segunda-feira, 4 de maio de 2009

DA RELAÇÃO AZAGAIA-SOCIÓLOGOS AO DEBATE DE IDEIAS NA NOSSA ESFERA PÚBLICA



O músico Edson da Luz(Azagaia) voltou a ser “assunto” para os sociólogos(os CONsagrados, os DESCONsagrados, os mais criativo e imaginativo e menos criativo e imaginativo). Dessa vez o “trigger” foi a entrevista que concedeu a STV e foi depois publicada no jornal O PAÍS. Tal como doutras vezes, o “coração da bronca” é sempre se Azagaia é ou não um “crítico social” ou apenas um “insultador barato” ou pior ainda um “pau mandado” que “canta oque lhe mandam. O que mais engraçado acho nessas “brigas” é que não me lembro nunca de ele(Azagaia) ter reivindicado para si esse tratamento(crítico social). Acho justo que os sociólogos que bem conhecem o rigor que deve “existir” num crítico social venham dizer que de crítico social Azagaia não tem patavina, entretanto fica complicado quando nesse exercício deixam de “analisar” os argumentos dos outros sociólogos(por mais problemáticos que sejam) que atribuem à Azagaia o título de crítico social. Não deviam também perder o “rigor” crítico com que nos habituaram, e sairem por ai “afirmando” por exemplo que Azagaia canta oque alguém escreve para ele, sem apresentarem provas para tal como nos habituaram a exigir.
Eu tenho sido simples quando os assuntos complicam. Vou na periferia onde há pouco fogo. Sou cobarde mesmo ou melhor “hipócrita”, mas ando “preocupado” pela forma como Azagaia “chama atenção” à sensibilidades dos sociólogos tanto os “prós” como os “contras” se assim os posso dividir. Com prós e contras quero apenas referir aos que acham que Azagaia é Critico social e os que dizem que não é respectivamente.
Dessa vez escrevo por causa da postagem que li no Bandhla(antigo Olhar Sociológico), blog do sociólogo Patrício Langa(não sei se consagrado ou não). Um texto com o título AZAGAÍSMO, que se “socorre” num outro do Dr. Elísio Macamo, também sociólogo(não sei se consagrado ou não, provavelmente sim).
Já faz tempo que vem se exigindo à esfera pública a necessidade de se debater ideias de forma academicamente isenta íntegra e honesta. Uma vez já considerei essas exigências de “injustas” quando se fazem sem ter em conta a um sem número de factores que com certeza condicionam a esfera pública como a que temos. Me pergunto se temos mesmo condições para ter uma esfera pública como a que se vem exigindo? Se olhássemos para “essa tal” da nossa esfera pública à luz da “nossa história” nossa realidade real como uma vez tentamos eu e o Júlio Mutisse não só perceberiamos que não podemos esperar muito mais do que isso que temos como também nos convenceriamos que precisamos de tempo e muito trabalho para ter algo melhor. Não procuro aqui defender que é impossível termos uma esfera pública onde se discutam ideias de forma genuína isto é, despido de qualquer tendência que acaba criando “sombras” ao debate de ideias, estou apenas procurando dizer que estamos longe de lá chegar pois mesmo os que defendem e exigem a necessidade de assim ser, não poucas vezes se deixam levar por qualquer outra coisa que não seja a necessidade de pura e simplesmente debater ideias.
Vou dar um exemplo:
Patrício Langa começa e muito bem no seu “Azagaismo” se “socorrendo” e muito bem nos escrito de Elísios Macamo mas bem no fim onde acho que “pisa na bola” deixa ficar o seguinte:
“Ontem, na minha habitual revista da imprensa nacional, que inclui a blogosfera, deparei-me com esta postagem aqui. Há coisas, ainda que pareçam pequenas, que não deixo passar. Não consigo entender, além de achar isso resultado de uma mente complicada, como alguém pode confundir popularidade com razão. Ainda que fosse um zé-ninguém. Por que contas de águas, um sociólogo CONsagrado, iria confundir popularidade com razão e lógica?”

