Dede me brindou com mais uma das suas cartas. Vamos a ela?
Meu caro Nelson,
Meu caro Nelson,
Faço votos que estejas gozando de uma boa saúde. Por cá a família e eu vamos indo aos empurrões, como se sabe dizer. Nelson, andei a refletir sobre o teu “diário de estudante” e notei que, nos meus tempos da UP, o meu diário não era tão virtual assim. Cheguei a UP, ou pelo menos ligado a ela depois de um ensino secundário lá mais a norte da terra que nos une, onde bebi muito o leite “bebê holandês”. Recordaste deste leite? Agora não há, acabou! (diz a minha petiz aqui em casa).
Nelson, inda que tradicionalmente, meus pais me introduziram ao país europeu chamado Holanda, de uma maneira muito amorosa e, até certo modo, sentimental. O leite “bebê holandês”, que foi a preço acessível, nos fortificou os ossos com o seu cálcio e proteínas, enquanto crescíamos. Agradecemos a Rainha e o Rei da Holanda por nos introduzir ao seu Reino de maneira muito humana e carinhosa. Foi à infância lá dos anos 70.
Já crescido (eu), jovem e a mexer com os livros, eis que me apresentam novamente a Holanda. Desta vez foi na UP, onde fiz o meu cursozinho de professorado para o secundário. Quem me ensinou continhas foi um professor holandês. Será uma coincidência (risos)? Pelo sim ou pelo não, foram bons momentos a beber, não do leite, mas dos saberes holandeses. Para ti dizer a verdade Nelson, houve por aí tantos professores holandeses. Mas houve um, P. Gerdes, cuja dedicação a Moçambique e a investigação lhe valeram o cobiçado cargo reitor da Uni. Pedagógica (nessa altura dizíamos ISP). Nós os estudantes chamávamos a ele de Nhantumbo ou Nivaravara (como muitos o chamavam). Não me perguntes por que razão, eu não vou saber ti responder.
Pois bem então, o que é importante frisar aqui é o facto de, enquanto o investigador se preocupava com a sua etnomatematica, o seu vice-reitor, Nguenha, ia fazendo a vez noutras tarefas. Neste caso o Dr. Alcido Nguenha ocupava-se plenamente da área da administração e finanças. Estas a ver o ‘game’ aqui, Nelson? O reitor não estava a par do que se passava naquele domínio.
Com este fechar dos olhos de Nivaravara, ocorreu um ‘rombo financeiro’ na Uni. Pedagógica, do qual o Partidão foi o maior beneficiário, com a urgência do financiamento das eleições em 1999, das quais JC controversamente saiu vencedor. Nguenha beneficiou-se duma promoção a ministro. Dirigindo um ministério, continuou a ficar com a boca aberta para cima, para indevidamente chupar do leite holandês (como aquele que já chupei, mas mais adocicado), dinamarquês, e por aí fora, sem que fosse detectado. Já estás lembrado do caso ‘bolsas de estudo do ministro para seus familiares directos’ veio ao foro bem público. Isto custou a Nguenha o emprego ministerial e do Governo no geral, sem sombras de dúvidas. Mas ele não se redimiu do seu erro, tão pouco os colegas que com ele dilapidaram o tal erário público. O que vimos foram transferências pelas entranhas do Governo; com uns, a dirigirem empresas e outros, em posições de destaque em instituições governamentais, sob o olhar impávido da nossa Procuradoria da República (Ministério Público), esta, que palha nenhuma mexeu, até hoje que ti escrevo.
Custa-me perceber, Nelson, com um Ministério Público a reboque do Governo pode ainda encontrar forças de procurar resolver outros pendentes bem atuais, no BA, Siba-Siba, BCM entre outros. Mas, agora chega. Sabemos que os governantes nunca vão reconhecer. Destes tipos não virá um meã culpa, meu Nelson. Os moçambicanos estão vestidos de vergonha com um Governo corrupto e nepotista que têm. Os moçambicanos também sabem que tal corrupção tem sua gênese. Sabem ainda os moçambicanos que o epicentro dessa corrupção e nepotismo reside naqueles que um dia proclamaram a luta cerrada contra o “deixa-andar” e em cadeia-única repartida, descendo para os meandros dos camaradas nos locais, por exemplo, com a ‘maka’ dos sete mil. Ao menos, diga (o Governo), que rouba ao contribuinte de ‘impostos’ das outras nações e peça a que seja perdoado (don’t fool yourself). Agora, mentir que não foi notificado pelos doadores, quando na verdade o foram aos 22 de Maio, não fica bem ao Governo. É simplesmente arrepiante e mau exemplo. Aliás, não mentir é uma virtude.
