segunda-feira, 27 de abril de 2009

O PNG VAI ABRIR!

A época turística no PNG abre oficialmente já no dia 30 de Abril. Para a abertura estão programadas entre outras actividades, as habituais cerimónias tradicionais para “acalmar” os espíritos Chitengo. Há que acalmar sim os leões em que alguns deles(espíritos Chitengo)se transformaram.
Enquanto isso, nós que somos da casa já vamos furtivamente desfrutando as beleza dessa bela Gorongosa.
O mato esta verde, verdinho, vistosamente verde. Apetitoso para os bichos que dele se alimentam. A visibilidade dos bichos está contudo meio difícil.
O lago Urema, oque tenho considerado coração do Parque Nacional da Gorongosa, está gordo de águas, diferente da época do verão quando o calor lhe suga grande parte das águas. Agora, os bichos não tem que se queixar de sede. Existem por ai um monte de charcos onde podem matar a sede. As picadas estão sendo aparadas logo logo estão prontinhas para os deliciosos game drives.
Bem muita palavra para quê?
Fotos logo que poder.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

AS LAMENTAÇÕES DO Dr. ELÍSIO MACAMO

Ainda na ressaca da sua "mediatizada” entrevista, me dei hoje com
“As lamentações do Dr. Elísio Macamo”. Uma interessante postagem de título original “Do uso inflacionário dos rótulos”, onde no seu estilo característico, Elísio Macamo se “queixa” mais uma vez do “estado viciado” da esfera pública moçambicana, ou usando suas palavras, “as deficiências dos críticos”. Digo “mais uma vez” porque faz tempo que Elísio Macamo vem denunciando as “fragilidades” da esfera pública moçambicana.
A “dureza” do texto, reconhecida pelo autor “sei que este texto é bastante duro, mas por vezes tem que ser” fez me voltar ao artigo de Paul Fauvet e aos vários do Zambeze pois foram a génese da postagem de Elísio Macamo embora “Do uso inflacionário dos rótulos” represente um “sentimento” que ele traz faz tempo.
Começo por supôr que o Zambeze esteja mesmo numa campanha de difamação como afirma Paul Fauvet no seu artigo e Elísio Macamo “concorda” quando o texto lhe parece plausível. “Supôr” porque não cometerei a “ingenuidade” de afirmá-lo só por que Fauvet e Macamo a fazem e dai me pergunto porque razao o Zambeze faria isso, pois teria que ter alguma. Me pergunto também porque não faria?
Quando leio os já vários artigos do Zambeze acusando o Tribunal Supremo de estar sob controlo político e tráfico de influências, me impressiono pela “revelações” que faz a volta de certos casos. São, penso eu, essas reveleções que usa para edificar a sua “conclusão”. Doloroso para mim é não poder provar a veracidade/falsidade do que o Zambeze tem escrito. E sendo assim não poder como Fauvet e Macamo, considerar de difamação os artigos do Zambeze. Doloroso porque se espera que eu tenha uma posição, que eu esteja dum ou doutro lado. Se espera que eu saiba.
No segundo paragráfo de sua postagem, Elísio Macamo apresenta uma interessante convicção sua, segundo a qual, “pior do que um governo mau é uma esfera pública tomada de assalto por indivíduos com um falso sentido crítico”. Discordo com ele pois a não ser que a “nocividade” do falso sentido crítico afecte apenas a esfera pública e nunca o governo. Tenho para mim que um governo seria igualmente tão mau quanto uma esfera pública com indivíduos com um falso sentido crítico, se o carácter “mau” desse governos incluísse o facto de ser composto por membros com um falso sentido crítico, ou nesse caso autocrítico. Dessa conviccção e dos termos comparados nela me questiono ainda quem afectaria quem e em que proporção, se houvesse(se é que não haja) alguma interdependência entre um governo e a esfera pública?
