domingo, 30 de novembro de 2008

MUGABE-DHLAKAMA: Diferenças e semelhamças

Lázaro Bamo, autor do blog “A Insatisfação Consigo à Tensão Interna”( http://kabamwine.blogspot.com) postou lá no seu masturbatório, como chama seu blog o texto que se segue, onde procurou encontrar algumas semelhanças entre Mugabe e Dhlakama:

"A região austral de África é rica em líderes demagogos e básicos, hoje quero falar de dois, um deles vive e convive entre nós disfarçado de moaçambicano, auto proclamado pai da democracia que ainda não nasceu outro é vizinho aquele cantado pelo malogrado Jeremias Nguenha, vizinho mau, ele chama-se tio Bob, ou seja Robert Mugabe. Dói mas nós criamos este cão tinhoso. Estes dois rafeiros ladram todos dias em tons e lugares diferentes mas muita das vezes as diferencas entre eles são uma perfeita semelhança.
Vamos aos factos: Robert Mugabe cavalga o nosso país vizinho já a 30 anos mesmo assim acha-se insubistituível. Pergunto do que valeu ter formado homens, para continuarem seus escravos, do que valeu tirar o colono branco se o negro vai saqueando o pobre zimbabwe. Afonso Dhlakama é outro, quer matar a RENAMO, ou seja já suicidou o maior partido de oposição no país por motivos infundados e infantis.
Estes dois senhores tem nas suas diferenças mais semelhanças que outra coisa, senão vejamos:
1- Cá entre nós está mais do que claro que Dhlakama não é um líder querido pelo seu partido, basta olhar para hostilização e rejeição de que é vítima devido a sua prepotência;
2- Na terra de tio Bob, as massas, que apoiavam a ZANU estão de costas voltadas com o velho ditador africano, que depois de expulsar o regime de Smith viciou a política do seu país e fez da nação seu bicho de estimação;
3- Dhlakama pode estar a sofrer de problemas patológicos que precisam de uma urgente intervenção médica, basta olhar para o seu discurso belicista e ameaçador ( quantas vezes não ameaçou queimar a terra dos que ele tem saido em tempo de eleições a pedir voto).
4- Tio Bob não se difere muito, bate mata e chuta e fica impune, ele cavalga Zimbabwe, suas atitudes, vistas de ponto de vista de idade podem significar uma eminente demência, a mesma que pode estar a abocanhar Dhlakas;
5- Enquanto Dhlakama vive na paranóia de ser único líder capaz de dirigir o país e o pai da Democracia seu irmão político, tio Bob vive a loucura de filho querido do Zimbabwe, mas as eleições já mostraram a estes dois que eles são nados políticos mortos;
6- Os dois são surdos, seus ouvidos servem para embelezar o rosto e dar forma a cabeça. Montaram um software na mente que inverde a bondade, tornando-a em malícia, a verdade em mentira, o bom e maldade, democracia em ditatura, politica em impolítica.
7- Os dois sabem que a única forma de escaparem de linchamento popular é se apegando ao poder e liderança mesmo contra a vontade da maioria. Enquanto Dhlakama prende-se na liderança da RENAMO como se o partido fosse seu animal de estimação, tio Bob vai se perpetuando no Zimbabwe com medo de deixar o poder e quem sabe partir a HAIA.
8- Os dois vão alegando motivos históricos para se manterem no poder (Dhlakama na liderança da RENAMO e Mugabe na presidência do Zimbabwe);
9- Mugabe quer ver-se num país onde todos o seguem cegamente sem nenhum partido de oposição porque ele é o salvador e Dhlakama acha que se a RENAMO está viva é que ele existe e agora não é momento para abandonar a liderança.
10 – Os dois do ponto de vista astístico não hostentam beleza facial e do ponto de vista espiritual precisam de sacramentos e de uma purificação profunda.
11 – Dhlakama está a 30 anos na liderança do pais e tio Bob cavalga o Zimbabwe também a 30 anos;
Estes pontos que apresento podem ser vistos e comparados a tantos outros que melhor que eu os estimados leitores conhecem. Queria chamar atenção ao senhor Mazanga, que cegue um sonho político a beira da sua falência, o que de alguma forma poderá contribuir no juizo final. Será que Mazanga acredita no que diz? Ou diz para agradar ao mais velho, que aliás o chamou muido não como forma de brincadeira mas sim uma maneira de dizer chega para lá.
Vamos pedir a União Africana para conceder uma parcela num dos desertos do continente, instalar um país de dois homens paranóicos, Dlhakama e Mugabe e convocar eleições na presença de seguidores destes, acho que assim teriámos governo de unidade nacional pois como já nos habituou, Dhlakas contenta-se com pouco, Mugabe única coisa que está habituado a ser é presidente. Lá Mazanga seria ministro ou porta-voz do governo não sei o que seria de George Charamba"

sábado, 29 de novembro de 2008

MANUEL ARAÚJO ESCREVE À IVONE SOARES


Ivone Soares e Manuel Araujo são dois proeminentes mebros da Renamo. Conheci Manuel Araujo lá em Quelimane(na FDZ-Fudação para Desenvolvimento da Zambézia), bem antes de encontrá-lo aqui na Blogosfera onde o leio com frequência. Ivone Soares conheci aqui na blogosfera e tive a felicidade de conhecé-la em pessoa numa das reuniões lá na Beira. Apesar de sua agenda apertada nos encontramos numa tarde de Domingo antes dela voar de volta a Maputo e conversamos um bom bocado que foi suficiente para lhe descobrir a grandeza que alias já conhecia apartir dos seus escritos. Dias depois lhe dediquei uns poemas no meu canto poético. A dias Ivone escreveu “Pontos de vista contraries ajudam a evoluir”, uma postagem que provocou muitas reações(comentários). Um dos comentários, é de Manuel Araujo. Achei-o interessante:

Prezada Ivone!

Concordo consigo! As familias, as sociedades os partidos, as empresas, as nacoes passam por crises! E essas crises podem ser transformadas em oportunidades. Mas para que tal aconteca e importante que nao se siga a estrategia da avestruz que 'esconde a cabeca e deixa o rabo de fora!'

E em momentos de crise que se distinguem os 'tachistas' dos que se entregaram a causa por conviccao! E preciso ter coragem para dizer a verdade! A verdade doe mas tem que ser dita!

Em 2004 a Renamo perdeu as eleicoes e que eu saiba nao houve nenhuma reuniao para debater, discutir e corrigir os erros. E o resultado foi uma derrota ainda mais estrondosa! E quando pedimos uma analise fria das eleicoes para que possamos corrigir os erros do passado e melhorar a nossa performance nos proximos pleitos eleitorais somos respondidos por 'diarreias mazangais!, sem eira nem beira!'
E preciso combater os 'tachistas da estipe de Mazanga' se a Renamo quer crescer!

Enquanto alguns sonham com 'barracas' nos suburbios da capital, nos sonhamos em levar Mocambique para o caminho da prosperidade, do desenvolvimento e do bem estar!

Alguem dizia que 'a pequenez de um homem mede-se pela pequenez dos seus sonhos'!

Permitam-me aqui parar, citando um grande Homem que dizia 'O que me preocupa nao e o barulho dos maus, mas sim o silencio dos bons!

Neste momento de dor, Quero ouvir a tua voz, IVONE, e nao o teu silencio cumplice!

Diga-me com quem andas que te direi quem es!

Um abraco sincero,

Manuel de Araujo

AINDA SOBRE DEVIZ SIMANGO E A VICTORIA DA BEIRA


Fernando Lima é jornalista, do semanário "Savana", vencedor do CNN Multichoice African Journalist Award 2008 na categoria Língua Portuguesa. Na sua coluna Espinhos da Micaia, última dição do Savana, trás uma crónica com o titulo "CONGECTURAS)que por versar sobre "o assunto do dia(Deviz Simango)" decidi trazé-la( a crónica) ao Meu Mundo. Desfrutem-no:


"Há quatro anos, na noite amena que marcou o lançamento do livro de Barnabé Nkomo sobre Uria Simango, um número notável de convivas comprou um não menos número notável de cópias. Invariavelmente, diziam, eram livros para amigos que não puderam estar no lançamento. Ou, noutro registo, não queriam ser referenciados com a obra debaixo do braço. Como na década de noventa quando os directores provinciais embrulhavam o Savana no matutino diário, para não terem dedos em riste contra si.
O debate intenso que está a provocar a eleição de Daviz Simango na Beira, fizeram-me lembrar de novo o episódio dos livros.
É claro que o afastamento de Uria Simango e a sua morte num campo de reeducação no Niassa continua a agitar as consciências do movimento de libertação. E por isso a candidatura vencedora de Daviz, o seu filho, na Beira, ultrapassa a dimensão de uma vitória autárquica. Por se tratar de quem é e por ser um candidato que ousou apresentar-se ao eleitorado à revelia dos partidos. O que também explica a violência político-verbal que concentrou sobre si ao longo da campanha.
Em privado, um número crescente de vozes, considera que Daviz foge claramente ao formato do político tipo do pós-independência. Ainda no recato do pronunciamento mais ou menos anónimo se vaticina que Daviz pode fazer pontes onde outros vêm cavando precipícios e armadilhas.
A partir daí vão sobrando conjecturas para os mais voluntariosos. Faz-se o balanço da “ala intelectual” da Renamo trucidada no pós- primeira legislatura e no caminho que se vaticina aos “jovens turcos” que se estão a rebelar contra o caudilho, no rescaldo das autárquicas. No partido herdeiro do movimento de libertação, mesmo o entusiasmo da vitória, não deixa de mostrar que o pântano anda por perto. Há muito camarada que torce o nariz imaginando futuras gerações lideradas por comissários da estirpe de Edson Macuácua. E vão seguindo com crescente interesse o que se passa com os seus camaradas de armas no ANC da África do Sul.
Os voluntariosos que se vão juntando à sombra de Daviz começam a achar que talvez não seja má ideia fazer um balão de ensaio para 2009. Precisam de bandeira e um pouco de sorte para colocar uma lança no parlamento. O que não é difícil se jogarem no tabuleiro da zona centro.
A grande jogada, o verdadeiro póquer de ases é para lançar no pano em 2014, quando os vaticínios apontam para presidenciáveis do centro e Norte do país, dos dois lados da barricada.
E aí, quando for a votos a primeira geração de eleitores nascidos em tempo de paz, Daviz, se conseguir sobreviver a mais cinco anos de gestão camarária na Beira, poderá ser o candidato. O candidato com aura de história e cv apelando à méritocracia.
2014 é longe e é perto. É lá onde se vão jogar futuros.
As apostas há muito que começaram a ser feitas pelos que acreditam que o amanhã se prepara e organiza.
Como no slogan."