Já à porta do fim de semana, porque não virar os holofotes às grandes manchetes da semana. As tão dirimidas eleições internas que muito dão que falar.
Um abraço
Dedé
Nelson, inda que tradicionalmente, meus pais me introduziram ao país europeu chamado Holanda, de uma maneira muito amorosa e, até certo modo, sentimental. O leite “bebê holandês”, que foi a preço acessível, nos fortificou os ossos com o seu cálcio e proteínas, enquanto crescíamos. Agradecemos a Rainha e o Rei da Holanda por nos introduzir ao seu Reino de maneira muito humana e carinhosa. Foi à infância lá dos anos 70.
Já crescido (eu), jovem e a mexer com os livros, eis que me apresentam novamente a Holanda. Desta vez foi na UP, onde fiz o meu cursozinho de professorado para o secundário. Quem me ensinou continhas foi um professor holandês. Será uma coincidência (risos)? Pelo sim ou pelo não, foram bons momentos a beber, não do leite, mas dos saberes holandeses. Para ti dizer a verdade Nelson, houve por aí tantos professores holandeses. Mas houve um, P. Gerdes, cuja dedicação a Moçambique e a investigação lhe valeram o cobiçado cargo reitor da Uni. Pedagógica (nessa altura dizíamos ISP). Nós os estudantes chamávamos a ele de Nhantumbo ou Nivaravara (como muitos o chamavam). Não me perguntes por que razão, eu não vou saber ti responder.
Pois bem então, o que é importante frisar aqui é o facto de, enquanto o investigador se preocupava com a sua etnomatematica, o seu vice-reitor, Nguenha, ia fazendo a vez noutras tarefas. Neste caso o Dr. Alcido Nguenha ocupava-se plenamente da área da administração e finanças. Estas a ver o ‘game’ aqui, Nelson? O reitor não estava a par do que se passava naquele domínio.
Com este fechar dos olhos de Nivaravara, ocorreu um ‘rombo financeiro’ na Uni. Pedagógica, do qual o Partidão foi o maior beneficiário, com a urgência do financiamento das eleições em 1999, das quais JC controversamente saiu vencedor. Nguenha beneficiou-se duma promoção a ministro. Dirigindo um ministério, continuou a ficar com a boca aberta para cima, para indevidamente chupar do leite holandês (como aquele que já chupei, mas mais adocicado), dinamarquês, e por aí fora, sem que fosse detectado. Já estás lembrado do caso ‘bolsas de estudo do ministro para seus familiares directos’ veio ao foro bem público. Isto custou a Nguenha o emprego ministerial e do Governo no geral, sem sombras de dúvidas. Mas ele não se redimiu do seu erro, tão pouco os colegas que com ele dilapidaram o tal erário público. O que vimos foram transferências pelas entranhas do Governo; com uns, a dirigirem empresas e outros, em posições de destaque em instituições governamentais, sob o olhar impávido da nossa Procuradoria da República (Ministério Público), esta, que palha nenhuma mexeu, até hoje que ti escrevo.
Custa-me perceber, Nelson, com um Ministério Público a reboque do Governo pode ainda encontrar forças de procurar resolver outros pendentes bem atuais, no BA, Siba-Siba, BCM entre outros. Mas, agora chega. Sabemos que os governantes nunca vão reconhecer. Destes tipos não virá um meã culpa, meu Nelson. Os moçambicanos estão vestidos de vergonha com um Governo corrupto e nepotista que têm. Os moçambicanos também sabem que tal corrupção tem sua gênese. Sabem ainda os moçambicanos que o epicentro dessa corrupção e nepotismo reside naqueles que um dia proclamaram a luta cerrada contra o “deixa-andar” e em cadeia-única repartida, descendo para os meandros dos camaradas nos locais, por exemplo, com a ‘maka’ dos sete mil. Ao menos, diga (o Governo), que rouba ao contribuinte de ‘impostos’ das outras nações e peça a que seja perdoado (don’t fool yourself). Agora, mentir que não foi notificado pelos doadores, quando na verdade o foram aos 22 de Maio, não fica bem ao Governo. É simplesmente arrepiante e mau exemplo. Aliás, não mentir é uma virtude.
Já à porta do fim de semana, porque não virar os holofotes às grandes manchetes da semana. As tão dirimidas eleições internas que muito dão que falar.
Um abraço
Dedé
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