A definição de falso sentido crítico que Elísio Macamo usa, a saber “a suposição de que dizer o que está mal faz de nós bons” é quanto a mim interessante. É oque vejo por todos cantos e até certo ponto revoltante. Algumas abordagens com que nos cruzamos por ai são mais que ridículas, especialmente se as associarmos aos graus académicos dos seus autores. Fica difícil falar disso sem pensar em aspectos como, deficiente formação, os “polémicos” curículos, as políticas de educação e por ai.
A não ser que eu tenha sido selectivo( não tive opurtunidade de ler série de artigos publicados no jornal Notícias), não me lembro de ter lido um artigo onde Elísio Macamo, explora com profundidade os circunstancionalismos que propiciam a existência da esfera pública como a que temos.
Eu já tive cá uma ideias que bem “estranhas” que bem podem ir para a categória de “teoria de conspirção” hehehehe.
Oque me ocorre com frequência e a cultura. Existimos num meio onde não se encoraja questionar, onde o questionar é facilmente tomado por afronta especialmente se estamos diante de figuras de autoridade. Eu penso que essa passividade, essa cultura do “sim senhor” nos deixa na “obrigação” de concordar com tudo que vem de quem devemos. Parecendo que não, essa situação nos deixa com essa “necessidade” de encontrar respostas para tudo mesmo onde elas não existem ou pior ainda onde nem nos são exigidas. Temos que ter uma posição. Ainda não lemos o primeiro parágrafo todo dum texto de dez parágrafos e já temos uma “opnião” formada sobre o texto que vezes sem conta tem mais a ver com oque sabemos do autor ou do jornal em que vem inserido do que propriamente o conteúdo do texto. Pego no semanário Domingo e antes de folheá-lo já sei oque traz, compro um Zambeze ou Savana e já estou pronto para ver as “farpas” que lançam contra esse e aquele.
Um outro aspecto que me passa pela cabeça tem a ver com, como disse antes, a formação académica. Que somos mal formados é um facto mesmo que me custe prová-lo. Há lacunas lamentáveis no nosso sistema de ensino e aprendizagem. Pegas um estudantes da décima segunda classe, por tanto, na entrada do ensino superior, e procuras assistir-lhe num “trabalho de investigação”. Uma autêntica tragédia. É claro que não vamos generalizar mas há muito que fazer. Raros são os estudantes universitários que se podem debruçar sobre assuntos fora da sua área de formação. Vamos falar de cultura de leitura. Quem lê além dos manuais escolares? Um romance interessante, umas lindas poesias?
Já me passou pela cabeça também que depois de Junho de 1975 instalou-se um sistema em que não havia espaço para “questionar” sem ser rotulado de reacionário. Esse “querer ser ouvido” que andou reprimido por muito tempo pode estar por detrás dessa “má gestão” das opurtunidades que hoje temos de se fazer ouvir. Enfim são minhas “contemplações” que podem ter sua origem no medo de pensar mais dolorosamente, pois, pensar doi mesmo.
Bem, eu alinho com as lamentações do Dr. Elísio Macamo mas não sou tão exigente. Não espero tanto da nossa esfera pública e não me “frustro” com os seus deslizes.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