Isso e muito mais vem à propósito da curta postagem do Dr. Carlos Serra no seu Diário de Um Sociólogo. Tão curta que a trago aqui na íntegra:

“Cada vez mais conhecido dentro e fora do país, o rapper Azagaia - Edson da Luz de seu real nome - deu uma longa entrevista ao "O País", a conferir aqui. Creio que alguns ainda se lembram do quão atribulada foi a ascensão social do jovem cantor, com gente apostada em o destruir por completo a qualquer nível. Mesmo nos blogues, lembram-se? Já agora, recorde a entrevista que ele me deu em Novembro de 2007, aqui.”

Procurando não ser complicado, não ter “mente complicada”, eu penso que Carlos Serra vem aqui apenas nos chamar atenção para a entrevisate de Azagaia. Nos lembrar da notificação da PGR entre outras adiversidades que considera “atribulada ascensão social”.
É entretanto dessa postagem que Patrício Langa conclui que Carlos Serra, sociólogo CONsagrado como por alguma razão não apresentada o considera(ainda não entendi a razão das três maiúsculas iniciais) está a “confundir popularidade com razão”.
Acho legítimo que apartir da postagem se questione com que base Carlos Serra afirma que Azagaia é “cada mais conhecido dentro e fora do país” embora os eventos que ele participou fora do país(Portugal e Cabo Verde) no ano passado e os vários espectáculos um pouco por todo país nos podessem levar ainda que problematicamente à essa conclusão, mas não me é fácil encontrar na postagem essa tal “confusão” entre popularidade e razão que Patrício Langa atribui à Carlos Serra a não ser que estejamos diante duma “transferência” de “brigas” do passado oque para mim sugere debate de pessoas.
Quando isso vem de pessoas que “tradicionalmente” optam por “debater pessoas” chegando ao insuportável ponto de “súbtil e educadamente” recorrer à insultos é quando simplesmente dizemos que a nossa esfera pública esta inferma, quando entretanto, ainda que por lapso vem de pessoas como o Patrício Langa que insistentemente nos convida de forma individual ou “fazendo eco” à Elísio Macamo que nos esforcemos e debater ideias e deixarmos de ver fantasmas onde eles não existem é quando eu digo que levaremos tempo para chegar lá.
Enquanto isso vamos tentando vamos nos esforçando para nos “despirmos” de nossas simpatias e antipatias a vermos se discutimos Moçambique de forma realmente isenta. Que é difícil, é doloroso isso é um facto pois é cruelmente súbtil que os nosso “proconceitos” se revelam. E sem querermos e sem percebermos que as nossas simpatias se deixam revelar. As minhas por exemplo andam a descoberto nos esforço que faço de tapá-las com “folhas de figueira”.

8 comentários:

Elísio Macamo disse...