DO CHITENGO ONDE MORO: Carta Para Mariazinha XI



Mariazinha, tenho sempre consciência do quanto te devo em notícias. Numa altura em que as autárquicas estão na ordem do dia devia msmo te encher de notícias cá da terra. Sei no entanto que tens sempre consciência de que não me falta vontade.
Mariazinha vou começar com notícias bem de perto. Homens armadas tentara na manhã de ontem assaltar um autocarro bem no desvio para Macossa entre os Maringué e Gorongosa. Sabes como por essas alturas essa coisa de homens armado pode ter muitas interpretações. Não se sabe ao certo quem esses homens são e oque pretendiam.
A vila de Gorongosa está meio agitada. Tinha eu programado passer lá o final de semana mas decide ficar por cá mesmo.
Na Beira, onde estive na Quinta continua se respirando o cheiro das recentes eleições agora que os resultados oficiais ainda não foram anunciados. A grande novidade foi o facto de ter sido aprovado pela Assembleia Municipal, o orçamento e plano de actividades do Conselho Municipal da beira para o ano de 2009. Mariazinha a Frelimo decidiu abster-se alegando que a proposta do orçamento e plano de actividades devia ser anlisado e aprovado pela assembleia saida das recentes eleições onde como se sabe a frelimo terá mais assentos. Dizem os membros da Frelimo que não havia pressa pois os prazos vão até Março. Não concordo com eles Mariazinha pois quanto mais cedo é sempre melhor. É bom que o presidente já comece a “olhar” para o 2009. Outro facto que merece atenção é o facto da aprovação ter contado apenas com os votos da Renamo-União eleitoral que recentemente “associada” a Frelimo, se mostrou hóstil a Deviz Siamango chumbando a revisão do orçamento.
Mariazinha a Renamo está no meio duma grande ventania. Como já sabes, nessas eleições a perdeu tudo em todos os 43 municípios. Há troca de acusações e tudo está sobrando para o líder. Houveram Mariazinha a dias vozes que defendem que a Renamo precisa de um congresso o mais rápido possível para se resolverem todos os milandos que existem. Há quem sugere que Dhlakama precisa se afastar e deixar a juventude pegar o partido. Precisa se reconciliar com os expulsos. Resta saber agora Mariazinha se Dhlakama vai nessa ou vai continuar a resistir. Há lá na Renamo jovens como Fernando Mazanga que parecem não estarem a ver as coisas tal como elas realmente estão, a saber mal.
Mariazinha, ontem em Chimoio, estive(conheci) com o senhor Jorge Ganda. O senhor Ganda é secretário geral da associação provincial do Boxe e se impressionou pelo facto de eu estar meio informado sobre o boxe. Discutimos por exemplo acerca dos manisfestos eleitorais dos candidates à Presidência da Federação Moçambicana do Boxe(o sr Ganda é pro-Caldeiras), do campeonato que decorre lá mesmo em Chimoio entre outras questões ligadas à modalidade. O sr. Ganda quis saber se eu tinha praticado o boxe. Disse que na adolescência quis praticar mas os meus pais achavam que o boxe era uma modalidade violenta oque sob certo ponto de vista é bem verdade. Quando o sr Ganda discordou comigo ou melhor com os meus pais mostrei para ele, que é por exemplo menos violento, fisicamente falando, usar a cabeça para estudar os movimentos das peças num tabuleiro de xadrez, do que entregá-la a “pancadas” de punhos cerrados, mesmo que estejam(os punhos) dentro de fofas luvas. Se não tivesse que voltar já tinha onde e como me ocupar na noite de Sexta e Sábado, ia assistir à partidas do boxe que confessei ao sr Ganda nunca ter assistido uma ao vivo.
Mariazinha o ano está chegando ao fim e quero te lembrar que esse nosso cantinho faz um ano de vida no próximo dia 8. Lembras-te que acaba de iniciar o mês de Dezembro quando surgiu o MEU MUNDO que se tornou nosso e de muitos. Não tens ideia quanta gente boa conheci por aqui. Mariazinha algumas até sairam da telinha para o real. Por falar nisso há fortes indícios que a outra Mariazinha estará por cá no próximo ano. Já começamos com os preparativos. Se achares boa ideia se prepare também para vir passares uns dias por cá.
Deixa-me ficar por aqui.
Abraços do Chitengo

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

DEVIZ SIMANGO AGRADECE


Aos Munícipes da Beira


Passada a Campanha Eleitoral, Apuramento dos Resultados, queremos fazer um agradecimento público a todos que confiaram no nosso trabalho, bem como aqueles que por qualquer motivo não o tenham feito, mas pelo facto de terem exercido o seu direito de voto. Fazemos questão de dividir essa Vitória com todos vocês.

Acreditaram que era possível fazer política como Candidato Independente, fizemos campanha agradável e inteligente, sempre na busca dum mandato político. Foi o que aconteceu. E agradecemos pelos que apoiaram a ideia.

Estendemos estes agradecimentos a todos que directa ou indirectamente apoiaram e participaram na campanha eleitoral. Sem o vosso carinho, o que seria de nós.

A nossa equipa não venceu sozinha. Nós vencemos. Tudo o que a equipa conseguiu, não conseguiu, conseguimos. Como vínhamos dizendo vamos colocar em pratica o que propusemos no nosso programa de governação para o mandato 2009 à 2013, para tornar a nossa cidade o Orgulho Beirense.

Além de agradecer, queremos nessa hora, fazer outro pedido: nos ajudem. Estejam ao nosso lado sempre, para que juntos possamos desenvolver a Beira, pensando nas futuras gerações.

Muito foi feito, mas muito há ainda por fazer. Rogamos a Deus que a todos nos ilumine para que sigamos firmes e coesos na busca permanente de soluções e recursos, bem como na consolidação da democracia no nosso País.

Terminamos dizendo que aprendemos muito nesta etapa. Saímos mais fortalecidos, graças ao apoio de vocês. Certamente continuaremos a disposição de todos, como homens de política.


Obrigado por tudo, Parabéns Beira, até a próxima.

Daviz Mbepo Simango

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

OQUE A FRELIMO PROMETEU À BEIRA



Hoje, depois de ter lido Edson Macuácua no NOTÍCIA, dei-me conta que a Frelimo vai a tempo de fazer grande parte senão tudo oque prometeu durante a campanha eleitoral, bastando para isso fazer um sábio uso da sua já tão propalada maioria na Assembleia Municipal. A Frelimo pode por exemplo construir os hospitais e escolas que prometeu. Construir as carpintarias de caixões e criar seviços funerários semi-gratuítos. Melhorar os mercados, apoiar as famílias carenciadas e de baixa renda construindo casas de baixo custo, melhorar a rede de estradas saneamento, “introduzir mudanças para melhorar e fazer com que a cidade da Beira seja pólo de atracção de investimentos e desta forma criar mais oportunidades de emprego”, etc, etc.
Partindo do princípio que tal como provou, Deviz é pelo desenvolvimento da Beira, não quero pensar que Deviz Simango, o PCM eleito seria impecilho caso a Frelimo decidisse lever a sério as promessas que fez. Lembrando-me do discurso de Macuacua retirando mérito à Simango pelos melhorias da Beira, penso que o problema, o maior problema seria dos créditos. A Frelimo só não procuraria concretizar oque prometeu com “receio” que os creditos fossem atribuidos pelo povo, a Deviz Simango e não a ela (Frelimo).Receio que o povo visse tudo como uma simples continuação do belo trabalho que Simango vinha levando a cabo. Mas também penso que com isso, a Frelimo não devia se preocupar pois como ficou provado nessas eleições os beirenses sabem analizar e descobrir "quem é quem" e "quem fez oquê", a ponto de na hora de votar não se deixar levar pelos discursos vazios dos candidatos , e muito menos pelas acusações infundadas contra o candidato da sua confiança. Depois de todo "barulho" souberam com cabeça fria decidir a quem entregar o destinos da sua cidade.
Pensando dessa forma simples, uma boa opurtunidade se abre para a Frelimo e extensivamente a Renamo, mostrarem até que ponto o desenvolvimento da Beira e consequentemente o bem estar dos beirenses faz parte de suas agendas politicos partidárias. E como já disse antes nao se pode pensar que Deviz Simango seria um obstáculo a esse desenvolvimento pois para além de não fazer seu estilo(ja provou ser pelo desenvolvimento da Beira), não poderia contra uma Assembleia com a Frelimo em peso, a Renamo e o GDB que feliz ou infelizmente, como se diz por ai, foi “parida “ pela Frelimo para dispersar os ja dispersos votos da Renamo.
Sou totalmente contra os que a semelhança do coronel Sérgio Vieira, sugerem alianças do tipo Deviz-Frelimo, Deviz- Renamo ou ainda Deviz-Frelimo-Renamo, pois para mim essa aliança já existe se acreditarmos que tal como Deviz Simango o mostrou nos cinco anos de Edil, a Frelimo e a Renamo estão genuinamente interessados em desenvolver a Beira, que as promessas eleitorais eram mais doque simples promessas.
Vou esperar para ver se a Frelimo vai saber "pegar" essa opurtunidade de se redimir da forma como mal governou a Beira antes de Simango chegar, ou vai se ocupar em desfazer oque Simango fez. Seja lá como for que a Frelimo e Renamo usarem os seus muitos assentos na Assembleia Municipal, só quero avisar que tal como sempre esteve, o povo da Beira esta de olho e nas já próximas eleições para as Assembleias provinciais, eleições presidencies e legislativas, saberão escolher em quem confiar e ninguém vai dizer que faltou aviso.