DO CHITENGO ONDE MORO: carta para Mariazinha XV


Oi Mariazinha!
Se foi a semana da Páscoa onde deu para reflectir sobre o sacrifício de Jesus Cristo e o seu significado. Deixei ficar um rabisco lá no meu http://nelsonlevenaspalavras.blogspot.com onde falo do meu cristianismo.
A semana que iniciamos com a ressureição de Cristo tem a sua importância aqui no Chitengo pois a 15 de Abril (Quarta Feira) será oficialmente aberta a época turística 2009. Tomei conhecimento que as cerimônias incluem uns “nsembes” aos espíritos “Chitengo” que garantem a segurança do Parque, esses que quando aborrecidos vem rugir bem perto.
Mariazinha, o medo que eu tinha da confusão que poderia acontecer em Nacala Porto, deixou de ter motivos pois o Edil derrotado, Manuel do Santos preferiu seguir a sua consciência, em detrimento da decisão descabida do seu partido e entregou as chaves do Município, garantindo uma pacífica troca de poderes. Essa atitude, porém, lhe deu o direito de engrossar a lista dos traidores da renamo que não pára de crescer desde que Deviz Simango traiu o partido se candidatando como independente.
Se te lembras Mariazinha, logo a seguir a Simango, vieram os “intelectuais” que defendiam a necessidade de se realizar um Congresso para se discutir seriamente a vida do partido e a razão das estrondosas derrotas. Mariazinha fica complicado entender o conceito de traição que a Renamo tem estado a usar se tivermos em conta que tanto atitude de Simango como as exigências dos “intelectuais” tinham um forte “back up” legal. Simango não fez mais do que a constituição lhe permite e os “intelectuais” não pediram nada fora dos estatutos da própria Renamo.
De lá para cá Mariazinha, a lista dos traidores da Renamo só foi crescendo. Depois de serem anunciados os resultados, alegando que os resultados foram fraudulentos a Renamo “inventou” a história de “emposamento e governo paralelo” que felizmente não aconteceu em município nenhum, pois os candidatos derrotados “traiaram” a renamo, uns ao aceitarem tomar posse como membros das assembléias municipais e outros por pura e simplesmente ignorarem as ordens de Dhlakama.
Com a constituição do MDM( movimento Democrático de Moçambique) assistiram-se “traições em massa” pois houveram casos de dezenas de membros da Renamo a entregarem os seus cartões de membros para se juntarem ao MDM.
Um grande “traidor” da renamo segundo Mbararano é o bispo da Beira o Dom Jaime Gonçalves, pois Mbararano afirma com toda certeza, que foi o Dom Jaime Gonçalves que “agitou” Deviz Simango a formar o MDM.
Maria Moreno, Ismael Mussá, Manuel Araújo, João Colaço, Ivete Fernandese tantos outros. Tenho quase certeza Mariazinha que essa lista só vai crescer, pois ao que me parece basta se estar contra ao posicionamento da liderança da Renamo para ser considerado traidor e aqui não interessa quão absurda seja o tal posicionamento. Obedecer cegamente as ordens de Dhlakama e alinhar com os seus discursos como fazem o Mazanga, Mbararano, Manuel pereira e outros, precisa-se duma boa dose de coragem, pois h”a que ir contra o própria consciência.
Custa-me acreditar que a Renamo não perceba, não consiga perceber que o problema está dentro dela e não nas pessoas que a vão traindo. Não querendo legitima-las, eu penso que até o problema das fraudes está com a Renamo, que para mim não deve ser olhada apenas como vítima, mas com uma boa parte de culpa. Onde estava por exemplo quando os votos favorecendo seus candidatos foram invalidados?
Mariazinha tenho receio que a renamo esteja a prepara a sua próxima derrota, pois tal como a Victória, a derrota prepara-se e organiza-se

terça-feira, 7 de abril de 2009

DO CHITENGO ONDE MORO:carta para Mariazinha XIV



Mariazinha, haveria dia melhor que hoje para te escever?
Hoje 7 de dia Abril,
Dia em que se comemora o dia da Mulher Moçambicana. Esse grupo do qual fazes parte apesar de todas as distâncias que te separam de Moçambique.
Faz tempo que não te escrevo. Faz tempo que ficaste sem notícias desse nosso Moçambique, e como sempre, nunca é por falta de notícias que te escrevo, que essas há até demais.
Penso que nem chegeui a te contar da tragédia que se deu lá em Mongiqual. Se bem que acho que deves ter acompanhado por outros meios. É isso mesmo Mariazinha, pouco mais de uma dezena de compatriotas nossos morreram numa cadeia. Houve uma troca de acusação entre a Frelimo e a Renamo no parlamento, num espetáculo vergonhoso. Mariazinha desta vez deu para perceber com mais clareza que aqueles duzentos e tantos deputados são mandatários do povo uma ova! “Usar” a morte dos coitados para andarem por ai aos insultos e a desenterrarem outros mortos foi insuportável. Desta vez Mariazinha percebi que são “tudo farinha do mesmo saco”. Não consegui destinguir uns dos outros nem pelas bancadas, pelos géneros, nem pelas idades. Eram todos tão insultuosos e malcriados. É verdade que nem todos foram pódio mostrar que apesar de serem oque são, continuam com as bocas tão sujas, os aplausos que se seguiam a cada frase insultuosa me faz acreditar sem medo de errar que estavam todos na mesma onda. Desta vez percebi que esses homens e mulheres estão lá pura e simplesmente pelos seus umbigos e seus partidos. Uns se esforçam em aprovar e fazer passar tudo as vezes só para mostrar que são a maioria. Os outros por sua vez procuram chumbar tudo só por chumbar, para igualmente mostrar que são a oposição.
Mariazinha tenho que dizer que entretanto, quando em debate estão assuntos ligados aos seus benefícios, esses homens agem em sintonia incrível, se entendem tão bem com se fossem filhos paridos do mesmo ventre. As leis passam com 100% de votos no maior entendimento das bancadas, afinal é para o benefícios dos deputados.
Bem deixemos isso para lá.
Mariazinha quero de deixar um convite. Vá visitar o site do MDM. É simplesmente interessante. Anda lá uma discuissão acerca das vantagens e desvantagens do MDM ter nas suas fileiras gente proveniente da Renamo. Criaram lá um espaço que se não me engana se chama” virus em quarentena” onde eles publicam os textos que são claramente “nocivos”ao MDM. Achei isso interessante pois, em vez de “sensurar” no sentido de impedir que se saiba oque de mal se fala acerca do MDM, fazem questão de publicar no seu site. Inovador.
Vou ficar por aqui Mariazinha. Feliz páscoa para ti.

