Primeiro dia pós-Fidel marca a hora de Raúl
Por:SUSANA SALVADOR
Sete em cada dez cubanos não conhecem outro líder além de Fidel Castro. Hoje, esta estatística deixará de fazer sentido. Ao fim de 49 anos, e depois de El Comandante ter anunciado a sua "reforma" por motivos de saúde, a Assembleia Nacional escolhe o seu sucessor. À frente dos destinos da ilha nos últimos 19 meses de forma interina, Raúl Castro, o irmão mais novo, é o favorito. Os cubanos e a comunidade internacional esperam mudanças, mas para já estas não devem pôr em causa o regime.Eleitos a 20 de Janeiro, os 614 deputados da Assembleia Popular, a grande maioria dos quais pertencentes ao Partido Comunista, vão designar os 31 membros do Conselho de Estado e o seu presidente, que será o novo líder de Cuba. A reunião está marcada para as 10.00 (15.00 em Lisboa) e realiza-se à porta fechada, estando contudo prevista uma declaração inicial aberta aos jornalistas. Com Fidel Castro a querer ser apenas um "soldado de ideias" - ontem, em mais umas "reflexões do companheiro Fidel", no jornal oficial, Granma, atacou a Organização de Estados Americanos - o caminho fica livre para o seu irmão. Caso não estejam previstas surpresas, Raúl será eleito presidente do Conselho de Estado, ficando a presidência do Conselho de Ministros nas mãos do número três do regime, Carlos Lage. Com base no que tem feito, abrindo o caminho ao diálogo e reconhecendo, por exemplo, que o salário médio dos cubano é insuficientes, os analistas acreditam que irá empreender reformas económicas. A aposta é que siga o modelo chinês: controlo cerrado, mas abertura aos privados. Mas foi o próprio Raúl a alertar numa das suas intervenções: não se devem esperar mudanças "espectaculares", tudo acontecerá "aos poucos" e "dentro do socialismo". Segundo um diplomata ocidental, que falou à AFP sob anonimato, "ele tem três meses para anunciar as primeiras medidas, e um ano para fazer mexer as coisas. Senão, as coisas vão complicar-se para ele". Para a comunidade internacional, as mudanças têm que começar com a libertação dos cerca de 240 presos políticos e o início de uma transição para a democracia. No caso dos EUA, para quem Raúl é um "Fidel light", só depois se poderá falar no eventual levantamento do embargo económico, que foi instaurado há mais de 40 anos. "A nova administração [norte-americana] deverá decidir se quer manter a política absurda, ilegal e infrutuosa contra Cuba, ou se aceita o ramo de oliveira que oferecemos", disse Raúl num discurso a 26 de Julho de 2007, a terceira vez que referia nestes 19 meses uma aproximação aos EUA. Certo é que qualquer alteração da política norte-americana só deverá ocorrer após as eleições de Novembro (ver caixa). Contudo, segundo os peritos ouvidos pelo jornal chileno La Tercera, Raúl já estará a preparar o terreno. E o homem escolhido para a aproximação seria Fernando Remires, antigo líder da secção de interesses de Cuba em Washington, apontado como futuro ministro dos Negócios Estrangeiros. Por outro lado, o jornal brasileiro Folha de S. Paulo revelou na semana passada que Raúl terá pedido ao Presidente Lula da Silva para actuar como mediador com os EUA. Brasília já o negou.
