode-se correr o risco de afirmar que os poucos preservativos femininos usados no nosso país são – no por fazer parte de tímidas campanhas de promoção.

O preservativo feminino foi projectado e fabricado inicialmente pela Female Health Company, e é um método contraceptivo de barreira sob forma de uma bolsa de poliuretano que se ajusta na vagina que protege contra várias doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Quando o preservativo estiver em posição durante a relação sexual não há nenhum contato da vagina e da cérvice com a pele do pênis ou suas secreções e pode ser inserido até 8 horas antes do sexo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONUSIDA encorajam a introdução do preservativo feminino como método de prevenção e como mais uma ferramenta.

Uso e eficácia – O preservativo feminino é forte, macio, transparente, e tem uma camisa que tem 17 centímetros de comprimento, com um aro flexível em cada extremidade. O preservativo é inserido na vagina antes da cópula, e fornece protecção tanto contra a gravidez como contra as ITS, incluindo o HIV/SIDA. O aro interior na extremidade fechada do preservativo, ajuda no processo de inserção, como igualmente segura o dispositivo no seu lugar durante a cópula, enquanto que o aro mais macio permanece fora da vagina.

Acesso – Desde 1997, o preservativo feminino foi introduzido em mais de cem países. Contudo, o número de preservativos distribuídos em cada ano, continua ainda reduzido. O acesso aos preservativos femininos em muitos países tem sido limitado, em parte devido aos mitos e concepções erradas que têm limitado o investimento pelos governos e doadores internacionais. Por sua vez, esta falta de investimento manteve desnecessariamente elevado, o custo unitário dos preservativos femininos.

De acordo com o estudo de “M. Warren & A. Philpott, Expanding safer sex options: Introducing the female condom into national programmes. Reproductive Health Matters, 2003, 11 (21): p. 130-139” menciona como factores chaves para garantir a introdução bem sucedida do preservativo feminino: (1) um foco na formação para os provedores e os educadores de pares, (2) uma comunicação cara-a-cara com as potenciais utilizadoras, no sentido de equipá-las com informações e habilidades, (3) um público alvo identificado, (4) um abastecimento constante do produto, (5) um período prolongado de avaliação para medir o seu uso efectivo, além da fase inicial de admiração por uma coisa nova, e (6) uma mistura de distribuição pelos sectores público e privado. Em último lugar, é decisivo envolver uma gama de decisores, gestores de programas, fornecedores de serviços, líderes comunitários, grupos femininos e juvenis.

Muitas vezes a Mulher é vista como um objecto de desejo e que a legitimam socialmente como dependente do Homem e que a impedem de negociar a prevenção da relação sexual. As decisões sobre a tomada de decisões no contexto das relações familiares, como o uso de anticonceptivos, tamanho das famílias, fecundidade são determinadas por quem controla os recursos económicos na família. Apesar da ausência de qualquer outra forma de protecção iniciada pela mulher, e de aumentos sem precedentes em financiamento para a resposta ao HIV, os preservativos femininos continuam inacessíveis, permanecendo a sua contribuição inexplorada. Os estudos demonstraram que ele é aceitável às utentes, aumenta a proporção de relações sexuais protegidas e, é eficaz em termos dos seus custos quando proporcionado como acréscimo aos preservativos masculinos. As respostas ao preservativo feminino por parte dos decisores espelham os motivos frequentes para não usar um preservativo masculino: respostas formadas pela ignorância, cultura, negação da realidade, pois o preservativo feminino responde à necessidade de segurança conforme expressada pelas mulheres que se sentem dominadas pelos homens nas suas vidas sexuais, e pelas mulheres que dependem dos homens para a escolha do meio de protecção. O fraco ou nulo poder de negociação feminino tem sido um dos factores que tem feito com que o número de mulheres infectadas ou seropositivas não pare de aumentar mesmo estando estas cientes dos riscos que correm em relações sexuais não protegidas e a estrutura dos genitais femininos não contribuem muito para que estas tenham prazer sem riscos.

O que é percebido como uma questão de procura, de facto é uma questão de oferta. A expansão do acesso aos preservativos femininos é atrasada não do lado dos utentes, mas antes, no início da cadeia: a quantia de dinheiro que o governo e outras instituições não governamentais tais como organizações não governamentais (nacionais e internacionais), agencias das nações unidas e agencias bilateral se encontram dispostos a investir na compra de preservativos femininos, no apoio a programas promoção de preservativos femininos e investir em estratégias para diminuir o custo de preservativos femininos as utentes.

Mulheres, joguem com os vossos trunfos! Se na hora da negociação não conseguirem se impor, usem a única alternativa para a mulher se proteger quando um parceiro não quer usar preservativo masculino: o preservativo feminino pois o poder de decisão na hora do sexo, que é uma escolha de vida, ainda está em nossas mãos. Se unam e façam campanhas de dimensão nacional para a promoção de preservativos femininos.


TEXTO III
COMBATE AO HIV E SIDA EM MOÇAMBIQUE: ANÁLISE DE CUSTO E EFICÁCIA QUE SE PRECISA
Adelson Rafael (Académico): adelson.rafael@gmail.com

Moçambique situa-se entre os oito países com maior taxa de prevalência estimada de HIV em adultos com idade produtiva. Em 1990 o número de casos era escasso, mas foi paulatinamente subindo, tendo atingido 8,2% em 1998, 13,6% em 2002 e 16,2% em 2004. Dados de vigilância epidemiológica de 2007 mostram que a prevalência de HIV em Moçambique é de 16,2 %, duas vezes superior à da média subsahariana de 7,2 por cento. Prevê-se que as taxas de esperança de vida e mortalidade infantil, bem como as estruturas da população no país se deteriorem rapidamente devido ao HIV/SIDA, descendo a esperança de vida para 36 anos em 2010, em vez dos 50 anos projectados para uma situação sem HIV/SIDA, se medidas adequadas não forem tomadas para controlar a pandemia.

A partir de Maio próximo, pela primeira vez, Moçambique vai realizar o Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre HIV e SIDA (INSIDA), que vai abranger cerca de 17 mil pessoas dos 0 aos 64 anos de idade, em aproximadamente 6.300 agregados familiares a serem visitados em 270 áreas urbanas e rurais distribuídas por todas as províncias do país. É um inquérito comunitário que tem como objectivo o estudo do HIV no país e os resultados deste inquérito permitirão ao Governo moçambicano conhecer melhor a situação do HIV/SIDA no país, o que vai ajudar a melhorar as acções de prevenção e combate da doença.