domingo, 5 de abril de 2009

A ENTREVISTA DO Dr. ELÍSIO MACAMO

De quatro amigos recebi o texto com a entrevista do Dr. Elísio Macamo acompanhado de diferentes comentários. Tal como lá na Bantulândia(http://bantulandia.blogspot.com/2009/04/elisio-macamo-em-entrevista-discussao.html) blog do Josué Bila, onde a entrevista foi originalmente publicada, procura-se destacar o facto de Elísio Macamo ter respondido a “ perguntas cruciais” com simples “não sei...também não sei”.
Depois de ter lido a entrevista toda, passando pelos “não sei” , “também não sei”, “não tenho a mínima ideia” do Dr. Elísio Macamo, fiquei com uma vaga ideia do porque do tanto “surruro” com essa entrevista.
É que fica-se claramente com a impressão que Elísio Macamo não responde às perguntas como gostaria o entrevistador(e talves até muito de nós inclusos). Ai me pergunto porque.
Porque é que Elísio Macamo não respondeu à essas “perguntas cruciais” com a “crucialidade” que se esperava dele. Mas me pergunto também como então devia ele responder e porque é que ele devia necessariamente responder como se esperava. Por que é que não podia como fez, usar da liberdade de responder como bem lhe apetecia responder?
Me parece que entrevistador(e talves até alguns de nós inclusos), se sentiu “incomodado” com os pelos “não sei” , “também não sei”, “não tenho a mínima ideia” do Dr. Elísio Macamo. Fica-se com a sensação que pelo que é e pela forma como tem tratado outros assuntos, Macamo tinha a “obrigação” de responder “melhor” do que fez, seja lá oque fosse que esse “melhor” signifique.
Para quem já lê Elísio Macamo a algum tempo, talvez seja o caso do entrevistador e dos que me enviaram o texto, e está habituado à forma profundamente elaborada como ele apresenta seus argumentos, talves tenham se sentindo de ”defraudados” pelo facto de no caso das perguntas tidas como “cruciais” ele não tenha “encontrado” formas de responder com gostariam. Por outro lado pode ser o facto de estarem familiarizado com o “esforço” que ele tem feito em responder as questões que de diversas formas lhe são apresentadas, as vezes de forma “complicada” e ou “polémica”
Mas no fim do dia o Dr. Elísio Macamo tem como qualquer um de nós, o direito e liberdade de ser suficientemente humilde e dizer que não sabe oque não sabe, mesmo em caso em que sabe ou muitos acham que devia saber.
Oque não consigo negar é que fica no ar a sensação, repito sensação que Elísio Macamo “evita” dar respostas às “perguntas cruciais” apresentadas pelo entrevistador e mesmo que essse seja realmente o caso, não há pecado nenhum nisso pois, não saber responder e confessá-lo, é sempre melhor que responder errado.