domingo, 23 de novembro de 2008

SE EU FOSSE DHLAKAMA


Vou chamá-la de mania. A mania “SE”.
Primeiro foi o “SE Obama fosse Africano” do escritor Mia Couto que gerou muitos e interessantes debates. Uma incisiva interpelação do sociologo Patrício Langa, abriu uma outra “vaga” de debates. Logo asseguir surgiu o “SE Mugabe fosse Americano” do Sociologo Elisio Macamo. Li e "roubei" para Meu Mundo esses tres "SEs". Tenho seguido atentamente os debates que vao se desenrolando a volta deles.
No “vento” desses “SEs” e a luz dos resultados das eleições autárquicas, especialmente os da Beira pensei em que faria SE fosse Dhlakama. Dizem que não se pode chorar sobre o leite derramado mas eu:
• Reconheceria/aceitaria os resultados sem falar de fraudes a não ser que tivesses provas incontestáveis.
• Aceitaria a pesada derrota registada e assumir responsabilidade directa e indirecta por ela.
• Reconheceria ter sido um erro a decisão de trocar Deviz Simango por Manuel Pereira. Erro agravado pela decisão de expulsar-lo da Renamo e proibí-lo de usar os seus símbolos.
• Reconheceria ter sido errado, toda manobra tendente a impedir Simango de concorrer como independente. Reconheceria não ter sido por mã fé e não por amor à legalidade que se tentou impugnar a sua candidatura alegando um sem número de ilegalidades.
• Admitiria ter sido errado a “aliança” com Frelimo para travar Simango.
Não limitar-me-ia a lamentar pelo que fiz mas também tomaria umas medidas a saber:
• Na mais profunda atitude de humildade fazia as pases com o “miúdo” e aliar-me-ia a ele. Isso incluiria necessariamente readmití-lo no partido e desfazer todos os mal entendidos que ficaram por ai.
• Juntava-se aos seus projectos visando desenvolver a Beira para mostrar que acima de discursos políticos o desenvolvimento da Beira e consequente bem estar dos munícipes é oque realmente “matters”.
• Promove-lo-ia dentro da liderança do partido e isso incluiria admitir a possibilidade de entregar-lhe os destinos do partido.

Se eu fosse Dhlakama faria isso e muito mais. Por Moçambique minha pátria e seu povo, pela Renamo partido que dirijo, pela democracia de que digo ser pai e digo ter sido objecto da luta que durante 16 anos dirigi.

A VICTÓRIA DE DEVIZ SIMANGO NÃO SIGNIFICA DERROTA DA FRELIMO




Tenho alguns motivos para pensar dessa maneira. Li no diário do Dr. Serra um pedacinho da “carta a muitos amigos”, coluna do camarada Sérgio Vieira no semanário Domingo. A Frelimo venceu tanto para PCM e Assembleia Munincipal nas 42 autarquias das 43. Beira foi a única em que o candidato da Frelimo saiu derrotado.
Os números mandam dizer no entanto que a Frelimo terá na Beira uma maioria na Assembleia Munincipal, maioria com a qual “querendo” e se aliando a Renamo a quem já antes se aliou, poderá “dificultar” a já bem provada boa liderança de Deviz Simango, mas me pergunto porque a Frelimo que como afirmou durante a campanha, deseja desenvolver a Beira iria contra um Deviz que mais do que dizer, mostrou o sinceiro interesse que tem em desenvolver a Beira?
Os números mandam dizer também que na Beira, a Frelimo deu-se bem melhor nessas eleições, se comparadas às anteriores, mas oque isso significa se a pergunta mais forte continua sendo porque é que os que garantiram a victória da Frelimo, votando em massa não optaram por Lourenço Bulha?
Pode-se pensar que o “improvement” da Frelimo significa que a Beira não é o bastião da Renamo como sempre se pensou. Pode-se se pensar que deixou de ser, e quem saba para sempre, se é que era mas isso também conta pouco se tivermos em conta que victória semelhante a do Maputo por exemplo a Frelimo não conseguiu na Beira. Por outro lado a victória de Simango significaria derrota da Frelimo só e so se junto com Simango vencesse a Renamo. É aqui que começo a me perguntar se a Beira é realmente bastião da Renamo pois se fosse teria votado em massa no canditado da Renamo(Manuele Pereira) e não em Deviz Simango que se rebelou da Renamo e desreipeitou as “ordens”, seguindo sua “ambição” pelo poder. Não teriam votado em Deviz qure pela Frelimo e Renamo ou FRENAMO como se diz por ai foi acusado de mã gestão. Eu prefiro pensar que a Beira não é de ninguém(Frelimo ou Renamo). A Beira é isso sim de quem a convence de estar interessada a lutar por ela de forma desinteressada como parece ter feito Deviz Simango nos cinco anos que conduziu os destinos do munincípio da Beira. Pensando assim sou ”forçado” a acreditar que a Beira não se deixou levar por discursos eleitoralistas do tipo que se ouviram ao longo das campanhas dos vários candidatos. A Beira voltou no tempo e“leu a sua história” não apenas dos últimos 5 anos mas dos 30 e poucos anos. A Beira fez um “antes e depois” e decidiu em quem votar.
Dizer que a victória de Simango não significa derrota da Frelimo, é ser demasiado da Frelimo, ser deficiente em humildade; é negar a relação entre o candidato e o partido. É covardemente esquecer todo esforço feito para ganhar a Beira, todos discursos.
Agora como deviz vai governar o município com uma Assembleia Municipal “hóstil”?. Sugere Sérgio Vieira que a sensatez “manda” que Deviz se alie à “maioria” nesse caso a Frelimo. Alianças fazem quem as precisa e ficou provado que Deviz junto com o povo não precisam aliança nenhuma especialmente com a Frelimo que tudo fez para que saísse derrotado nessas eleições. Como alguns sugerem, contra o conselho maldoso de Sérgio, aliar-se a Frelimo seria um auténtico suicídio.
Vamos esperar para ver.

sábado, 22 de novembro de 2008

SE MUGABE FOSSE AMERICANO


A DIAS POSTEI AQUI UM TEXTO INTERESSANTIMO ASSINADO PELA PENA DO GRANDE MIA COUTO E LOGO ASSEGUIR UM OUTRO DO NAO PEQUENO PATRICIO LANGA. HOJE TRAGO UM OUTRO DESTA VEZ DO TAMBEM GRANDE ELISIO MACAMO GERADO DOS DOIS(O DE MIA E A INTERPELACAO DE LANGA).