A realização do Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre HIV e SIDA (INSIDA), constitui uma oportunidade única do Governo Moçambicano obter evidências para efectuar uma análise de custo e eficácia no combate ao HIV e SIDA, tendo em consideração que, prevalência de HIV em Moçambique mostra, uma significativa tendência para aumentar, reflectindo fraca eficácia no combate ao HIV e SIDA.

Apesar da prevalência de HIV em Moçambique mostrar uma significativa tendência para aumentar, são poucas as estimativas sobre o custo das intervenções do governo e outras instituições tais como organizações não governamentais (nacionais e internacionais), agencias das nações unidas e agencias bilateral no combate ao HIV e SIDA em Moçambique, que de certa forma não permite aos fazedores de politica tomar decisões informadas sobre a dotação de recursos a ser a locado na prevenção, tratamento, cuidados médicos, apoio e cuidados domiciliários, bem como em esforços nacionais de monitoria.

De acordo com “Presentation of Main Findings of NASA (National Aids Spending Assessment -
Avaliação Nacional de Despesas da SIDA) for period 2004 – 2006” efectuada no dia 17 de Marco de 2008, no Hotel Avenida em Maputo, organizações internacionais baseadas em Moçambique gastaram um valor estimado em 204.120.637 USD em HIV/SIDA entre 2004 e 2006, a saber, no ano de 2004 (38.876.362 USD), no ano de 2005 (46.712.364 USD) e no ano de 2006 (81.230.830 USD), sendo que a despesa anual de HIV/SIDA aumentou de aproximadamente 48 milhões de USD em 2004 para 96,6 milhões em 2006, e a parcela da despesa interna pública em HIV/SIDA duplicou durante o período reportado, passando de 7.326.297 USD para 14.301.520 USD. Duma forma resumida diria, que muito dinheiro tem sido canalizado para o combate ao HIV e SIDA em Moçambique sem gerar o efeito desejado, visto que a simples canalização de fundos ao combate ao HIV e SIDA, não lhe confere automaticamente a diminuição da tendência da prevalência da doença.

Não obstante, a qualidade e eficácia da ajuda ao desenvolvimento de programas do HIV e SIDA deixa a desejar. Algumas agências continuam a operar fora do quadro estratégico global dificultando de certa maneira a contabilização dos fundos financeiros a locados no combate ao HIV e SIDA.

A análise de custo – eficácia é um instrumento importante no processo de estabelecimento de prioridades na planificação estratégica. Na sua resposta à epidemia de HIV e SIDA, os responsáveis pela tomada de decisões devem conhecer os custos e as consequências das iniciativas propostas num programa de HIV e SIDA para aproveitar melhor os limitados recursos.
Para melhor entender a importância que representa a análise de custo – eficácia no combate ao HIV e SIDA, vamos partilhar conceitos básicos que de certa forma poderão ajudar na compreensão. De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e SIDA (ONUSIDA), existem quatro técnicas principais de avaliação económica, que se distinguem umas das outras pelo método de determinação das consequências. Essas técnicas são as seguintes:

• Análise de custos: medem-se os custos e se calcula o custo médio ou o custo acrescido;

• Análise de custo eficácia: mede-se o impacto utilizando indicadores relacionados com a mudança na situação sanitária;

• Análise de custo - benefício: os impactos da intervenção traduzem-se em termos monetários para obter um rácio;

• Análise de custo - utilidade: o impacto mede-se atendendo aos ganhos em anos de vida ajustada à qualidade (AVAQ) de uma pessoa.

Urge efectuar uma análise de custo – eficácia dos principais programas de combate ao HIV e SIDA em curso, tendo em conta a importante carga de morbilidade que pesa sobre Moçambique, uma nação com poucos recursos, a necessidade de eficácia a baixo custo é fundamental. Há muitos factores que contribuem para as decisões acerca da distribuição de recursos. Entre eles figuram os problemas da sensibilidade, aceitabilidade, equidade e eficiência. Nesse caso, a análise custo – eficácia pode ser usada para identificar estratégias e métodos de implementação eficientes por meio da comparação dos custos e consequências das actividades alternativas.

Se o caminho pelo qual seguimos no combate ao HIV e SIDA em Moçambique ate hoje não nos levou a local nenhum, mudemos de caminho. E, se for preciso mudar de novo, façamos. Não importe quantas vezes erremos, o que importa é o quanto estamos aprendendo com o nosso erro.

O Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS) como agência estatal responsável pela gestão do financiamento e coordenação da resposta nacional à epidemia do HIV/SIDA, tem a responsabilidade primaria da realização de uma analise de custo eficácia dos vários programas (Níveis nacional, provincial e distrital) que estão a ser implementados pelas instituições governamentais, organizações da sociedade civil, parceiros multilaterais, bilaterais e de fundações específicas. Em alguns casos, as prioridades e abordagens ao HIV e SIDA são ditadas pelas políticas exteriores a partir das capitais dos doadores no lugar de ser através da realidade no terreno. Muitas das fontes de financiamento continuam fora dos mecanismos de financiamento comum, sendo que a análise pode proporcionar respostas a algumas das perguntas mais frequentes, como as que se seguem:

• Como se devem a locar os recursos financeiros entre as necessidades paralelas dos programas de luta contra o HIV e SIDA?

• Que tipo de combinação de serviços pode tirar o melhor proveito do orçamento disponível?

• Será melhor investir recursos numa intervenção em vez de outra?


Portanto, a análise de custo - eficácia pode responder se um programa determinado é eficiente e comparativamente eficiente, e se não vale a pena implementar ou continuar uma intervenção de instituições governamentais, organizações da sociedade civil, parceiros multilaterais, bilaterais e de fundações específicas, visto que o grau de eficácia na utilizado de recursos financeiros a locados, determinará o efeito da epidemia do HIV e SIDA nos próximos anos.