Na Hora de Decidir


O texto que se segue me caiu no Inbox e me fez pensar muito. pensar dolorosamente

*Muito interessante essa tomada de decisão. Será que fazemos o certo ou não?*


**Você é bom em 'TOMAR DECISÕES'?**

Um grupo de crianças brinca próximo a duas vias férreas. Uma das vias ainda está em uso e a outra está desativada. Apenas uma criança brinca na via desativada, enquanto que as outras, na via em operação. O trem está vindo e você está exatamente sobre aquele equipamento que pode mudar o trem de uma linha para outra.

Você pode fazer o trem mudar seu curso para a pista desativada e salvar a vida da maioria das crianças. Entretanto, isto significa que a solitária criança que brinca na via desativada será sacrificada.
Você deixaria o trem seguir seu caminho? O que você faria?

Discuta e anote a decisão e por quê?


**RESPOSTA:**

A maioria das pessoas escolherá desviar o trem e sacrificar só uma criança. Você pode ter pensado da mesma forma, eu penso.
Exatamente, salvar a vida da maioria das crianças à custa de uma só criança é a decisão mais racional que a maioria das pessoas tomaria, moralmente e emotivamente. Mas, você pensou que a criança que escolheu brincar na via desativada foi a única que tomou a decisão correta de brincar num lugar seguro?

Não obstante, ela tem que ser sacrificada por causa de seus amigos ignorantes que escolheram brincar onde estava o perigo.
Este tipo de dilema acontece ao nosso redor todos os dias. No escritório, na comunidade, na política...

E, especialmente numa sociedade democrática, a minoria freqüentemente é sacrificada pelo interesse da maioria, não importa quão tola ou ignorante a maioria seja e nem a visão de futuro e o conhecimento da minoria.

Além do mais, se a via tinha sido desativada, provavelmente não era segura. Se você desviou o trem para a outra via, colocou em risco a vida de todos os passageiros. E em sua tentativa de salvar algumas crianças sacrificando apenas uma, você pode acabar sacrificando centenas de pessoas.

Se estamos com nossas vidas cheias de fortes decisões que precisam ser tomadas, nós não podemos esquecer que decisões apressadas nem sempre levam ao lugar certo.

Lembre-se de que o que é correto nem sempre é popular... e o que é popular nem sempre é correto. E que todo o mundo comete erros; foi por isso que inventaram a borracha e o apagador.

'De tanto ver as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter a vergonha de ser honesto'

O PENSAMENTO DE IVETE FERNANDES


Ivete Fernandes, ex-membro da Renamo, viúva de Evo Fernandes-Secretáriogeral da Renamo e agora membro da Comissão Política do MDM deixou lá no cantinho do MDM(http://mdmwiki.wetpaint.com/account/Nelsonleve/thread/2571530/Questionamentos ) comentário que vai abaixo . Ivete depois de elogiar e encorajar o meu contributo, deixa ficar uns “points” que achei interessante.
“O MDM só crescerá e fará diferença na política Moçambicana se (e enquanto) estiver atento à reflexão crítica, franca e frontal dos intelectuais orgânicos”. Ivete mostra aqui a necessidade de o MDM “escutar”. Para tal terá que haver espaço para seja lá quem for e usando diferentes meios possa expressar-se sobre MDM. Como ela bem diz, “Reflexão crítica, franca e frontal” precisa-se. Deve haver a coragem de se “engolir o orgulho”, tolerar as diferenças de opnião. Só se cresce com isso.

“O MDM tudo deve fazer para nunca vos tratar como "Apostolos da Desgraça", só porque o que dizem e escrevem incomoda”. Disse Ivete.
Esse pensamento me fez logo lembrar da Renamo. Como os que exigiam um congresso foram tratados, isso porque apesar de estar preconizado nos seus estatutos, a ideia de congresso incomodava as lideranças da Renamo. Os que dizem algo “desagradável” são logo considerados como os “do outro lado”
“Quando um dirigente ou partido começa a acusar os intelectuais de inoportunos, principalmente os que se recusam a converter-se em intelectuais do regime (espécie de assessores de imprensa bem falantes), esses sim, estão a caminho da desgraça política, cultural e moral”.
Penso ter sido esse o grande pecado da Renamo de Dhlakama. Penso que tenho visto alguns “intelectuais do regime” passarem por cima de suas consciências académicas, para vergonha das suas academias, para acomodarem as ideologias das formações político-partidárias que lhe são uma verdadeira “umbrella”.