"Mugabe americano branco
Já agora, porque não entrar na onda das especulações encorajado pelo sempre interessante texto do Mia Couto (que circula pela internet), mas também pela interpelação incisiva feita pelo Patrício Langa? Porque não? Mas como entender a pergunta: e se Mugabe fosse americano? Difícil. Ou melhor, depende. Branco ou preto? Descendência directa africana ou descendência indirecta por via dos americanos-africanos? Qualquer que seja a resposta que dermos a estas perguntas, as coisas mudam de perfil. A análise não pode ser a mesma. Se Mugabe fosse americano branco, como professor primário que ele é, nunca teria chegado a lado nenhum. Precisava de ter estudado direito ou gestão e decidido, muito cedo, meter-se na política em defesa de certos interesses que não têm necessariamente muito a ver com a sorte da maioria. No Zimbabwe ele formou-se politicamente na defesa dos interesses de uma maioria espezinhada, oprimida e constantemente ferida na sua dignidade humana. Os que o criticam hoje esquecem isso com muita facilidade.
Ele passou anos na cadeia, passou privações no exílio e na guerra de libertação guiado não só pelo ideal de um dia vir a fazer vida negra a Morgan Tsvangirai e cuspir na cara do mundo, mas guiado, também, pela esperança da recuperação da dignidade humana de todo um povo. E recuperou essa dignidade, mas o simples facto de ter tido que consentir esses sacrifícios todos pela recuperação de algo apregoado (mas não cumprido) por gente aparentemente decente e sensata há-de o ter marcado como político. Nada justifica atrocidades cometidas em nome de seja qual for o ideal, mas ignorar o papel formativo que certas experiências têm na vida de um político é também a forma mais segura de nunca poder perceber porque os políticos agem como agem e o que deve ser feito para os envolver no diálogo que é sempre necessário. Um Mugabe americano branco teria consentido sacrifícios pelos negros americanos e ganhar projeção nacional? Esses negros americanos teriam dinheiro suficiente para financiarem a sua campanha? Ou teria ele usado a causa “negra” simplesmente para se projectar como, aliás, alguns políticos liberais norte americanos o fazem? Uma vénia aqui e acolá pelas causas desta mais aquela minoria a caminho do capitólio em Washington... Ou fazer de Michael Moore com as suas críticas enfadonhas e mal articuladas à consciência liberal americana?
Nos Estados Unidos da América, como aliás no Brasil também, há reservas de índios, verdadeiros antros de alcoolismo e decadência. Ter-se-ia inspirado nessa realidade um Mugabe branco americano para se livrar do problema dos fazendeiros brancos no Zimbabwe? Estilo meter todos esses fazendeiros que teimam em controlar a riqueza do país conquistado com luta e sacrifício em reservas? Estilo organizar aí excursões turísticas para ir ver “brancos africanos”? Ou teria ele legislado de forma restrictiva como alguns estados o fazem lá nos EUA contra “ilegais”, submetendo-os ao tratamento mais ignomioso que uma nação que se considera civilizada pode submeter a outros seres humanos? Ou então, porque não, encorajar os fazendeiros brancos a regressarem às raízes como, aliás, as missões cristãs fizeram lá nos EUA em relação aos negros que foram enviados para a Libéria? Comprava-se um pedacinho de terra em Cornwall na Grã-Bretanha para os fazendeiros zimbabweanos e, prontos, estava resolvido o problema. Estava?
Ou seria ele, caso conseguisse chegar à Casa Branca com essa agenda, aliado de Tony Blair na inviabilização de uma solução para o problema do Zimbabwe? Meios para tal não lhe faltariam. Era só fazer como os Bush fizeram. Era só fazer como administrações anteriores fizeram em relação a muitos outros países e a muitos outros conflitos: Nicarágua, Panamá, Granada, Cuba, Vietname, etc. Aliás, era só ser igual a si próprio e tolerar durante anos a fio regimes de minoria branca na África do Sul e na Rodésia do Sul. Anos a fio. Porque é que nós – agora estou a falar de nós os africanos em África – começamos as nossas homilias sempre do zero? Assim que o Ocidente muda de ideias – estilo, a partir de agora é errado ter governo de minoria branca – já não nos interessamos em recordar a esses fulanos que no passado defenderam – ou, pelo menos, não levantaram nenhum dedo contra – esse tipo de regimes. Será uma maneira de os ilibarmos da sua responsabilidade na formação de uma cultura política niilista entre nós? Será uma maneira de evitarmos ver que, quer a gente queira, quer não, somos produtos desta relação com o Ocidente? Será isso?

Mugabe americano negro

Está bem. Suponhamos que Mugabe americano fosse negro. E aí? Como professor que ele foi teria chegado a algum sítio? Teria sido professor? Se ele se tivesse envolvido na campanha dos direitos cívicos, estaria hoje vivo? E se estivesse vivo, seria como político moderado, político radical ou o quê? Quantos milhões de negros não votam nas eleições americanas por estarem na cadeia? E porque estão na cadeia? Porque são criminosos? Só por isso? Num país civilizado e democrático como os EUA só se pode estar na cadeia por se ser criminoso? Só? Que oportunidades é que aquela nação dá aos seus? Como são distribuídas essas oportunidades? Como se pode articular o desconforto em relação a isso? Pela sua idade, Mugabe teria começado a fazer política nos EUA no período de McArthur. Portanto, é bem provável que tivesse sido logo rotulado de comunista com todas as consequências que daí adviriam.
Obama conseguiu, portanto, vamos supor que um Mugabe negro também conseguisse. E depois? Vamos supor que uma vez chegado à Casa Branca ele decidisse distribuir melhor a riqueza do país. Vamos supor que ele quisesse que os negros americanos fossem compensados por tudo quanto tiveram de sofrer naquele país. O tratamento indigno como escravos; as humilhações que atingiram o seu auge na declaração de independência que proclamava a liberdade natural do homem no mesmo momento em que milhões eram mantidos em situação de escravatura; as violações, os maus tratos, a longa e dura caminhada pelo reconhecimento da sua humanidade, as vicissitudes sofridas às mãos do Ku Klux Klan, etc. Então, chegado à Casa Branca e com o intuito de corrigir esses erros do passado: haviam de o deixar fazer? Os amantes da democracia e do Estado do direito haviam de deixar? Não iriam usar o pretexto de alguns dos seus conselheiros se enriquecerem ilicitamente para chumbarem todo o projecto? Transformarem-no num diabo para que seja cada vez mais difícil falar com ele? E ele, como reagiria? Diria “muito bem, já que não querem, vou deixar”? Diria isso? Ou iria ser perseverante? Pior: não é provável que ele também se radicalizasse e passasse a ver todos quantos estivessem contra os seus métodos como inimigos da causa legítima? Eu acho que é e creio ser, em parte, o problema que temos no Zimbabwe. Aqui, como em várias outras coisas, o nosso sentido crítico espontâneo não tem ajudado muito.
E há um precedente histórico que gostaria de citar longamente para temperar o entusiasmo por Obama, mas sobretudo para mostrar a longa caminhada feita para que Obama fosse possível, isto é, para mostrar o que foi necessário fazer para que Obama pudesse fazer a campanha nos moldes como a fez. No dia 16 de Abril de 1963 Martin Luther King Jr., o grande activista dos direitos cívicos (reparem: direitos cívicos, não direitos de negros!), escreveu uma carta da prisão de Birmingham (no sul dos EUA) onde se encontrava detido por ter participado em manifestações pacíficas contra as leis de segregação nessa cidade. A carta era dirigida a clérigos judeus e cristãos que, por sua vez, haviam escrito uma carta aberta a condenar a “impaciência e inoportunidade” do movimento cívico e seus “métodos” de luta que atentavam contra a ordem pública. É uma excelente carta, um dos exemplos mais finos de retórica que existem por aí. Quem quiser a versão completa é só googlar: “Letter from a Birmingham prison”. A carta responde a esses clérigos e eu, em tradução livre, vou salientar apenas algumas passagens:

"vocês lamentam as manifestações que estão agora a ter lugar em Birmingham. Contudo, na vossa declaração esqueceram-se de exprimir a mesma preocupação em relação às condições que conduziram a essas manifestações. Tenho a certeza de que nenhum de vocês ficaria contente com o tipo de análise social superficial que lida apenas com os efeitos e não se preocupa com as causas de fundo. É lamentável que haja manifestações em Birmingham, mas é ainda mais lamentável que a estrutura do poder branco da cidade tenha deixado a comunidade negra sem nenhuma outra alternativa...
Sabemos a partir da nossa experiência dolorosa que a liberdade nunca é dada voluntariamente pelo opressor; ela deve ser exigida pelo oprimido. Francamente, nunca estive envolvido em nenhuma campanha de acção directa que tivesse sido “oportuna” na perspectiva dos que sofreram injustamente a doença da segregação. Durante anos a fio tenho ouvido “espera!”. Soa com familiaridade cortante no ouvido de todo e qualquer negro. Este “espera” tem significado quase sempre “nunca”. Devemos concordar, com um dos nossos mais conceituados juristas, que ‘justiça que demora muito a chegar é justiçada recusada’.
Esperamos mais de 340 anos pelos nossos direitos divinos e constitucionais. As nações da Ásia e de África estão a caminhar com a velocidade de jacto rumo à conquista da independência política, mas nós rastejamos à velocidade de cavalo e carroça rumo ao direito de tomarmos uma chávena de café na cantina. Se calhar é fácil para quem nunca sentiu as setas pontiagudas da segregação dizer “espera”. Mas quem viu multidões viciosas a lincharem as suas mães e pais de qualquer maneira e a afogar as suas irmãs e seus irmãos por capricho; quem viu o polícia cheio de ódio a insultar, chutar e mesmo matar os seus irmãos negros e irmãs negras; quem vê a grande maioria dos seus vinte milhões de irmãos negros sucumbindo numa gaiola de pobreza hermeticamente fechada no meio de uma sociedade afluente; quem de repente se vê com a língua amarrada e com a fala entrecortada ao tentar explicar à sua filha de seis anos porque ela não pode ir ao parque público de entretenimentos que acaba de ser publicitado na televisão, e vê as lágrimas a subirem-lhe aos olhos quando alguém lhe diz que o parque de diversões está interdito a crianças de côr, e vê nuvens ameaçadoras de inferioridade a formarem-se no seu pequeno céu mental, e vê-a começar a distorcer a sua personalidade através do desenvolvimento de uma amargura inconsciente em relaçãos aos brancos; quem tem de inventar uma resposta para o seu filho de cinco anos que lhe pergunta: “pai, porque é que os brancos tratam assim tão mal as pessoas de côr?”; quem guia de carro pelo meio rural e se vê obrigado a dormir noite após noite em cantos desconfortáveis do carro só porque o motel não o aceita; quem é humilhado dia após dia por sinais persistentes que dizem “branco” e “de côr”; quem vê o seu primeiro nome ser transformando em “negro”, o nome do meio em “rapaz” (independentemente da idade) e o último se transforma em “John”, e a sua mulher e mãe nunca são tratadas com a forma de respeito “senhora”; quem é acossado de dia e atormentado à noite pelo facto de ser negro, vivendo constantemente na ponta dos dedos, nunca sabendo o que esperar no momento seguinte, e é assolado por receios internos e ressentimentos externos; quem está sempre a lutar contra um sentido degenerativo de “ser ninguém” – esse compreende porque nos é difícil esperar. Chega um momento em que o copo do sofrimento em silêncio transborda, e os homens não estão mais dispostos a se deixarem empurrar para o abismo do desespero. Espero, meus senhores, que compreendam a nossa impaciência legítima e inevitável. Vocês revelam uma boa dose de preocupação em relação à nossa vontade de violar leis. Esta preocupação é naturalmente legítima. Uma vez que nós também nos empenhamos em exigir que as pessoas obedeçam a decisão de 1954 do Tribunal Supremo que torna ilegal a segregação em escolas públicas, pode parecer, à primeira, algo paradoxal que nós conscientemente violemos leis. Pode-se com legitimidade perguntar: “como é que vocês podem advogar a violação de algumas leis e a obediência a outras?”. A resposta reside no facto de que há dois tipos de leis: justas e injustas. Eu seria o primeiro a advogar a obediência a leis justas. A responsabilidade de obedecer a leis justas não é só jurídica, mas também moral. Pelo contrário, existe uma responsabilidade moral de desobedecer leis injustas. Eu concordaria com o Santo Agostinho que “uma lei injusta não é praticamente nenhuma lei”."