De referir, que a eficácia com que os recursos para o combate ao VIH e SIDA em Moçambique são usados deveria depender do desenvolvimento de sistemas capazes de absorver, transferir, gastar e justificar grandes aumentos em financiamento. Há um perigo real de que grandes aumentos em financiamento possam desviar recursos de outros sectores de desenvolvimento ou de outras partes do sistema nacional de saúde que já enfrenta falta de recursos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

MDM(Moçambique Deve Mudar): Reacções (III)


Continuam a chegar reacções em torno do surgimento do MDM e reacções às reacções. Apartir dos discursos que tenho estado a ouvir(ler),
vindo da Frelimo e renamo, me sinto forçado a acreditar(?) que nenhum desses dosi partido esta por ai preocupado com o surgimento do MDM. Até porque essa “tranquilidade” dos até agora maiores partidos políticos de Moçambique, é quando a mim bem natural, basta me lembrar que a luta pela democracia(?) promovida por um(Renamo) e as alterações constitucionais levadas a cabo por outro(Frelimo) previam o surgimento de muitas outras forças políticas. Tenho no entanto me perguntado se não deviam esses dois ex-beligerantes se preocuparem com o surgimento do MDM nos moldes em que surge e com a peculariedade que lhe parece característica.
A Renamo por exemplo não terá sua imagem afectada junto do eleitorado se tivermos em conta que grande parte dos membros do MDMsairam da Renamo nas circunstâncias em que sairam?
A Frelimo tem na MDM um “adversário” a quem diferentemente da Renamo não pode atribuir nenhum “pecado” passado ou presente pelo estado das coisas. Tenho para mim que em alguns casos a Renamo era penalizada( a Frelimo sabia usar isso) pelos resultados da guerra dos 16 anos. Os que viveram na pele a brutalidade e as atrocidades da guerra, dificilmente “engoliram” o discurso “luta pela democracia” e os “prejuízos” recairam em grande medida a Renamo. Tenho ouvido e frequentemente o MDM sendo comparado à ao PDD, PADEMO, FUMO etc, comparação “injusta” como já ouvi algures.
Bem se eu fosse Frelimo ou Renamo juro que me preocuparia sim e muito como surgimento do MDM, e não perderia nada com isso pelo contrário me colocaria numa posição de vantagem se tiver em conta que essa preocupação bem “quantificada” me levaria a tomar acções necessárias. Mas não sou de um nem de outro por me deixo ficar por aqui.

terça-feira, 10 de março de 2009

MDM(Moçambique Deve Mudar): Reacções(II)

Achei no Blog do Ilustre historiador Egídio Vaz(http://ideiasdemocambique.blogspot.com), um post(PARA QUE NAO SEJA CUMPLICE) com a qual acho que me identifico. As minhas inquietações podem até fazer com que me ponham no grupo dos que são contra o surgimento do MDM mas tenho tentado deixar claro que “ há que ter muita calma nessa hora”. Asseguir vai o texto de Egídio Vaz que vale a pena ler com “cabeça fria”:


"Sobre o MDM de Daviz Simango
Há dois assuntos que, apesar de suscitarem em mim um interesse especial, sempre receei comentá-los, pelo menos publicamente. O primeiro foi o processo eleitoral americano, que culminou com a eleição de Barack Obama. Pelo menos considero-me um dos que em Moçambique, acompanham de perto e de forma apaixonada a política americana estando deste modo, numa posição privilegiada para formar uma opinião a propósito. Porém não o fiz. O outro foi o processo eleitoral autárquico nacional e a reeleição de Daviz Simango. E já agora a formação do MDM. Sobre o último ponto, não resisti. Farei hoje o meu comentário que de certeza vai contra aquilo que muitos dos que publicamente se expressam esperam deste movimento.
Para já, faço-o hoje por um motivo especial: Para que não seja cúmplice da história.

I Sobre Daviz Simango e sua carreira Política
Serei sucinto, apenas para aproveitar a oportunidade para felicitá-lo pelo sucesso alcançado nas últimas eleições municipais. Daviz é dos poucos políticos que, à semelhança de Eneas Comiche, conseguiu, em Moçambique granjear a simpatia, reconhecimento e respeito pelo trabalho feito. Por isso mesmo, na cidade da Beira, o povo o reelegeu.
Esta vitória doeu a duas pessoas principais: Lourenço Bulha, que agora acaba de ser crucificado e Afonso Dhlakama que pela primeira vez na história da sua gestão danosa foi deixado sozinho por grande parte dos seus poucos quadros.
Daviz Simango inicia-se na política quase desconhecido; sem nenhuma obra política de referência, para além de ser irmão de Lutero, antigo presidente do PCN e filho de Urias Simango, fundador do tal partido que Lutero e outros “espertos”decidiram dissolver para se filiarem à Renamo, na vã esperança de um dia renderem Afonso Dhlakama na liderança do partido. Daviz Simango permaneceu na Beira e fez o trabalho. Tirou a Beira da lista dos maus nomes para lança-la no patamar de boas cidades do Mundo; de cidades com uma liderança forte.
A ascensão política de Daviz fez com que muitos o invejassem, principalmente dentro da Renamo; uma tradição fomentada pelo seu líder. Por isso, apesar do sucesso e da credibilidade governativa que trouxe a favor da Renamo, Daviz não logrou apoio interno. Por um lado, Afonso Dhlakama que se sentia ameaçado, uma vez que comentadores, analistas e outros curiosos avançavam o nome de Daviz como seu sucessor ideal. Porque ele é tão alérgico e paranóico a esse tipo de informação, tratou de fazê-lo a cama de forma mais desajeitada e tacanha. Por outro, a verticalidade e coerência com que tratava os seus pares da Renamo fez com que colhesse a tempestade, já que Daviz não se compadecia com quaisquer práticas nepotistas ou partidárias no âmbito da gestão do Município.

II Da Vitória
A Vitória de Daviz Simango na Beira deveu-se mais a um fenómeno político muito interessante: por um lado ao apresentar-se como vítima de um grupelho de espertos e mal-intencionados que lograram enganar Dhlakama para a seu desfavor indicar Manuel Pereira, Daviz conseguiu assim salvaguardar e ao mesmo tempo apelar à emoção de grande parte das bases da Renamo e dos “swing voters”.
Por outro, ao apresentar um bom trabalho ao longo dos últimos anos evidenciado pelo vários prémios e menções honrosas no exterior do país, Daviz conseguiu por em causa e assim tornar-se imune às quaisquer iniciativas de contra-ataque e de jogos baixos, postos em marcha antes, durante e após a campanha eleitoral. O povo esteve com ele e o protegeu.
Porém, esses dois factos não podem como é óbvio, subestimar a excelente campanha eleitoral, uma campanha do tipo novo, onde se evidenciava o enfoque na mensagem, no programa de governação e não no insulto, calúnia e difamação. Creio que para a esmagadora maioria dos beirenses, a ideia central por detrás do apoio prestado a Daviz era punir Dhlakama por ter sido comprado pela Frelimo – recorde-se por exemplo, as declarações de Faque Ferraria, gravadas pelo telemóvel.

