Faz tempo que não tenho tido tempo para reflectir sobre as coisas que se vão passando por ai nesse meu vasto Moçambique. O Meu Mundo se limitou por muitos dias em Cartas para Mariazinha que apesar de não tratar os assuntos com profundidade, traz um pouco do que vou vendo e ouvindo.
As recentes “confusões” ligadas às candidaturas dos munincipios da Beira e Maputo me provocaram uma vontade danada de escrever mas o tempo não cooperou.
A poeira baixou no Maputo. Quando as “bases” da Frelimo decidiram votar em David Simango em vez de Eneas Comiche, muita gente saiu por ai dizendo muita coisa. Mas o pior estava por vir. Depois de como resultado da decisão do Conselho Nacional, Afonso Dhlakama ter dito com todas as letras que Deviz Simango seria o candidato da Renamo ao Munincipio da Beira, as “bases” da Renamo vieram dizer o contrário e Dhlakama teve que voltar atrás. Algo me faz desconfiar que não foram bases coisíssima nenhuma que decidiram pôr Manuel Pereira no lugar de Deviz. Ao contrário da calma dos munincipes do Maputo, o povo da Beira saiu a rua para se manifestar contra essa decisão que tem tudo para ser considerada absurda.
Na imprensa fomos consumindo um monte de artigos em torno do assunto. Um artigo duma das edições do semanário o PAÍS procurava-se se mostrar que a candidatura de Manuel Pereira tinha violado os estatutos do partido.
Deviz Simango se candidatou como indepenente e a poeira levantou ainda mais. Vozes ligadas à RENAMO vieram dizer-nos que ao lançar sua candidatura independente Deviz tinha se rebelado, tinha faltado respeito à posição do partido e eu me perguntei se Deviz ou qualquer outro membro do partido não tinha o direito de discordar com uma posição do partido seja lá de que nivel for. Se todo “mundo” tem que que concordar com o que o partido decide, onde vão morar as liberdades dos membros? E como se pode falar em democracias internas se não existem liberdade que para mim é um elemento essencial?
Veio a reunião do Conselho Nacional realizada em Quelimane e confirmou-se oque se suspeitava. Deviz Simango foi expulso da RENAMO e Dhlakama veio dizer-nos que Deviz Simango decidiu por livre vontade abandonar o partido Renamo.
Não quero concordar com Dhlakama porque não é verdade que Deviz abandonou o partido. Ele insistentemente disse que apoiaria a RENAMO. Ouviram-se um monte de vivas à RENAMO e à Dhlakama no Showmício do lançamento de sua candidatura Independente.
Deviz Simango reiterou a sua vontade de continuar na Renamo e acha que Dhlakama foi mal aconselhado. Vozes soaram apontando o carácter ditador da Renamo ao que ele veio “desmentir”(?). Dhlakama diz que é ditador para salvar a democracia. Uma bela razão para se ser ditador. A Mugabe, quando lhe chamaram de ditador justificou-se que pretendia salvar o Zimbambwe da “recolonização” britânica. Dhlakma é muito importante no partido Renamo. Que não o é? O todo é feito de partes não é mesmo? Ou a cabeça de tão importante que é se sustentaria sem o resto do corpo?
Agora lá se vão os acessores discordando com o líder e se distanciando dele. Espero o futuro.
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