Se Mugabe fosse americano negro teria crescido neste meio de desespero, ressentimentos no meio de tanta hipocrisia, um meio que Obama não deve ter conhecido porque, felizmente, ele pertence a um outro meio social, o meio social de sua mãe não só branca como de certeza de um certo nível de educação e com outra estrutura de oportunidades. O que torna Obama diferente de Jesse Jackson, Malcolm X e vários outros, estilo Al Sharpton da Fogueira de Vaidades de Tom Wolfe, é, também, capaz de ser isso. Um Mugabe americano seria muito provavelmente um Mugabe quase igual ao Mugabe real. O contexto muitas vezes faz a pessoa.
Isto não invalida as críticas legítimas que devemos fazer ao que anda mal entre nós; não torna ilegítimas as nossas preocupações pela democracia e respeito dos direitos humanos em África. Mas uma crítica feita constantemente sem referência à história real, ao contexto que fez as pessoas e aos grandes desequilíbrios que até hoje persistem é uma crítica pouco susceptível de nos levar adiante na nossa luta pela emancipação. 1963 foi há bem pouco tempo, historicamente falando. Quem pode ousar esquecer isto? Quem pode ter a coragem de dizer que isso é passado, não conta mais, agora não há mais desculpas? Nunca aplaudi Mugabe pelo que ele faz no seu país; já escrevi textos a condenar a sua política, as suas tentativas de tornar o marxismo ainda válido para a solução dos problemas do seu país e a sua mão dura contra a oposição. Nunca, contudo, vou diabolizar o tipo, pois na sua política errática e na sua maldade está o que a história fez de nós todos. Compreender não é concordar. Mas sempre esquecemos isso.
Se Obama fosse africano teríamos dado um passo muito grande nos nossos esforços de emancipação. Que ainda não existam condições para o surgimento de um Obama entre nós não significa que estejamos entregues aos maus. Os maus não existem. Existe apenas esta horrível história que teimamos em ignorar."

MATEMÁTICA ELEITORAL




De acordo com a edição de 21 de Novembro do Diário de Moçambique, resultados correspondents a 72% das mesas de votos, davam um vantagem A Deviz Simango com 54.449 votos contra 32.692 de Lourenço Bulha da Frelimo. Ainda segungo o DM a Frelimo seguia em frente na corrida para Assembleia Munincipal com 38.552 votos contra os 22.033 da Renamo. Como terceiro candidato mais votado está Manuel Pereira da Renamo com apenas 1.531 votos. Esses números ainda que parciais me mostraram que:

• Dos 38.552 que votaram na Frelimo para Assembleia Munincipala, 5.860 não votaram no candidato da Frelimo Lourenço Bulha.

• Dos 22.033 que votaram na Renamo para Assembleia Munincipal, apenas 1.531 votaram no candidato da Renamo Manuel Pereira.

Me lembrando dos que se falou durante a campanha, esses números mostram que dos 500.000(meio milhão) de jovens que segundo Edson macuácua assistiram ao comício de Bulha, apenas cerca de 30% votaram em Bulha e na Frelimo.
Depois de ter olhado para esses números fico aqui a me perguntar:

• Porque é que nem todos que votaram na Frelimo votaram em Lourenço Bulha?

• Porque é que nem todos que votaram na Renamo votaram em Manuela Pereira?

• Porque nem todos apoiantes(os que assistiram o comícios) votaram na Frelimo e Bulha?

• Porque é que nem todos que votaram em Deviz Simango votaram na Renamo?

• Como seria se Deviz concorresse pela Renamo?


Dá para perceber que grande parte dos que apoiaram(votaram) a Frelimo na hora de escolher um candidato preferiram Deviz em vez de Bulha. A pergunta que fica é porque?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

DO CHITENGO ONDE MORO:Carta Para Mariazinha X


Hoje escrevo-te na sexta feira Mariazinha como nos velhos tempos.
Vamos lá falar da política hoje, concretamente das eleições autárquicas.
Fomos na quarta feira votar e como já várias vezes te tinha dito, a semelhança de muitos outros beirenses conscientes, votei em Deviz Simango. Muito se tinha dito antes contra Deviz. A Renamo lhe deu um monte de nomes, a Frelimo lhe acusou de um monte de coisas tudo para ver se se livravam dele. Segundo a Renamo Deviz traiu, desreipeitou a liderança. Deviz teve que escolher entre obedecer as lideranças da Renamo e a vontade do povo e escolheu bem. Desembaraçou-se do partido e concorreu contando apenas com o povo. Concorreu e ganhou e como ganhou. Mas do que vencer Deviz mostrou para todos que basta “fazer serviço” para poder se contar com apoio incondicional do povo. Alguém deve ter aprendido que com a vontade do povo não se deve brincar.
Mariazinha agora vamos esperar. Esperar e ver oque vai acontecer.
N.B: Mariazinha recibi um banner para comemorar a victoria de Deviz Simango. Me diga oque achaste dele.

domingo, 16 de novembro de 2008

Celebrando a Victoria

O PNG parou por um tempo para celebrar a conquista da taça distrital pelos “Leões do Chitengo”. Aos jogadores foi oferecido um almoço de depois na companhia de todos os trabalhadores foi exibido o filme dos 120 minutos do jogo seguidos da festa de entrega do troféu. Para terminar o bolo e o champagne.





sábado, 15 de novembro de 2008

Uma carta para mim

Fazia muito tempo que nao recebia cartas de Dede. Ontem, la no Miradouro dele prometeu escrever e hoje cumpriu.
O Dede esta parecido ao Deviz Simango que promete e faz. Ai vai:

"Nelson meu caro amigo,

Quero, antes de mais, saudar-te. Antes tarde de que nunca, meu Nelson. Tardio chego eu ao teu convívio desde que ti prometi que ti escrevia ontem. O prometido e' sempre devido.

De todas as maneiras, estou indo aos poucos como se constuma dizer. Não fosse a velocidade dos acontecimentos que, as vezes, me colocam numa situação de pasmaceira. Os mais esclarecidos diriam ‘ó Dedé, a vida é assim!’.

Nelson hoje te escrevo, muito à proposito destas eleições internas; ou seja, locais e do aprofundamento da nossa jovem democracia. Sabes porquê chamo eleições internas, pois não? Tu sabes...

Mas devo dizer que desde que a chamada comunidade internacional decidiu prescindir da observação das eleições locais nas autárquias, tudo ficou a mercê do regime do dia. Mesmo que se diga que mais de trezentos observadores foram registados há dias, tais não são de peso! Tira credibilidade ao processo, não é Nelson? Deixemos isso assim, mas registe isso porque vamos de futuro precisar de aclarar quando é que as eleições são eleições e quando é que são eleições de segunda linha.

Sobre as eleições locais per si, a meu ver é um exercício que deve ser de aprofundamento democrático e da elevação da participação do cidadão na escolha dos membros mais iluminados da sociedade para dirigir os destinos das autárquias locais durante um certo período, neste caso os 5 anos.

Quero ser mais proativo aqui para dizer que Moçambique está de parabéns e num bom caminho por dar esta oportunidade única ao cidadão comum. Há países como a Coreia do Norte, Cuba, Birmania, Libia entre outros onde a ditadura monopartidária ainda impera e os cidadãos com liberdades drasticamente diminuidas. Em Cuba, por exemplo, só este ano de 2008, é que o cubano teve acesso a um simples aparelho de comunicação, telemóvel. Na Birmânia, os militares privam a liberdade de expressão do cidadão e na Líbia só um partido é permitido, o do Coronel Muamar Kadafi.

Ainda que a derrocada final ao regime monopartidário e draconio da Frelimo seja uma realidade entre nós, continuamos a assistir os seus véstigios, promotores e seguidores na praça pública. O uso abusivo da palavra, dos bens públicos por parte dos elementos do Partidão; uma reminescência do sistema político ditatorial continua a tomar os moçambicanos de apreensão e medo.

Nelson, poderias me perguntar que sinais eu noto que me levam a sustentar este meu reparo. Ora, a Frelimo tem amiudemente se autoproclamada único partido ‘maduro’, ‘experiente’. Ora a Frelimo poderá estar muito sazonada e versada, mas veja só Nelson o sofrimento e pobreza aguda que nos trouxe nos últimos 33 anos de Independência. Os moçambicanos continuam a viver no limiar da pobreza absoluta. E para mais achas 'a fogueira, veio o candidato Bulha ao terreiro vocifero: ‘caixões gratuítos’; um não à saúde aos moçambicanos. Já viste o que é isto, ó Nelson?

Não me vou alongar mais, só para dizer que, na parcela do país onde vives, se deu uma ‘virada’ política histórica que constitui, julgo eu, pano para manga, um verdadeiro ‘laboratório’ para os historiadores, sociológos, sociolinsguístas ensaiarem as suas teses.

