sábado, 29 de novembro de 2008

AINDA SOBRE DEVIZ SIMANGO E A VICTORIA DA BEIRA


Fernando Lima é jornalista, do semanário "Savana", vencedor do CNN Multichoice African Journalist Award 2008 na categoria Língua Portuguesa. Na sua coluna Espinhos da Micaia, última dição do Savana, trás uma crónica com o titulo "CONGECTURAS)que por versar sobre "o assunto do dia(Deviz Simango)" decidi trazé-la( a crónica) ao Meu Mundo. Desfrutem-no:


"Há quatro anos, na noite amena que marcou o lançamento do livro de Barnabé Nkomo sobre Uria Simango, um número notável de convivas comprou um não menos número notável de cópias. Invariavelmente, diziam, eram livros para amigos que não puderam estar no lançamento. Ou, noutro registo, não queriam ser referenciados com a obra debaixo do braço. Como na década de noventa quando os directores provinciais embrulhavam o Savana no matutino diário, para não terem dedos em riste contra si.
O debate intenso que está a provocar a eleição de Daviz Simango na Beira, fizeram-me lembrar de novo o episódio dos livros.
É claro que o afastamento de Uria Simango e a sua morte num campo de reeducação no Niassa continua a agitar as consciências do movimento de libertação. E por isso a candidatura vencedora de Daviz, o seu filho, na Beira, ultrapassa a dimensão de uma vitória autárquica. Por se tratar de quem é e por ser um candidato que ousou apresentar-se ao eleitorado à revelia dos partidos. O que também explica a violência político-verbal que concentrou sobre si ao longo da campanha.
Em privado, um número crescente de vozes, considera que Daviz foge claramente ao formato do político tipo do pós-independência. Ainda no recato do pronunciamento mais ou menos anónimo se vaticina que Daviz pode fazer pontes onde outros vêm cavando precipícios e armadilhas.
A partir daí vão sobrando conjecturas para os mais voluntariosos. Faz-se o balanço da “ala intelectual” da Renamo trucidada no pós- primeira legislatura e no caminho que se vaticina aos “jovens turcos” que se estão a rebelar contra o caudilho, no rescaldo das autárquicas. No partido herdeiro do movimento de libertação, mesmo o entusiasmo da vitória, não deixa de mostrar que o pântano anda por perto. Há muito camarada que torce o nariz imaginando futuras gerações lideradas por comissários da estirpe de Edson Macuácua. E vão seguindo com crescente interesse o que se passa com os seus camaradas de armas no ANC da África do Sul.
Os voluntariosos que se vão juntando à sombra de Daviz começam a achar que talvez não seja má ideia fazer um balão de ensaio para 2009. Precisam de bandeira e um pouco de sorte para colocar uma lança no parlamento. O que não é difícil se jogarem no tabuleiro da zona centro.
A grande jogada, o verdadeiro póquer de ases é para lançar no pano em 2014, quando os vaticínios apontam para presidenciáveis do centro e Norte do país, dos dois lados da barricada.
E aí, quando for a votos a primeira geração de eleitores nascidos em tempo de paz, Daviz, se conseguir sobreviver a mais cinco anos de gestão camarária na Beira, poderá ser o candidato. O candidato com aura de história e cv apelando à méritocracia.
2014 é longe e é perto. É lá onde se vão jogar futuros.
As apostas há muito que começaram a ser feitas pelos que acreditam que o amanhã se prepara e organiza.
Como no slogan."

1 comentário:

Reflectindo disse...

Ainda bem que trouxeste o artigo do Fernando Lima no Meu Mundo. Pessoalmente nunca duvidei sobre o que a muitos incomoda(va) a candidatura de Daviz e para registar escrevi e cuidadosamente o artigo "Apetites, voos e ameaças que Eng. Simango representa". Admirei-me bastante de como alguns intelectuais críticos a Dhlakama viraram-se críticos a Daviz Simango por ser candidato independente. Eles deram a Daviz todos os nomes feios que achavam e até disseram seguradamente que aquela candidatura era um suicídio político de Daviz. Achavam de estúpidos a nós que aberta e incondicionalmente apoiavamos a candidatura de Daviz, a ponto de nos perguntarem se continuariamos a escrever nos blogs depois das eleicões de 19 de Novembro. Gracas a Deus (aos marxistas isto lhes ofende) somos nós que estamos em festa ao vermos Daviz Simango a vencer Lourenco Bulha com os seus mais de meio milhão de fantasmas.

Não quero perder tempo em saudar a Voz do Povo: Azagaia. Sim, falo do que incomoda a quem também incomodo sempre, pois nunca ví crítica dos nossos grandes sábios ao Patrão é Patrão que aliás se devia interpretar por Patrão é Ladrão. O tais patrão que o McRoger venera rouba do erário público ou é pelo conflito de interesse que ele se torna PATRÃO. Já viram que as vezes fico mesmo muito chateiado????