III Do Partido recém-nascido
A tónica geral em torno deste novo movimento é bem conhecida. São poucas as pessoas que vieram a público expressar seja suas dúvidas quanto a viabilidade ou qualquer outro tipo de oposição. Nisto, nota positiva vai a Afonso Dhlakama que apenas limitou-se em dizer que o partido MDM não ofuscará a imagem da Renamo. E nem de outro partido – acrescento.
Porém, no meu caso, se pelo menos não estou contra a formação deste partido, estou outrossim o céptico quanto a sua viabilidade. Sou dos pouquíssimos que não acreditam no futuro do partido neste momento pelo facto de ele ser constituído por pessoas (1) desertores de outros movimentos, maioritariamente da Renamo - facto não novo se tivermos em conta o apogeu e declínio do PDD de Raúl Domingos, que, diga-se abono da verdade, que não acrescentou nenhum valor à nossa democracia – facto que muito irá contribuir para a continuação dos mesmos erros de gestão e governação político-partidária. O PDD mais uma vez pode nos ilustrar com exemplos claros sobre a forma como estava centralizada a governação e gestão partidárias. A razão é muito simples: grande parte deles nunca estiveram expostas a outras realidades de gestão, a não ser a experiência do velho Dhlakama, como carinhosamente gosta de ser chamado; (2) como políticos, individualmente, a maioria não acrescenta nenhum capital ao do Daviz. Alguns dos deputados da Renamo que se fala estarem prestes a se filiarem ao partido de Daviz, foram candidatos esmagadoramente derrotados nas últimas eleições autárquicas, outros, não conseguiram se quer contribuir com uma única palavra, no debate de ideias da Assembleia da República. Por último (3) parece-me que grande parte dos que aureolam Daviz, estão tão obcecados pelo partido em si, de tal sorte que suspeito desconhecerem da verdadeira realidade que lhes espera. Pensam em última instância, que basta a fama de Daviz e a aceitação que possui na Beira, para que a mesma se irradie pelo país adentro. Parece-me a mim, terem feito uma leitura superficial e algo apaixonada da base social que os apoia para projectarem homoteticamente à realidades tão distantes das que se vive na Beira e Maputo, por exemplo. E em última instância, Daviz Simango deixou-se enganar por grupos de políticos emergentes que procuram um lugar ao sol à custa da sua imagem.
Para dar mais luz ao que escrevia antes, vamos dar alguns exemplos:
Lutero Simango, irmão do Daviz, liderou o PCN ao longo do tempo em que viveu. Acabou dissolvendo-o para se juntar a Renamo. Portanto, Lutero é por definição um calhau; um político falhado e sem visão. Mesmo assim, está nos círculos dos que aconselham Daviz.
Agostinho Ussore foi por muitos anos, digamos uma década, principal Assessor de Afonso Dhlakama. E sabemos qual tem sido o desempenho deste ao longo dos anos.
Maria Moreno perdeu vergonhosamente em Cuamba, uma pequena vila do norte de Moçambique, quando em Novembro passado concorreu pela Renamo.
Máximo Dias, que apoiou a formação deste partido, dissolveu o seu MONAMO há anos, tendo-o transformado numa organização não-governamental.
Carlos Jeque, que também apoiou a formação do Partido, foi candidato várias vezes vergonhosamente derrotado a todos níveis. Nacional e Autárquico!
A dita “ala intelectual” não tem nenhuma inserção política a nível das bases. Ninguém os conhece, aliás o povo não os conhece, apesar de se lhe reconhecer o grande contributo para o aprimoramento do debate público e das leis.
Quanto a outros políticos e intelectuais que agora aureolam Daviz e lhe dão muita força e dinheiro inicial, a minha experiência manda dizer que esses irão fugir-lhe muito brevemente, à semelhança de Pedro, que disse não conhecer Jesus Cristo, quando os Judeus o haviam capturado e posteriormente conduzido ao Calvário. Aconteceu com Raúl Domingos que muito antes de fundar o PDD, tinha o seu IPADE. Este Instituto, tinha muitos “quadros” que o acompanharam até a fundação do PDD. E, coincide serem os mesmos que ora acompanham a criação do MDM!
Um partido político que se ergue e se sustenta na base de desertores é um partido sem fundações sólidas. E será difícil elaborar mensagens frescas que inspirem confiança no eleitorado.

