sábado, 5 de janeiro de 2008

Em Jeito de Abertura...

Chegou o ano novo
Uma bela oportunidade para fazer diferente
Mudar, crescer
Oportunidade para melhorar.

Depois de duas semanas na terra do coqueiro
Coqueiro hoje amarelado e moribundo
Estou de volta ao mundo
Meu e vosso
Nosso mundo

Lá no coqueiro amarelo
Achei tudo diferente
E quis ser indiferente
Surdo às mudanças que me gritavam aos olhos
Mas as lágrimas me traíram

Voltei e eis-me aqui...


De regresso trago alguns "highlights"

1. Pouco antes de voltar, me introduziram o princípio 10/90, segundo o qual 10% da vida tem a ver com oque nos sucede e os outros 90% com a nossa reacção ao que nos sucede. Interessante. Penso em postar alguns aspectos desse principio e quem sabe usa-lo para analisar alguns "issues".

2. Estou lendo " PEOPLE OF LIE, Hope for healing human evil" de M.Scott Peck. Lá me deparei com a questão "group evil" que tem muito de relação com o "nosso assunto" de linchamentos que me virou a cabeça no final do ano passado. Penso explorar isso.

3. Me revolto com a forma como se pretende partidarizar o recente gesto do CMCB.

4. Um vasto comentário à minha postagem com o titulo DEFENDENDO A CORRUPÇÃO A VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS, me chegou de Firmilio com quem já tenho trocado algumas ideias, e para disseca-lo transcrevo-o integralmente apesar de poder ser lido na referida postagem.
Os boldados são meus para enfatizar oque pretendo comentar:


"Queridíssimo Nelson,
Tu sempre levantas questões muito importantes para reflexão. Estás de parabéns.
Ora, indo para o teu comentário, lamento não ter lido o comentário do autor que citas neste texto. Mas a tua explanação deixa alguma ideia.
Perguntas se alguém pode te dizer o que é a sociedade civil. Quem sou eu para te trazer uma noção tão complexa como essa? Mas vou aqui deixar uma ideia que, um dia dei aos meus estudantes de direito quando me exigiram a noção da sociedade civil. Para mim, sociedade civil seria o conjunto de todas as forças vivas da sociedade, despidas de ideais políticos.
Porém, a definição do Centro para a Sociedade Civil da London School of Economics é bastante ilustrativa e diz que "Sociedade civil se refere à arena de acções colectivas voluntárias em torno de interesses, propósitos e valores. Na teoria, suas formas institucionais são distintas daquelas do estado, família e mercado, embora na prática, as fronteiras entre estado, sociedade civil, família e mercado sejam frequentemente complexos, indistintos e negociados. A sociedade civil comummente abraça uma diversidade de espaços, actores e formas institucionais, variando em seu grau de formalidade, autonomia e poder. Sociedades civis são frequentemente povoadas por organizações como instituições de caridade, organizações não-governamentais de desenvolvimento, grupos comunitários, organizações femininas, organizações religiosas, associações profissionais, sindicatos, grupos de auto-ajuda, movimentos sociais, associações comerciais, colisões e grupos activistas".
Será que te satisfiz? Não sei, foi o melhor que encontrei nas minhas pesquisas para te trazer.
Ora, eu concordo em parte com o autor do texto que citas. Na verdade, falta moral e ética na sociedade civil e na comunicação social e essa falta de moral, tira sim a legitimidade das suas denúncias. Porque? Explico-me. Se a sociedade civil ou a comunicação social não tem moral suficiente, não é isenta e imparcial, como vamos acreditar nas denúncias que apresenta? Quem pode nos assegurar que tais denúncias são verdadeiras, e por isso, dignas de credibilidade?
Um jornalista não pode informar em função da conveniência de alguém ou em defesa de interesses particulares. A sociedade civil não pode actuar e denunciar em função de determinados interesses. E digo-te porque: não temos neste país uma sociedade civil e comunicação social isentas e imparciais. Tudo está politizado e se informa, se manifesta em função de interesses partidários ou outros. Há muita ganância e muita desonestidade.
Por isso se afirma que quem quer denunciar a corrupção ou alguma violação de direitos humanos, preciso não ter rabo-de-palha. Se um jornalista recebe dinheiro de uma pessoa ou entidade para divulgar uma informação falsa ou deixar de divulgar uma notícia, está a cometer a corrupção e este tipo de jornalista não merece credibilidade e todas as suas notícias são suspeitas que sejam falsas, daí a sua ilegitimidade, no meu ponto de vista.
É legítima uma denúncia falsa de corrupção ou violação de direitos humanos, divulgada para prejudicar alguém, porque recebeu-se dinheiro ou outro favor de uma contra-parte? Já estou a ver-te a dizer com toda a dignidade que "NÃO".
Não quero discutir a questão de Moamba, porque não gosto me meter em assuntos que não tenho conhecimentos sólidos, nem provas materiais, talvez por força da minha profissão.
Parabéns Nelson, pela sua intervenção social e coragem em chamar as coisas pelos seus próprios nomes, mas também acho que precisas um dia despir a capa de defensor e se por na outra posição e criticar as posições demasiadamente radicais. Tudo é relativo, como diz alguém e tu o disseste um dia.
Abraço."


