quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Já se Morre nas Cheias


AS autoridades de gestão das calamidades anunciaram ontem o registo do primeiro caso de óbito, em consequência das cheias na região centro do país. Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), trata-se de um corpo visto a flutuar nas águas do rio Zambeze e que devido às condições no terreno não foi possível o seu resgate. Entretanto, aquelas autoridades e o Programa Mundial da Alimentação (PMA) estão a equacionar a realização de ponte aérea para a canalização de víveres para as zonas de difícil acesso no Vale do Zambeze. O processo de distribuição de alimentos teve início ontem, acompanhado pela criação de outras condições logísticas como a alocação de tanques de água, lonas, fornecimento de cloro e assistência sanitária nos centros de acomodação das vítimas das cheias.
Maputo, Quinta-Feira, 17 de Janeiro de 2008:: Notícias
A canalização de víveres acontece depois de um aturado trabalho de triagem, tendo-se confirmado que, efectivamente, algumas vítimas não constavam da lista das pessoas flageladas pelas cheias do ano passado.

No centro de reassentamento de Zona Verde, no distrito de Mopeia, onde a nossa Reportagem esteve ontem, as vítimas informaram ao governador da Zambézia, Carvalho Muária, que passaram fome durante duas semanas, em virtude de terem sido evacuadas sem mantimentos.

Relativamente às zonas de difícil acesso, o PMA acaba de alocar dois helicópteros de carga com capacidade de duas toneladas cada, que deverão entrar em operações a qualquer momento.

Os mesmos meios poderão vir a ser igualmente utilizados para o resgate de pessoas, caso a situação assim o justifique, segundo reafirmou João Ribeiro, director-geral adjunto do INGC.

Ainda ontem foram reforçados os meios de resgate, com a chegada de mais embarcações na delegação do CENOE, em Caia. Até à passada terça-feira, 59275 pessoas tinham sido retiradas pela UNAPROC e pelos comités locais de gestão de risco nas zonas consideradas susceptíveis a inundações para áreas seguras ao longo do Vale do Zambeze.

De acordo com informações da Direcção Nacional de Águas, o país continuou a registar precipitação fraca e dispersa em todo o território nacional, situação idêntica ocorrida nos países vizinhos.

As bacias hidrográficas da região centro, nomeadamente o Licungo, Zambeze, Púnguè, Búzi e Save continuam em situação de alerta e a registar oscilações de níveis, com tendência estacionária, não obstante registar-se cenário contrário no Baixo Zambeze.

Com efeito, em Mutarara e Marromeu o nível da água atingiu o mesmo valor registado nas cheias passadas, e em Caia já ultrapassou o pico em mais de 80 centímetros.

Contrariamente a esta situação, em Tete, a montante, os níveis hidrométricos registados este ano ainda são inferiores aos das cheias de 2006/2007.

Na região norte e sul os rios mantêm-se estáveis e abaixo do alerta, com excepção da bacia do Limpopo, que, apesar da tendência de baixar, continua acima do alerta.

Face ao abrandamento das chuvas, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa mantém as descargas na ordem de 5500 metros cúbicos por segundo, enquanto que as restantes continuam a registar incremento normal dos níveis de armazenamento.

Em praticamente todas as bacias hidrográficas prevalecem elevados volumes de escoamento, aconselhando-se a população a manter-se longe das zonas baixas e ribeirinhas.

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