A decisão de Daviz Simango candidatar-se como independente a sua própria sucessão é a que mais 'reverbera' nessa 'virada', depois que pretérido pelo seu próprio Partido, a Renamo. Parecendo que não ele rescreveu, com sinal pândito e claro, os conceitos da participação popular, democracia e seleção de candidatos nos partidos, pós-moderna.

Tal vai informar como Moçambique deve ser gerido nos próximos tempos, sem me esquecer dos papéis dos órgãos de soberania, como a CNE, PGR e CC que parece andarem à ilharga de cuja fossilisação impera a construção democrática neste país, neste momento.

Um abraço forte!

Dedé"

E se OBAMA fosse...

Patrício Langa e o seu “olhar sociológico”agora B’andhla (http://circulodesociologia.blogspot.com)- é uma refência obrigatória na blogosfera moçambicana. Procura sempre não reflectir de forma simplista seja la qual for o assunto profunda. Quando tenho energia mental o leio com muito gosto. Hoje fui lá e dei-me com o texto que se segue onde “descasca” o “se Obama fosse africano” do grande Mia Couto. Depois de já ter postado aqui o texto de Mia Couto achei que seria interessante trazer o de Patrício Langa. Foto(sorriso bonito) retirada do B’andhla:


"A opinião de Mia Couto, sobre qualquer assunto, não é qualquer opinião. É uma opinião consagrada. É consagrada por dimanação duma autoridade merecida como, pelo menos para mim, um dos maiores escritores Africanos. É, portanto, uma opinião respeitada mesmo antes de se lhe extrair a primeira crítica. Essa condição da opinião de Mia torna qualquer outro opinante, principalmente um ilustre desconhecido como eu, suspeito nas suas intenções ao interpelar Mia. Falo por experiência própria. A primeira vez que o interpelei foi em 2005 com um texto intitulado “ Os alienados do Mia”. Nesse texto divergia sobre algumas concepções de identidade de “raiz” apresentados pelo nosso romancista Mor. Os acólitos incondicionais de Mia caíram-me por cima. Disseram-me que Mia nunca podia estar enganado no seu raciocínio. Perguntaram-me quem eu era para questionar Mia. Afinal, Mia é Mia. Foi o próprio Mia, na sua humildade característica, e honestidade intelectual, que saiu publicamente em minha defesa distanciando-se dos acólitos incondicionais. Fê-lo numa edição do Savana que infelizmente nunca a pude ler, mas não me faltaram repórteres. Aí, também, reside a grandeza de Mia. De seu altar, mais do que merecido de consagrado escritor, se mostra de espírito aberto ao debate crítico de suas ideias, de sua opinião, aceitando a diferença de pensamento. Existe algum indicador de grandeza de um intelectual que esta atitude? É com o mesmo espírito pelo debate crítico e aberto que volto a interpelar Mia.

Num texto muito bem escrito, como não podia deixar de ser, vindo de quem vem, publicado na edição de 14 de Novembro de 2008 do semanário Savana, Mia faz uma reflexão em torno da seguinte questão: E se Obama fosse africano? Como se pode depreender pelo título trata-se de uma asserção condicional interrogativa. Obama não é africano. Ainda que exista a possibilidade de que o seja por adopção de nacionalidade em qualquer um dos países africanos cuja a lei o permita. A pergunta de Mia é portanto uma pergunta retórica. É uma pergunta para introduzir um raciocínio analógico. A analogia consiste na comparação das possibilidades que Obama teria de ser eleito presidente, como o foi nos Estados Unidos, caso fosse candidato em um dos países africanos. É neste aspecto da análise de Mia, a comparação dessa possibilidade, que pretendo discordar do nosso escritor.

Permitam-me resumir o argumento de Mia para que me possam acompanhar e talvez perceber o meu ponto de discórdia com a comparação que nos é proposta na análise. Espero que o faça com justiça. A ideia central do texto de Mia é de que se Obama fosse candidato as eleições num dos países africanos não teria as possibilidades que o permitiram tornar-se presidente eleito dos Estados Unidos no dia 4 de Novembro de 2008. As premissas que sustentam esta conclusão, ainda que hipotética e condicional, são retiradas de uma série de exemplos que pretendem demonstrar, com raras excepções, todo tipo de entraves que impenderiam o sucesso de um Obama africano. Pois bem, são precisamente essas condições que fazem da África, África e dos Estados Unidos, Estados Unidos. No entanto essas condições não se auto explicam. São precisamente as condições que precisam ser explicadas. Sei que ainda não fui suficientemente claro.

Mia está a comprar as condições de possibilidade de eleição de um candidato com o perfil de Obama nos Estados Unidos, um país, com África. Na verdade aqui também devia ser com os países africanos individualmente. Ian Khama, filho do primeiro presidente do Botswana, Seretse Khama, têm as mesmas características fenótipicas de Obama, e é presidente daquele país. Bom, dir-me-ão que Botswana é a suíça africana, a excepção.

A comparação de Mia assenta na ideia de que o que foi possível nos EUA não seria possível em muitos países africanos. Não seria possível em muitos países africanos por, fundamentalmente, seis razões: 1) os equivalentes de George Bush em África mudariam a constituição para se perpetuarem no poder, impedindo assim a possibilidade de qualquer Obama. Mia, perfila exemplos como o Gabão de Omar Bongo, A Líbia de Muammar Khadafi, o Zimbabué de Robert Mugabe, Angola de José Eduardo dos Santos, para citar alguns presidentes há mais de 20 anos no poder. 2) Os equivalentes do partido democrata de Obama, na oposição, em África não teriam espaço para fazer campanha e expor seu programa alternativo de governação. O Zimbabué surge como o exemplo paradigmático 3) Em África as elites no poder imporiam leis restritivas a candidatura de cidadãos considerados não originários, ao contrário dos EUA onde bastaria ter nascido em solo das terras do tio SAM. Desta vez o exemplo vem da Zâmbia onde o primeiro presidente Kenneth Kaunda se viu impedido de fazer política por lhe terem identificado origem Malawiana. 4) A cor da pele de Obama também seria motivo de impedimento da sua candidatura em África, mas uma vez por culpa das elites que usariam do mesmo argumento da autenticidade para o impedir de se candidatar. 5) A questão moral da homo-sexualidade, para qual Obama tomou uma posição liberal, seria também um entrave a sua candidatura africana. 6) E, finalmente, na eventualidade do Obama africano ganhar as eleições, caso fosse deixado concorrer com todos os inconvenientes até aqui apresentados, se mesmo assim concorresse e ganhasse depois teria que se sentar a mesa de negociações para discutir um GUN (Governo de Unidade Nacional) para partilha do poder com os derrotados. Não me vou referir aqui as excepções apresentadas por Mia. Os seis pontos fazem a regra do campo político em África na visão de Mia.

É precisamente aí onde a “porca torce o rabo”. Podemos comparar o campo político africano (eu preferia dizer de países africanos), que tornaria impossível um Obama, com aquele dos Estados Unidos, que possibilita Obamas? Mia fê-lo, então, é possível. Mas os termos de comparação são os mais adequados? Aí começam as surgir as minhas dúvidas. Antes porém, deixe-me dizer, claramente, que Mia está certo na descrição fenomenológica que faz do campo e do jogo político africano. Todos aqueles exemplos que inviabilizariam a candidatura, com sucesso, do Obama africano não são mera fantasia. O processo político africano é actualmente marcado por essas vicissitudes.

O que o argumento de Mia não nos permite entender é o por quê de as coisas serem assim. Na verdade Mia até nos dá uma dica, nomeadamente a de que estamos reféns da manipulação de políticos e elites políticas “corruptas, desmesuradamente ambiciosas, gananciosas”, eu acrescentaria, que tiram partido da desordem criada intencional e instrumentalmente. São estas elites que minam todo um contexto institucional que propiciaria a possibilidade de Obamas africanos, na óptica de Mia. Será? Esta é uma análise útil para percebermos, por exemplo, como são possíveis esses políticos ou essas elites politicas? O que torna possível os Mugabes? O que as torna possíveis em África e impossíveis nos EUA? São mesmo impossíveis nos EUA? Se Bush tivesse possibilidade de ser Mugabe e se perpetuar no poder nos EUA não o faria? O que faz Bush, na altura de ceder o poder, ser diferente de Mugabe? Alguns apressadamente dir-me-ão que a democracia americana funciona. Sim, aceito. Mas o que a faz funcionar? E o que faz a africana não funcionar. Oh, os políticos e as elites políticas africanas! É redundante.

São estas repostas que a analogia, apressada, de Mia não nos permitem ultrapassar. A Analogia vare para baixo do tapete as condições estruturadas, estruturais e estruturantes da acção dos políticos e das instituições democráticas que se desenvolveram historicamente nos EUA para permitir que hoje Obama seja possível. Alexis de Tocqueville, um pensador político e historiador Francês do século XIX, foi um dos que tentou dar conta dessas condições estruturais. Em dois volumes tentou perceber como é possível a democracia na América. Porque é que aquelas coisas que parecem dar errado noutros contextos, são possíveis na América? A eleição de Obama podia ser uma dessas excepções da democracia na América. Tocqueville, nas suas análises conclui que as democracias têm tendência de degenerarem em “despotismos moderados” ou na “tirania da maioria”. O que impedia isso de ocorrer nos EUA era a influência forte da religião. A religião protestante nos EUA influenciou a maneira como se faz política pela sua separação do poder governamental, o que todos os partidos políticos acordaram. Essa relação de separação do Estado com a religião concorreu para uma cultura política distinta da que por exemplo se vivia na França. Enfim, este é apenas um exemplo de uma explicação a partir das condições estruturais e estruturantes neste caso da relação entre política e religião. O mesmo raciocínio seria válido para pensar a impossibilidade de um Obama africano.