É claro que o pensamento de Ivete Fernandes não representa necessariamente o pensamento do MDM no seu todo, mas se torna encorajador perceber que haja dentro do MDM alguém que pense de forma tão aberta como ela faz. Interessante ainda se tivermos em conta que ela vem da Renamo e é membro da comissão política do MDM.

Eis o comentário da Ivete no seu todo:

“Nelsonleve,
Já fizemos justiça ao contributo que tem dado para a reflexão sobre o lugar do MDM na vida política moçambicana. Justiça, no sentido de incluir na secção "MDM na Imprensa e Blogs" seu artigo de 08 de Março passado, no Blog MEU MUNDO(my world). Tanto quando sabemos foi este artigo que primeiro apresentou a feliz leitura da sigla MDM como "Moçambique deve Mudar". Merecia ser listado no MDMWIKI e acabamos de o fazer. Outros debates têm seguido, também provocados por si; como este sobre as "Vantagens versus Desvantagens". Encorajamo-lo a manter esse espírito crítico, indagador e incorformado com falsos entusiasmos. O MDM só crescerá e fará diferença na política Moçambicana se (e enquanto) estiver atento à reflexão crítica, franca e frontal dos intelectuais orgânicos. Como muito bem explicou Humberto Eco algures, não se pode entender por ïntelectual alguém que trabalhe com a cabeça mais do que com os braços. O papel dos intelectuais na política, intelectuais no sentido de criativos e inovadores, é de agirem como consciência crítica do grupo e da sociedade. Vocês têm uma função fundamental - incomodar, incomodar sempre! O MDM tudo deve fazer para nunca vos tratar como "Apostolos da Desgraça", só porque o que dizem e escrevem incomoda. Quando um dirigente ou partido começa a acusar os intelectuais de inoportunos, principalmente os que se recusam a converter-se em intelectuais do regime (espécie de assessores de imprensa bem falantes), esses sim, estão a caminho da desgraça política, cultural e moral. Obrigado pelos contributos!
I.F”

sábado, 4 de abril de 2009

Duma escreve a Macamo


Me cruzei essa manha com uma carta de Custodio Duma ao seu amigo Macamo. Interessante que a trago para o nosso mundo.

"Carta ao amigo Macamo

Meu caro amigo, espero que as notícias vindas de Mogincual, de Tete e de outros cantos deste vasto Moçambique, especialmente onde há esquadras e cadeias, não te tenham deixado desesperado. Penso que tudo é o resultado de uma política lacunosa sobre a protecção da dignidade humana.

E falando de dignidade, parece que alguém poderoso afirmou que os falecidos em Mogincual teriam direito a um enterro condigo. Vê se pode? Viver sem dignidade, morrer sem dignidade e ser enterrado com dignidade. Não te parece que estamos a inventar novos conceitos de dignidade humana?

Mas não é sobre isso que te escrevo meu caro amigo. Te escrevo porque recentemente, recebi uma notícia que dava conta que o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, passa a ter o estatuto de Ministro e os restantes membros da mesma Comissão, o estatuto de vice ministros.

Que notícia interessante não é meu amigo? Agora passamos a ter mais um ministro e mais alguns vice ministros, todos com as regalias e benesses que merecem, incluindo salários, viaturas, passaportes diplomáticos, isenções, ajudantes de campos e outros.

Se passamos a ter na prática mais um ministro e mais vice ministros, na prática também significa que já temos mais um ministério. A única diferença com os outros é que este, ao invés de ter um ou dois vice ministro, tem muitos mais.

Acho que é aqui onde reside minha dúvida meu caro amigo. Se calhar a minha dúvida fundamenta-se no meu desconhecimento em relação ao verdadeiro conteúdo do que seja um ministério e o que é uma Comissão Nacional de Eleições.

No inicio, pensei que um ministério é um sub órgão do Estado com determinada função numa área especifica de desenvolvimento, por exemplo, na agricultura. Assim, o ministro e os vice ministros, eram pessoas da confiança do presidente, indicados directamente por ele para levarem a cabo o seu programa de governo.