Ai vou eu:

Primeiro agradecer pelo elogio e pela definição da sociedade Civil que me parece bastante clara e completa e me satisfaz.
Partindo dessa definição que claramente sugere diversidade de componentes na sociedade civil há que ter cuidado em afirma que "falta moral e ética na sociedade civil" pois poderiamos estar dizendo que "conjunto de todas as forças vivas da sociedade" as "organizações como instituições de caridade, organizações não-governamentais de desenvolvimento, grupos comunitários, organizações femininas, organizações religiosas, associações profissionais, sindicatos, grupos de auto-ajuda, movimentos sociais, associações comerciais, colisões e grupos activistas" que "povoam" a sociedade civil estão no seu todo desprovido de valores morais e éticos quer nas fórmulas que norteiam suas existências(casos raros) ou no seu viver prático (casos mais frequentes).
"Se a sociedade civil ou a comunicação social não tem moral suficiente, não é isenta e imparcial, como vamos acreditar nas denúncias que apresenta? Quem pode nos assegurar que tais denúncias são verdadeiras, e por isso, dignas de credibilidade?
Às denuncias feitas não vamos cegamente "acreditar" como tem sido infelizmente alguns casos. Mesmo denúncias vindas de detentores de altos valores éticos, morais e inquestionável integridade. Temos é que embarcar numa investigação que nos ajude a verificar as denúncias. O resultado dessa investigação é que determinará a sua veracidade e consequentemente a credibilidade e o nosso agir.
Não será ético que o jornalista divulgue algo em troca de dinheiro ou para "prejudicar" alguém mas a informação divulgada se for verdadeira(investigue-se primeiro), não deixará de ser verdadeira pelo carácter não ético do jornalista ou as motivações da divulgação. Se os direitos humanos estão sendo violados algures, e nos chega aos ouvidos uma denuncia, essa denuncia não deixa de ser válida pelo simples factos de vir de alguém de moral duvidosa ou ser feita por motivos obscuros e ou em defesas de certos interesses.
Uma denúncia falsa não é legitima. Mas essa ilegitimidade/falsidade não é determina da simplesmente pelo carácter do denunciante mas pelo conteúdo da denúncia. Chegamos ao veredicto depois de uma investigação aos factos denunciados.

Não quero discutir a questão de Moamba, porque não gosto me meter em assuntos que não tenho conhecimentos sólidos, nem provas materiais, talvez por força da minha profissão.
Atitude Louvável!
Nunca "acreditar", meter-se em assuntos que não temos conhecimentos sólidos nem provas materiais, mesmo que esses assuntos nos sejam apresentados por pessoas cuja moralidade e integridade conhecemos e confiamos.

O caso da Moamba é um exemplo de como se misturam as coisas. O Sr Leanardo Simão decidiu explorar o seu lado empresarial. Abrir uma empresa para produção e exportação de rosas na Moamba. A mão de obra foi recrutada nas províncias centrais de Tete e Manica. Os recrutados são levados à Moamba e submetidos a condições deploráveis. As denuncias feitas podem sim ter motivos e interesses obscuros mas verdade continua que as condições das trabalhadores da Golden Roses eram deploráveis demais. O caso toma outra cara por tratar-se de Leonardo Simão antigo ministro dos negócios estrangeiros, e da saúde. As denúncias são feitas para prejudicá-lo? Haveria quem assim pense. São feitas por algum interesse secundário? Haveria quem assim pense. Os factos contudo ficam intactos. Havia gente lá sendo tratada mal. Fosse de quem fosse a Golden Roses, os factos continuavam intactos.

Não pretendo de modo nenhum defender o estado doentio da sociedade civil em partes ou no seu todo, que é sobejamente conhecido. Falta sim moral urge reverter a situação mas que isso não amordace a sociedade civil.
Temos um sistema judicial deficiente mas não deixamos completamente de acreditar nele, temos uma policia deficiente, instituições deficiente enfim mas continuamos a contar com ela.
Temos que aprender é a separar alhos e bugalhos, não "jogar fora a água de banho junto com a criança".

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