Uma Noite na Beira

O escuro do Chitengo que chega pontualmente as 22.00 quando se desligam os geradores, vai com certeza, sentir a minha falta hoje. Fiquei por cá(Beira), não deu para voltar e aproveito a noite longa para me deleitar nas palavras. Vou deixar um pouco do que foram os meus últimos dias no Parque:

Quinta feira tal como quase todos outros dias, foi especial. Conheci pessoalmente o grande Greg como carinhosamente o chamamos. O milionário americano, Gregory Carr, presidente e fundador da Fundação Carr que esta investindo cerca de 25 milhões de Euros na restauração do PNG. Greg tem uns quarentas e sete anos e aprecia a natureza. Humildade/simplicidade estão evidentes nesse homem que nas vistas nem parece ser o dono da dinheirada que esta por detrás do grande vapor que se respira em Chitengo. Esta apostado em repovoar o PNG e devolve-lo a fama de sempre. Ja para o próximo ano vai trazer do Kruger umas 3 centenas de elefantes entre outros animais. Vai financiar a construção de infra estruturas para a comunidades entre outras actividades.
Sexta Feira passou por la o "mano Zaca". Felicio Zacarias, Ministro das obras Publicas e Habitação. Nao cheguei a saber oque lhe lhe levou ao parque. Passei a noite da sexta na Beira e aproveitar deixar o recado anterior

Domingo passei a fazer parte dos “Leoes de Chitengo”, a equipa de futebol do Parque. Fomos a Metuchira desafiar a rapaziada de Nhamatanda. Perdemos de Um Zero mas foi bom. Na companhia de alguns dos jogadores, voltei ao Parque pelo lado da famosa comunidade do Vinho. La pra 18, atravessei o rio Pungue num barquinho e caminhei por uns 700 metros ate ao acampamento. O medo me acompanhou o trajecto todo e so me deixou quando cruzei a porta do meu quartinho. As perguntas que fiz durante a caminhada, perguntas do tipo “tem leões nessa mata?” so me foram respondidas no dia seguinte.

Segunda Feira conversei demoradamente com dois estudantes que estão em Chitengo fazendo um estudo para os suas teses de mestrado em física/geologia. Estudam a resistividade dos solos. Usando seu equipamento buscam dados de ate 68 metros de profundidade. Foi muito interessante ouvir deles a importância que o estudo que estão a fazer pode ter para entender um sem números de fenómenos relacionados ao parque. Um deles foi a questão do lago Urema que segundo informações, esta gradualmente perdendo sua capacidade de retenção de agua. Torna-se urgente descobrir os factores que estão por detrás disso pois a fauna do parque depende das águas do lago Urema.

Assim vai o vida em Chitengo. Conhecendo novas pessoas, novos mundos. Colegas próximos e distantes, visitantes, turistas, estudantes, estagiários enfim o mundo crescendo.