IV Do Eleitorado
Como anteriormente vinha escrevendo, acho inoportuno a criação de mais um Partido Político só porque alguém, neste caso Daviz, “está a ser pressionado pelas bases”para agir nesse sentido. Há três elementos que quanto a mim fundamentais e a ter em conta no quadro político nacional
a) Sustentabilidade financeira: Em África e em Moçambique em especial gerir um partido é uma tarefa bastante difícil, principalmente em relação às finanças. Muitos dos partidos que temos em Moçambique são financeiramente inviáveis. E essa inviabilidade financeira é proporcional a irrelevância política, porque não redistribui. Um partido político com dificuldades financeiras dificilmente conseguirá levar a cabo reuniões regulares, pagar funcionários e fazer passar suas mensagens ao público. Dificilmente conseguirá redistribuir. Temos muitos partidos que nasceram, incluindo o PDD, que não equacionaram este elemento. Temo-los neste momento, moribundos; inactivos e aparentemente acéfalos. Espero que o MDM saiba gerir melhor os seus recursos;
b) Eleitorado: Sendo a maioria que constitui a grupo forte deste novo Movimento proveniente da Renamo, está claro que quem sai a perder numa primeira fase é a própria Renamo. E não a Frelimo, apesar de constituir para este uma ameaça. Todos os movimentos políticos que nasceram e estão morrer, muito dificilmente conseguiram ao longo de anos, ganhar novos membros. E como tenho dito, em Moçambique o partido ganhador deverá ser aquele que conseguir convencer o eleitorado oscilante, eleitorado apartidário, aqueles cidadãos que olham com desconfiança a vida e os partidos políticos. Se Daviz conseguir fazer aquilo que conseguir fazer na Beira, de certeza que irá suplantar a hegemonia da Renamo nas próximas eleições. Será que conseguirá? Vejamos a alínea seguinte.
c) O MDM é um partido que nasce na cidade. Sabendo que a maioria da população vive no campo, qualquer partido ganhador deverá captar a simpatia destes. Portanto, logo à partida, o MDM nasce em desvantagem; digamos, sem pernas. Precisará de erguer algumas próteses para poder competir com a Renamo e a Frelimo e PDD, seus principais adversários. Conseguirá Daviz inverter esta desvantagem?
d) A dimensão do tempo; preparação para a “travessia no deserto”: a experiência recente mostra que muito dos sonhos que nascem nas cabeças dos nossos políticos na verdade não sonhos embaçados numa visão de estado e da nação, mas antes, ambições mesquinhas, temperadas por alguns tiques de inveja, rancor e vingança. O perfil dos principais actores envolvidos na fundação do partido de Daviz Simango anuncia uma grande dificuldade de a breve trecho o MDM poder ter a sua própria identidade. Ao explorar em demasia as suas clivagens com a Renamo e Dhlakama em particular, receio que este partido venha a perder mais tempo a justificar a razão do seu divórcio com a Renamo e seu líder do que necessariamente a proposta de linhas de governação alternativos e viáveis. Grande parte dos actuais líderes do MDM está ávida em isolar Dhlakama do que necessariamente formar e consolidar um partido político. Em última instância, esses não estão conscientes das dificuldades que lhes esperam: a travessia no deserto como eu gosto de chamar, constitui o conjunto de adversidades sociais, económicas, profissionais e políticas que os membros do partido irão experimentar antes de chegarem lá. Refiro-me as consequências de ser membro do MDM em Moçambique: exclusão social, económica, cultural e profissional a que alguns dos membros irão sofrer. Uns perderão os seus empregos, outros verão seus negócios falidos por falta de uma ou outra forma de subvenção, ainda outros perderão seus cargos. O partido passará por grandes crises financeiras, organizacionais e até políticas. Conseguirão os seus membros resistirem à tentação de “voltar a esta casa” ou outra com não aconteceu com tantos outros membros da Renamo e PDD? Ponto que quero marcar não tem nada a ver com o desencorajamento. Antes pelo contrário, como pessoa que testemunhou deserções e capitulações de pessoas que hoje encorajaram Daviz Simango a formar seu partido, receio que as mesmas o venham abandonar quando deles mais precisar! Será que será desta vez que Lutero Simango não mudará de partido? Será desta vez que Lutero Simango não irá convencer o irmão a fundir com a Renamo, preferindo uns interessantes corta-matos? Será que é desta vez que Máximo Dias se convenceu que o país precisa de mais um partido e não mais uma ONG como o defunto MONAMO?
A impressão geral que prevalece é de que estes não conseguirão suster longos anos de espera e trabalho aturado para que um dia venham lograr o que pretendem agora.

V Havia alternativa?
Muitos deverão pensar que Egídio Vaz é contra a emergência de partidos políticos em Moçambique. Porém, uma coisa deverão ter em conta antes de me lançarem arremessos.
Uma estratégia ganhadora não se compadece com correrias e oportunismos fugazes
O tempo é propício. Os que lutaram lado-a-lado com Daviz nas últimas autárquicas, acham que fizeram muito. E a sua experiência deveria se replicar ao nível nacional. Apareceram ajudas aqui e acolá, e mais ajudas foram prometidas. Daviz é o Jet-Set do momento. Acham, enganando-se uns aos outros, que isso permanecerá assim. Se Dhlakama e Guebuza entrarem em cena, será tarde e descobrirão que entraram num ringue de escalão maior! Perguntem ao PDD, PIMO e PT ou os respectivos líderes. E porque a maioria dos componentes do partido andam apressados em ocupar os lugares das Assembleias Provinciais e da República nos próximos pleitos eleitorais – saberão quão longe estão e a vertigem da desmoralização será proporcional àquela que motivou a formação do MDM.
Política não é tudo. Ficar em casa ou fazer outra coisa seria outra solução viável
Não acho correcto que pessoas que se querem idóneas andem a mudar de partidos toda a hora; ou andem a fundar novos movimentos. Manuel Alegre concorreu como independente nas últimas presidenciais em Portugal. Perdeu dignamente. Nem por isso decidiu formar o seu partido; muito menos saiu do PS! Permaneceu lá; mesmo ostracizado. Porém, continua uma das referências mais importantes para a democracia portuguesa. Do lado oposto, está Manuel Monteiro, que tendo perdido em directas com Paulo Portas, fundou o seu partido. Hoje esse partidinho passa-se despercebido n xadrez político nacional.
Dhlakama não é Renamo. Um dia ele deixará o poder. Por bem ou por mal ou, havia motivo para formar Partido?
Faltou paciência ou é gula e ambição demasiada, temperada com tiques de vingança e megalomania da parte dos fundadores do MDM. Acredito que Dhlakama um dia irá deixar o poder. Acredito também que quando esse dia chegar, PDD e MDM irão desaparecer para de novo se fundirem em um só. Porque na verdade, esses dois movimentos são apenas versões da Renamo. O dia em que as três versões forem revistas, ter-se-á afinal uma única Renamo. Portanto, esse todo esforço em vão é desnecessário e atrapalha a política e o desenvolvimento da democracia verdadeira que pretendemos. Se os homens pudessem por algum tempo pensar no povo, veriam que a formação de mais partidos por membros vindos da Renamo apenas fragiliza a própria Renamo e a Democracia e aumenta cada vez mais as probabilidades de a oposição passar a desempenhar um papel de acessório no actual xadrez político. Se Daviz depois de ganhar as eleições cuidasse apenas do seu emprego juntamente com seus colaboradores; se Raul Domingos e outros se dedicassem a outras actividades e não à criação de outros movimentos políticos; se os deputados expulsos fizessem outra coisa...talvez tivéssemos uma outra realidade. Existem várias outras formas de como contribuir para o fortalecimento da nossa democracia. E parece-me que os actuais políticos e estes que vão formando novos partidos, apenas contribuem para distorce-la.