caro nelson, obrigado por mencionares aqui algumas das reflexoes que eu e o patrício temos feito. há algumas imprecisoes na tua apresentaçao. a questao que eu tenho discutido nao é se azagaia é crítico social ou nao, mas se o que ele canta merece esse rótulo ou nao. a minha discussao nao é, portanto, contra o azagaia cujo talento por acaso admiro. nao gosto do teor das suas músicas, mas longe de mim querer interferir com a sua prerrogativa artística. estou mais interessado em discutir a questao de saber quando uma intervençao merece o rótulo de "crítica social" e aí penso que todo o sociólogo sério deveria ter interesse em clarificar essa questao para o bem da esfera pública. no texto que eu escrevi identifiquei alguns desafios que o azagaia nos coloca. nenhuma leitura cuidada de tudo quanto escrevi sobre o músico vai encontrar ataques à sua pessoa (à excepçao do rótulo de "nojento" que utilizei para qualificar a sua composiçao sobre as explosoes do paiol, adjectivo esse que repeteria mais vezes). escrevi a comentar a entrevista do azagaia justamente por causa do texto do professor serra que tu citas e que nao me parece digno de um sociólogo sério. quando ele escreve "... com gente apostada em o destruir por completo a qualquer nível, mesmo nos blogues" está a fazer insinuaçoes que me parecem, no mínimo, irresponsáveis. a procuradoria geral da república quiz instaurar um processo, mas esse processo (felizmente) nao teve pernas para andar. se tivesse havido gente "apostada em o destruir por completo" achas que a coisa teria parado por aí? e instaurar um processo é querer destruir alguém por completo? consideras isto linguagem responsável da parte de um académico do gabarito do professor serra? e a referência aos blogues quer dizer o quê? que eu saiba o meu blogue e o do patrício é que levantaram esta questao de considerar a música de crítica social. isso é estar apostado em destruir por completo a qualquer nível? é este o entendimento que se tem de discussao na esfera pública? é por isso que na análise que faço à entrevista procuro destacar os aspectos que uma pessoa tao culta e bem formada como o professor serra devia colocar no centro da sua atençao como contribuiçao a uma esfera pública melhor. um académico tem responsabilidade na formaçao de todos os jovens moçambicanos e para mim é irresponsável promover pronunciamentos tao problemáticos sem pelo menos uma chamada de atençao para o que precisaria de melhor enquadramento. esta foi também a mesma crítica que fiz em tempos quando ele promovia textos problemáticos que um jovem advogado escrevia. eu acho que as condiçoes estao reunidas para termos uma esfera pública melhor. precisamos apenas de nos libertar de alguns preconceitos como por exemplo da ideia de que nao há objectividade (que todos só fazemos política)e que o mundo é feito apenas de bons e de maus. insistir sobre isto nao significa que quem o faz observa esse rigor todo o tempo. a insistência é um convinte para que haja critérios consensuais com os quais podemos julgar o que cada um de nós diz. nao é formaçao deficiente que nos cria problemas. é uma questao de atitude e de interesse pelos méritos de uma questao (e nao da pessoa). eu vou continuar a poluir a blogosfera com este tipo de chamada de atençao, pois sei que alguém tirará proveito e ainda bem. é o mínimo que posso fazer pelo país de todos nós. abraços

Anónimo disse...

O Azagaia diz na entrevista que pede ajuda e que algumas letras não são escritas por ele. Leia a entrevista Nelson. Parece que estás a lançar balões e te interessa disparar para um lado só que não sabes que munições usas. Hehehe. brincadeira, mas leia a entrevista.

Nelson disse...

Para mim é sempre um honra enorme quando dentro da sua obviamente carregada agenda, encontra espaço para comentar os meus textos e comentá-los não de forma breve mas profunda e rica.
As “imprecisões” que encontrou na minha apresentação surgem penso eu da dificuldade que encontro um marcar uma “distância maior” entre Azagaia o músico e oque ele canta. Consigo chegar até ao ponto de entender que não gostar do conteúdo das músicas de Azagaia não é necessariamente estar contra ele ou como diz Carlos Serra “querer destruí-lo” a todos níveis. Entendo também que o facto de não se poder considerar “crítica social” ao que Azagaia canta não significa que não se possa nem deva gostar do que Azagaia canta. Ai se só tivessemos que gostar do que é crítica social estavamos “ferados”.
Não consigo é entender como podemos discutir se a “intervenção” que Azagaia faz é ou não merecedora do rótulo crítica social sem em algum momento passarmos por ele. Para mim Azagaia não tem chances de merecer o “título” de crítico social a menos que oque ele canta mereça o rótulo de crítica social. Por tanto não esforcaria em dizer que não estou contra Azagaia pois negar-lhe o mérito de ser crítico social, ou o rótulo de crítica social à intervenção não devia em momento algum ser considerado estar contra Azagaia.
Estou enfrentando dificuldades em entender a “versão” de talentos que o professor usa para encontrar algum (talento) em Azagaia e ainda admirá-lo. Na minha versão simplificada, talento teria a ver com a capacidade criativa de Azagaia e isso teria necessaria mente a ver com o teor das suas músicas que o professor não gosta. Partindo dessa versão simplificada, se eu não gostasse do que um artista fosse “parindo” me sobraria quase nada para admirá-lo pelo menos com artista.
No texto que escrevi, quando me refiro a Carlos Serra já imaginava que os pronunciamentos de Patrício tivessem origem em alguma “conversa” anterior. É realmente do interesse de vocês sociólogos, para o bem da esfera pública, virem clarificar quando é que uma intervenção merece o rotulo de “crítica social” me preocupa entretanto quando esse “interesse” vos dividir e rotular em “sociólogos sérios” e “sociólogos não sérios” seja lá oque for que “sério” signifique.
Professor em relação ao facto de Azagaia ter ido parar na PGR embora eu não possa fazer coro ao Dr. Serra e afirmar categoricamente que se pretendia “destruir” Azagaia, sempre me questionei se com tantos “assuntos quentes” e pendentes o caso Azagaia era mesmo prioridade.