Essas condições histórico-sociológicas foram negligenciadas no argumento de Mia e fazem da sua analogia um exercício problemático. Mia está assim a comparar alhos com bugalhos. Quer dizer, para que a analogia de Mia fosse logicamente válida teria de haver equivalência entre os termos do que se está a comparar num aspecto relevante dessa comparação. As analogias têm uma forma de enunciação própria que segue o modelo: (A) está para (B) assim como (C) está para (D). Referem-se a semelhança entre duas coisas, mas não a sua igualdade. Os EUA não precisariam ser iguais a África, e nem teriam como. No entanto, as condições que estruturam o campo politico e condicionam a acção dos políticos é fundamental para a comparação que Mia pretendeu fazer. Uma analogia não é valida se o que estiver a ser comparado não for semelhante nalgum aspecto relevante.

No caso do texto de Mia que aspecto relevante torna a comparação válida? As elites politicas? Os políticos? África? As leis? A democracia? Podemos admitir que essas são entidades que existem em ambos os casos. Mas, o mais importante do ponto de vista analítico seria perceber como se produziram, como se estruturam e como condicionam a acção dos actores sociais envolvidos nesses espaços políticos. Existe alguma diferença fundamental entre o político africano e o americano? Se existe, em que consiste essa diferença? Quanto a mim, essa diferença, se existe reside no contexto institucional em que eles actuam, não na sua condição “genética” de político africano. Mia parece essencialisar o comportamento dos políticos e das “elites politicas africanas”. E ao fazê-lo deshistoricisa o comportamento dos políticos naturalizando-os. É como se o político africano fosse por natureza ditador, corrupto, ganancioso e por aí em diante e o Americano o inverso. E mais, há um aspecto interessante e até contraditório no argumento. Ao mesmo tempo que eles são assim, com raras excepções, também se tornam assim quando deixam de fazer parte do povo.

O povo, africano, para Mia é imaculado. Apenas aqueles poucos que ascendem cargos políticos é que sofrem uma mutação genética no poder. De novo a questão seria porque? Mas aí já estaríamos a entrar num círculo vicioso, pois a resposta seria são corruptos porque tem o poder e têm o poder porque são corruptos. Enfim Mia está na verdade a comparar 300 anos de constituição de instituições democráticas com duas décadas. A ideia de elites predadoras também precisa de alguma ponderação. Esse é um defeito de raciocínio que, infelizmente, está generalizado inclusive entre académicos de grande craveira. Quem lê o livro, bastante aplaudido no Ocidente, de Patrick Chabal e Jean Pascal Daloz, “Africa Works: Disorder as a political Instrument”, vai encontrar o lado académico desse mesmo argumento. No mesmo dia da vitória de Obama, diz Mia em seu texto, “África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmensurada de políticos gananciosos (onde é que não os há?). “Depois de terem morto a democracia estão matando a política, resta a guerra em alguns casos”. “Outros, a desistência e o cinismo”. Estes exemplos de Mia fazem a base empírica do argumento de Chabal e Daloz. Perguntem aos americanos quantas guerras antecederam a sua democracia secular, quantas pilhagens houve até desenvolverem instituições credíveis (e mesmo assim caíram na maior crise corrupta do sistema bancário); quantos políticos desonestos se descobrem hoje na terra do tio SAM; quantos corruptos são denunciados e tantos outros escapam; perguntem aos americanos como se lida com os lobbyistas. Aí veremos que o problema não reside apenas na condição genética de político africano. Não estou a sugerir com isto que a África tenha que passar pela mesma trilha. Estou simplesmente a sugerir que África devia ser analisada por seus próprios termos. Não existe nenhuma possibilidade de se pensar num Obama africano, assim como é absurdo pensar-se, ainda que se faça, numa África que são os EUA."

Se Obama fosse africano: Mia Couto's Opinion


Tenho o hábito de, quando posso, "revirar" a blogosfera e saborear nacos de escritos que andam por lá. Pena mesmo que a gente mesmo querendo não pode ver(ler) tudo. Numa das minha "viralatices" me cruzei com o texto que se segue. O assunto(Obama) esta na ordem do dia. O autor, o grande Mia Couto, dispensa qualquer apresentacao.


Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas �?? tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. �? lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

DO CHITENGO ONDE MORO: Carta Para Mariazinha IX


Oi Mariazinha.
Escrevo-te hoje na quinta feira. Primeiro porque sobrou-me tempo suficiente para fazê-lo. Segunto por há notícias demais.
As eleições autárquicas continuam na ordem do dia. A campanha continua ao rubro na cidade da Beira. Pela banda da Frelimo e Renamo continuam acusações contra Deviz Simango candidato independente. Conscientes que o povo tem fresca na memória os feitos de Deviz Simango como presidente, os seus acusadores procuram “tapar o sol com a peneira” com se costuma dizer. Mas como é que a população da Munhava que teve umas das suas ruas pavimentada esquecer-se de Deviz Simango? Rua que por muito tempo foi uma verdadeira dor de cabeça.
Como podem os moradores de Inhangawa esquecerem-se da dor de cabeça que deixou de ser evacuar os seus doentes depois que Deviz Siamngo alocou para o Centro de Saúde de Inhangawa uma ambulância novinha.
Como podem os moradores do Maquinino se esquecerem das mudanças visiveies que aconteceram nas ruas?
Como podem?
Para infelicidade dos acusadores de Simango o povo não se esqueceu do que Deviz fez. E nem se quer se esqueceu do que Chivavice/Blulha não fizeram pela Beira.
Onde a Frelimo/Bulha prometeu carpintarias para fabricar caixões, Deviz Simango prometeu hospitais, valas de drenagens em suam melhores condições para que se morra menos.
A Frelimo está “toda” na Beira. Argumenta ser para “resgatar” a Beira da gestão danosa de Deviz Simango, “gestão danosa” que ainda não foi provada. A PGR vai fazendo tudo que pode mas nada substancial ainda transparece.
A Beira foi uma vez resgatada sim e deve ser quando os beirenses decidiram encostar o candidato de Frelimo(Djalma Lourenço) e expirementaram o jovem “desconhecido” Deviz Simango. Parece ser demasiado tarde.
Quem vota em Deviz nessas eleições o faz pelo bem da Cidade e não movido de algum motivo partidário já que ele concorre “desmamado” de alguma formação política. Vota só querendo ver a Beira melhorar como tem melhorado desde que saiu das mãos da Frelimo. Ser ou não de Renamo não entra na equação. E por falar da Renamo deixou a muito de ser diferente da Frelimo desde que a essa se aliou para tentar se “livrar” de Deviz Simango recorrendo a um monte de acusações que nunca foram provadas. Agora tem essa de Lourenço Bulha estar envolvido em negócios de terra. O Zambeze, “semanário oposicionista” como já muitas vezes foi chamado especialmente pelo grande Paul Fauvet da IAM vem dessa vez com provas documentais do que diz. Caso para perguntar que moralidade possuem os acusadores de Deviz Simango se os seus mais recentes passados estão ligados a casos graves de “corrupção” e eilegalidades?
Com fins de campanha eleitoral,recebemos(Leões do Chitengo) um convite para um torneio quadrangular de futebol nesse fim de semana.
Deixa-me ficar por aqui porque tudo indica que logo logo poderei voltar a escrever-te.

P.s: Posto-te essa carta com uma foto diferente da habitual. Nessa estou bem nas margens do grande Pungue.

PORQUE A DONA ROSALINA NAO VOTARA EM LOURENCO BULHA


A dias postei aqui de forma bem resumida, as razões por detrás da minha decisão firme de votar em Deviz SIMango(Candidato independente) nas próximas eleições autárquicas. Hoje tragos as razões por detrás da decisão firme da Dona Rosalina não votar em Lourenço Bulha(candidato da Frelimo). Nos cruzamos numa longa fila do ATM e ela estava na minha frente. A camisete com a foto de Deviz Simango que trajava foi oque me deu coragem de começar com a conversa. Perguntei se já tinha decidido em quem votaria. Quando me respondeu que sim, apesar de quase obvio que votará em Deviz, perguntei em que votaria.
- Vou votar no Deviz Simango.
Quis perguntar porque votaria em Deviz Simango mas com receio que suas razões coincidissem com as minhas, perguntei porque não votaria em Lourenço Bulha.
-Desde a final de Show de Talentos que decidi que não votaria naquele homem.
Não entendi oque o Show de talentos tinha a ver com Lourenço Bulha, e felizmente antes que eu pedisse a dona Rosalina explicou-me.
-Bulha não tem escrúpulos. Votou no seu afilhado ou sobrinho lá no Show de Talentos em vez de votar em miúdos que mostraram talento. Podia votar em Castigo Muchanga. Para mostrar que foi tudo máfia o afilhado dele teve acidente com carro do prémio e foi preso por conduzir sem carta de condução.
Eu não sabia nadinha dessa história do vencedor do Show de Talentos mas ficou comigo oque a dona Rosalina pensa do candidato da Frelimo às eleições munincipais. Só espero que a dona Rosalina seja a única que guarda essa “mágoa” e ou que não conte isso a mais ninguém sob pena de “envenenar” os outros contra Lourenço Bulha.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Frelimo em Cheio No Chiveve