VI Saídas
Bom, uma palavra de esperança para os que ainda acreditam na viabilidade do MDM. Três opções se lhes reservam:
Tornar-se um partido pequeno. Redimensionar-se e definir o seu espaço inicial para actuar politicamente por forma a racionalizar os esforços, recursos e enfoque. Para tal, tinha que definir centro do país como sua área de actuação, numa primeira fase.
Dotar o partido de um discurso radical e mensagens focalizadas a um determinado tipo de audiência. Nas actuais condições, o MDM devia deixar de pensar de forma mastodôntica e centrar o seu discurso nos jovens, especialmente nos centros urbanos, onde pode lograr alguma aderência dada a própria natureza do seu surgimento.
Daviz Simango deverá a partir de agora, começar a formar o seu partido e a sua equipa de trabalho. A actual comissão política é uma farsa; há gente que na verdade manda de fora, e são exactamente essas pessoas que poderão levá-lo à maneta se lhes prestar ouvido. Quando era estudante, há um professor que me dizia assim: se queres ser bom na minha cadeira, por favor, não procure um repetente para te resolver o exercício ou preparar lições. Ele passará o tempo todo ou a te amedrontar, ou a te falar da sua experiência (falida). Rodei-te de pessoas novas, frescas; e busque-as noutros lugares. Mas não na Renamo ou Frelimo...please. "

MDM(Moçambique Deve Mudar): As Reacções


O Movimento Democrático de Moçambique nasceu no último final de semana e de lá para cá tenho me “cruzado” com as mais variadas reacções. Enquanto uns acreditam piamente no sucesso do MDM, outros juram de pés juntos que a nova formação política é um verdadeiro “nado morto”. Apesar de serem claramente opostas, essas reacções me parecem se fundamentarem em algo bem comum a saber APENAS UM FORTE DESEJO. É que não encontrei ainda argumentos suficientemente forte para os que vão acreditando(desejando) que o MDM seja a grande impulsionadora das mudanças que Moçambique precisa, outros igualmente sem argumentos convicentes, afirmam que o MDM é um falhanço.
Eu cá no meu canto, vou me esforçando para não profetizar cegamente o sucesso ou fracasso do MDM. Vou me distanciando dos dois grupos e fico nos questionamentos:

• Tem o MDM algum projecto político concreto para Moçambique? Tendo qual é?

• Em que se defere esse projecto do dos outros partidos já existentes incluindo Frelimo e a Renamo?

• Que mudanças concretas o MDM pretende trazer em Moçambique?

• Até que ponto os membros/apoiantes do MDM tem consciência dessas mudanças?

• Tendo consciência das mudanças, até que ponto estão preparados para os desafios que essas mudanças poderão apresentar?

• Endo em conta que o MDM nasce num “season político” peculiar, e
olhando para o facto de grande parte dos seus membros/apoiantes serem “desertores” da Renamo, em que medidas essas circunstâncias(tempo do surgimento, origem dos membros/apoiantes) determinará a sua natureza e agir político?

• Que vantagens e ou desvantagens colherá o MDM dos ex-membros da Renamo e suas experiências político partidárias?

• Olhando para seu tempo e desempenho dentro da Renamo, que contributo se pode esperar desses ex-membros da Renamo?

• Se acreditarmos que deixaram a Renamo por conta da “intransigência” de Dhlakama, o que lhes faz acreditar que Deviz será diferente?

• Tendo em conta que o próprio presidente do MDM é um ex-membro da Renamo(expulso), que relações Renamo – MDM se podem esperar?

• Conhecendo o tratamento que os partidos da oposição tem recebido da Frelimo, que relações MDM-Frelimo se podem prever?

• Tendo em conta as leis existentes no país e aplicáveis para o caso, terá Deviz Simango que renunciar a presidência do Município da Beira para se candidatar a Ponta Vermelha?

• Se esse for o caso quem ficará no seu lugar e que critérios serão usados para sua indicação? Será indicado ou eleito por votacao?

• Terá essa pessoa o mesmo apoio que Deviz tem da parte dos Munincipes da Beira?

• Estará em condições de levar a bom porto os projectos que Deviz Simango tinha para a cidade da Beira?

• Tendo em conta que o apoio que Deviz Simango recebeu na sua candidatura independente, para a presidência do municipio da Beira deveu-se ao seu reconhecido desempenho na gestão do municipio da Beira, será que todos que apoiaram a Deviz vão igualmente apoiá-lo numa eventual candidatura às presidenciais?

• Ficou quase provado com números que nem todos membros/apoiantes que votaram na Frelimo nas últimas eleições autárquicas na Beira votaram igualmente no seu candidato Lourenço Bulha, dai acreditar-se que alguns membros/apoiantes da Frelimo preferiram apostar em Deviz Simango em detrimento do candidato do seu partido. Até que ponto apartir desse raciocínio pode se acreditar que haverão membros/apoiantes de Frelimo a apostarem em Deviz Simango e no MDM em vez da Frelimo?

Bem, vou ficar por aqui embora eu tenha muitos outros questionamentos. Que fique claro que eu quero, desejo ardentemente que o MDM seja diferente de tudo que já vimos de ruim nos partidos que existem. Desejo sim que o MDM se torne forte e capaz de se tornar a alternativa para uma possivel alternância governativa em Moçambique. Moçambique e a sua democracia precisa de algo novo e eu estou apostando em MDM. Quero muito mas sei que o meu querer não basta, não faz acontecer as coisas. Feliz ou infelizmente o não querer dos que não querem é igualmente fraco. Não é em si só capaz de determinar o curso das coisas.

domingo, 8 de março de 2009

O MDM( Moçambique Deve Mudar)



O MDM( Moçambique Deve Mudar) deixou de ser uma possibilidade. Foi no último fim de semana constituido. Pela frente resta trabalho. Quem por alguma razão, não queria que o movimento se tornasse realidade, já nada pode fazer.
A convite dum amigo aqui da Blogosfera, tive a opurtunidade de assistir à sessão do Sábado onde entre outras actividades, tomaram posse o presidente, os 60 membros do conselho Nacional, os 9 da Comissão Política, e os 5 do Conselho de Jurisdição.
A sala estava lotada de gente de todos os “tipos”, vinda de todos cantos de Moçambique. Ismael Mussá, Ivete Fernandes, Maria Moreno, Carlos Reis fazem parte de alguns dos rostos conhecidos que vi entre os presentes.
A sessão abriu com uma oração proferida pelo pastor Ndlovu. Na sua oração o pastor falou das sucessões bíblicas, Moisés-Josué e David-Salomão. Achei interessante.
Das duas ou três vezes que Deviz Simango, presidente do partido se fez ao pódio, e das poucas palavras que dirigiu, as palavras, ESPERANÇA e MUDANÇA, foram repetidas vezes suficientes para que eu as retivesse.
Ainda no sábado devia ter sido eleito o Secretário Geral, mas Deviz disse e bem, que precisaria de algum tempo(dois meses) para estudar os quadros que o MDM tem de modo a eleger um secretário geral de “esperança” e capaz de trazer “mudança”. Essa atitude me faz acreditar que Deviz não é tão precipitado nas coisas, nem se deixa levar completamente pelos outros, como já se disse por ai.
Um dos momentos que me marcou foi quando se lançou o “1 metical para mudar Moçambique” a campanha de angariação de fundos para o movimento. Nos próximos dias será aberta uma conta bancária onde quem estiver interessado poderá depositar seu apoio monetário ao movimento. Alguém na sala decidiu dar um “ponta pé de saida”, inciativa que foi aderida por quase todos. Com canticos e danças, os presentes foram contribuindo e no final já existiam mais de quatro mil meticais, valor que será usado para abertura da conta bancária. Para apresentar-se a população, realizou-se um comício na Munhava.
Tendo estado lá, tendo vivido alguns momentos eufóricos dos presentes, olhando para “natureza” e origem de grande parte dos membros do MDM, fico conversando comigo mesmo:

• Devo acreditar que todos os que se ajuntaram ao MDM estão movidos pela vontade de fazer a diferença? Ou há que o tenha feito por inconfessáveis interesses pessoais?

• Devo acreditar que todos eles se identificam com os objectivos do MDM? Ou há quem nem se interessou em saber porque o MDM surgiu?

• Devo acreditar que estão todos dispostos a pagar o preço que for exigido? Ou na hora de “fazer o serviço” vão pular fora?

• Devo acreditar como Dhlakama que o MDM não mudará nada no Xadrex político de Moçambique. Ou mudanças de grande vulto estão a caminho?

• Devo acreditar que o MDM será a alternativa que me vai garantir alternância? Ou a semelhança dos PDDs em companhia vai “morrer” dentro de dias?

• Devo acreditar que o MDM “assusta” a Frelimo/Renamo? Ou estão bem tranquilos?

• Devo acreditar que exista quem esteja interessado na “morte prematura” do MDM? Ou que todos são a favor?

Enfim, vamos deixar os dias correr, vamos deixar o bebe dar os primeiros passos. Vamos?
Queria muito que o MDM criasse um sítio na internet. Um sítio não daqueles que ficam séculos sem actualização, mas um sítio activo no verdadeiro sentido da palavra, onde não só nos dessem a conhecer o dia dia do partido mas também podessemos de alguma forma, interagir com os diregentes do partido nos diferentes níveis. Um sítio onde houvesse debate franco, crítica honesta. Haveria de existir alguém sério e totalmente comprometido que se encarregasse de “manter vivo” esse sítio. É de coisas como essa que penso que falo de “pagar preço”.

quinta-feira, 5 de março de 2009

DO CHITENGO ONDE MORO: carta para Mariazinha XIII


Oi Mariazinha!
A gripe se foi. Tinha que ir.
Amanhã é Sexta feira Mariazinha, e já tenho certeza que não poderei escrever-te, por isso aproveito o breve sossego de hoje. Volto a Beira.
Olha, tenho umas novidades para ti. Arancou hoje a reunião para a constituição do MDM. Lembro-me de já ter-te falado dele. Como te disse doutra vez, se fala muito em volta desse novo partido e se fala de forma diferente. Hoje por exemplo dei-me por uns companheiros que trocavam ideias em torno do assunto. Quando assim acontece dá para perceber as tendências. Questionavam uns, porque o MDM já nasce com um líder(Deviz Simango), se não deveria o líder, ser eleito dessa tal reunião constitutiva. Outros em resposta, achavam que muitos grandes partidos nascem em volta duma figura. Achavam ainda que o facto de Deviz já ser o líder não fosse grande problema desde momento que não o fosse para todo o sempre(vitalício) isso sim. Há quem chegou ao ponto de questionar com quantos candidatos a presidência a Frelimo tem partido para suas eleições internas. Penso Mariazinha que nessa hora conta muito o consenso.
Tenho um convite para participar na tal da reunião e queria muito estar lá desde o princípio(hoje). É que não queria me limitar a ouvir de longe. Queria conhecer as pessoas que estão a frente do MDM, ler-lhes as intenções i emoções. Queria escutar-lhes os pensamentos, enfim queria estar lá para depois saber bem oque dizer acerca do MDM.
Mariazinha há ânimos exaltados demais, há quem age como que movido de um desespero que não vejo motivo. Há que espera que o MDM não vá longe. Há quem acredita piamente nesse movimento, há quem o desacredita totalmente. Há comparações com a Frelimo, Renamo, PDD e sei lá que mais.
Eu queria estar nessa reunião porque sinto que essa MDM ainda vai dar muito que falar(escrever) e vendo-lhe o embrião seria muito bom para lhe entender os passos que seguir seja lá para que direcção for.
De acordo com os estatutos Mariazinha(proposta de estatutos), “O Movimento Democrático de Moçambique é um Partido Político, de carácter permanente, constituído com objectivo fundamental de participar democraticamente na vida política do País e de concorrer para a formação e expressão da vontade política dos cidadãos, intervindo em processos eleitorais, mediante a apresentação de candidaturas próprias ou por si apoiadas.
Mariazinha, é quanto a mim, bom que o MDM não tenha os olhos postos na Frelimo nem na Renamo, mas em Moçambique(Moçambicanos), Seria pequeno demais se o sonho, como parece ser na mente de alguns apoiantes, fosse de destronar a Frelimo ou se vingar da Renamo seja lá oque isso significasse. O sonho tem que ser Moçambique. Mudar a história desse país e do seu povo sei lá oque isso significa Mariazinha. Achas que estou sonhador?
Bem deixemos isso para lá.
Outra notícia que preciso compartilhar contigo tem a ver com a suspensão de Lourenço Bulha e seu elenco e sua substituição até às eleições, por uma brigada central. Mariazinha em todos os cantos onde li a notícia não vinha expressa a razão por detrás dessa decisão. Se me perguntasse Mariazinha, eu responderia sem pensar, que se pretende “ Imprimir uma nova dinâmica”. A nova conjuntura política exige “sangue novo” e blá, blá... mas o meu lado especulador não me deixa descansado. Apesar dos erros que cometeu nas especulações anteriores ai vai ele.
Se só Bulha tivesse sido suspenso talvez não fosse coisa grande mas ele e o elenco me faz pensar que é coisa muito séria. Se torna bem seria ainda quando fico a saber que a equipa é substituida ainda que interinamente por uma brigada central e de peso. Bem, se fosse coisa pequena bem que a Frelimo não se importaria em apresentar as razões por detrás da medida, mas nessas horas toda prudência é pouca sabes Mariazinha.
Bem, vou ficar por aqui. Vai torcendo que eu possa estar na reunião do MDM nem que seja so no Sábado.
Abraços do Chitengo.
P.s: Mariazinha Morreu Nino Vieira penso que já ouviste.

domingo, 1 de março de 2009

Almerino Manhenje: Inocente ou Culpado?