“eu acho que as condiçoes estao reunidas para termos uma esfera pública melhor. precisamos apenas de nos libertar de alguns preconceitos como por exemplo da ideia de que nao há objectividade (que todos só fazemos política) e que o mundo é feito apenas de bons e de maus. insistir sobre isto nao significa que quem o faz observa esse rigor todo o tempo. a insistência é um convinte para que haja critérios consensuais com os quais podemos julgar o que cada um de nós diz. nao é formaçao deficiente que nos cria problemas. é uma questao de atitude e de interesse pelos méritos de uma questao (e nao da pessoa). eu vou continuar a poluir a blogosfera com este tipo de chamada de atençao, pois sei que alguém tirará proveito e ainda bem. é o mínimo que posso fazer pelo país de todos nós”

Achei esse trecho de grande importância dentro do comentário todo. Não concordo que “as condições estão reunidas para termos uma esfera pública melhor”. Não penso que será tão já que nos despiremos “da falta de objectividade” em alguns não poucos casos e nem da ideia de que “que não há objectividade” mesmo quanto ela está evidentemente presente. Não será tão já que entenderemos e aplicaremos na nossa forma de pensar e debater que o mundo não é “feito apenas de bons e de maus.”. Não será tão já que entenderemos e usaremos nos nossos debates, a tão necessária ideia de que há “coisas boas” e “coisas ruins” em “tudo”. Levará tempo a olharmos para as questões desassociando-as de quem as diz. Mas eu acredito que vale a pena continuar a tentar.
“insistir sobre isto não significa que quem o faz observa esse rigor todo o tempo”. Pode ser que não signifique observar esse rigor todo o tempo mas exige-se um “fidelidade mínima” é que fica “chato” quando vamos em contra-mão daquilo que defendemos.

Nelson disse...

Caro Anónimo.
Obrigado por ter passado pelo meu mundo e ter deixado um comentário.
Geralmente não dou muita importância à comentário de anónimos pois quem não os “tomates” para se identificar com oque diz não merece tanto de atenção.
Primeiro dizer que li a entrevista. Para mim Azagaia ter dito na entrevista que “pede ajuda e que algumas letras não são escritas por ele” é totalmente de andar-se por ai a dizer que Azagaia é uma espécie de “caixa de ressonância” que canta oque lhe “mandam” cantar. E se isso fosse verdade, a coerência que temos vindo a defender e a convidar os outros a obedecer, nos obrigaria a apresentar provas de afirmações tão sérias como essas. Quanto à “brincadeira” que fizeste “a lançar balões e te interessa disparar para um lado só que não sabes que munições usas” penso que não entendi. Ai é que está a dificuldade de lidar com anónimos.