Nessa mesma linha do meu raciocínio inocente, pensei que uma Comissão Nacional de Eleições, principalmente a nossa que é composta maioritariamente por membros independentes e da sociedade civil, fosse um órgão distante do governo, uma instituição criada para responder pelos processos eleitorais, esses que legitimam os governantes que formam governos.

Esse era o meu pensamento meu caro amigo. E nessa senda, é difícil perceber aqui na minha cabeça dura, como é que o ministro e o presidente da comissão nacional de eleições podem ser colegas e até companheiros.

Mas como perguntar não é mau, fui ter com um jurista que entende da matéria e coloquei as minhas questões. A resposta que tive é que, o porta voz do governo disse, o estatuto do presidente da comissão nacional de eleições passa a equiparar-se a de um ministro e o dos restantes membros a de vice ministros. Não disse que passavam a ser ministro e vice ministros respectivamente.

Quando sai dessa consulta meu amigo, pensei que tinha entendido bem a explicação, mas quando cheguei a casa parecia que alguém formatou minha cabeça novamente, isso porque, a dúvida voltou e desta vez mais intensa. É que não consigo perceber como é que uma pessoa que se equipara a um ministro em todas as suas regalias e condições não pode ser chamado de ministro.

Formalmente não é ministro, mas na minha cabeça, eu que gosto de ser prático, ele é ministro. Mesmo respeitando a opinião do jurista que tudo fez para deixar-me cada vez mais esclarecido, acho que há gato nisso tudo.

Donde vem o gato meu irmão? O gato vem das eleições. É que essa “promoção” dos membros da Comissão Nacional de Eleições para membros do governo, acontece num ano de eleições muito fortes. Eleições presidenciais, eleições legislativas e eleições provinciais.

Essa promoção, acontece numa altura em que a Renamo está moribunda, mas na Beira surge um novo partido, que por ter o galo como seu símbolo, não se sabe o quanto pode cantar. E os que estão no poder, porque não são nada distraídos, e porque em alguns lugares o partidão mostrou-se tremido, é preciso organizar o estádio antes do jogo. E jantar com os árbitros é já um bom começo.

De todas as maneiras, para não parecer que eu sou invejoso e não gosto que outros tenham boas condições de vida, prefiro parar aqui e apelar que pelo menos permaneça a verticalidade no julgamento dos factos.

Para mim, nem que tenham o estatuto de Presidente da República, o mais importante é que mantenham o órgão independente e credível. Um órgão que pode afirmar de boca cheia que as eleições em Moçambique são realmente democráticas. Estamos a precisar de uma democracia mais inclusiva e participativa.

Agora, uma coisa é certa meu caro amigo, ser membro da CNE vai passar a ser muito difícil e vai começar um jogo de influencias para ser presidente dessa Comissão, afinal quem não quer ser ministro ou vice ministro?

Uma última pergunta mano: com essas regalias todas, será que os membros da CNE vão parar de exercer as outras funções que mantiveram depois de tomarem posse como tal ou serão ministros turbo?"

Conversas no Site do MDM


Anda no cantinho do MDM(http://mdmwiki.wetpaint.com), um papo que eu mesmo iniciei, sobre “vantagens e desvantagens do MDM ser composto por desertores da Renamo”. Asseguir vai um resumo em jeito de resposta aos vários comentários que por lá ficaram:

Já por aqui desfilaram muitos “comments” e vale a pena puxar um pouquinho mais o assunto procurando “cavar” oque já foi dito. Primeiro gosaria de me desculpar pela ausência. Queria poder ter estado presente mas nem sempre o querer basta.
A vantagem de ter no MDM gente vinda da Renamo e dos outros partidos, me parece ser ÚNICA ou se existirem várias pode resumir-se em EXPERIÊNCIA. Já nas desvntagens podemos encontrar algumas.
• Alguém falou e bem do “risco de se manter o discurso icoerente e desactualizado”. Essa tem sido uma das características da Renamo ou dos seus elementos mais destacados. Acho importante reflectir-se seriamente. Olha-se para a Renamo, escuta-se-lhe os discursos e para além de acusar a Frelimo por tudo e por nada não sobra mais nada. Pelo facto de ser o partido no poder, a Frelimo pode e deve sim ser responsabilizada em certa medida pelo “estado das coisas” mas eu defendo que deve haver a capacidade de analisar os problemas de Moçambique, e propôr soluções sem ter que apontar o dedo à Frelimo. De tão “culpada” que a Frelimo é pelo estado das coisas chega até a ser desnecessário apontar-lhe o dedo. Dizer que o estado da nação é mau não basta, vamos ter que apontar oque esta mal, de forma mais clara e compreensível possível(no nível de compreensão de todos, analfabetos inclusos). Vamos ter que propôr soluções do estilo oque o MDM faria se estivesse no lugar da Frelimo.