Sete em cada dez cubanos não conhecem outro líder além de Fidel Castro. Hoje, esta estatística deixará de fazer sentido. Ao fim de 49 anos, e depois de El Comandante ter anunciado a sua "reforma" por motivos de saúde, a Assembleia Nacional escolhe o seu sucessor. À frente dos destinos da ilha nos últimos 19 meses de forma interina, Raúl Castro, o irmão mais novo, é o favorito. Os cubanos e a comunidade internacional esperam mudanças, mas para já estas não devem pôr em causa o regime.Eleitos a 20 de Janeiro, os 614 deputados da Assembleia Popular, a grande maioria dos quais pertencentes ao Partido Comunista, vão designar os 31 membros do Conselho de Estado e o seu presidente, que será o novo líder de Cuba. A reunião está marcada para as 10.00 (15.00 em Lisboa) e realiza-se à porta fechada, estando contudo prevista uma declaração inicial aberta aos jornalistas. Com Fidel Castro a querer ser apenas um "soldado de ideias" - ontem, em mais umas "reflexões do companheiro Fidel", no jornal oficial, Granma, atacou a Organização de Estados Americanos - o caminho fica livre para o seu irmão. Caso não estejam previstas surpresas, Raúl será eleito presidente do Conselho de Estado, ficando a presidência do Conselho de Ministros nas mãos do número três do regime, Carlos Lage. Com base no que tem feito, abrindo o caminho ao diálogo e reconhecendo, por exemplo, que o salário médio dos cubano é insuficientes, os analistas acreditam que irá empreender reformas económicas. A aposta é que siga o modelo chinês: controlo cerrado, mas abertura aos privados. Mas foi o próprio Raúl a alertar numa das suas intervenções: não se devem esperar mudanças "espectaculares", tudo acontecerá "aos poucos" e "dentro do socialismo". Segundo um diplomata ocidental, que falou à AFP sob anonimato, "ele tem três meses para anunciar as primeiras medidas, e um ano para fazer mexer as coisas. Senão, as coisas vão complicar-se para ele". Para a comunidade internacional, as mudanças têm que começar com a libertação dos cerca de 240 presos políticos e o início de uma transição para a democracia. No caso dos EUA, para quem Raúl é um "Fidel light", só depois se poderá falar no eventual levantamento do embargo económico, que foi instaurado há mais de 40 anos. "A nova administração [norte-americana] deverá decidir se quer manter a política absurda, ilegal e infrutuosa contra Cuba, ou se aceita o ramo de oliveira que oferecemos", disse Raúl num discurso a 26 de Julho de 2007, a terceira vez que referia nestes 19 meses uma aproximação aos EUA. Certo é que qualquer alteração da política norte-americana só deverá ocorrer após as eleições de Novembro (ver caixa). Contudo, segundo os peritos ouvidos pelo jornal chileno La Tercera, Raúl já estará a preparar o terreno. E o homem escolhido para a aproximação seria Fernando Remires, antigo líder da secção de interesses de Cuba em Washington, apontado como futuro ministro dos Negócios Estrangeiros. Por outro lado, o jornal brasileiro Folha de S. Paulo revelou na semana passada que Raúl terá pedido ao Presidente Lula da Silva para actuar como mediador com os EUA. Brasília já o negou.
4 comentários:
A secretária de Estado Condollezza Rice apreçou-se a dizer que os Estados Unidos não planeiam invadir Cuba, mas apela a uma “mudança democrática” na ilha! Para essas alterações, os norte-americanos já têm um plano com milhares de páginas em que se planeia desde as mudanças na economia, as entrega de empresas cubanas ao capital estrangeiro e os vários cenários eleitorais.
Os Estados Unidos têm saudades do tempo em que obrigaram os cubanos a introduzir na sua constituição uma emenda – a emenda Platt -, que permitia sempre que os presidentes norte-americanos quisessem intervir militarmente na ilha para garantir os seus interesses
Recentemente, Fidel escreveu:
"Mudança, mudança! Gritavam em uníssono" os pré-candidatos à Presidência americana, e "as infortunadas potências européias alinhadas desse sistema proclamam as mesmas exigências", afirma Fidel.
"Estou de acordo - ironiza -, mudança! Mas nos Estados Unidos.
Cuba continuará seu rumo dialético. Nunca voltará ao passado
O "adversário", quando fala de mudança, o que no fundo pensa é em "anexação".