Elísio Macamo disse...

caro nelson, enquanto eu achar que existe a possibilidade de eu beneficiar da troca de impressoes com alguém, sempre arranjarei tempo para a discussao. perdida essa esperança abandonarei a discussao, pois nao estou a pregar, mas sim a tentar trocar pontos de vista. tenho a impressao de que a nossa conversa tem sido útil, se mais nao fosse para clarificar imprecisoes de um e de outro lado. creio também que nao estamos muito longe um do outro na apreciaçao do objecto da tua postagem. há diferenças nos pontos que cada um de nós prefere enfatizar, e ainda bem que é assim. sendo assim, gostaria de destacar os pontos que a mim me interessam.
1. eu distingo entre "crítico social" e "crítica social". faço-o um pouco como distinguiria entre alguém que cozinha e um cozinheiro. azagaia nao é crítico social, mas poderia muito bem fazer crítica social. os escritos de mia couto, por exemplo, contêm crítica social, mas isso nao faz dele, para mim, um crítico social.
2. esta distinçao é importante para proteger o próprio azagaia. a discussao sobre o que merece o rótulo "crítica social" é muito séria para o desenvolvimento das ciências sociais moçambicanas. nenhuma ciência se desenvolve a partir simplesmente de constataçoes. a ciência desenvolve-se também a partir do aperfeiçoamento dos critérios que ela usa para determinar o que é pertinente para a sua atençao. portanto, o azagaia é apenas um pretexto para uma discussao séria que a sociologia moçambicana precisa de fazer para o seu próprio bem. e quando alguém se furta a este debate e prefere, antes pelo contrário, criar a impressao de que alguns entre nós querem apenas destruir alguém, entao está a revelar falta de seriedade. um sociólogo sério tem que estar interessado nestas questoes; se nao estiver, muito bem, mas pelo menos deve evitar representar mal o que os outros dizem ou escrevem.
3. eu distingo, de facto, entre talento e teor da música. o talento manifesta-se na capacidade que alguém tem de produzir, neste caso, música de qualidade (tecnicamente falando). essa capacidade é independente, em minha opiniao, do teor das composiçoes. nao sou bom conhecedor de música, mas gosto dos ritmos que o azagaia produz, aprecio bastante a criatividade das suas composiçoes, embora ache pena que ele use isso para fins que ferem as minhas susceptibilidades. a distinçao que estou a fazer aqui é a mesma que faço em tudo o resto. estou a separar a pessoa do que ele disse ou fez. o facto de ele produzir música com teor que nao gosto nao implica que eu seja obrigado a nao reconhecer talento. posso, enfim, admirar o talento que um atirador tem, e estar contra o facto de ele usar esse talento para assaltar residências.
4. o caso da pgr nao conduz à conclusao de que alguém quer destruir alguém a todos os níveis, nem mesmo tomando em conta o facto de que há casos mais prementes. os procuradores podem simplesmente ter interpretado mal as leis e pensado que tinham uma maneira fácil de ganhar pontos; podem ter querido agradar a alguém; podem ter querido entreter o público para se esquecer dos tais casos que nao andam. nennhuma destas razoes conduz à conclusao de que alguém queria destruir o músico a todos os níveis. nao faz bem ao clima de debate andar a alimentar esse tipo de teorias de conspiraçao.
5. sobre se estao reunidas ou nao as condiçoes para uma esfera pública responsável acho que o melhor é entrarmos em acordo para discordarmos. eu vou dizer sim, o nelson vai dizer nao. nao há um ponto a partir do qual a esfera pública passa a ser boa; mas há um ponto a partir do qual estamos em posiçao de reconhecer quando é que alguém está a viciar o ambiente. vejo isso alcançado, apesar de haver uma e outra pessoa que teimam em estragar as coisas. ir em contra-mao daquilo que defendemos parece-me menos grave do que aceitar que existam critérios de participaçao no debate que transcendem o meramente subjectivo. nao há nada mais nocivo ao debate de ideias do que a ideia de que porque aquele que defende a necessidade de se observar a objectividade ele próprio nao a observou, entao a objectividade nao é possível. nao te estou a imputar esse argumento, mas como há mais gente que lê este blogue é bom chamar a sua atençao para esse perigo.
bom fim de semana!

Nelson disse...

Professor, mais uma vez, obrigado pela atenção.! Quero começar por confirmar a “impressão” que tem de que nossa conversa tem sido útil..A explicação que trazes para e distinção que fazes entre "crítico social" e "crítica social".não podia ser mais clara. O exemplo da diferença entre “alguém que cozinha e um cozinheiro” me fez lembrar um dos sermão do Padre António Vieira onde ele se debruça justamente sobre isso. O exemplo de Mia Couto também é bastante ilustrador.
A capacidade de “a separar a pessoa do que ele disse ou fez” deve ser um dos elementos mais importantes para se evitar muitas das cenas desagradáveis que temos vistos por aqui. Dizer por exemplo que “fumar é prejudicial à saúde” continua sendo verdade mesmo que eu seja vendedor de cigarrros. Separar oque eu digo doque eu sou faço, do partido político, família a que pertenço e por ai em diante. Penso que é oque tem faltado em muitos de nós e tem originado aquela mania de nos chamarmos por certos nomes.
“posso, enfim, admirar o talento que um atirador tem, e estar contra o facto de ele usar esse talento para assaltar residências”
Esse exemplo me deixou claro em relação à distinção que fazes entre “talento e teor da música”. Pode até parecer um contradição mas é possível. Me lembrei aqui dum dito cristão. “Deus ama o pecador e detesta o pecado”
Para terminar eu penso que estou sendo céptico quanto às “condiçoes para uma esfera pública responsável”. Porque uma vez alcançada “posição de reconhecer quando é que alguém está a viciar o ambiente” não nos sobra muita coisa senão, como dizes no princípio do comentário, abandonar a discussão assim que deixar de valer a pena. Penso que já fiz isso alguma vez embora com muita dor. Pense que estamos num tema tão rico para o debate, de onde poderiamos colher tanto, mas infelizmente temos que nos “retirar” porque não estamos indo a lado nenhum pelo simples factos dos intervenientes estarem mais interessados em “estar certos” e provar que os outros estão errados do que realmente “espremer” o assunto e beber-lhe o suco.
Os meus fins de semana giram em torno do campeonato distrital de Futebol na vila da Gorongosa. A três semanas que assumi o comando técnico dos “Leões de Chitengo” pelo facto do verdadeiro Coach estar de férias e pesa sobre mim a responsabilidade de manter a invencibilidade dos Leões. Amanhã vamos à mais uma partida e me sobra só o Domingo para descansar e preparar a semana de trabalho.
Abraços fortes do Chitengo-Parque Nacional da Gorongosa

Elísio Macamo disse...

caro nelson, boa sorte com os leoes de chitengo. espero que saibam pelo menos proteger a baliza melhor do que os outros "leoes da floresta" que já tivemos... abraços.

Leão disse...

Bom dia.
Espero que não seja tarde para deixar o meu comentario sobre "AZAGAIA".
Depois de ter acompanhado a conversa pretérita entre Nelson, anónimo e outros, conversa que pareceu provocar "zangas", ou seja, troca de mimos, decidi dar o meu parecer agora que a maré parece estar calma.
Para mim hoje e agora, a maior preocupação subjectiva não seria " como classificar azagaia?", mas sim "como comentar cientificamente?", pois têm se registado comentarios que intimidam.
As discussões são muito positivas e peço que todos os "sociólogos" deiam o seu parecer hoje, porque justiça é como a história. É feita com e pelo tempo. Enquanto a guerra dura nada tem importância, mas algo se constroi.
Haja coragem de reconhecer e boa vontade de criticar, pois estaremos a criar condições para uma boa opinião pública em Moçambique no futuro.
Não desistam. Discutam as opiniões não como "parlamentares", mas sim "homens da sociedade".
Meus abraços, se me permitem!