• Uma outra desvantagem está relacionada à EXPECTATIVAS. Temo que haja quem vindo da Renamo se tenha juntado ao MDM na esperança de ter oque não conseguiu ter na Renamo. Alguém falou de “oportunidades de demostrar oque os jovens podem fazer” Eu acho que para tal não precisamos de necessariamente se filiar ao MDM. Eu, por exemplo, mesmo sem ter me filiado ao MDM(ainda), me sinto a dar o meu contributo para “aguçar” esse movimento. Sinto que estou demostrando oque posso fazer, chamando os outros a “triturarmos” algumas questões que acho pertinentes. Akguém pergunta por exemplo “oque o MDM tem para nos oferecer?” Não seria melhor perguntarmos oque nós temos para oferecer ao MDM? Que contributo esperamos dar para o crescimento dessa organização? Questionei no meu blog (http://meumundonelsonleve.blogspot.com/2009/03/o-mdm-mocambique-deve-mudar-deixou-de.html ) se os que se vão filiando ao MDM lhe conhecem os objectivos. Questionei até que ponto se identificam com esses objectivos. Questionei até que ponto estão dispostos a contribuir para a sua concretização. Defendo que não se deve juntar ao MDM meramente por emoção ou desilusão com outras formações políticas, como parece ser o caso de alguns(muitos). Os que chegam ao MDM, seja lá donde vierem a procura de “espaço” opurtunidade que por alguma razão não tiveram donde vieram, poderão muito cedo se frustrar e infelizmente ninguém me fará acreditar que nesse grosso de “desertores” não haja que pura e simplesmente esteja a caça dum “lugarzinho” ou “nomezinho” mas isso é mais da natureza humana do que do facto de terem sido da Renamo ou sei lá de que partido antes de se juntarem ao MDM.
Para terminar alguém me desafiou a apresentar os prós e cons dum cenário em que o MDM fosse composto por disidentes (e não desertores) da Frelimo. Aceito o desafio e vamos lá ver. Sempre procurei defender que o ser dissidente, desertor, expulso em si não era a questão mais importante. Para mim contam e muito, as circunstâncias e as motivações que ditaram essa dissidência. Porque deixei a Frelimo para me juntar ao MDM? Em que circunstâncias deixei a Frelimo? Que sentimentos tenho com a Frelimo depois de a ter deixado? Esses e tantos outros, são aspectos que precisam ser considerados. Ter se desiludido com a Frelimo pode ser uma boa razão para deixa-la mas essa razão não é suficiente para me fazer juntar-se ao MDM. Aqui podemos aproveitar falar da questão da “reserva política constituida por abstenções”. Vamos acreditar que esses compatriotas estão desiludidos com os actuais partidos políticos com destaque para a Frelimo e a Renamo. Vamos também acreditar que não desistiram da dempcracia, agora temos que nos perguntar oque os fará acreditar(apostar) no recentemente nascido MDM? É claro que não basta ser um partido novo para convencer a esses “cépticos” que tem optado por se abster, que o MDM é e será diferente. Vai ter que se provar com A+B pois discursos não vão bastar.
VANTAGEM. Eu penso que seria igualmente EXPERIÊNCIA.
DESVANTAGEM:
• Trazer a Frelimo para o MDM, seja lá oque for que isso signifique
• Querer conseguir no MDM oque por diversas razões não se conseguiu na Frelimo.
• Querer de alguma forma se vingar da Frelimo
• ...