"No Iraque e no Afeganistão continuam morrendo homens de carne e osso com uniformes dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A lembrança da URSS, desintegrada em parte pela aventura intervencionista no segundo dos dois países, persegue os europeus como uma sombra", adverte o líder cubano.
Apesar de quase óbvio, alguém já chamou de “teoria de conspiração” a ideia segundo qual a famosa “democratização” promovida pelos EUA no mundo Árabe tem pura e simplesmente interesses petrolíferos. Vai ser por ai que não paro de me questionar porque invadiria América à Cuba? Em que beneficiam as “mudança democrática” á Washington? Como está a economia Cubana e porque? Vai a Cuba continuar uma ilha? Separada de/por tudo e todos?
Mudanças!
Mudanças incomodam, são dolorosas. Mudanças tem preço(até morre-se). Mudanças humilham, pois revelam nossas fragilidades. Mudanças são importante. São indispensáveis para a crescimento(desenvolvimento).
Cuba vai passar por mudanças. Impostas ou não. Quer queira quer não, a história(o tempo) não tem complacência.
Novo líder, novos tempos. Raúl pode até ser irmão de Fídel Castro(pais diferentes como dizem as mãs línguas), mas não é Fidel Castro. “Cuba continuará seu rumo dialéctico” Será? Com a mesma obstinação “irracional” de Fidel Castro? .
“Cuba nunca voltará ao passado”. Concordo. Vejo Cuba sem passado pois nunca abdicou de “seu rumo dialéctico” Cuba é oque foi e oque quis ser(?) Mas será que é oque pode ser?
Tirei da TVI a seguinte notícia:
"Os cubanos entram este domingo numa nova era política. A Assembleia Nacional vai ser constituída e vai ser eleito um novo Conselho de Estado, cujo líder será o sucessor de Fidel Castro. Raúl Castro é o primeiro nome de uma lista de homens que podem vir a marcar o pós-fidelismo.
Em Cuba espera-se a continuação do modelo socialista, mas também a transição para a entrega do poder a figuras já influentes de outra geração. Raúl Castro é constitucionalmente o sucessor de Fidel, mas está tudo em aberto no que toca à forma.
A começar na concentração de poderes que estava moldada à figura de Fidel. Nos últimos 19 meses, Raúl Castro já trabalhou num modelo mais colegial e também deu a entender que há reformas a ser feitas na economia. Olhos postos numa mexida na agricultura para pôr Cuba a produzir pelo menos mais alimentos.
Os homens do momento são o vice-presidente Carlos Lage, 56 anos, que já trabalhou para os dois irmãos Castro, e que na prática tem sido o Primeiro-ministro, até nas representações de Cuba no estrangeiro.
Influente é também o actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Felipe Peres Roque, conhecido comunista na linha dura. Entre os homens do círculo do presidente também se destaca Ricardo Alarcón, o actual presidente da Assembleia Nacional cubana.
Este domingo são muitas as incógnitas em Cuba, mas algumas verão hoje luz depois da constituição da nova Assembleia Nacional e da escolha dos 31 membros do Conselho de Estado, do qual sairá o novo Presidente."
Mudanças esperam-se mesmo.
Produzi um texto com 10 páginas sobre esta problemática. Chegado ao fim, conclui que tinha de ir ainda mais longe. Não sei se terei vontade de prosseguir..mas é , ou seria,um trabalho com interesse. Não se trata, aqui, de justificar a recusa à mudança. Só os idiotas é que não mudam.
O que eu não aceito, é o branqueamento da história. O facto de Cuba ter sido (ainda é) vitima de ameaças militares e de bloqueio económico. Parece que isto não tem importância, que é um facto de somenos importância. Isto condicionou tudo.
Como já percebeu, não vou agora apresentar novos ( e mais) argumentos. Apenas lhe manifestar que eu, pessoalmente, não me deixo instrumentalizar, nem embarco, em análises made USA.
Talvez eu chegue a fazer a tal postagem
Enviar um comentário