Mariazinha quer saber se acho Manhenje culpado ou inocente. Não tenho argumentos para achá-lo uma ou outra coisa, alias essa tarefa cabe ao tribunal. Não tenho bases para estar do lado de quem o acusou de 49 crime nem do lados de quem o despronunciou de 48 dos 49 crimes, mas tenho algo por dizer em torno do assunto e ai vai:

Olha Mariazinha vamos directo ao assunto. Não tenho argumentos suficientes para responder como gostarias se Manhenje é culpado ou Inocente.
Se Manhenje é culpado ou inocente como me perguntaste, apenas o tribunal poderá “sem equivocos” dizê-lo, para tal teremos que procurar conter os nossos ânimos já exaltados, e esperarmos dolorosa e pacientemente que o processo siga os seus tramites legais.
Se contudo quiseres saber dos 48 crimes dos quais foi “felizmente” despronunciado, vamos lá falar, tem que estar no entanto bem claro que o assunto é complicado, especialmente para mim, se tiveres em conta que de leis entendo quase nada , mas tambem a gente não precisa ser perito seja lá em que for para emitir nossa opnião. É claro que é bom quando nossas opniões estão alicerçadas em conhecimentos mínimos nos assuntos em questão.
Tenho que te lembrar que quando Almerino Manhenje foi preso lá vão uns bons mêses, houveram muitas e bem diferentes reações que vale a pena tentar lembrar. Uns reagiram de forma cuidadosa, pensada e bem alicerçada enquanto que outros, fazendo uso das famosas “teorias 4x4” como o grande Patrício Langa chama à mania de ter “explicações” ou teorias para tudo incluindo o inexplicável, descarregaram oque lhes iam na alma
Os sedentos de justiça(a maioria), “festejaram” a prisão, achando-a inédita. Pela primeira vez, diziam, alguém do tamanho de Manhenje, ia a cadeia. Tal como eu(que não entendo das leis), muitos desses sedentos de justiça, não estavam nem ai para as leis. Contrariamente às decisões anteriores, confiaram dessa vez total e cegamente na decisão do Ministério Público.
Outros encontraram na prisão de Manhenje e os companheiros, um motivo para depositar mais votos de confiança em Augusto Paulino. Era segundo estes, sinais evidentes de que Augusto Paulino era a escolha certa, pois estava realmente comprometido em combater toda e qualquer falcatrua perpretada seja lá por quem fosse.
Joaquim Chissano o Ex-PR achou absurdo, um “excesso de zelo” que Manhenje tivesse que ser preso, pois segundo ele, a semelhança de Jakob Zuma, Manhenje podia e muito bem em liberdade, responder pelo que tivesse que responder. Lembrar-te que essa posição de Chissano valeu-lhe duras críticas pois houveram os que acharam que Chissanos estava a “defender” e seu ex Super ministro.
Os mais atentos, e felizmente dotados de conhecimentos de leis, chamaram atenção a quem quis ouvir, que Manhenje e os companheiros não podia nem deviam ser tratados como culpados pois o não eram até que se provasse. Ao lidar com o caso(investigar), nãose devia procurar apenas elementos que os culpabilizasse mas também os que os inocentasse. Usaram até a bem conhecida “ vale mais um criminoso solto que um inocente preso”. Quem quis ouvir ouviu.
Houveram os que movidos dum cepticismo característico, acharam que o gesto, era só para “o inglês ver”.
Olho hoje para todas essas reações e chego a triste conclusão que estavam todos, de alguma maneira certos.
Bem, Mariazinha, Manhenje foi acusado de 49 crimes pelo MP, baseando-se em argumentos que infelizmente desconheço e o Juíz Octávio Chuma baseando-se em argumentos que igualmente deconheço, não o pronunciou em 48 deles. Já que nunca cheguei a saber em que se baseiou o MP para acusar Manhenje de 49 crimes, como fico agora que igualmente não sei em que se baseou o juíz para despronunciá-lo em 48 desses crimes?
Se eu me aliar aos que "precipitadamente" dizem que o MP agiu precipitado na acusação, fico mesmo mesmo na precipitação. A procuradoria mandou prender Manhenje sem ter investigado ao fundo. Isso me assusta. Se um ex-ministro pode ser preso sem mais nem menos, coitado do pacato cidadão! Coitada sobretudo, da nossa procuradoria que a torto e direito, por tudo ou nada pode prender a quem bem lhe der na tola.
Se eu acreditar que o MP não teve materia para prender Manhenje, fico no perigoso mundo da especulação. Se Manhenje não cometeu os crimes que lhe acusaram, se não havia indícios porque o acusaram? Lhe inventaram os crimes?
Tenho que te lembrar Mariazinha que andou um tal de auditoria, “encomendada” pelo actual ministro do interior, José Pacheco, e sempre acreditei que os resultados dessa auditoria eram a base dessa história dos bliões desviados. Tenho agora que desconfiar até dessas auditorias que andam por ai.
Mariazinha é um caso complicado como já disse. No fim do dia é o sistema todo que fica “marimbado”. Me perguntaria por exemplo, se o MP sem investigar como devia acusou Manhenje de 49 crimes, porque eu devo acreditar com toda segurança que o juíz que o despronunciou dos 48 não caiu no mesmo erro a saber, não investigou como devia?
Agora Mariazinha, falta mesmo Manhenje processar aos que mancharam o seu bom nome e para tal bastava pegar a decisão do juíz. Quem sabe ai o MP aprenderia a ser mais cuidoso da próxima que tiver que acusar em quer que fosse.
Olha espero ter dito oque acho do caso. Eu vou ainda pacientemente esperar pois sei que o caso ainda vai dar muito que escrever.
Abraços.
P.s: A gripe me esta deixando. Estou a tomar uns preparos de mel que são uma maravilha.