sábado, 15 de março de 2008

Chumbando a Justiça pelas próprias mãos


Queria e muito que fosse verdade que os linchamentos são simplesmente resultado do "fraco patrulhamento e soltura dos supostos malfeitores" queria que fosse solução do problema de criminalidade urbana. Queria e muito que com os tantos que já aconteceram, os malfeitores se assustassem e deixassem de o serem. As cidades fossem tranquilas. Queria. Mas a realidade mostra-se bem diferente. Casos repetem-se. Já me questionei como se explica por exemplo que o fenomeno não seja de escala nacional? Porque não se lincha em Quelimane, Nampula, Pemba, Lichinga? Porque nunca ouvimas casas em Tete, Inhambane, Gaza. É claro que não defendo o alastramento dessa prática desumana mas pretendo mostrar que existem elementos escondidos, ou estariamos a dizer que só em Maputo, Beira e Chimoio há problemas de "fraco patrulhamento e soltura dos supostos malfeitores". Só aqui a polícia é inoperante e ou se debate com falta de meios. Nem se quer podemos dizer que só nessas cidades as populações querem justiça nem que seja informal, apartir dum estado inconformado com o funcionamento da justiça formal. Não podemos dizer isso.
O problema começa por nos iludirmos que é assim tão simples a ponto de o podermos "agarrar pelos cornos" e subjugar. Acreditarmos que é um problema externo, alheio que podemos e devemos "resolver" e com a mais simples fórmula, exterminar os malfeitores.
Quem são e como se produzem esses malfeitores? Quem são e donde saem? Onde cresceram e como? Quem são os agentes da policia corruptos que soltam malfeitores, donde saíram, onde vivem e como vivem? Que relação tem connosco? Essa e outra perguntas aparentemente sem nenhuma relevância mostram que somos tão parte do problema do que parece admitirmos.
A nossa natureza humana nos manda achar um culpado para os males que nos visitam quer de forma individual ou colectiva e quanto mais distante de nós estiver esse culpado, melhor fica, mais fácil a solução. E quem é então culpado pela prevalência dos linchamentos? Se o "fraco patrulhamento e soltura dos supostos malfeitores" justifica os linchamentos, estes infelizmente estão longe de serem a solução para estancar a criminalidade nas suas mais diversas vertentes. Os repetidos casos de linchamentos mostram que os malfeitores andam por ai se multiplicando mesmo sob o risco de acabarem linchados. E então como ficamos? Vale a pena continuar? Onde se pode melhorar? Oque se pode mudar ?
Construir (ou reconstruir) a sociedade, proclamar e afirmar valores sociais, usando para tal meios de tamanha "desumanidade" é de incoerência descabida.
"Fraco patrulhamento e soltura dos supostos malfeitores" como causa únicas, dos linchamentos é no mínimo um diagnóstico simplista e precipitado que se justifica pela ânsia de reduzir esse complexo dilema, num problema facilmente gerível na mesma simplicidade com que se apedrejam ou queimam até a morte os "malfeitores". Enquanto não se encontrarem as raízes, esta-se longe de estancar os linchamentos. Precisamos nos submeter à dolorosa tarefa de avaliar o global, o total, o modelo político de vida que temos. Nos remetermos para a terapia global. Enquanto prevalecer esse "senso de justiça", não admitirmos mesmo que hipoteticamente a possibilidade de fazermos parte do problema, enquanto não admitirmos a natureza complexa do fenómeno todo esforço será no mínimo "aspirínico"

1 comentário:

Anónimo disse...

isto ker é o pessoal vir pra rua todos com uma pistola por baixo da roupa e cada vex ke houver um assalto ou uma violação ou um carjacking é tiro pra cima em vex de se tar a ligar pro 112 ou a correr pra dentro das esquadras visto ke n se tá bem em lado nenhum.. nem ke o pessoal tenha ke levar todos uma maskara e luvas e colocar pra kuando for pra dar o tiro e dpx fugir antes ke a policia xegue..