Estive na Beira hoje. Entre um monte de coisas a fazer, tive que ir ao Aeroporto pegar o meu “boss”. No mesmo voo veio o SG de Frelimo, o "camarada" Filipe Chimoio Paúnde. Já está na Beira há dias o "camarada" Edson Macuacua que já falou um monte de barbariedades como por exemplo tirar o mérito à Deviz Simango relativamente às grandes realizações que marcaram o seu Mandato. Hoje chega Paúnde. Há- de ser que a Frelimo percebe e bem que vencer a Beira não será coisa mole. A imagem por mim captada essa tarde, mostra Paude exibindo Lourenco Bulha a sua chegada no Aeroporto da Beira

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

PORQUE VOTAREI EM DEVIZ SIMANGO


As eleições munincipais estã cada vez mais próximas. Me registei na Escola Eduardo Mondlane(Ponta-Gêa-Beira) e terei que votar em um dos candidatos que me serão dado como opções. Muito cedo decidi votar em Deviz Simango por uma razão muito simples. A cidade da Beira Melhorou e muito sob liderança de Simango. Pode-se até não ter coragem de lhe atribuir o merito, falar de governo central e blá, blá, pode-se dizer que Deviz teve uma gestão danosa mas não pode-se negar que a cidade melhorou visivelmente em muitos aspectos. Basta voltar um pouco no tempo para lembrar como era suja essa cidade. Como era a munhava, como eram os bairros periféricos, como era enterados os que não podiam pagar pelos servoços funerários...
Apenas alguns exemplos.
O governo central esse sempre existiu. No tempo de Chivavice Muchangaze era o mesmo governo central que muito não fez pela Beira.
Eu votarei em Deviz Simango porque ele prometeu e fez. Claro que não fez tudo oque prometeu, quem faria tudo se contarmos que há sempre que nos sabota os programas?
Eu votarei em Deviz Simango porque quero ver terminado oque Simango começou. Quero ver a avenida Eduardo Mondlane completamente reabilitada. Quero ver todos os outros centro de saúde com ambulâncias, quero ver as ruas asfaltadas, os mercados organizados, o lixo recolhido.
Eu votarei em Deviz Simango porque não acredito em Lorenço Bulha nem em Manuel Pereira. Eu votarei em Simango porque tenho uma consciência que agem além, muito além dos discursos que se ouvem por ai.
Eu tenho o meu voto prontinho.

SOMOS(leões de Chitengo) THE BEST

A equipa de futebol do Parque Nacional da Gorongosa, os vulgos “Leões de Chitengo” venceram onte a final da taça distrital de Gorongosa derrotando a equipa de Escola Eduardo Mondlane por 1-0 no periodo de prolongamento depois dos 90 minutos regulamentares terem terminado sem abertura de contagem.
Asseguir algumas imagens:



APESAR DE NÃO SER TITULAR, NÃO TER SIDO SIDO UM JOGADOR, ASSISTI RIGOROSAMENTE TODOS OS JOGOS. NUNS ESTIVE NO BANCO, NOUTROS JOGUEI UM PARIODO NOUTROS AINDA SUBSTITUI O COACH E ORIENTEI A EQUIPA. NA FINAL ESTIVE NO BANCO SEGURANDO O CORAÇÃO EM CADA LANCE DE PERIGO. TINHA O DIREITO DE EMOCIONADINHO BEIJAR O TROFÉU




A FINAL DA TAÇA FOI POLITIZADA, PARTIDARIZADA OU MELHOR AINDA FRELIMIZADA. APROVEITOU-SE A MOLDURA HUMANA QUE SE FEZ AO CAMPO, PARA UNS DISCURSOS ELEITORAIS. O CAMPO ESTAVA REPLETO DE BANDEIRAS, CARTAZES E ANTES DA ENTREGA DO TROFÉU NOS “OBRIGARAM” A GRITAR, “ doa a quem doer, Frelimo já ganhou, doa a quem doer Muerezi(candidato da Frelimo) já ganhou, doa a quem doer o parque já ganhou). QUEM TINHA GANHO DE FACTO ERAMOS NÓS. A FRELIMO E MUEREZI VÃO TER QUE ESPERAR PELA DECISÃO DO POVO.



O ENGENHEIRO LUÍS FILIPE(gestor do Departamento de Infraestruturas no projecto de Restauração do PNG e Presidente dos Leões do Chitengo) REGANDO OS LEÕES DE CHAMPAGNE.



DUAS TORCEDORAS FERENHAS POR SINAL MÃE E FILHA EXIBINDO-SE ALEGREMENTE DIANTE DO RÉGULO CHITENGO(umas das figuras mais proeminentes da autoridade tradicional em Gorongosa)

domingo, 9 de novembro de 2008

Carta para Dede(8)


Oi amigo Dede!
Bom que a gente se encontra lá no Multiply nem? É que nesses desencontros ficaria chato se não ouvesse outro jeito.
Estamos ainda na ressaca da victória de Obama. Daqui e dali vai-se dizendo um monte de coisa mas para mim fica gravada apenas uma. YES WE CAN.
A cidade onde moras faz mais um ano e tenho que te felicitar por isso. Numa altura em que as campanhas vão ao rubro e logo logo elegeremos os nossos “mayors”.
Amigo é muita confusão já e fico me perguntando como será mesmo que isso vai acabar.
Li no último Magazine que Dhlkma ameaça inviabilizar o processo caso os seus candidatos de Dondo Gorongosa e Manica sejam real e definitivamente excuídos da corrida. Eu não sei oque isso(inviabilizar) significa mas não gostei nadinha da conversa.
Amigo, Estive na Beira na passada Quinta feira e senti o “cheiro” forte da campanha eleitoral. Cartazes e desfiles um pouco por todo canto. O que estranhei foi “ausência” do candidato da RENAMO. Não me lembro de ter visto alguma cartaz T-shirt de Manuel Pereira. Lembrei-me primeiro que Dhlkama dissera que a RENAMO não tinha dinheiro para essa campanha e depois lembrei-me que campanha não é só cartaz e T-shirt(?).
Amigo vamos esperar para ver.
Abraços daqui do Chitengo.

P.s: Vamos(Leões de Chitengo) disputar a final da taça distrital de Gorongosa. A rapaziada esta bem animada e a victória está bem garantida.

sábado, 8 de novembro de 2008







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Ter visto elefantes foi uma ganda sorte porque sao raros.

PIVAS BRIGANDO



Duas Pivas-Waterback(machos) em plena briga. Segundo Simba(nosso guia) eles brigam pelas femeas durante o "season" do acasalamento.O vencedor tem direito a todas femeas, enquanto que o perdedor se junta aos outros perdedores. Achei isso interessante.

DO CHITENGO ONDE MORO: Carta para Mariazinha VIII


Mariazinha escrevo-te a “conta gota” ultimamente oque me doi muito se teres em conta que o coração anda cheio de coisas por compartilhar.
Hoje fui finalmente a um GAME DRIVE. Finalmente sim, se te lembrares que estou aqui faz um tempão. O dia acordou fresco e não fiz rogado quando o convite me foi feito. Tive a sorte de ver um monte de bichos. Os elefantes por exemplos são bem raros mas eu os vi e por duas vezes. Por falar de elefantes tenho que te informar Mariazinha que andamos de luto por aqui. Morreu na semana passada um dos elefantes que nos foi oferecido pelo Kruger. Começou por deixar o Parque, vageando por ai a caminho da South Africa(?). Quando o localizaram estava já em Nhamatanda e como deves imaginar ia deixando pânico e muita destruição por onde passava. Na operação de transporte de volta ao parque para tristeza de todos nós, morreu. Muitos acham que o bicho deixou o parque porque não se observaram os rituais de “nsembe” aquando da recepção. Recebeu-se os animais vindo de bem longe sem que antes se pedisse autorização dos espíritos. Oque não posso saber é o porque de não se terem feitos os tais sacrifícios.
Mariazinha, Obama ganhou as eleições nos EUA e só se supreendeu com o facto que não quis acreditar nas evidências que indicavam o favoritismo que o camarada levava. “ YES WE CAN”. Yes Mariazinha. Fica registado na história. Mudanças são possíveis basta acreditar, agora se espera muito dele. Tem pela frente uma verdadeira batalha para tirar os EUA da lama em que se encontra.
Aqui dentro estamos no “season” da campanha eleitoral e já pela semana elegem-se os novos “mayors”. Anda muita confusão que eu só espero a data para votar.
Estive na nossa Beura a dias Mariazinha e senti uma ausência danada do candidato da Renamo. Não me lembro tê-lo vistos em alguma cartaz ou t-shirt, mas campanha não é só isso nem?
O meu voto vai para Deviz Simango que “promete e faz”. Estou votando a continuação do que Deviz vem fazendo. Perguntei uma senhora porque votoaria em Devis e ela disse: Meu filho, Deviz limpou a cidade por isso deve continuar. É isso ai Mariazinha vamos ver quem sai ganhando nessas.
Amanhã é o dia D Mariazinha. Vamos disputar a final da Taça de Gorongosa. Entre os leões de Chitengo só se fala em Victória. Me lembro mais uma vez do Ref;ectindo. “Leões só podem ganhar”


Vou ficar por aki .

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

COMO CHAMAR A POLICIA

O texto que se segue me caiu no inbox vindo da Derita Chauque, uma Amiga virtual que me delicia com textos interessantes. O forte dela sempre foi a religiao mas as vezes traz uns "extras" bem interessantes:


"Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém
andando sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá
de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.
Como minha casa é muito segura, com grades nas janelas e trancas
internas nas portas, não fiquei muito preocupado mas é claro que eu não ia deixar
um ladrão ali, espiando tranqüilamente.
Liguei baixinho para a polícia informei a situação e o meu endereço.
Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da
casa.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto param ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:
- Olá, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações.
Putz, o tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um elicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a
turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara
de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.


No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
- Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
Eu respondi:
- Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível."