No ano passado...
Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraordinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:
"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".
Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova
Mário Quintana
ADEUS 2007
Eu para o ano que vem
E o ano para o passado que foi
Cada um para o seu destino
Estamos ambos de partida
Eu vou para longe e perto
Vou para um lugar incerto
Um futuro que desconheço
O ano vai para um passado certo
Lá onde estivemos o ano todo
São destino diferentes
Mas vamos juntinhos
Eu com a saudade do tempo que foi
E o ano com vontade de voltar
Para trás deixamos tempos e feitos
Risos e lágrimas
Deixamos marcas, deixamos vida
Erros por corrigir
Pecados por redimir
Pedaços de vida que não vivemos
O medo que nos cegou
Que nos roubou o ar de respirar
Para trás ficam história
Que a vida nos contou
Alegrias que ouvimos
Nas madrugadas festivas
Tristeza que os mochos nos cochicharam
Ficam vidas e mortes
O amor que nos amou
Almas que se nos grudaram
Cicatrizes de feridas
Que na hora não sentimos
Mas que hoje
Na hora de bater as asas
Nos infernizam a vida
Para trás ficam lições
Essa que nem ficam
Porque as levamos connosco
Eu para o ano que vem
E o ano para o passado que foi
Porque estamos de partida
Dezembro de 2007
SE ME PEDISSEM PARA DAR UM INFORME DIRIA QUE "O ESTADO DO MEU MUNDO É BOM"
PARTO DENTRO DE HORAS DO CHIVEVE, TERRA QUE NÃO SENDO MINHA VOU APRENDENDO A AMAR. PARTO PARA A MINHA DELICIOSA MUCAPATA QUE IMPACIENTE ME ESPERA. PARTO MAS VOLTO E ATÉ LÁ FICA UM CALOROSO ABRAÇO DO ROSTO QUE AGUÇASTES. "Como o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo". Provérbios 27:17
DESEJO A TODOS OS BLOGISTAS UM NATAL FELIZ E UM 2008 MUITO PRÓSPERO.